Caldas Sport Clube 1954/55

Caldas Sport Clube 1954/55

domingo, 17 de setembro de 2017

Taça de Portugal 1957

1.ª ELIMINATÓRIA

Numa eliminatória da Taça de Portugal, o encontro entre Caldas e Oriental acabou por ser o único jogo entre primodivisionários. Assim:

1.ª Mão: ORIENTAL, 4 - CALDAS, 3 (07 de Abril de 1957).

Na crónica do jornalista Silva Resende, do Jornal "A Bola" de 08 de Abril de 1957, destacava-se a boa exibição do Caldas, em Marvila, com o seguinte título: "Recuperou bem o «onze» visitante".

Campo Engenheiro Carlos Salema (Marvila), em Lisboa,

Árbitro: Fernando Valério, de Setúbal,

CLUBE ORIENTAL DE LISBOA: Edmundo; Morais e Capelo; Cordeiro, Luz e Mendes; Almeida, Leitão, Hidalgo, Grilo e Graça. Treinador: Lorenzo Ausina.

CALDAS SPORT CLUBE: Rita; Amaro e Abel; António Pedro, Saraiva e Fragateiro; Anacleto, Orlando, Janita e Garófalo e Sarrazola. Treinador: Fernando Vaz.

1-0, Graça.

1-1, Janita (11 minutos).

2-1, Almeida (30 minutos).

3-1, Graça (32 minutos).

4-1, Grilo (45 minutos).

4-2, Fragateiro (70 minutos).

4-3, Luz (autogolo, aos 82 minutos).


2.ª Mão: CALDAS, 2 - ORIENTAL, 0 (14 de Abril de 1957).

Na crónica do Jornal "A Bola", de 15 de Abril de 1957, titulava-se: "Muitas bolas no ar e...pouco futebol".

Campo da Mata, em Caldas da Rainha,

Árbitro: Clemente Henriques, do Porto,

CALDAS SPORT CLUBE: Rita; Amaro e Abel; António Pedro, Saraiva e Fragateiro; Romeu, Orlando, Janita, Garófalo e Anacleto. Treinador: Fernando Vaz.

CLUBE ORIENTAL DE LISBOA: Edmundo; Lima e Capelo, Cordeiro, Luz e Mendes; Almeida, Grilo, Hidalgo, Ribeiro e Graça. Treinador: Lorenzo Ausina.

1-0, Anacleto (30 minutos).

2-0, Orlando (80 minutos).

O Caldas acabou por eliminar o Oriental, num total de 5-4, no conjunto das duas mãos, apurando-se para os Oitavos-de-Final.

 
 A Equipa do Caldas que eliminou o Oriental,
no Campo da Mata, para a Taça de Portugal.
Em pé, da esquerda para a direita: Rita,
Amaro, António Pedro, Abel, Fragateiro e Saraiva.
Agachados, da esquerda para a direita: Romeu,
Orlando, Janita, Garófalo e Anacleto.


 
OITAVOS DE FINAL (1/8)
 
1.ª Mão: BENFICA, 0 - CALDAS, 0 (19 de Abril de 1957).

Na crónica do jornalista Vítor Santos, do Jornal "A Bola", datada de 20 de Abril de 1957, titulava-se: "Não foi acaso. Foi a jogar bem".

Estádio da Luz, em Lisboa,

Árbitro: Francisco Guerra, do Porto,

SPORT LISBOA E BENFICA: Costa Pereira; Jacinto e Ângelo; Pegado, Serra e Alfredo; Palmeiro Antunes, Mário Coluna, José Águas, Salvador e Domiciano Cavém. Treinador: Otto Glória.

CALDAS SPORT CLUBE: Rita; Rogério e Abel; António Pedro, Saraiva e Fragateiro; Orlando, Sarrazola, Janita, Garófalo e Anacleto. Treinador: Fernando Vaz.

Incidência do Jogo: Aos 28 minutos da primeira parte, em choque com Coluna, o extremo caldense Anacleto ficou fortemente magoado num braço e só com muito estoicismo e brio, apesar de nitidamente inferiorizado, conseguiu levar o jogo até ao fim.


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "A Bola"): Neste jogo da Luz (realizado no fim de tarde de Quinta-Feira Santa), a turma caldense chegou a ser modelar no modo como encontrou o equilíbrio entre a ideia de conjurar o perigo do adversário (jogo de defesa) e a de criar, por sua vez, perigo para o antagonista (jogo de ataque). Firme, voluntariosa e enérgica sem ser nunca violenta ou deselegante, a sua defesa jogou com uma organização, um discernimento, uma lucidez, um espírito de entreajuda verdadeiramente notáveis. Procurando a vantagem numérica com o atraso de um jogador do ataque (Orlando, o n.º 7 a marcar estreitamente Salvador), os sectores recuados dos caldenses encontraram o segredo de uma estupenda elasticidade á custa desse impressionante «moto-contínuo» que é António Pedro verdadeiro núcleo ou ponto de cruzamento de todos os caminhos da bola...Com homens «bem pegados» aos seus pares, nunca vimos, no entanto, subordinados a essa lei imutável da marcação. Consoante a «situação» da bola, passavam com toda a naturalidade para a marcação por zonas, como vimos, com bela evidência no policiamento de Águas. Sempre que o avançado centro...recuava Fragateiro acorria, tapando-lhe os caminhos e Saraiva ficava transformado em «ferrolho», quando Águas entrava na zona de tiro, toda a cortina fechava e Saraiva jogava sobre o homem o mais estreitamente possível...E como se pode atacar como o Caldas atacou, «com onze homens dentro da baliza»?. Com base em António Pedro e nesse estupendo manobrador de bola que é Garófalo, a transposição de jogo da defesa para o ataque foi sempre esclarecida e «venenosa»...Repetimos: não foi por acaso que o Caldas empatou na Luz. Ou, melhor, foi tanto «por acaso» que o Benfica jogou mal...Entre os homens do Caldas dois jogadores em grande plano: António Pedro e Garófalo. Estupendo! A seguir, tudo certinho na defesa e Rita cheio de calma, apesar dos assobios da bancada. Á frente jogo intencional em Janita e, mesmo, no «inválido» Anacleto, Sarrazola, talvez o único que carregou na «lenha», trabalhou, com um brio e uma aplicação notáveis.

Rita antecipa-se à possível cabeçada,
para o golo, de Cavém. Rogério assiste
ao lance. Fonte: Jornal "A Bola".


2.ª Mão: CALDAS, 0 - BENFICA, 3 (21 de Abril de 1957).

Na crónica do jornalista Silva Resende, do Jornal "A Bola", datada de 22 de Abril de 1957), titulava-se: "Uma parte de fulgor a outra deu que pensar".
 
Campo da Mata, em Caldas da Rainha,
 
Árbitro: Álvaro Rodrigues, de Coimbra,
 
CALDAS SPORT CLUBE: Rita; Rogério e Abel; António Pedro, Saraiva e Fragateiro; Orlando, Sarrazola, Janita, Garófalo e Lenine. Treinador: Fernando Vaz.
 
SPORT LISBOA E BENFICA: Bastos; Calado e Ângelo; Pegado, Serra e Alfredo; Mário Coluna, Azevedo, José Águas, Salvador e Domiciano Cavém. Treinador: Otto Glória.

O resultado foi feito na primeira parte.

0-1, Aos vinte e cinco minutos, na sequência de um centro de Cavém, a bola caiu entre Águas e PEGADO. Preocupados com a vigilância sobre o avançado centro (José Águas) os defensores caldenses deixaram o médio á vontade, que teve tempo de amortecer a bola e atirar um pontapé frouxo ás redes caldenses. Rita, encoberto, só viu a bola quando ela tocou nas malhas.

0-2, Três minutos volvidos o Benfica aumentou a conta com um golo que ficou como «monumento». Um lance iniciado em Ângelo, na sua linha média, foi continuado por Salvador, Cavém e ÁGUAS em toques rápidos e plenos de precisão. O último passe veio a meia altura para o avançado-centro que, sem deixar bater a bola no solo, despediu um remate fulminante com a face exterior do pé direito e levou o esférico ao canto superior esquerdo da baliza de Rita. Um grande golo e uma grande jogada em qualquer parte!

0-3, A quatro minutos do intervalo, os campeões nacionais fixaram o resultado. Numa bola a cair sobre a grande área caldense Saraiva e Fragateiro atrapalharam-se mutuamente e deixaram o esférico ao alcance de Águas. O benfiquista foi dominar a bola perto da linha de cabeceira e tentou o golo com Saraiva ainda fora do lance. A bola foi de encontro a Rogério que precipitadamente a repeliu com a mão e o mesmo ÁGUAS executou vitoriosamente a grande penalidade.


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "A Bola"): Assistimos ontem nas Caldas a uma das partidas mais interessantes e emotivas da época...Confortável e merecida vitória dos «encarnados» com a superioridade exibida pelos caldenses na segunda metade do encontro. Com o resultado feito na primeira parte, o Benfica defendeu-o na segunda, e de tal forma que não consentiu ao adversário um tento a ilustrar a sua ofensiva...[embora] O Caldas atacou sempre, chegou a confundir o adversário, mas não teve talento para concretizar o seu ascendente. [Acabando o Caldas por ser eliminado da Taça de Portugal, taça esta que acabaria por ser ganha pelo seu oponente nestes Oitavos de Final. O Benfica ganharia, na final realizada no Estádio Nacional (Jamor), ao Sporting da Covilhã, por 3-1].


Neste lance, no Campo da Mata, reconhecem-se, nas alturas, Rita e José Águas e o n.º 3 caldense, Fragateiro, no solo, a assistir o que dali poderia resultar de perigo para a baliza do Caldas.
Fotografia: Roland de Oliveira.