Caldas Sport Clube 1954/55

Caldas Sport Clube 1954/55

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

1.ª Divisão - Época 1956/1957 - 2.ª Volta

# 14.ª Jornada: ORIENTAL, 1 - CALDAS, 1 (16 de Dezembro de 1956).

Na crónica do jornalista Acácio Correia, do Jornal "A Bola", datada de 17 de Dezembro de 1956, titulava-se: "A melhor organização teve o seu prémio..."
Campo Engenheiro Carlos Salema (Marvila), em Lisboa,
Árbitro: Paulo de Oliveira, de Santarém,
CLUBE ORIENTAL DE LISBOA: Soares; Fernandes e Capelo; Cordeiro, Luz e Mendes; Moreira, Leitão (capitão), Hidalgo (Espanhol), Rogério "Pipi" Lantres de Carvalho e Martinho. Treinador: Lorenzo Ausina.

CALDAS SPORT CLUBE: Vítor; Amaro e Abel; Romero, Saraiva e Orlando; Romeu, António Pedro (capitão), Anacleto, Sarrazola e Rogério. Treinador: Fernando Vaz.

Resultado da 1.ª parte: 0-1.

O golo [do Caldas] foi obtido aos 31 minutos, tendo nascido dum desentendimento Luz-Capelo. Estes, apoquentados por Anacleto, atrapalharam-se mutuamente, chutando o defesa-central contra o corpo do seu companheiro. Romero, para quem a bola ressaltou, não perdeu empo a lançar ANTÓNIO PEDRO, que, em plena corrida, e depois de fintar Mendes, atirou com força e colocação.

Resultado do 2.º tempo: 1-0.

O Oriental empatou a partida, num período de «forcing» era decorridos 50 minutos. O lance, como muitos outros, começou num «lançamento» para o «barulho». Saltaram Hidalgo e Saraiva. O avançado-centro do grupo da «casa» logrou cabecear para LEITÃO, que não perdeu tempo a disparar sem defesa.


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "A Bola"): Talvez não se esperasse que a equipa do Caldas fosse surpreender o Oriental entre o seu público, porque a carreira das duas equipas bastante dissemelhante neste Campeonato, não era, de molde a fazê-lo prever. É igualmente possível que o resultado faça abrir a boca de espante a muita boa gente. Mas só aqueles que não assistiram ao encontro e só a esses. Porque aos outros, os que viram o confronto...puderam constatar a justiça absoluta do resultado, porque viram uma equipa (o Caldas)...bem organizada, rápida, entusiástica...actuando ao sabor da sua inspiração, tentando cada qual puxar para o seu lado. E foi sempre assim, durante a hora e meia da partida...Desde o começo da partida os jogadores caldenses demonstraram personalidade forte, ganhando as disputas de bola quase sistematicamente revelando um poder de intercepção e «de pernas» que viria a ser decisivo para o resto da contenda. Maior noção de futebol, de entreajuda de conjunto, em suma...os visitantes souberam...escalonar-se no terreno, de forma a perturbar a «organização» de jogo do Oriental, isto é, colando a Rogério "Pipi" e Leitão dois elementos (Romero e Orlando) em vigilância permanente e efectiva...[Destacou-se] a portentosa exibição de Saraiva, sempre na brecha, com óptimo tempo de salto, raro sentido de antecipação e poder de despacho, o médio-centro da turma visitante mostrou-se senhor da sua zona, metendo positivamente Hidalgo na algibeira...e [ainda] António Pedro (energia) e Romeu (habilidade).


 À Defesa - O Caldas, por vezes, teve de empenhar-se 
com todo o afinco para neutralizar as tentativas do Oriental. 
Aqui, é [Carlos] Sarrazola quem defende, mas Abel e  
[o guarda-redes] Vítor ainda lá estavam depois dele.
Fonte: Jornal "A Bola".


# 15.ª Jornada: CALDAS, 3 - V. SETÚBAL, 5 (23-12-1956).

Na crónica do jornalista Moreira da Cruz, do Jornal "A Bola", datada de 24 de Dezembro de 1956, titulava-se: "Em três minutos o Caldas «esfrangalhou-se»"

Campo da Mata, em Caldas da Rainha,

Árbitro: Abel Macedo Pires, de Lisboa,

CALDAS SPORT CLUBE: Vítor; Amaro e Abel; Romero, Saraiva e Orlando; Anacleto, António Pedro, Garófalo, Sarrazola e Rogério. Treinador: Fernando Vaz.

VITÓRIA FUTEBOL CLUBE (VITÓRIA DE SETÚBAL): Justino; Jacinto I e Orlando; Casaca, Emídio Graça e Pinto de Almeida, Inácio Soares, Jacinto II, Fernandes e Miguel. Treinador: Humberto Buchelli.

Resultado da primeira parte: 2-0.

Aos 27 minutos, 1-0 por ROGÉRIO, com um remate rasteiro.

Aos 42 minutos, 2-0 por GARÓFALO, fazendo passar a bola sobre Justino.

Resultado da segunda parte: 1-5.

Aos 5 minutos (50 minutos), 2-1, por JACINTO II, a passe de Fernandes e com culpas para [o guarda redes] Vitor.

Aos 8 minutos (53 minutos), 2-2 por FERNANDES, em «fora de jogo».

Aos 16 minutos (62 minutos), 2-3 por FERNANDES.

Aos 25 minutos (70 minutos), 2-4 por JACINTO II.

Aos 35 minutos (80 minutos), 2-5, por FERNANDES.

Aos 39 minutos (84 minutos), 3-5, por GARÓFALO.

O jogador FERNANDES do Vitória de Setúbal fez, no Campo da Mata, um «hat-trick».

Incidência do Jogo: No final do encontro, os jogadores caldenses, ROMERO e SARRAZOLA tiveram de ser assistidos de urgência no Montepio (uma instituição hospitalar muito conhecida dos caldenses), devido às "boladas" que receberam no jogo...Até um deles, o argentino ROMERO, no estado de inconsciência em que se encontrava perguntava no final da partida qual tinha sido o resultado.


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "A BOLA"): O futebol «fez das suas», ontem [Domingo, 23 de Dezembro de 1956] nas Caldas da Rainha!. Quem havia de dizer que o Caldas, depois de chegar justamente como vencedor por 2-0 ao intervalo, havia de «naufragar» rotundamente frente ao Vitória de Setúbal, sofrendo uma «rajadas» de cinco golos nada menos. Mas tudo isto é jogo, tudo isto é futebol, e é exactamente por factos como este que todos nós tanto gostamos dele...A primeira parte, razoavelmente bem jogada, foi de lisonjeira supremacia dos caldenses. Ontem, aproveitando o regresso de Garófalo, o Caldas ensaiou um novo dispositivo táctico, tratando de atribuir ao avançado [ítalo] argentino uma função muito semelhante aquela que o macaísta Rocha, desempenha na Académica...Garófalo, actuando recuadíssimo, soube manobrar muito bem no meio do terreno, sendo ele, quase sempre, a fonte geradora dos lances ofensivos da sua equipa...gozando de grande liberdade de movimentos na zona em que actuava, orientava, com grande facilidade o jogo de ataque da sua equipa. E o sistema só levou tempo a produzir os seus frutos, porque os caldenses, contrariamente ao que estava indicado, fizeram muitos lançamentos em profundidade para o centro do terreno onde é evidente, por não se poder desdobrar, Garófalo, não podia encontrar-se. O jogo tinha de ser feito (tal como na Académica) á base de teia cerzida de passes confundindo os seus opositores e dando tempo a Garófalo e aos demais avançados que se encontravam recuados no terreno (António Pedro e Sarrazola) a incorporar-se no ataque. A defesa do Caldas, actuando segura, mantinha em respeito um adversário que quase jogava sem extremos, Miguel e Inácio raras vezes interferiram e, assim, o Caldas tirando proveito do seu sistema, pôde, muito naturalmente obter os seus dois golos, com toda a justiça. Deve mesmo dizer-se que, quando Rogério marcou o primeiro golo, já, antes disso, tinha desperdiçado duas ocasiões soberanas...Mas veio a segunda parte e inesperadamente, tudo se modificou. Foram vários os motivos. Em primeiro lugar, o Vitória tratou de modificar a maneira como se opunha ao figurino dos locais: [Emídio] Graça passou a acompanhar mais de perto Sarrazola e Soares trocando com Casaca, pôs o seu belo espírito de luta ao serviço de cobrir o «vagabundo» Garófalo...E tudo se modificou, num «abrir e fechar de olhos». Em 3 minutos, o Vitória passou de 0-2 para 2-2 (com alguma fortuna, diga-se, pois o primeiro golo foi «consentido» por Vitor e o segundo foi «off-side») e, enquanto o Caldas, «chicoteado» por este «volte-face» e «esfrangalhava», o Vitória ganhando novo ânimo, lançava-se irresistivelmente no caminho da vitória. Ainda antes do terceiro golo dos sadinos, os locais podiam ter recuperado a calma perdida, quando Romero bateu Justino, de cabeça, e a bola, caprichosamente, foi embater na «quina» inferior da barra, caindo verticalmente sobre a linha de golo e não entrando. Daí para a frente, somando-se as infelicidades e os desnorteamentos, o Caldas foi, progressivamente, perdendo o tino e «metendo água por todos os lados». Romero após suportar uma bolada na cara, teve de derivar para extremo-direito; Sarrazola atingido por outra bolada, este no baixo ventre, teve de abandonar o terreno; Saraiva na ansia de «remar contra a maré» incorporou-se no ataque, mais enfraquecendo a já desnorteada defesa (o Caldas acabou com Garófalo a defesa central...). Está a ver-se o «quadro»: dum lado um »team» que, por desorientado e enfraquecido, já não o era; do outro uma equipa, senhora de si, a quem tudo estava a sair bem, fazia o que muito bem lhe apetecia. Está explicado o »volte-face» sensacional...No Caldas (do primeiro tempo) os melhores foram Saraiva, Abel, Orlando e Garófalo. Depois do intervalo, tudo piorou, já se vê. Mesmo assim, Saraiva e Orlando continuaram a dar nas vistas.   


# 16. ª JORNADA: BARREIRENSE, 4 - CALDAS, 3 (30 de Dezembro de 1956).

Na crónica do jornalista Acácio Correia, do Jornal "A Bola", datada de 31 de Dezembro de 1956, titulava-se: "Houve dois «penalties» a evitar uma surpresa".

Campo D. Manuel de Melo, no Barreiro,

Árbitro: Jaime Pires, de Lisboa,

FUTEBOL CLUBE BARREIRENSE: Pinheiro; Faneca e Rodrigues; Afonso, Duarte e Vasques; José Augusto, João Alves, Josef Fabian, Faia e Vitorino. Treinador-Jogador: Josef Fabian.

CALDAS SPORT CLUBE: Vitor; Fragateiro e Abel; Sarrazola, Saraiva e Orlando; Anacleto, António Pedro, Janita, Garófalo e Rogério. Treinador: Fernando Vaz.

Resultado da primeira parte: 1-2.

Aos 8 minutos, 1-0, por VITORINO, oportuno a ocorrer a uma bola que embateu num poste, após um «canto» marcado por Fabian.

Aos 38 minutos, 1-1 por ROGÉRIO, a passe de Garófalo.

No último minuto (45 minutos), 1-2, num bom remate de JANITA, na conclusão dum «canto» que Rogério apontara.

Resultado no segundo tempo: 3-1.

Aos 48 minutos, 2-2 por JOSÉ AUGUSTO, em recarga a um remate de João Alves, que que embatera num poste.

Seis minutos depois (54 minutos) 3-2: Fragateiro derrubou Faia, provocando grande penalidade, transformada pelo próprio FAIA.

Aos 70 minutos, 4-2, de novo marcado por FAIA, e de novo de «penalty» a castigar falta de Abel sobre José Augusto.

Finalmente, aos 75 minutos, 4-3. JANITA rematou bem. Faneca, na ânsia de defender acabou por confirmar o tento.


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "A BOLA"): [Todo o Campo D. Manuel de Melo tinha lama o que influenciou o desenrolar da partida, especialmente em frente da baliza voltada para norte de tal maneira] que bastará dizer que, nessa [baliza], só duas bolas se meteram, e tanto a do Barreirense, como a do Caldas, tiveram o seu quê de fortuitas. Do lado contrário [na baliza voltada para sul], relativamente em bom estado, e onde se podia jogar numa imitação muito razoável do jogo em campo seco, marcaram-se os restantes cinco golos, o que é elucidativo. Ora como coube à equipa do Caldas jogar no primeiro tempo a «atacar para sul», a ela lhe pertenceu a maior porção de domínio. De tal modo que os 2-1 que desfrutava ao intervalo tinham todo o ar de naturalidade...No segundo tempo inverteram-se os papéis, cabendo aos donos da casa atacar onde isso era mais «possível». E os resultados foram imediatos, com dois golos, dentro dos primeiros 10 minutos, tornando possível passar nesse espaço de tempo curtíssimo, de vencido a vencedor. Como então cabia então a vez de ser o Caldas a ter os seus dianteiros »em cima da lama» teve-se a certeza de que o Barreirense já não poderia perder...Tanto é que a lama funcionou como o seu «décimo-segundo jogador» ao salvar o empate do Caldas, travando uma bola rematada por Janita e que daria o golo em qualquer terreno seco...O Caldas fez o que pôde (e bem) e o que não pôde (por causa da lama), talvez merecesse o empate. Teve em Saraiva o mais seguro defensor; em Sarrazola o mais completo dos médios e em Garófalo e António Pedro os «organizadores do ataque».


# 17.ª Jornada: CALDAS, 3 - TORREENSE, 1 (06 de Janeiro de 1957).

Na crónica do jornalista Rui Martins, do Jornal "A Bola", datada de 07 de Janeiro de 1957, titulava-se: "Foi um belo «tónico» marcar primeiramente".

Campo da Mata, em Caldas da Rainha,

Árbitro: Clemente Henriques, do Porto,

CALDAS SPORT CLUBE: Vitor; Amaro e Abel; Romero, Saraiva e Orlando; Anacleto, António Pedro, Garófalo, Sarrazola e Rogério. Treinador: Fernando Vaz.

SPORT CLUBE UNIÃO TORREENSE: Gama; Mergulho e Fernandes; Gonçalves, A. Manuel e Forneri, Carlos Alberto,  José da Costa; João Mendonça, Rui André e Morais. Treinador: Cândido Tavares.

Golos de ANTÓNIO PEDRO, aos 29 minutos e aos 56 minutos; GARÓFALO aos 58 minutos, e JOSÉ DA COSTA, aos 73 minutos.


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "A BOLA"): Até ao momento em que António Pedro colocou a sua equipa em vencedora, tinha pertencido á turma de Torres Vedras o futebol mais «enfeitado»...mais «literário»... Resumindo: durante todo o tempo em que o marcador esteve em branco, a equipa de Torres Vedras foi a que deu a ideia de mais equipa [até atirou com uma bola à trave]...Porém, tudo saiu ao contrário...e acabaram por ser os caldenses que, num rápido lance de contra-ataque, se colocaram em posição vantajosa...E tudo se virou, tanto mais que logo a seguir ao golo sofrido, Mendonça atirou outra bola ao poste...Os visitados criavam novas forças, começaram a aparecer com muito mais frequência ao ataque e, em contrapartida a perturbação assentou arraiais na turma de Torres Vedras, que jamais pelo tempo adiante, voltou a patentear a tal superioridade manifestada durante a primeira meia-hora...[Na segunda parte]...não serviu para os visitantes sacudirem o nervosismo que deles se apoderou após passarem à situação de vencidos. Pelo contrário, visto que, decorridos 11 minutos depois do reatamento, sofrendo novo golo, aumentaram visivelmente as suas dificuldades. E ao ar mais preocupado dos homens de Torres Vedras, seguiu-se uma maior «descontracção» dos pupilos de Fernando Vaz - a actuarem, nesta altura, agradavelmente e â vontade, poisa vitória já não lhes poderia fugir. A verdade, contudo é que os caldenses nem por isso deixaram de continuar a jogar com grande entusiasmo, desejosos (talvez) de se vingarem da expressiva derrota sofrida na primeira volta [nesse jogo, como já vimos, o Caldas perdeu por 4-0]. Aliás, por bem pouco que o não conseguiram, dado que, já depois de terem alcançado o terceiro tento, Fernandes (por duas vezes) salvou, sobre o risco de baliza, remates de Garófalo e Anacleto. Não é difícil concluir-se que houve justiça e merecimento no êxito dos caldenses, os quais não desconhecendo a sua inferioridade técnica em relação aos seus maiores rivais - o Caldas e o Torriense são uma espécie de Sporting e Benfica [da região Oeste] - procuraram utilizar as «armas» mais convenientes - «querer», «coração» e objectividade no seu futebol. E, para espelhar essas virtudes, lá esteve o incansável António Pedro, que marcou, jogou...e fez jogar...[acompanhado por um] Garófalo [que] mostrou ser um futebolista esclarecido e Abel um jogador experiente e utilíssimo, Sarrazola e Rogério na frente, e Saraiva, Orlando e Romero, na defesa foram batalhadores indémitos, que jamais o esfaleceram. Amaro também esteve ao nível dos seus colegas...Vitor não foi feliz, principalmente no golo que a sua equipa sofreu, e Anacleto fez o que lhe foi possível, se bem que algumas vezes o seu próprio público o tivesse inibido de ir mais longe. Não é com reparos «sonoros» e sempre desagradáveis que se ampara e auxilia um jogador.


# 18.ª Jornada: ACADÉMICA, 4 - CALDAS, 0 (13 de Janeiro de 1957).

Na crónica do jornalista Rebelo de Carvalho, do Jornal "A Bola", datada de 14 de Janeiro de 1957, titulava-se: "...E a «força da maré» não foi toda aproveitada".

Estádio Municipal de Coimbra,

Árbitro: Raúl Martins, de Lisboa,

ASSOCIAÇÃO ACADÉMICA DE COIMBRA: Ramin; Marta e Melo; Malícia, Mário Wilson e Abreu; Duarte, Samuel, Rocha, André e Bentes. Treinador: Fernando Leite (Nana) e Cândido Oliveira (Coordenador Técnico).

CALDAS SPORT CLUBE: Vitor; Rogério e Abel; Amaro, Saraiva e Romero; Anacleto, António Pedro, Orlando, Janita e Sarrazola. Treinador: Fernando Vaz.

A Académica obteve dois golos em cada período. O primeiro foi marcado por SARAIVA na sua própria baliza, aos 17 minutos.

Aos 32 minutos, 2-0. Em trajectória enviesada, a bola foi de Bentes a Rocha e deste a Samuel, o n.º 8 da Académica tocou o esférico e DUARTE meteu-lhe o pé.

Os escolares chegaram a 3-0, aos 38 minutos da segunda parte (83 minutos). A bola atravessou o campo, da esquerda para a direita, e DUARTE visou a baliza.

O último tento surgiu no derradeiro minuto A bola apareceu nos pés de Rocha e este «deu» o golo a SAMUEL.


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "A BOLA"): A Académica conseguiu finalmente, derrotar a equipa das Caldas da Rainha. A primeira vitória da equipa escolar sobre os caldenses foi nítida no duplo aspecto jogo-resultado. A vantagem resultante poderia ter sido maior. A Académica teve, até, oportunidade de «golear» o adversário...A ideia base será esta: o Caldas não ofereceu resistência conveniente para acicatar a imaginação da turma e a do adversário. Praticamente, a partida não teve cambiantes, nem houve emoção quanto ao resultado. Os próprios golos foram frios. Logo...Forçando um palco a nota, diremos que o Caldas começou a partida «previamente derrotado». As circunstâncias, envolventes eram, de facto, favoráveis à Académica. A turma escolar é uma equipa de relva. Por outro lado, aos visitantes faltou uma «pedra» essencial (Garófalo)...Na equipa o Caldas, além de António Pedro, Romero e Saraiva merecem uma citação.


# 19.ª Jornada: CALDAS, 1 - BENFICA, 4 (20 de Janeiro de 1957).

Na crónica do jornalista Vitor Santos, do Jornal "A Bola", datada de 21 de Janeiro de 1957, titulava-se: "O mais forte muito forte e Rita ainda ajudou...".

Campo da Mata, em Caldas da Rainha,

Árbitro: Álvaro Rodrigues, de Coimbra,

CALDAS SPORT CLUBE: Rita; Amaro e Abel; Orlando, Saraiva e Romero; Anacleto, António Pedro (capitão), Garófalo, Sarrazola e Rogério. Treinador: Fernando Vaz.

SPORT LISBOA E BENFICA: Bastos; Jacinto (capitão) e Ângelo; Calado, Artur Santos e Alfredo, Mário Coluna, José Águas, Pegado, Salvador Martins e Domiciano Cavém. Treinador: Otto Glória.

Resultado da primeira parte. 0-3.

Aos 3 minutos, 0-1: Num lance de «bola morta», no flanco direito do ataque «encarnado», Rita, fora da área, joga a bola com os pés para a meter dentro, a agarrar com as mãos e a enviar para jogo, mas atrapalha-se, caí e perde o esférico, que vai parar aos pés de Coluna. O extremo benfiquista serve oportunamente Pegado que, nas vizinhanças da linha lateral, centra por alto. CAVÉM salta e aplica uma «cabeça» oportuna mas relativamente frouxa. A bola, absolutamente ao alcance de Rita, já recolocado na baliza, vai entrar, com espanto geral, pelo lado esquerdo do guardião caldense e...estava feito o primeiro golo do Benfica.

Aos 26 minutos, 0-2. Desmarcado no seu flanco e de fora da área, Salvador aplica, com o pé esquerdo, um remate forte, mas á figura de Rita. O guarda-redes caldense, visivelmente perturbado, pretende captar a bola mas apenas a afasta para perto, com uma «sapatada» ÁGUAS, em posição de desequilíbrio, toca o esférico com a parte de fora do pé direito, em direcção á baliza desguarnecida e obtém o golo.

Aos 43 minutos, 0-3. Cavém, servido por Águas desce pelo seu corredor , já dentro da área, é obstruído por Amaro, que, logo a seguir, o impede de jogar a bola, agarrando-o. O árbitro concede o competente «penalty», que, ÁGUAS transforma, com um pontapé forte, a meia altura, fazendo entrar o esférico pelo lado esquerdo de Rita.

Resultado da segunda parte: 1-1.

Aos 17 minutos (62 minutos), 0-4. Pelo centro do terreno, Águas serve Cavém, acidentalmente na meia-direita. Orlando e Abel param de uma forma verdadeiramente inexplicável e Rita saiu da baliza a tentar captar a bola, mas CAVÉM, senhor do lance, tocou o esférico, por alto, em arco, fazendo-o entrar na baliza deserta.

Aos 20 minutos (65 minutos), 1-4. Com o Benfica absolutamente senhor da situação, a actuar com serenidade e displicência talvez exageradas, Jacinto «brinca», não entrando a uma bola, na área do meia-esquerda caldense. O esférico bate no terreno e ressalta perigosamente. Bastos ainda sai, a ver se resolve a situação, mas SARRAZOLA toca a bola, por alto, com oportunidade e boa visão, para a baliza desguarnecida.

Incidência do jogo: Aos 43 minutos (88 minutos), Rita sai a um centro da direita, juntamente com Cavém. Por obra curiosa destas coisas do futebol, o guardião caldense, ao blocar o esférico, abraçou o corpo do jogador «encarnado» que fica «entalado» entre Rita e...a bola. Cavém não gostou do lance e, sem, mais nem menos, o mais condenavelmente que é possível, agride o guarda-redes das Caldas da Rainha. Foi um gesto precipitado as há que verbera-lo vivamente por ter sido, além de tudo o mais, extemporâneo, uma vez que se estava no espirar de um jogo que era, há muito, questão arrumada. Quando é que os profissionais do futebol compreendem que, decididamente, mais do eu não devem, não podem fazer destas coisas?. Pois Cavém esqueceu-se lamentavelmente desta lei e manchou a sua interessante exibição nas Caldas com este «caso» condenável. E na mesma condenável, foi a reacção de Rita, que respondeu á agressão derrubando o jogador «encarnado». Resultado: os dois jogadores são expulsos e Abel veste a camisola de guarda-redes para fazer na baliza, os dois minutos que faltavam para o termo do encontro.


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "A BOLA"): [O Benfica ganhou incontestavelmente a um Caldas demasiado macio para este tipo de jogos com um chamado «grande» do futebol português, mesmo assim] O Caldas teve, como elementos em «plano de I Divisão», Saraiva (é um bom jogador este rapaz!); António Pedro (uma bela primeira parte no seu estilo de correr todo o campo) e Garófalo (um homem de bons pés, que sabe o que faz). A salientar-se por jogo mais do que enérgico, «temperamental» em demasia temos Amaro e Romero que jogarão bastante melhor sempre que se interessaram só pela bola. Abel («derro» de rins e um pouco «perro» de movimentos); Orlando (...demasiado frágil) e Anacleto (o mais modesto jogador da equipa) não atingiram craveira aceitável. Sarrazola, muito activo, e Rogério com um ou outro lampejo na segunda parte, fizeram mesmo em tom modesto, jogo de sinal positivo.


# 20.ª Jornada: SPORTING, 6 - CALDAS, 0 (27 de Janeiro de 1957)

Na crónica do jornalista Silva Resende, do Jornal "A Bola", datada de 28 de Janeiro de 1957, titulava-se: "Jogo de caprichos só o resultado foi natural".

Estádio José de Alvalade, em Lisboa,

Árbitro: Correia da Costa, do Porto,

SPORTING CLUBE DE PORTUGAL: Carlos Gomes; Galaz e Pacheco; Pérides, Passos e Walter; Vasques, Gabriel, Miltinho, Travassos e Martins. Treinador: Abel Picabea.

CALDAS SPORT CLUBE: Vitor; Amaro e Abel; Sarrazola, Saraiva e Fragateiro; Romeu, António Pedro, Garófalo, Orlando e Rogério. Treinador: Fernando Vaz.

O Sporting iniciou a contagem a três minutos do começo. Pérides na meia direita, abriu para o lado oposto onde MARTINS, de ângulo fifícil, tentou com êxito o golo.

O segundo tento obtido aos 21 minutos, resultou ainda de um centro de Pérides que Saraiva não interceptou de cabeça. Desta vez foi GABRIEL, postado a três metros da baliza, a concluir vitoriosamente.

Incidência do Jogo: No minuto imediato os «leões» foram surpreendidos com um contra ataque do Caldas. Carlos Gomes falhou a intercepção e abandonou a baliza; o remate de Garófalo obrigou Galaz, entre os postes, a improvisar de guarda-redes. Na execução do «penalty» António Pedro rematou contra o poste e Rogério em boa posição fez a recarga com má pontaria, perdendo-se o lance.

O intervalo chegou com o resultado de 2-0.

Na segunda metade, aos 9 minutos (54 minutos) os locais aumentaram a vantagem. Uma jogada de Martins pela esquerda terminou com um centro rasteiro a que Miltinho e dois defesas adversários faltaram. VASQUES, mais feliz, embora de ângulo também muito apertado, deu ao esférico o caminho das redes.

Dez minutos volvidos (64 minutos) subiu a conta. Uma boa avançada de Vasques-Travassos-Gabriel foi terminada com um remate do bracarense [Gabriel] ao poste. MARTINS na recarga, marcou o quarto golo.

Uma jogada individual de Gabriel aos 34 minutos (79 minutos), esteve na origem do quinto golo dos leões». Saraiva travou a corrida do interior sportinguista e ambos perderam o controle da bola. MILTINHO muito oportuno atirou calmamente a contar.

Uma carga irregular de Amaro sobre Gabriel na grande área proporcionou, com o castigo máximo, o último golo do Sporting. TRAVASSOS executou o castigo de forma impecável. 


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "A BOLA"): Dizer que este Sporting-Caldas foi interessante é demasiado bom; afirmar que foi insípido, talvez seja demasiado mau. Um jogo de caprichos constitui, talvez, no seu alcance vago, a «definição» mais a carácter quando se pretende traduzir que a partida, repleta de imprevistos sem categoria, voga ao sabor do acaso...sendo o mais natural o seu resultado expressivo...[numa] defesa do Caldas [que] teve, apesar de tudo, problemas complexos. As características ás vezes excessivamente rudes dos seus componentes não apareceram ontem, mas nem por isso o sector jogou pior. Saraiva teve, até um despique de valor com a avançada «leonina», especialmente como é natural com Miltinho. Sarrazola e Fragateiro mais notados á defesa, saíram-se bem na oposição aos interiores contrários já no ataque [este]...esteve frouxa. Orlando não teve arcaboiço para interior e os extremos não corresponderam ao jogo com que os solicitaram. António Pedro e Garófalo...salvaram o «caso» nesse particular, sem chegar a um plano de grande destaque.




Lance do primeiro golo do Sporting. Martins
remata com êxito, perante a oposição, embora
enérgica, do defesa do Caldas, Amaro.
Fonte: Jornal "A Bola".



# 21.ª Jornada: CALDAS, 3 - SP. COVILHÃ, 2 (03 de Fevereiro de 1957)

Na crónica do jornalista Moreira da Cruz, do Jornal "A Bola", datada de 04 de Fevereiro de 1957, titulava-se: "A lutar contra a sorte o Caldas venceu com «garra»".

Campo da Mata, em Caldas da Rainha,

Arbitro: Abel da Costa (Porto),

CALDAS SPORT CLUBE: Vítor; Rogério e Fragateiro; Sarrazola, Saraiva e Romero; Romeu, António Pedro, Garófalo, Orlando e Anacleto. Treinador: Fernando Vaz.

SPORTING CLUBE DA COVILHÃ: Rita; Hélder e Lourenço, Pedro Martin, Amílcar Cavém e Fernando Cabrita; Manteigueiro, Istvan Nagy (Ex: Red Star - França), Suarez, Carlos Ferreira e Vinagre. Orientador-Técnico: Tavares da Silva (que acumulava com as funções de Seleccionador Nacional)/Treinador-Jogador: Fernando Cabrita (que substituíram o Treinador Janos Szabo, que tinha iniciado a época).

Primeira parte: 2-2.

Aos 5 minutos, 0-1. Explorando com oportunidade um desentendimento entre Fragateiro e Saraiva, CARLOS FERREIRA rematou rasteiro, e Vitor, lançando-se «au ralenti» consentiu o golo, embora ainda tenha tocado no esférico.

Aos 31 minutos, 1-1. António Pedro, na esquerda marcou um «corner» e ORLANDO, antecipando-se bem à saída de Rita obteve o golo, de cabeça.

Aos 34 minutos, 2-1. António Pedro, mesmo sobre a linha de cabeceira, centrou rasteiro, Rita e Lourenço não conseguiram interceptar e ROMEU, em corrida, á boca das redes, enviou o esférico para as malhas. 

Aos 39 minutos, 2-2. Lançamento de Martin para SUAREZ que, descendo para a direita, entrou na grande área, perante uma certa passividade da defesa local, e «arrancou» um pontapé fortíssimo, que restabeleceu o empate.

Segunda parte: 1-0.

Aos 4 minutos (49 minutos), 3-2. ROMERO, de longe, enviou uma bola por alto, por cima da baliza de Rita. Este, ao tentar agarrar o esférico, perturbou-se com a oposição de Anacleto, que soltou com ele, e a bola acabou por entrar nas redes, sem que qualquer deles lhe tocasse.

Incidências do Jogo: Aos 18 minutos, o defesa Rogério «meteu» mal o pé a uma bola e teve, em braços, de recolher à cabina. Ainda regressou mais tarde, aos 29 minutos, mas foi ocupar o lugar de extremo-esquerdo, coxeando nitidamente. Para o seu lugar recuou Anacleto. Também aos 21 minutos, Romero sofreu uma distensão que, até final do encontro, o forçou a abandonar o seu lugar, para, manifestamente incapacitado, ir ocupar o lugar de avançado-centro. Garófalo derivou para interior-esquerdo e Orlando recuou para a linha média.


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "A Bola"): Nas vésperas deste jogo, Domingo Garófalo deu uma pequena entrevista ao Jornal "A Bola", na edição de 02 de Fevereiro de 1957, afirmando, a dado passo, que dos três últimos, naquele momento, Caldas, Sporting da Covilhã e Atlético, o «Melhor calendário [até ao final da época] pertence ao Caldas». Parece que o seu prognóstico começou a concretizar-se a partir deste jogo...[Pois] já se esperava na verdade que o encontro fosse disputadíssimo, dado que se defrontavam duas equipas da cauda da classificação, qualquer deles ameaçado com o espectro dos dois últimos lugares e qualquer deles, também, tentando tudo o que estivesse ao seu alcance para alcançar os dois postos em disputa...[que] ganhou o Caldas muito justamente, mas para isso, teve de fazer apelo a todo o seu brio, ao seu querer inquebrantável, á sua »garra». Melhores jogadores do Caldas: Rogério (um «poço» de querer e combatividade); Saraiva, o melhor de todos («nasceu» um senhor defesa-central nas Caldas da Rainha); Orlando, António Pedro e Garófalo.


# 22.ª Jornada: F. C. PORTO, 4 - CALDAS, 0 (10 de Fevereiro de 1957).

Na crónica do jornalista Álvaro Braga, do Jornal "A Bola", datada de 11 de Fevereiro de 1957, titulava-se: "Apatia de uns aplicação dos outros...Para a defesa caldense as melhores referências".

Estádio das Antas, no Porto,

Árbitro: Jaime Pires, de Lisboa,

FUTEBOL CLUBE DO PORTO: Pinho; Virgílio e Osvaldo Cambalacho; José Maria Pedroto, Miguel Arcanjo, Monteiro da Costa; Hernâni, Gastão, "Jaburu", Teixeira e José Maria. Treinador: Flávio Costa.

CALDAS SPORT CLUBE: Vitor; Amaro e Abel; Fragateiro, Saraiva e Sarrazola; Romeu, António Pedro, Janita, Garófalo e Orlando. Treinador: Fernando Vaz.

Resultado do primeiro tempo: 1-0.

O
golo foi marcado por TEIXEIRA aos 22 minutos. Abel entrou em falta e o «livre» foi marcado próximo da grande área, Jaburu tocou o esférico para a esquerda, e Teixeira, com um remate seco e forte fez passar a bola ao lado da barreira, anichando-a na baliza.

Resultado da segunda parte: 3-0.

2-0, aos 23 minutos (68 minutos) por GASTÃO. Do lado esquerdo Hernâni levou a melhor sobre Amaro, correu para a linha de cabeceira e centrou com força. Gastão em frente da baliza, levantou o pé, no qual o esférico fez tabela, encaminhando-se para o golo.

3-0, aos 43 minutos (88 minutos). TEIXEIRA «dobrou» a bola, primeiro com José Maria depois com Pedroto, e aplicou fortíssimo pontapé quando a recebeu deste, fazendo-a entrar na baliza pelo ângulo superior esquerdo de Vitor.

4-0, aos 45 minutos (90 minutos). JABURU, o limite da grande área, procurou uma aberta para o remate. Quando a teve, desferiu um «tiro» que levou o esférico à face interior da barra, donde ressaltou para o terreno, batendo para além da linha. O auxiliar do árbitro, bem colocado pôde assinalar o tento que fixou o resultado e que também nos pareceu golo, aliás não contestado pelos jogadores caldenses.

Incidência do Jogo: Na equipa visitante, verificou-se a troca de Orlando por Sarrazola, ao intervalo. O segundo lesionou-se pouco depois, acabando por abandonar o terreno a 15 minutos do final e deixando o Caldas apenas com dez homens.


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "A Bola"): Durante a hora e meia do desafio a equipa do F.C. Porto viveu sempre ao ataque, dominando claramente, por vezes até com insistência prolongada...jamais deu azo a poder dizer-se, agora, que o Caldas, impondo o 0-0 até ao meio do primeiro tempo e sofrendo o segundo...apenas a meio da segunda parte, teve entretanto, oportunidade clara, ora, de se adiantar na marcação, ora de impor, depois a igualdade...[O Caldas] fazendo recuar os médios volantes, de forma a estabelecer uma visível cortina de protecção a Vitor, pela densidade dos elementos nela integrados, um dos extremos, mais o direito que o esquerdo, recuava, interpondo-se entre os defensores e os componentes do trio central atacante, os quais, pela sua aproximação dos homens recuados, podiam sem grande perda de tempo ou imposição de correrias, integrar-se com facilidade no bloco defensivo, de modo a perturbar o avanço e a infiltração dos dianteiros do outro lado, apoiados de perto por Pedroto...Os dianteiros visitantes procuraram ainda reter a bola em seu poder, á base de uma teia de passes...repetidos, sem grande progressão no terreno, mas naturalmente vantajosa por impedir que logo o esférico voltasse para a posse do F.C. Porto. Neste aspecto, a facilidade de execução de Garófalo, o domínio de bola de António Pedro e a aplicação de todos os outros permitiram que o ataque forasteiro contribuísse por si para o relativo êxito do Caldas, retardando os golos dos campeões...[embora o desfecho do jogo teria-se revestido de um encaixe de 4 golos]...E na sequência lógica do pensamento exposto, compreender-se-á que as melhores referências terão de ir para a defesa do Caldas, exactamente o sector mais posto em foco nesta partida, dado o modo como ele decorreu...Individualmente, Vitor e Saraiva ganharam direito à melhor actuação, sem que, como já dissemos, possa apontar-se má actuação a qualquer dos seus companheiros. E dentro ainda do processo posto em prática pela turma do Caldas, Garófalo e António Pedro devem referir-se como os mais úteis dos avançados, que também souberam colaborar com a defesa, permitindo-lhe descansar em muitos períodos.



# 23.ª Jornada: CALDAS, 2 - CUF, 1 (24 de Fevereiro de 1957).

Na crónica do jornalista Rebelo de Carvalho, do jornal "A Bola", datada de 25 de Fevereiro de 1957, titulava-se: "Num jogo de ansiedade uma vitória bem difícil".

Campo da Mata, nas Caldas da Rainha,

Árbitro: Manuel Lousada, de Santarém,

CALDAS SPORT CLUBE: Vitor; Amaro e Abel; Fragateiro, Saraiva e Orlando; Anacleto, António Pedro, Garófalo, Sarrazola e Rogério. Treinador: Fernando Vaz.

GRUPO DESPORTIVO DA CUF: Libânio, Pedro Gomes e Vale; Carlos Alberto, Palma e Orlando; Pedro Duarte, Pireza, Arsénio, Bispo e José Luis. Treinador: Janos Biri.

Os visitantes marcaram em primeiro lugar, quando iam decorridos 18 minutos de jogo. Pireza passou a bola em profundidade a BISPO [ex-jogador do Caldas] na faixa central do terreno. Fragateiro ficou imobilizado, não estorvando de forma alguma a arrancada do adversário que o ultrapassou com muita facilidade. Vitor ficou, desde logo batido por um remate potente por alto.

Aos 37 minutos, os caldenses marcaram o golo do empate, por intermédio de GARÓFALO. O lance foi trabalhado na ala esquerda, donde Sarrazola endossou o esférico em boas condições do autor do tento que desviou a bola para a baliza aproveitando a indecisão simultânea de Libânio, Vale e Palma.

O golo da vitória, recebido com um entusiasmo delirante pelos caldenses, surgiu aos 20 minutos (65 minutos) do segundo período. O lance foi idêntico ao do primeiro tento da partida. Sarrazola lançou ANTÓNIO PEDRO e a defesa cufista não barrou a infiltração do jogador do Caldas. O remate saiu, bem medido, quando Libânio se adiantou em último recurso.


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "A Bola): No campo degladiaram-se as equipas; na assistência defrontaram-se as duas falanges de apoio, porquanto os cufistas levaram atrás de si para as Caldas da Rainha muitos adeptos. Foi um jogo em que os nervos imperaram, dominando as duas turmas, muito especialmente [o Caldas]...a qualidade do jogo foi afectada pela ânsia de ambos os partidos. Por esse motivo, o nível técnico foi relativamente fraco...Praticamente não houve uma equipa melhor e outra pior. Enquanto os cufistas se superiorizaram ligeiramente na harmonia da toada, com vislumbres de bom conjunto, os caldenses levaram vantagem no entusiasmo e no frenesim. O triunfo foi arrancado a ferros, e, para lá chegar, o Caldas teve de recuperar de 0-1 para 2-1. Os visitantes marcaram em primeiro lugar, com toda a justiça, porquanto na primeira vintena de minutos os caldenses não conseguiram organizar-se, quer na defesa, quer no ataque. A linha atacante do grupo do Barreiro, naquele período, embaraçou seriamente a defesa caldense no seu jeito buliçoso (as trocas de lugares sucediam-se a cada jogada). Os defesas laterais (Amaro e Abel) foram atrás dos extremos, adiantando-se demasiadamente e a manobra de envolvimento riou embaraços. Não foi raro verem-se os jogadores do meio (Pireza e Bispo) adiantados extremos, formando o dispositivo dos 4 avançados, um trapézio com a base menor mais perto da baliza de Vitor. Saraiva e Fragateiro pagaram a dívida provocado pelo entusiasmo dos colegas nos flancos e o segundo ficou atónito quando Bispo arrancou vitoriosamente. O Caldas só não terá perdido o jogo, porque, dois minutos depois Bispo, á beira da baliza, perdeu um golo - que faria 2-0...Entretanto cerca da meia hora Carlos Alberto saiu lesionado do campo e, embora tivesse regressado poucos minutos depois, a equipa ressentiu-se da anterior disposição daquele jogador, o qual fora brilhantíssimo a impulsionar o ataque, lambendo, como labareda, uma vasta zona, onde pontificara absolutamente. O Caldas virou então para o ataque, distendendo-se, recebendo certa influencia de orientação dada por António Pedro- obreiro como sempre. O tento do empate foi precedido de um lance de azar para os caldenses. Num remate lançado de longe de Garófalo, a bola passou, a rastejar, por uma clareira e foi embater na esquina interior do poste, atravessando, no ricochete, a zona frontal á baliza. Depois deste «aviso de recepção», surgiu a bola que pôs o marcador em 1-1. O Caldas encheu o peito de ar e dispôs-se a ganhar na segunda parte. A força haveria de prevalecer sobre o jeito...António Pedro deu uma grande alegria ás suas hostes. Sem jogar bem, o Caldas passou a jogar melhor, neste segundo ciclo da partida, um tanto em força e muito na base de esforços individuais...O clube visitado defendeu [depois] a vantagem, mercê de despachos longos (nem sempre com governo) e tentou o terceiro golo, que tendo estado os pés de Anacleto, não apareceu dentro da baliza de Libânio. Há que por em relevo a voluntariedade dos vencedores, os quais, na verdade, não regatearam o melhor do seu esforço...Saraiva foi o melhor elemento - quase pendular. António Pedro correu muito mas agarrou demasiadamente a bola. Sarrazola foi muito útil na segunda parte, assim como Abel e Rogério foi dos mais habilidosos e influentes.


# 24.ª Jornada: CALDAS, 2 - LUSITANO, 2 (10 de Março de 1957).

Na crónica do jornalista Moreira da Cruz, do jornal "A Bola", datada de 11 de Março de 1957, titulava-se: "O 2.º golo de Évora «desmantelou»  equipa local".

Campo da Mata, em Caldas da Rainha,

Árbitro: Eduardo Gouveia, de Lisboa,

CALDAS SPORT CLUBE: Vítor, Amaro e Abel, Sarrazola, Saraiva e Orlando; Romeu, António Pedro, Janita, Garófalo e Rogério. Treinador: Fernando Vaz.

LUSITANO GINÁSIO CLUBE DE ÉVORA: Dinis Vital; Polido e Vicente; Vieirinha, Falé e Athos, Fialho, Flora, Caraça, Marciano e Batalha. Treinador: Otto Bumbel.



Primeira parte: 1-0.

Aos 22 minutos, 1-0. Após m lance confuso dentro de grande área eborense, Rogério rematou ao poste e, na recarga ROMEU, lançando na corrida fez o golo com um pontapé fortíssimo.

Segunda parte: 1-2.

Aos 3 minutos (48 minutos), 1-1. FLORA, arrancando a meio do terreno correu velozmente em direcção á baliza adversária, beneficiando do facto dos defensores aguardarem a todo o momento que ele passasse o esférico a Fialho ou a Batalha que o acompanharam.

Aos 17 minutos (62 minutos), 2-1. Vieirinha pretendeu passar a bola ao seu guardião, mas fê-lo com tão pouca oportunidade que permitiu a intromissão de JANITA e o remate deste, «á queima-roupa» bateu Vital. 


Aos 25 minutos (70 minutos), 2-2. Na marcação de um «livre indirecto» perto da grande área, provocado por um desentendimento entre Vitor e Abel, Fialho enviou o esférico para a frente das redes e FLORA de cabeça, obteve o golo, beneficiando da saída tardia de Vitor.


Incidências do Jogo: Aos 31 minutos [da primeira parte], Rogério chocou aparatosamente com Vital e, lesionado teve de abandonar o terreno, só regressando quatro minutos mais tarde e a coxear. Aos 27 minutos (72 minutos), de novo Rogério chocou com Vital, ficando prostrado no terreno. Saiu para ser tratado e voltou pouco depois, mas de tal modo inferiorizado, que só fez «oficio de corpo presente».



CRÓNICA DO JOGO (Jornal "A Bola"): Ontem [dia 10 de Março de 1957], nas Caldas da Rainha, a juntar a...ambiente de «guerra de nervos», veio ainda somar-se um vento fortíssimo, que varria  terreno de lés-a-lés, que mais dificultou ainda a tarefa de ambos os lados...A equipa local [com o vento a favor], passados os primeiros minutos da partida, começou a dominar com insistência, desenvolvendo-se quase todo o jogo no meio-campo defendido pelo grupo alentejano...O futebol praticado, porém, era de nível bastante modesto...Deste modo, quando se atingiu o intervalo a sensação dominante era a de que o Caldas não tinha sabido marcar na proporção do que dominara e, perguntava-se se a magra vantagem alcançada viria a chegar para aguentar o maior assédio que se previa por parte do Lusitano, na segunda parte, a jogar então com o vento pelas costas. Surpreendentemente, porém, o segundo tempo veio a decorrer de modo algo diferente daquele que se previa. Logo na jogada de reatamento, o Caldas podia ter elevado o «score» numa «cabeça» quase «à boca das redes», do avançado-centro Janita e que o guardião Vital defendeu magnificamente (esta defesa de Vital pode ter valido o empate alcançado pela sua equipa...)...[Mesmo depois do golo do empate do Lusitano] a verdade é que o grupo das Caldas da Rainha não se inferiorizou e, um pouco contra aquilo que seria lícito aguardar-se, continuou a dominar...com valorização notável do seu ataque, mais desembaraçado e incisivo no assalto ao extremo reduto adversário...[que deu origem ao segundo golo dos caldenses] parecia encontrado o vencedor, tais eram nesse momento, a boa disposição revelada, pelo Caldas e a dificuldade exibida pelo Lusitano...Mas aos 25 minutos (70 minutos) por obra de uma falha da defesa local, os alentejanos alcançaram o empate, com que já bem pouco contariam...No Caldas (equipa lutar contra a sorte, pois jogava praticamente com dez jogadores, Rogério estava em campo lesionado), Saraiva, Orlando, Sarrazola, António Pedro e Garófalo foram os melhores.



# 25.ª Jornada: BELENENSES, 5 - CALDAS, 0 (17 de Março de 1957).

Na crónica do jornalista Acácio Correia, do jornal "A Bola", datada de 18 de Março de 1957, titulava-se: "Tudo se tornou fácil após o segundo tento".

Estádio do Restelo, em Lisboa,

Árbitro: Libertino Domingues, de Setúbal,

CLUBE DE FUTEBOL "OS BELENENSES": José Pereira; Pires e Moreira; Pellejero, Figueiredo, Vicente Lucas; Dimas, Miguel Di Pace, Pérez, Matateu e Tito. Treinador: Fernando Riera.

CALDAS SPORT CLUBE: Vitor; Amaro e Abel; Sarrazola, Saraiva e Fragateiro; Janita, António Pedro, Garófalo, Orlando e Pedro De La Vega. Treinador: Fernando Vaz.

Resultado da primeira parte: 1-0.

Aos 5 minutos, Abel «meteu» mão dentro da grande área. PÉREZ, encarregado de marcar a grande penalidade resultante á figura de Vitor mas, na recarga, não falhou.

Resultado do segundo tempo: 4-0.

Aos 56 minutos, MATATEU depois de receber um passe de Tito, evitou Amaro e Saraiva e disparou fortíssimo á entrada da grande área.

Seis minutos depois (62 minutos), 3-0: PÉREZ imitou o seu companheiro e rematou fortíssimo, para cá das dezoito jardas, surpreendendo Vitor.

Aos 19 minutos (64 minutos), o Belenenses aumentou a sua vantagem, com outro golo de «penalty», marcado por PÉREZ e a castigar «defesa» de Amaro em última instância.

Finalmente, MATATEU, aos 29 minutos (74 minutos), colocou o resultado em 5-0, «fuzilando» as redes, de poucos metros, depois de um «viranço» espectacular.


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "A Bola"): O Caldas, com uma boa primeira parte, acabou por se perder, mas não completamente, depois de sofrer o segundo golo. Pesou, então, sobre a equipa a própria desvantagem e o abandono da feicção defensiva a que ele obrigou. Individualmente, Saraiva, António Pedro, Sarrazola e Garófalo (este, senhor de bom poder de finta, clarividência de jogo e bom toque de bola), merecem ser salientados.


# 26.ª Jornada: CALDAS, 3 - ATLÉTICO, 1 (31 de Março de 1957).

Na crónica do jornalista Rebelo Carvalho, do Jornal "A Bola", datada de 01 de Abril de 1957, titulava-se: "A partida decisiva foi ganha pelos mais práticos".

Campo da Mata, em Caldas da Rainha,

Árbitro: Abel da Costa, Porto,

CALDAS SPORT CLUBE: Vitor; Fragateiro e Abel; António Pedro, Saraiva e Orlando; Anacleto, Sarrazola, Janita, Garófalo e Lenine. Treinador: Fernando Vaz.

ATLÉTICO CLUBE DE PORTUGAL: Sebastião; Tomé e Vitor Lopes; Oliveira, Gonçalves e Barreiro; Legas, Armando Carneiro, Avelino Martinez (Espanhol), Orlando e Castiglia. Treinador: Severiano Correia.

Na primeira parte: 1-1.

Aos 31 minutos, os alcanterenses surpreenderam os caldenses com a obtenção do primeiro golo da partida e único do Atlético. ARMANDO CARNEIRO desferiu um pontapé do limite da grande área para cuja defesa Vitor se lançou em vão. A bola bateu nas pernas de Saraiva e, mudando de trajectoria, traiu o guardião caldense.

O tento resposta só tardou seis minutos (37 minutos) e foi o mais bonito da partida. Garófalo entregou o esférico a JANITA e este, da meia direita, na queda da bola aplicou um pontapé fulminante. A bola foi detida pela rede lateral do lado oposto.

Na segunda parte: 2-0.

Dois golos em quatro minutos fixaram o resultado muito cedo.

Aos 2 minutos (47 minutos) deste período, Sebastião falhou e Tomé desviou a bola com a mão, e último recurso, para a tirar do alcancede Janita: «penalty». ANTÓNIO PEDRO marcou o castigo máximo com mais força do que colocação e Sebastião chegou tarde, de mergulho.

Aos 6 minutos (51 minutos), JANITA marcou o terceiro golo que foi precedido de falta (empurrão) do autor do tento. O lance começou com um «livre» apontando por António Pedro. A bola ressaltou do guardião para os pés do avançado-centro das Caldas. O resto foi fácil.

Numa reportagem de Afonso Lacerda antes deste jogo decisivo para a permanência na 1.ª Divisão Nacional, afirmava-se: Bandeiras, chapéus, rocas, chocalhos, campainhas, altofalantes, tudo servia para dar cor, movimento e alegria ao ambiente. Uma «bicha» interminável, verdadeiro caudal humano «canalisava» o público para o Campo da Mata...De toda a parte ribombaram os aplausos delirantes! Do peão, das bancadas e lá do topo do lado das cabinas onde o Dr. Calheiros Viegas organizara uma claque «à americana» com os miúdos da Escola Comercial e do Externato Ramalho Ortigão, sob o comando incansável do popular desportista caldense.


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "A Bola"): Antes de mais, diremos que o jogo decorreu no ambiente desejado. Apesar da importância vital desta partida, desde há muito prevista como a «final»  dos últimos, ambas as equipas souberam comportar-se com aprumo e dignidade. Foi efectivamente um jogo rijo e duro, mas as jogadas não pisaram o risco...Do balanço geral da partida pôde tirar-se uma conclusão: ganhou, de facto, a turma que jogou de forma mais conveniente...Sucedeu que os caldenses jogaram mais em estilo de «final» executando a manobra no sentido próprio...Numa palavra: foram mais práticos e mais objectivos... O dispositivo do Caldas oscilou, assim, entre o «WM» (3-2-2-3) e o «4-2-4».
Esta elasticidade estorvou francamente a manobra dos alcanterenses...Na equipa vencedora distinguiu-se, sobretudo o «bloco»...Vitor impôs-se «no ar» e o seu maior trabalho foi o de cortar cruzamentos. Dentro das balizas, esteve também muito seguro. Na defesa, Abel deve ter feito o melhor jogo na equipa, Saraiva este certíssimo...Orlando revelou-se extraordinariamente e esteve sempre dentro das jogadas no seu flanco, por sinal o mais difícil. Não foi menos útil que António Pedro...Janita [muita mobilidade]...um jogador com pinta semelhante à de Bispo. [Resumindo: O Caldas continua na I Divisão. O Atlético desceu à II Divisão].

No final do jogo, Fernando Vaz, ouvido pelo Jornal "A Bola", resumiu numa frase esta segunda época do Caldas na I Divisão: "O Espírito de camaradagem foi a nossa »Arma» mais forte".


 


FIM DA SEGUNDA VOLTA E DA ÉPOCA DE 1956/57.


O CALDAS SPORT CLUBE, entre 14 equipas, ficou posicionado na 12.ª posição, com 19 pontos conquistados (com os mesmos pontos da época anterior), garantindo a sua permanência na Divisão principal do futebol nacional, devido a 6 vitórias; 7 empates; e 13 derrotas (curiosamente os mesmos números da época anterior), tendo marcado 32 golos e sofrido 63. Tendo sido os seus melhores marcadores, os jogadores GARÓFALO, ANTÓNIO PEDRO e JANITA, todos com 6 golos marcados. Numa Época, em que o SPORT LISBOA E BENFICA se sagrou Campeão Nacional, e o Sporting da Covilhã e o Atlético Clube de Portugal acabaram por descer à II Divisão Nacional, por terem ficado em 13.º e 14.º lugar respectivamente.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

O «penalty» do Caldas - Porto (11 de Novembro de 1956). Quase me apeteceu cortar a mão... - recorda Saraiva

No Jornal "A Bola" de 15 de Novembro de 1956, publicou-se uma pequena entrevista com o defesa (ou médio-centro, pois actuou muitas vezes nesta posição) do Caldas, Saraiva, na abordagem ao lance que deu origem ao penalty, por ele cometido, no jogo Caldas - Porto, que se tinha realizado no domingo anterior (11 de Novembro de 1956, referente à Época 1956/1957). Assim, escreveu-se o seguinte...

E o Porto tornou a não ganhar nas Caldas! (na época anterior, tinha também empatado 3-3 no Campo da Mata, no dia 18 de Março - ver análise do jogo, em 1.ª Divisão - Época 1955/1956 - 2.ª Volta)...Se na época passada, o feito foi já de vulto tendo em mente a categoria dos dois contendores, ambos então espicaçados por pensamentos diferentes, mas convergentes para o mesmo fim - pois se um queria o primeiro lugar, o outro queria não perder, para fugir aos últimos postos... - O feito deste ano, conseguido pela modestíssima turma das Caldas - cheia de «remendos» provocados por outros tantos «mazelados» (e, no próprio jogo, apareceu mais outro - neste caso, o jogador Rogério) - ante a equipa campeã, transcende em muito o que se poderia esperar...[No último domingo] os caldenses dentro e fora do campo souberam reagir da melhor maneira quando a suprema infelicidade - pela «mão» de SARAIVA bateu à porta. Conseguiram que um jogador não se «afundasse» e, assim, contribuíram para a obtenção daquele golo de Garófalo que deu origem a uma das maiores «explosões» de clubismo que temos assistido!.

Pretendemos falar com SARAIVA e que melhor assunto para começar senão aquela «mão» tão inoportuna?

- Olhe - diz-nos ele - quase nem sei como aquilo foi...

E a tentar explicar como se passou «aquilo»:

- Se não me engano, creio que foi o extremo-esquerdo que centrou e eu, ao saltar à bola, instintivamente, levantei a mão a tocar-lhe! Nem sequer me lembrei que estava na grande área!

- Qual a sua reacção perante o acontecido? perguntámos mais.

- Sei lá! Quase me apeteceu fugir do campo, cortar a mão! E desmoralizei um pouco - confesso, para, logo a seguir, acrescentar:

- Mas depois, com o incitamento da nossa massa associativa, a que aproveito para agradecer, por intermédio de «A Bola», consegui reanimar e recompor-me! Mesmo assim, e dado o resultado que conseguimos, ainda hoje me sinto um pouco deprimido e não será difícil esquecer...

 - Não ficou satisfeito com o resultado?

- Satísfeitissimo! Tanto nós, jogadores, como todos os caldenses, creio que temos razão  para estar satisfeitos, pois sempre foi um ponto ganho, e, perdê-lo, seria uma tremenda injustiça, dada a maneira como lutámos e nos esforçámos  de princípio ao fim...

- Quer, agora distinguir algum companheiro? - foi a nossa última pergunta.

- É impossivel fazer distinções, pois todos actuaram o melhor possível. No entanto, quero aproveitar para publicamente, agradecer, a Garófalo o seu acto de boa e sã camaradagem, pois após ter alcançado o golo que nos deu o empate, veio ter comigo para me abraçar, como que a dizer que a minha dívida já se encontrava saldada.  


SARAIVA


NOTA: António da Cruz Pinto SARAIVA, jogou três épocas no Caldas Sport Clube (1956/57; 1957/1958 e 1958/59), tendo-se transferido para o Sport Lisboa e Benfica na época de 1959/60, após o Caldas ter descido à 2.ª Divisão Nacional. No Benfica, acabou por ganhar 3 Campeonatos Nacionais (1959/60; 1960/61 e 1962/63), 1 Taça de Portugal (1961/62) e 1 Taça dos Campeões Europeus (1960/61), tendo realizado 5 jogos nesta fabulosa campanha europeia: 2 jogos com o Hearts da Escócia (2-1 e 3-0); 2 jogos com o Ujpest da Hungria (6-2 e 1-2) e 1 jogo nas Meias-Finais com o Rapid de Viena (1-1). Apesar de fazer parte do plantel benfiquista não participou, em nenhum jogo, na 2.ª campanha europeia vitoriosa encarnada (1961/62). A sua última época no clube da Luz acabou por ser a de 1962/63.