Caldas Sport Clube 1954/55

Caldas Sport Clube 1954/55

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

A Personalidade de um jogador - António Pedro a «Locomotiva das Caldas»...ou direi eu, o "Patalino" do Caldas (famoso jogador do Lusitano de Évora e do «O Elvas»)

Na edição de 19 de Janeiro de 1956, do Jornal "A Bola", surge-nos um artigo curioso sobre uma das grandes figuras do Caldas Sport Clube, de seu nome, António Pedro [que já jogava no Caldas, desde Setembro de 1951], em que o articulista escreve que...Falando certa vez com Oscar Tellechea, sobre clubes e jogadores disse-nos a certa altura o técnico argentino: - Aí tem por exemplo António Pedro. Vê-se num jornal uma fotografia do Caldas á defesa, lá está ele. Aparece outra fotografia, do Caldas ao ataque, e lá está ele outra vez.
Nada poderia definir com mais exactidão o que esse jogador tem de irrequieto, buliçoso, correndo o campo todo durante os 90 minutos duma partida, não parando nunca...Figura meã, sem impressionar...Discute quase todos os lances, a meio do terreno, jogando indistintamente a médio e a interior...O que espanta é a actividade que desenvolve, tanto a apoiar o ataque como a auxiliar a defesa. Pela maneira de jogar, faz lembrar aquele Joaquim Teixeira que durante tantas épocas encheu os campos, quando era [médio] interior do Benfica (Natural da Horta, Açores, representou os encarnados em 169 jogos, durante as épocas de 1938 a 1946, marcando 93 golos, e ganhando 3 Campeonatos Nacionais, 3 Taças de Portugal e 1 Campeonato de Lisboa, tendo por alcunhas: o "Semilhas”, o “Gasogénio” ou o “Marreco"). Fisicamente, recorda Travaços, pelo seu aspecto, pelo tom de pele, pelo cabelo liso...e bem penteado...E lá vai, campo fora, cabeça encolhida, entre os ombros, em jeito característico, para acorrer a um lado, acudir a outro, «dobrar» um companheiro, devolver uma bola, desarmar um adversário, tendo ainda tempo para passar a bola...ou rematar á baliza. É assim António Pedro a «Locomotiva das Caldas», o jogador de futebol com maior quilometragem nas pernas.




NOTA: Ainda tive o privilégio de conhecer este "Senhor da bola", pois habituei-me a vê-lo no chamado "Bairro da Ponte" (onde ambos vivíamos). Tendo dele duas imagens a sua presença no "Café Creme" (salvo a publicidade) na leitura diária dos jornais...e certa vez...quando ele treinava o União de Santarém (salvo erro, na Época de 1987/1988) ter-me dado "boleia" para poder visitar os meus avós maternos, que viviam na cidade scalabitana.

Em 16 de Janeiro de 1956, titulava o Jornal "A Bola": "O Caldas vai receber 50 contos para arrelvamento do seu campo"

Num pequeno artigo, na última página, do Jornal "A Bola", na edição de 16 de Janeiro de 1956 escrevia-se: O Caldas, com a subida à I Divisão, tem procurado legitimamente melhorar as condições do seu campo de jogos introduzindo-lhe algumas modificações importantes. Agora parece que tudo se conjuga para que o arrelvamento seja uma realidade, porque a Federação Portuguesa de Futebol acaba de de lhe conceder um subsídio de 50 contos (50 mil escudos), primeira prestação do subsídio habitual de 200 contos (200 mil escudos) para os campos arrelvados...Arrelvamento que, como sabemos, só se verificou umas décadas mais tarde...nos inícios dos anos 90, do século XX.


 Campo da Mata Real, ainda pelado, «casa» do Caldas Sport Clube, na I Divisão Nacional de Futebol.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

1.ª Divisão - Época 1955/56: 1.ª Volta


# 1.ª Jornada: V. SETÚBAL, 3 – CALDAS, 0 (18 de Setembro de 1955).

Na crónica do jornalista Moreira da Cruz do Jornal “A Bola”, publicado no dia 19 de Setembro de 1955, titulava-se: “Na última meia hora os Caldenses «Não estiveram lá»”.

Campo dos Arcos, em Setúbal,

Árbitro: Joaquim Campos (Lisboa) [Árbitro internacional, que tinha estado no último Campeonato do Mundo de Futebol de 1954, realizado na Suiça],

VITÓRIA FUTEBOL CLUBE (VITÓRIA DE SETÚBAL): Baptista, Jacinto e Orlando; Fernando Casaca, Emídio Graça e Pinto de Almeida (capitão); Soares, Fernandes, Diogo, Miguel e Rosa. Treinador: Rino Martini (Italiano).

CALDAS SPORT CLUBE: Rita (ex: Atlético Clube de Portugal); Amaro e Fragateiro; António Pedro (capitão), Leandro e Romero (Argentino), Anacleto, Romeu (ex: Sport Lisboa e Benfica), Fernando Bispo, Martí e Lenine (ex: Casa Pia). Treinador: József Szabó (Húngaro).

Antes de ser dado início ao encontro, Pinto de Almeida ofertou ao capitão do grupo visitante um galhardete comemorativo da primeira visita do Caldas S.C. ao Campo dos Arcos.

1.ª parte: 1-0.

O único golo do 1.º tempo foi marcado pelo Vitória aos 32 minutos de jogo: numa jogada muito confusa dentro da área dos caldenses, um jogador setubalense caiu, cremos que em luta com Leandro. O árbitro assinalou grande penalidade, quanto a nós muito forçado. FERNANDES encarregou-se da transformação do castigo e fê-lo muito bem, rematando com força e enganando Rita.

2.ª parte: 2-0.

Aos 24 minutos, 2-0: FERNANDES já dentro da grande área, mudou rapidamente a bola para o outro pé e, inesperadamente, «arrancou» um magnífico pontapé que surpreendeu toda a gente...inclusive o guardião visitante.

Aos 34 minutos, 3-0: Miguel, descaído sobre a direita, efectou um bem medido centro, a que, DIOGO acorreu com oportunidade, para bater Rita á «queima-roupa».


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "A BOLA"): Havia um certo interesse na partida de ontem no Campo dos Arcos, pois o Caldas ia efectuar o seu primeiro jogo a sério na I Divisão. Já se sabia antecipadamente que o «exame» não ia ser fácil, pois os setubalenses em sua «casa» não constituem presa fácil para ninguém. Mas uma derrota por três a zero, parece levar a supor que os caldenses ficaram chumbados na prova. Não é bem assim. Durante os primeiros 60 minutos a equipa visitante soube «estar» no terreno, discutiu o resultado e até beneficiou de alguns trechos de domínio. Basta dizer que, ao atingir-se o intervalo, o resultado estava apenas em 1-0, golo aliás que resultou de uma grande penalidade aplicada pelo árbitro, com excessivo rigor, e que, até então, o Caldas tinha usufruído de maior número de ocasiões de golo (o que não quer dizer que tenha jogado melhor)...Entre os caldenses, deve salientar-se o trabalho de Rita (sempre seguro e com uma extraordinária defesa na primeira parte), António Pedro, Romero (até à passagem de Fernando para o centro) e Bispo...a equipa não desiludiu mas precisa de cuidar mais da forma física...



# 2.ª Jornada: CALDAS, 1 – ATLÉTICO, 0 (25 de Setembro de 1955).

Na crónica do jornalista Silva Resende (mais tarde, nos anos 80, exerceu a função de Presidente da Federação Portuguesa de Futebol) do Jornal “A Bola”, publicado no dia 26 de Setembro de 1955, titulava-se: “Futebol de começo entre uma «equipa» e onze jogadores”.

Campo da Mata, em Caldas da Rainha,


Árbitro: Libertino Domingues, de Setúbal,


CALDAS SPORT CLUBE: Rita; Amaro e Fragateiro; Amorim (ex: Belenenses), Leandro e Romero; Anacleto, António Pedro, Bispo, Martí e Lenine. Treinador: József Szabó.

ATLÉTICO CLUBE DE PORTUGAL: Ernesto; Valente Marques e Barreiro; Germano, Vítor Lopes e Ferrão; Mesiano (Argentino), Orlando, Legas, Silva Pereira, Castiglia (Argentino). Treinador: François Szego (Húngaro).


1.ª parte: 0-0.

O primeiro tempo terminou com o marcador em branco. As duas equipas tiveram uma oportunidade de abrir o activo, mas o empate em branco reflecte com mais justeza a modéstia dos seus ataques.

2.ª parte: 1-0.


Na segunda metade, a turma local que até aí se avantajara na organização de jogo, fez o tento da vitória – único da partida – logo aos 2 minutos. O lance teve início numa insistência da asa esquerda a bater a defesa alcanterense desse lado; António Pedro ocorreu oportuno, a um ressalto da bola aplicando um «bico» para o lado oposto ao de Ernesto parecia ter feito o golo quando o poste devolveu o esférico. Mais feliz e desembaraçando de adversários, MARTÍ na recarga, só teve de empurrar a bola para as balizas desertas.


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "A BOLA"): O primeiro desafio do campeonato no campo da casa suscitou nas Caldas certo alvoroço...Numa tarde de sol...acorreram grupos de entusiastas da cidade e de algumas localidades dos arredores...num jogo em que o Caldas foi autor de pequena história de partida, jogando e vencendo. Se não o fez com brilho...apresentou uma equipa contra onze jogadores...


# 3.ª Jornada: SP. BRAGA, 4 – CALDAS, 1 (02 de Outubro de 1955).

Na crónica do jornalista Justino Lopes do Jornal “A Bola”, publicado no dia 03 de Outubro de 1955, titulava-se: Gabriel reapareceu e fez três golos”

Estádio 28 de Maio, em Braga,

Árbitro: Paulo Oliveira, José Alexandre e Silva Rosa, de Santarém,

SPORTING CLUBE DE BRAGA: Cesário; Antunes e Abel; Pinto Vieira, Vítor Gaspar e Armando; Baptista, Vélez (Espanhol), Domingo Garófalo (Argentino), Gabriel e Mário Imbelloni (Argentino). Treinador-Jogador: Mário Imbelloni.

CALDAS SPORT CLUBE: Rita; Amaro e Fragateiro, Amorim, Leandro e Romero; Piteira, Romeu, Bispo, António Pedro e Lenine. Treinador: József Szabó.

O Sporting de Braga ofereceu um galhardete aos visitantes.


Na 1.ª parte: 1-0.


1-0 – BAPTISTA aos 33 minutos. Cruzamento de Pinto Vieira para Garófalo e remate deste. Gabriel acorreu a emendá-lo, Rita deixou passar a bola e o extremo-direito quase sobre a linha de baliza empurrou-as para as redes.

2-0, por GABRIEL, aos 44 minutos. Imbelloni, a meio do campo defendido pelo Caldas, fintou quantos adversários lhe apareceram, mas quase sem se adiantar no terreno. O público assobiou o argentino, mas este efectou um magnifico passe que levou Gabriel a fazer o mais fácil: o golo. E o jogador-treinador bracarense «zangou-se» com o público.

No segundo tempo: 2-1.


Aos 5 minutos (50 minutos), Vélez chutou uma grande penalidade á figura de Rita, que pôde ainda defender uma recarga de Baptista.

3-0, por GABRIEL, aos 8 minutos (53 minutos). Excelente lançamento de Garófalo por entre a defesa contrária que possibilitou ao n.º 10 um golo muito semelhante ao anterior.

3-1, por ANTÓNIO PEDRO, aos 21 minutos (66 minutos). Passe de Piteira ao n.º 10, então a jogar do lado direito e bom «tiro» deste, a tornar improfícuo o lançamento de Cesário.

4-1, por GABRIEL, aos 29 minutos (74 minutos). O remate de Garófalo bateu Rita. Gabriel e Romero ocorreram á bola com intenções diferentes já se vê, mas foi o bracarense quem lhe tocou primeiro, obrigando-o a transpor por completo da linha de golo.


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "A BOLA"): Apesar do resultado o Caldas deixou um resto de bom futebol na depauperada relva do estádio minhoto. Teve, mesmo, uma meia hora (enquanto o marcador não funcionou) de muito agrado mais parecendo ser um concorrente já com larga carreira na primeira divisão que um principiante...Bispo (primeira parte) e Rita (que magníficos voos para deter dois «tiros» de Vélez e Garófalo), foram os elementos que melhor impressionaram na equipa do Caldas, mas esta teve ainda outros que actuaram em plano de muito agrado. Por exemplo: Amaro (o defesa que mais se preocupou em entregar o esférico em condições jogáveis), Leandro (com boa presença atlética na frente da baliza), Romero (activissimo no desdobramento da tarefa defesa-ataque), António Pedro (o «moiro» do vaivém) e Piteira (que não acusou a estreia, a despeito de ter sido sempre defesa).


# 4.ª Jornada: CALDAS, 0 – BENFICA, 1 (09 de Outubro de 1955).

Na crónica do célebre jornalista Vitor Santos, do Jornal "A Bola", publicado no dia 10 de Outubro de 1955, titulava-se: “A Bola saltou muito mais do que rolou e quem pagou foi...o Jogo!”. “As duas «grandes áreas» foram «zonas proibidas»”.

Campo da Mata, em Caldas da Rainha,


Árbitro: Amadeu Martins, de Braga,


CALDAS SPORT CLUB: Rita; Amaro e Fragateiro; António Pedro, Leandro (capitão) e Romero; Martí, Romeu, Bispo, Martinho (ex: Torriense) e Lenine. Treinador: József Szabó.

SPORT LISBOA E BENFICA: Costa Pereira; Jacinto e Angelo; Fernando Caiado (capitão), Artur Santos e Monteiro, Zézinho, Garrido (Moçambicano), José Águas, Mário Coluna e Francisco Palmeiro. Treinador: Otto Glória (Brasileiro).


Antes do início do encontro guardou-se um minuto de silêncio em homeagem à memória de [Rodolphe] Seeldrayers [Belga], presidente da FIFA, recentemente falecido.

Resultado da 1.ª parte: 0-1.


Aos 15 minutos: 0-1. Falta contra o Caldas no flano direito do ataque benfiquista. A bola vai a Zézinho que, do lugar de ponta remata à baliza caldense. O esférico ressalta e entra na posse de FERNANDO CAIADO, a apoiar o seu ataque sobre a extrema-direita. O capitão do Benfica remata sêcamente, a meia altura. Rita «dá» o braço esquerdo à bola e esta ressalta para dentro da baliza, entre o corpo do guardião caldense e o poste esquerdo.

Resultado da 2.ª parte: 0-0.


Aos 25 minutos (70 minutos): Leandro sofre uma distensão muscular [por esta altura não se podiam fazer substituições] e, depois de ter estado algum tempo a receber tratamento, voltou ao terreno para fazer «oficio de corpo presente», a extremo-direito. Martí recuou para defesa.

CRÓNICA DO JOGO (Jornal "A BOLA"): - Afinal, os campeões não nos mostraram nada de especial. Jogámos, de igual para igual com eles!. Estas expressões ouvidas ontem, quando a multidão que encheu a deitar por fora o Campo da Mata, nas Caldas da Rainha, abandonava o aprazível recinto depois de ter assistido ao jogo com o Benfica... No «meio campo» o Benfica, teve hegemonia, num escasso tempo útil de jogo, na qual revelou um Caldas como um conjunto animoso cujo maior mal terá sido o de ter jogado em meio carregados de alguma «electricidade» contra...o campeão nacional. Entrando na apreciação individual diremos que Rita, com mil culpas no golo sofrido, teve, no resto, boa actuação, embora algumas defesas que efectou tivessem tido, a 50% tanto de dificuldade como de espectáculo. Os dois defesas laterais – valentes e, ás vezes, mais do que isso – são muito «de despacho»... Leandro, com inegável experiência de jogo, é um tanto lento, menos maleável do que deve ser um defesa-central que não é de antecipação mas...de colocação. Os dois médios foram de «trabalho» - António Pedro mais empreendedor mas às vezes levando longe de mais, o seu esforço (a bola não é para ir levar mas para...enviar). Romero mais sóbrio mas muito certo e muito igual na sua actuação. O ataque esteve desligado e pensou muito pouco. Falta ali um estratega, um orientador da formação. Martinho, em forma, contra uma equipa em que não haja a preocupação de, além do mais, pensar num Caiado... pode ser a solução. Romeu e Lenine foram lentos, pouco decididos... timidos ou...cerimoniosos. Martin é enérgico (ou mais...) mas pouco assente e imaginativo. Bispo, de inegável habilidade e com um bom trabalho de pés, peca por querer fazer sozinho o que todos não conseguem...



# 5.ª Jornada – BARREIRENSE, 1 – CALDAS, 1 (16 de Outubro de 1955).

Na crónica do jornalista Moreira da Cruz, do Jornal "A Bola", publicado no dia 17 de Outubro de 1955, titulava-se: “Ambas as Equipas podem (e devem) jogar muito mais...”.

Campo D. Manuel de Melo, no Barreiro,


Árbitro: Raul Martins, de Lisboa,


FUTEBOL CLUBE BARREIRENSE: Francisco Silva; Faneca e Silvino; Afonso; Pinto e Ricardo Vale; Amandio, Correia, Grilo, Diamantino e José Augusto. Treinador-Jogador: Josef Fabian (Romeno-Húngaro).

CALDAS SPORT CLUBE: Rita; Amaro e Fragateiro; Romero, Piteira e Amorim; Anacleto, António Pedro, Bispo, Martinho e Lenine. Treinador: József Szabó.

O Resultado foi feito no primeiro tempo e no curto espaço de um minuto.

Aos 21 minutos: 0-1. Centro comprido da direita do extremo Anacleto e remate de cabeça de LENINE a antecipar-se à saída de Francisco Silva.

O Barreirense empatou a partida logo na jogada seguinte: Rita que se encontrava fora da baliza, lançou-se desastradamente sobre Grilo, para impedir o remate do avançado barreirense. O árbitro assinalou «grande penalidade» que CORREIA transformou muito bem, marcando o golo por alto com um remate que enganou o guarda-redes Rita.


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "A BOLA"): Há jogos de que melhor seria não dizer coisa nenhuma. Busca-se neles um motivo de agrado, para se não ter só que dizer mal, e não se encontra. Ora, infelizmente, a partida de ontem exibido no Campo «D. Manuel de Melo» é absolutamente impróprio para uma I Divisão...o Caldas ainda conseguiu ser o menos mau...O grupo de Caldas da Rainha também pode e deve jogar mais. Tem, no entanto, a seu favor duas «atenuantes». O facto de ter jogado «fora de casa» e, além disso, o ter-se exibido razoávelmente durante os primeiros vinte e cinco minutos do segundo tempo. Este foi sem dúvida o melhor período do encontro...pois entre várias perdidas, destacou-se um remate de Martinho à barra transversal quando Francisco Silva já se encontrava irremediávelmente batido...Os seus melhores elementos foram Rita, Piteira, Romero...


# 6.ª Jornada: CALDAS, 2 – SP. COVILHÃ, 0 (23 de Outubro de 1955).

Na crónica do jornalista Fernando Monteiro, do Jornal "A Bola", publicado no dia 24 de Outubro de 1955, titulava-se: “A vitória foi mais fácil do que se poderia esperar”.

Campo da Mata, em Caldas da Rainha,


Árbitro: Mateus Pinto Soares, do Porto,


CALDAS SPORT CLUBE: Rita; Amaro e Fragateiro; Amorim, Leandro e Romero; Anacleto, António Pedro, Bispo, Martinho e Lenine. Treinador: József Szabó.

SPORTING CLUBE DA COVILHÃ: Rita; Hélder e Couceiro; Pedro Martin (Espanhol), Amilcar Cavem (curiosamente, pai do meu saudoso amigo e colega de Faculdade, Paulo Cavem) e Fernando Cabrita; Carlos Ferreira; János Hrotkó (Húngaro), Suárez (Espanhol), Pires e Justino. Treinador: Janos Szabo (Húngaro).


Ao intervalo: 1-0.

Marcadores: aos 26 minutos, Lenine depois de receber um despacho de sua defesa teve tempo de dominar a bola e enviá-la, rapidamente, para o centro-avançado BISPO que evitou, primorosamente Cávem e, quando se esperava um passe, lançou de alguns metros fora da grande área potentíssimo remate, entrando o esférico como um bólide pelo canto superior direito da  baliza de  [do outro]  Rita  que,  surpreendido  pela rapidez de execução e remate, nem sequer tentou a defesa.

Na segunda parte: 1-0.


O Caldas fixou o resultado aos 23 do segundo tempo (68 minutos), após magnífica jogada de Bispo. O avançado-centro caldense desmarcado sobre o lado esquerdo depois de receber uma abertura de Lenine, bateu em corrida o defesa central Cávem, não perdeu o «controlo» da bola e chegado à linha de cabeceira, verificada a impossibilidade de êxito, passou muito bem para o centro do terreno, onde surgiu ANTÓNIO PEDRO que, sem adversário a estorvá-lo não teve dificuldade em marcar.


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "A BOLA"):…Na realidade, apreciando o labor das turmas intervenientes, não ficaram duvidas a ninguém quanto á justiça do êxito caldense e se alguma existe, essa reside na fraca expressão que o marcador no final assinalava. Mais um golo e tudo estaria certo…A equipa do Caldas, passados que foram os primeiros momentos de naturais reservas passou a desenvolver boas avançadas mercê da colaboração dos médios, em especial Amorim… Com uma elasticidade apreciável, os visitados defendendo-se bem, apareciam rapidamente na ofensiva e confundindo com certa facilidade a defesa forasteira. Principalmente no segundo tempo, os novos primodivisionários, com a bola rente ao solo, puderam esquematizar lances de boa valia técnica com a linha dianteira toda em movimento em desmarcações oportunas que ficaram como as melhores fases deste encontro…o que impressionou, sobretudo foi a simplicidade de processos utilizados originando um futebol rápido e positivo. Pelo que vimos fazer e pela consciência demonstrada na esquematização do jogo, estamos convictos que o Caldas virá a desempenhar papel de realce. Assim, se não inferiorize nos jogos extra-muros…No Caldas, como jogador que se distinguiu muito acima de todos – o seu avançado Bispo. Muito bem. Batalhador e desmarcando-se com oportunidade, com boa visão de jogo e com um poder de fintas desconcertantes, o jovem avançado-centro cotou-se como o melhor jogador em campo.


# 7.ª Jornada – CALDAS, 3 – LUSITANO DE ÉVORA, 1 (30 de Outubro de 1955).

Na crónica de Acácio Correia, publicada no Jornal “A Bola”, no dia 31 de Outubro de 1955, titulava-se: “Processos simples á base da velocidade – Razão da vitória”.

Campo da Mata, em Caldas da Rainha,


Árbitro: Mário Garcia, de Aveiro,


CALDAS SPORT CLUBE: Rita; Oliveira e Fragateiro; Amorim, Piteira e Romero; Romeu, António Pedro, Bispo, Martinho e Lenine. Treinador: József Szabó.

LUSITANO GINÁSIO CLUBE DE ÉVORA: Dinis Vital; Polido e Paixão; José da Costa, Falé e Vicente; Flora (Guineense), Vieira, Patalino, Bastos (ex: Olivais) e José Pedro. Treinador: Severiano Correia.

Incidências da partida: O defesa Oliveira ao arrancar para cortar um passe sofreu uma distensão muscular, indo ocupar até final, o posto de extremo direito, recuando Romeu para a defesa.

Resultado da 1.ª parte: 2-0.


Aos 19 minutos, o Caldas colocou-se em vencedor, depois de uma bonita jogada de Martinho, que culminou num passe a BISPO. Este depois de simular um remate forte, esperou a saída de Vital para diminuir o ângulo, fazendo-lhe passar a bola por cima, num toque sereno.

2-0, aos 43 minutos: António Pedro, depois de uma insistência pela direita, centrou comprido. Lenine, perseguiu a bola que se escapara a defesas e atacantes, alcançou-a entregando-a a Martinho que fez novo passe bem medido a BISPO, que rematou pela certa, com a «parte de dentro» do pé direito.


Resultado do segundo tempo: 1-1.

Aos 82 minutos, o Caldas aumentou a sua vantagem para 3-0: António Pedro, adiantou a bola para Bispo, que se esgueirou lesto, descaindo para a direita, de onde centrou para a frente da baliza a solicitar a entrada de MARTINHO, que não falhou apesar de acossado por um defesa do Lusitano.

Aos 88 minutos, os visitantes lograram o seu golo graças a um «anafado frango» de Rita: numa jogada quase inofensiva, a bola foi a JOSÉ PEDRO que rematou fraco e sem convicção. Rita, deu dois passos ao lado, estendeu os braços, tocou no esférico, parecendo tê-lo agarrado e… deixou fugir para lá do risco, ante o pasmo geral, incluindo o do próprio marcador.


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "A BOLA"): Individualmente, temos no lado dos vencedores de destacar imediatamente três nomes: Martinho, bom executante, bom organizador e que «esteve» nos três golos; Bispo, um perigo constante, uma seta permanentemente apontada á baliza adversária e António Pedro, operário da equipa, que está em toda a parte mesmo quando tem, como ontem a missão de marcar estreitamente um adversário, passe embora o aparente contra-senso. Piteira, Fragateiro e Romero, cumpriram muito bem.


# 8.ª Jornada – SPORTING, 2 - CALDAS, 0 (06 de Novembro de 1955).

Na crónica do jornalista Carlos Pinhão, publicada no Jornal “A Bola”, no dia 07 de Novembro de 1955, titulava-se: “Foi mais «experiente» a equipa vinda da II Divisão”.

Estádio da Tapadinha (Alcântara), Lisboa (Campo do Atlético Clube de Portugal, em virtude do novo Estádio do Sporting Clube de Portugal estar em construção, no qual se iria chamar Estádio José de Alvalade).

Árbitro: Libertino Domingues, de Setúbal,


SPORTING CLUBE DE PORTUGAL: Carlos Gomes; Galaz e Joaquim Pacheco, Ulisses, Passos e Juca [Júlio Cernadas Pereira]; Travassos, Vasques, Walter Brandão, «Quim» e Martins. Treinador: Alejandro Scopelli (Argentino).

CALDAS SPORT CLUBE: Rita; Amaro e Fragateiro; Amorim, Piteira e António Pedro; Orlando "Bárek", Villaverde (Espanhol, ex: Juvenil da Corunha, Espanha), Bispo, Martinho e Lenine. Treinador: József Szabó.


Nenhum golo na 1.ª parte – 0-0.

2-0, na 2.ª parte.


1-0, aos 66 minutos, foi, então, que se marcou a primeira bola, por MARTINS, de cabeça, após um «canto» marcado, do lado esquerdo, por «Quim». Martins elevou-se bem, cabeceou de baixo para cima e a bola, depois de passar entre as pernas de um defesa, foi chutada por outro, para cima, mas já dentro das redes.

2-0, aos 81 minutos (36 minutos da 2.ª parte), Muito parecido com o primeiro golo, mas mais límpido. Não houve «canto» mas um centro de «Quim», quase junto à bandeirola, agora do lado direito. WALTER também saltou bem, meteu a cabeça à bola no mesmo jeito de Martins, mas o esférico entrou logo, sem mais tabelas.


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "A BOLA"): Ou o Caldas foi uma equipa «mais I Divisão» ou o futebol assim num campo alagado tem de ser jogado mais á II Divisão. Haverá ainda duas outras maneiras possíveis de ver a questão: - ou o Caldas se adaptou melhor às circunstancias ou as circunstancias fizeram muito menos transtorno ao grupo caldense do que à turma «leonina». Seja, qual for a explicação, uma coisa é certa: O Caldas foi a equipa que revelou melhor discernimento…foi «o caleiro» que patenteou mais experiência e melhor adaptação – e disso certamente não restaram duvidas a quantos espectadores estiveram ontem na Tapadinha. E foram muitos espectadores e «valentes» pois a chuva forte não conseguiu ser tão forte como o interesse do desafio, mantido principalmente pela indecisão do resultado, poisos golos só apareceram na segunda parte…pode-se supor, pela marcha do resultado – uma hora e picos sem golos e, depois, dois tentos com pouco intervalo – que foi esse o caso de ontem, mas já vimos que o Caldas foi uma equipa com personalidade e nunca teve de mostrar demasiadas preocupações defensivas. Fica-se mesmo sem se saber ao certo qual dos dois guarda-redes, terá tido mais que fazer sem duvida, a defesa mais difícil coube a Carlos Gomes, ao quarto de hora da primeira parte [15 minutos], quando Martinho apareceu só á sua frente, depois de ter interceptado um passe que Galaz intentou fazer ao seu guarda-redes ficando a bola presa a meio caminho. Saindo muito bem, o guardião «leonino» pôde desviar, com os punhos, para «canto» o perigoso remate…De facto, por parte do Caldas nunca foi o caso de uma «resistência heroica» frente ao Sporting, mas sim de uma explanação de jogo por jogo cabendo aos caldenses a primazia na organização de lances a meio campo, por nítida supremacia do seu par de médios (Amorim muito certo e Antonio Pedro sempre em jogo) sobre igual sector «leonino» (Ulisses e Juca). Piteira foi talvez mais brilhante que Passos…Amaro esteve melhor do que Galaz, mas Pacheco foi superior a Fragateiro. Martinho foi outra figura grande da equipa caldense e se esperávamos da sua experiencia tanta demonstração de «savoir faire» não era de esperar da sua veterania que se mantivesse tanto tempo a jogar tão bem. Foi o mais esclarecido dos dez avançados na maneira de «tratar a bola»…O espanhol Villaverde, que esteve quase no Sporting, mostrou «boa pinta» e é de crer que todo o quinteto [Orlando, Villaverde, Bispo, Martinho e Lenine], pelo que deixou adivinhar, seja capaz de «fazer bonito» em campo seco.



 Um momento do jogo, na Tapadinha, 
Piteira do Caldas persegue um dos
«violinos» Vasques, o «Malhoa» do Sporting.


# 9.ª Jornada – CALDAS, 2 – ACADÉMICA, 1 (13 de Novembro de 1955).

Na crónica do jornalista Carlos Pinhão, publicada no Jornal “A Bola”, no dia 14 de Novembro de 1955, titulava-se: “Vitória de «penálti» mas vitória certa”.

Campo da Mata, em Caldas da Rainha,


Árbitro: Joaquim Campos, de Lisboa,


CALDAS SPORT CLUBE: Rita; Amaro e Fragateiro; Amorim, Piteira e Romero; Villaverde, António Pedro, Bispo, Martinho e Anacleto. Treinador: József Szabó.

ASSOCIAÇÃO ACADÉMICA DE COIMBRA: Ramin; Mário Torres (Angolano) e Nuno Abreu, Mário Wilson (Moçambicano) e Malícia; Pérides (Moçambicano), Wilson Vaccari (Brasileiro), Faia, Ramalho e Bentes. Treinadores: Cândido de Oliveira e Fernando Leite (Nana) - (tinham substituído Alberto Gomes, a partir da 8.ª Jornada).

Por causa dos equipamentos negros da Académica, o «onze» caldense apresentou-se de branco e o trio de arbitragem de verde.

Não houve golos na primeira parte.


1-2, na 2.ª parte.


Aos 63 minutos (18 minutos da segunda parte) registou-se uma bela jogada, Malícia-Bentes-Vaccari-Faia-Pérides, que este ingloriamente desperdiçou, falhando o remate. Porém, ao ser reposta a bola em jogo, o mesmo Pérides apossou-sedela, serviu logo FAIA e este, depois de dobrar Piteira, fez o golo. Foi melhor a emenda que o soneto…

O tento escolar foi benéfico para os caldenses, que conseguiram então tirar partido do seu maior domínio. Assim aos 69 minutos (24 minutos da 2.ª parte), estava restabelecido a igualdade, com um golo de ANTÓNIO PEDRO, a concluir uma jogada de insistência de Romero pelo flanco esquerdo.

O golo da vitória surgiu à meia hora (75 minutos) e novamente se escreveu direito por linhas tortas, porque o tento veio dar, realmente a vitória a quem merecia, mas o «processo» é que deixou bastas dúvidas. O árbitro entendeu punir com grande penalidade uma carga de Mário Wilson que não derrubou Villaverde nem impediu de continuar de posse da bola. Pela falta de consequências e pelo próprio aspecto de carga pareceu-nos rigoroso o castigo máximo e, repetimos, foi por este processo (duvidoso) que o Caldas, veio a alcançar a vitória (merecidíssima), pois ANTONIO PEDRO marcou muito bem o pontapé de castigo.


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "A BOLA"): Disputadíssimo este jogo de ontem nas Caldas da Rainha, com o resultado sempre indeciso e com as falanges de apoio tão entusiasmadas que raramente teremos assistido a desafios em que os incitamentos durassem tanto tempo…O calor da luta chegou a ser demasiado no segundo tempo, em que se marcarão as três bolas, e não apenas pelas peripécias do jogo, que as houve dos mais emocionantes, mas também por certas decisões do árbitro, algumas realmente infelizes, e que provocaram efervescência dentro e fora do campo…Gostámos mais do Caldas contra o Sporting, na relva encharcada, do que contra a Académica num pelado seco. Individualmente, tornaram a distinguir-se Piteira, a bater muito bem a bola; Amorim certo a entregar, e Martinho com a sua maneira inteligente.


# 10.ª Jornada – F.C. PORTO, 5 – CALDAS, 0 (27 de Novembro de 1955).

Na crónica do jornalista Ribeiro dos Reis (Director do Jornal), publicada no Jornal “A Bola”, no dia 28 de Novembro de 1955, titulava-se: “A vitória dos portuenses podia ter sido mais expressiva”…”«Jaburu» autor de dois golos”.

Estádio das Antas, no Porto,


Árbitro: Eduardo Neves, de Viseu,


FUTEBOL CLUBE DO PORTO: Pinho; Vírgilio e Osvaldo Cambalacho; José Maria Pedroto; Miguel Arcanjo (Angolano) e Monteiro da Costa; José Maria, Gastão (Brasileiro), Jorge de Sousa Matos «Jaburu» (Brasileiro), Antonio Teixeira e Perdigão (Moçambicano). Treinador: Dorival Knipel "Yustrich" (Brasileiro).

CALDAS SPORT CLUBE: Rita; Amaro e Fragateiro; Amorim, Piteira e Romero; Anacleto, António Pedro, Bispo, Martinho e Lenine. Treinador: József Szabó.

Ao intervalo: 2-0.


O primeiro golo foi marcado aos 22 minutos, por PERDIGÃO, na transformação de uma grande penalidade por «mão» do defesa esquerdo [Fragateiro] do Caldas. O castigo foi apontado com serenidade, com mais colocação que força.

Aos 24 minutos, «JABURU» passou o resultado para o 2-0, depois de um contra ataque que colheu de surpresa os defensores do Caldas, muito adiantados no terreno.

Na 2.ª parte: 3-0.

No segundo tempo, GASTÃO fez 3-0 aos 55 minutos (10 minutos da 2.ª parte), depois de um lançamento de linha lateral, perto da bandeirola de canto, muito bem executado por Perdigão. Teixeira soube desmarcar-se a tempo e serviu Gastão à boca das redes.

Aos 87 minutos, «JABURU», com adversário à ilharga, fez um remate fortíssimo à entrada da grande área e passou o resultado para 4-0.

Aos 90 minutos, 5-0, JOSÉ MARIA PEDROTO desceu pela direita driblando diversos adversários e apontou com o pé esquerdo fazendo um golo maravilhoso, que levou a bola a entrar por alto quase a um canto. Rita nem sequer esboçou a defesa…

CRÓNICA DO JOGO (Jornal "A BOLA"): A vitória dos donos da «casa»…foi fácil e folgada…o grupo visitante equilibrou a partida na fase inicial antes de ter sofrido o primeiro golo. Defendeu-se com calma, sem precipitações, embora tivesse reconhecido desde logo a manifesta superioridade do grupo portuense. Os sectores defensivos exageravam por vezes nalgumas entradas cometendo faltas desnecessárias…Na fase final do encontro, não obstante a categoria da defesa portuense, os avançados do Caldas tiveram alguns lances de bom recorte. O guarda-redes Rita, embora batido por 5 golos, teve tarde muito boa. Decidido e seguro…Os defesas laterais Amaro e Fragateiro foram a seguir os melhores elementos do sector defensivo…Na linha da frente, as melhores referências devem ir para Martinho…que não obstante ter ultrapassado a idade dos grandes cometimentos, continua a valer-se dos seus recursos de bom executante e conhecedor do jogo, para ordenar a movimentação da linha da frente.

# 11.ª Jornada – CALDAS, 0 – BELENENSES, 2 (04 de Dezembro de 1955).

Na crónica do jornalista Carlos Pinhão, publicada no Jornal “A Bola”, no dia 05 de Dezembro de 1955, titulava-se: “Vicente mereceu bem (e o Belenenses também) aquele golo…E a vitória”.

Campo da Mata, em Caldas da Rainha,

Árbitro: Fernando Valério, de Setúbal,

CALDAS SPORT CLUBE: Rita; Amaro e Fragateiro; Amorim, Romero e António Pedro; Anacleto, Villaverde, Bispo, Martinho e Lenine. Treinador: József Szabó.

CLUBE DE FUTEBOL “OS BELENENSES”: José Pereira; Pires e Moreira; Carlos Silva; Figueiredo e Vicente Lucas (Moçambicano); Miguel Di Pace (Argentino), Dimas, Ricardo Perez (Argentino), Matateu (Moçambicano) e Tito. Treinador: Fernando Riera (Chileno).

1-0 no final da 1.ª parte.

O Belenenses fez dois golos: - um feliz e outro tardio.

O «feliz» aconteceu aos 20 minutos da primeira parte. Tito marca um canto, sem perigo aparente, mas António Pedro metendo mal o pé á bola fê-la subir e bater na trave, Rita ficou logo batido e PEREZ não teve dificuldade nenhuma em fazer a recarga de cabeça, à boca das redes.

Na 2.ª parte: 1-0.

O golo tardio só apareceu a dois minutos do fim (88 minutos) e marcou-o o jogador que mais o merecia. Nasceu de uma jogada de Dimas que centrou bem para Matateu, que Romero desarmou. A bola, porém saltou para a esquerda e VICENTE, bem lançado, assentou-lhe o pé em cheio. Rita lançou-se mal e a bola passou-lhe por baixo da barriga, mas, de qualquer forma, teria poucas possibilidades de êxito, pois o remate foi muito forte…

CRÓNICA DO JOGO (Jornal "A BOLA"): O Caldas fez a exibição mais discreta que lhe vimos! A defesa caldense fez bom jogo, mas o ataque ressentiu-se da falta de inspiração de Martinho e de António Pedro, que costumam ser os seus abastecedores.

# 12.ª Jornada – CUF, 1 – CALDAS, 1 (11 de Dezembro de 1955).

Na crónica do jornalista Moreira da Cruz, publicada no Jornal “A Bola”, no dia 12 de Dezembro de 1955, titulava-se: “Esperava-se mais os 2-0 quando o Caldas empatou”.

Campo de Santa Bárbara, no Barreiro,

Árbitro: Hermínio Soares (Lisboa),

GRUPO DESPORTIVO DA CUF: Libanio; Pedro Gomes (Angolano)  e Celestino; Orlando, Palma e Carlos Alberto; Pedro Duarte, Arsénio, Sérgio, Luis e André. Treinador: Humberto Buchelli (Uruguaio).

CALDAS SPORT CLUBE: Rita; Amaro e Fragateiro; Amorim, Romero e António Pedro, Villaverde, Orlando, Bispo, Martinho e Anacleto. Treinador: József Szabó.

Não se marcaram tentos na primeira parte (0-0), apesar de se registarem muitas oportunidades numa e noutra baliza.

Na 2.ª parte: 1-1.

1-0, ARSÉNIO (ex: jogador do Sport Lisboa e Benfica) fez o golo da CUF aos 51 minutos (6 minutos da 2.ª parte), concluindo um bom centro de André.

O mesmo Arsénio, porém aos 55 minutos (10 minutos da segunda etapa) desperdiçou excelente oportunidade de consolidar a vantagem, quando, por duas vezes, não transformou o «penalty» assinalado por mão de Romero, atirando a bola à trave, e, na repetição, ordenada por má colocação dos jogadores permitiu a defesa de Rita.

Até que, a seis minutos do fim (84 minutos), 1-1, o Caldas aproveitou muito bem uma oportunidade que se lhe deparou e que ORLANDO converteu, com um remate em corrida.

CRÓNICA DO JOGO (Jornal "A BOLA"): O resultado acabou por ficar certo, ainda que a turma local tivesse desfrutado de grande porção de domínio, mas o Caldas defendendo-se o melhor que pôde, não fez mais do que o seu papel…Tal preocupação revelou-se, de resto, logo de início, com o recuo de António Pedro, jogador de comprovado recursos para os serviços de «polícia-carraça» e que, como tal se incumbiu de vigilância de Arsénio (o ex grande jogador do Benfica) tido como o mais perigoso dos dianteiros cufistas…o seu duelo com o esforçado Antonio Pedro constituiu uma das notas mais importantes da partida.

# 13.ª Jornada – CALDAS, 2 – TORREENSE, 2 (08 de Janeiro de 1956).

Na crónica do jornalista Acácio Correia, publicada no Jornal “A Bola”, no dia 09 Janeiro de 1956, titulava-se: “Mais jogo…mais azar por banda dos caldenses que iam perdendo sem merecer”.

Campo da Mata, em Caldas da Rainha,

Árbitro: Jaime Peres (Lisboa),

CALDAS SPORT CLUBE: Rita; Piteira e Fragateiro; Amorim, Leandro e Romero; Romeu, Orlando, Bispo, António Pedro e Lenine. Treinador: József Szabó.

SPORT CLUBE UNIÃO TORREENSE: Gama; Inácio (Angolano) e Fernandes; Belén (Argentino); Forneri (Argentino) e Gonçalves; Carlos Alberto, José da Costa, João Mendonça (Angolano), Fernando Mendonça (Angolano) e Pina. Treinador: Oscar Tellechea (Argentino).

Resultado do primeiro tempo: 0-1.

Golo obtido, aos 22 minutos, por FERNANDO MENDONÇA: num contra-ataque do Torriense, João Mendonça passou a seu irmão, desmarcando no centro do terreno. Piteira ocorreu ao lance, mas foi burlado, o mesmo acontecendo a Leandro, que veio em socorro do seu companheiro. Finalmente livre de adversários, o n.º 10 dos visitantes rematou rasteiro e cruzado.

Resultado da segunda parte: 2-1.

2-0, Aos 53 minutos, depois de uma confusão em frente da baliza de Gama este defendeu um remate, em posição algo duvidosa. Enquanto os jogadores reclamavam golo, o árbitro deu ordem para o jogo prosseguir, o que o guarda-redes visitante fez com presteza. A bola, caindo sobre o meio-campo contrário, foi recolhida por José da Costa, que cedeu a JOÃO MENDONÇA. O remate partiu pronto, mas defensável, e Rita meteu a mão à bola, com pouca convicção deixando-a seguir para as malhas.

Aos 55 minutos, Leandro recebeu ordem de expulsão e, 3 minutos depois (58 minutos), o mesmo acontecia a Fernando Mendonça. O Caldas louvavelmente inconformado com o rumo dos acontecimentos levava a prosseguir na sua toada ofensiva e, aos 75 minutos, logrou diminuir a diferença graças a um tremendo remate de FRAGATEIRO, dado a mais de 30 metros do alvo. O esférico como um bólide, ainda embateu na parte superior do poste esquerdo da baliza de Gama mas, apesar de boa estirada deste, acaba por entrar e fazer o 2-1.

2-2, Três minutos depois (78 minutos), os donos da «casa» conseguiram a igualdade: Lenine em luta com Inácio, levou-o a conceder «canto»…Ante a impossibilidade de toda a defesa Torriense, ORLANDO meteu a cabeça à bola, levando-a a passar pelo meio de toda a gente.

CRÓNICA DO JOGO (Jornal "A BOLA"): Houve de tudo nesta primeira «edição de luxo», continuação da rivalidade começada na II Divisão…Emoção, infelicidade (do Caldas), felicidade (do Torriense), um principio de jogo feio…e uma reacção interessantíssima (novamente do Caldas) que se não deu ao marcador a expressão justa que a superioridade dos caldenses merecia, contribuiu, pelo menos, para que o resultado não se revestisse de aspecto escandaloso.

FIM DA PRIMEIRA VOLTA...


Equipa do Caldas, antes do início do jogo, no Campo da Mata, com o Sport Lisboa e Benfica, em 9 de Outubro de 1955. Em pé, da esquerda para a direita: Rita, Amaro, António Pedro, Romero, Leandro, Fragateiro e Vitor. Agachados, da esquerda para a direita: Martí, Romeu, Bispo, Martinho e Lenine.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

A inesquecível Época de 1954/1955 (2.ª Divisão - Zona Norte) - O Caldas chegou, finalmente, à 1ª. Divisão do Futebol português.


ÉPOCA 1954/1955 (2ª. Divisão - Zona Norte).


Caricatura do Plantel de 1954/1955.
Em pé: Vítor; Pavón; Romero; Amaro;
Leandro; Fragateiro; António Pedro;
Guilherme Wilson e Mariano Amaro
(Treinador). Em baixo: Martí; Orlando;
Calicchio; Bispo; Pedro De La Vega;
Anacleto; César e (?).


# 1ª. JORNADA: CALDAS, 1 - SPORTING DE ESPINHO, 0 (05 de Setembro de 1954).

Campo da Mata, em Caldas da Rainha,

Árbitro: Carmo Mendes, de Santarém,

CALDAS SPORT CLUBE: Vítor; Fragateiro e André Piteira; Guilherme Wilson (irmão do célebre jogador e treinador da Académica, e depois treinador do Benfica e da Selecção Nacional, Mário Wilson), Leandro, António Pedro, Orlando "Barek", Taborda, Vicente Martí Clérigues, Pedro De La Vega Mondéjar (Espanha, ex-Académico de Viseu) e Anacleto. Treinador: Mariano Amaro.

SPORTING CLUBE DE ESPINHO: Cântara; Padrão e Lopo; Paulo, Ângelo e Cadete, Miranda, Lameiro, Artur, Guilherme e Valdemar. Treinador: Alexandre de Sousa Reis.

Marcador: MARTÍ (59 m). O espanhol Pedro De La Vega fez o lançamento para o seu companheiro MARTÍ, que, num pontapé à meia volta e sem oposição bateu Cântara.

CRÓNICA DO JORNAL "A BOLA" (06 de Setembro de 1954): "O encontro iniciou-se em toada de parada e resposta, não se registando de ambos os lados jogadas que impressionassem a assistência (…) Aos 35 minutos o Espinho ficou reduzido a dez unidades, por Lopo se ter magoado num choque com ORLANDO (…) Logo nas primeiras avançadas do 2º. tempo se verificou uma toada mais assente e os visitantes, já com o grupo completo [o jogador Lopo voltou para a segunda parte] foram os primeiros a iniciá-la (…) Até que aos 59 minutos o Caldas, beneficiando de um lançamento de linha lateral, nas proximidades da grande área adversária, aproveitou uma desatenção da defesa espinhense e marcar o tento que viria a ser o único do desafio (…) Aos 30 minutos [75 minutos] MARTÍ voltou a marcar, mas este golo foi bem anulado por deslocação do mesmo jogador e aos 36 minutos [81 minutos] Padrão foi expulso por agressão (…) Na equipa do Caldas reconheceu-se melhor preparação física (…)".


# 2ª. JORNADA: "LEÕES" DE SANTARÉM, 4 - CALDAS, 1 (12 de Setembro de 1954).

Campo Alfredo Aguiar, em Santarém,

Árbitro: Joaquim Campos, de Lisboa,

SPORT GRUPO SCALABITANO "OS LEÕES" (DE SANTARÉM): Mário; Matos, Ferreira; Henrique Silva, Leça e Jaime; Lima, Garnacho, João, Castanheira e Livramento. Treinador: Óscar Garro (Argentina, ex-Sporting de Espinho).

CALDAS SPORT CLUBE: Vítor; Evaristo e Leandro, Piteira, Guilherme Wilson, António Pedro, Orlando, Martin Juan Romero (Argentina, ex-Oriental de Lisboa), Martí, Pedro De La Vega e Bispo. Treinador: Mariano Amaro.

Marcadores: João (13 m); Livramento (44 m e 51 m) e Leça (52 m).

CRÓNICA DO JORNAL "A BOLA" (13 de Setembro de 1954): "Sem terem realizado uma exibição que deixasse satisfeita a sua massa associativa, os locais jogaram contudo o suficiente para merecerem o resultado que alcançaram. É certo que os caldenses no princípio do segundo tempo alinharam com dez elementos [ORLANDO fracturou a clavícula] e que no quarto de hora final ficaram reduzidos a nove unidades [o interior direito, argentino, ROMERO foi expulso do campo] [Mas] Os caldenses [na primeira parte] não se quedaram na defensiva e na conclusão de uma avançada viram a bola embater na trave vendo assim gorar-se uma bela ocasião de golo (…) [E mesmo] perto da meia-hora, numa jogada de contra-ataque e desenvolvida pelo centro do terreno, os locais foram bafejados pela sorte, pois que um remate de MARTÍ fez a bola embater na trave, sem possibilidades para [o guarda-redes] Mário. No segundo tempo (…) os "Leões" lançaram-se então abertamente ao ataque, tentado explanar a inferioridade numérica do adversário e foram felizes, pois no espaço de dois minutos elevaram a conta para 4-1".


# 3ª. JORNADA: CALDAS, 5 - TIRSENSE, 0 (19 de Setembro de 1954).

Campo da Mata, nas Caldas da Rainha,

Árbitro: Curinha de Sousa, de Portalegre,

CALDAS SPORT CLUBE: Vítor; Amaro e Fragateiro; Guilherme Wilson, Leandro e António Pedro, Anacleto, Martí, Bispo, Pedro De La Vega e Piteira. Treinador: Mariano Amaro.

FUTEBOL CLUBE TIRSENSE: Santiago Pardinãs Bujan (Espanha, na 2ª. parte foi substituído por Daniel); Virgílio e Carriço, Varela, Chelas e Valdemar; Eduardo Vital (ex-Sporting de Braga e pai do "Chico" Vital, e que viria para o Caldas, durante a Época de 1957/1958, já na 1ª. Divisão), Falcão, Avelino (ex-F.C. Porto), Joaquim e Mota. Treinador: Daniel Duarte Silva (ex-Gil Vicente).

Marcadores: BISPO, aos 10 m, em resultado de um golpe de cabeça de Wilson que Bispo emendou, surpreendendo o guardião adversário; ANTÓNIO PEDRO, aos 22 m, a castigar uma tentativa de agressão de Pardinãs a Martí; BISPO, aos 23 m, num seu remate oportuno, na sequência de um livre indirecto; WILSON, aos 26 m, resultado de um potente pontapé de alívio de um defesa central visitante, fazendo tabela nos pés de Guilherme Wilson e novamente BISPO, aos 39 m, numa sua excelente jogada pessoal, na qual fintou muito bem o seu opositor, rematando, depois, fortíssimo para o golo.

CRÓNICA DO JORNAL "A BOLA" (20 de Setembro de 1954): "O Caldas construiu o resultado nos primeiros 45 minutos e construiu de maneira convincente, pois na verdade produziu exibição de nível elevado em relação ao período que se atravessa. Jogando numa velocidade diabólica e aproveitando da melhor maneira as facilidades que o sistema defensivo dos visitantes - marcação por zonas - lhes ofereciam, os avançados caldenses, com relevo especial para BISPO, PEDRO DE LA VEGA e ANACLETO, desmarcando-se com muita oportunidade e rapidez sujeitaram a defesa do Tirsense a pressão e perigo constante. Os golos surgiram, portanto com toda a naturalidade, devendo dizer-se que podiam ter sido mais, pois houve algumas perdidas em que o difícil foi não marcar (…) Na segunda parte (…) o espectáculo continuou a despertar interesse, pois o despique entre a defesa caldense e a avançada visitante teve momentos de muito brilho, resultando no geral pela supremacia daquele sector dos locais sobre os atacantes adversários. A dez minutos do final do encontro, ANACLETO teve de sair do campo fortemente lesionado num choque com Carriço, que entrou ao lance com demasiada rudeza".


# 4ª. JORNADA: OLIVEIRENSE, 2 - CALDAS, 1 (26 de Setembro de 1954).

Campo Carlos Osório, em Oliveira de Azeméis,

Árbitro: Daniel Esteves, do Porto,

UNIÃO DESPORTIVA OLIVEIRENSE: Joaquim Teixeira; Armindo II e Armindo I; Raúl, Pinho e Joaquim, Silva, Martins, Virgolino, João Tavares e Armando. Treinador. Rui Araújo.

CALDAS SPORT CLUBE: Vítor; Amaro e Piteira; Guilherme Wilson, Leandro e Fragateiro; Anacleto, Martí, Bispo, António Pedro e Pedro De La Vega. Treinador: Mariano Amaro.

Marcadores: MARTÍ, aos 38 m, marcou o golo numa saída mal calculada do guardião da casa; MARTINS (61 m) e ARMANDO (89 m).

CRÓNICA DO JORNAL "A BOLA" (27 de Setembro de 1954): "Arrancado no último minuto do encontro, o triunfo da Oliveirense foi naturalmente, difícil, mas foi também o prémio para a equipa que mais oportunidades teve de marcar. O grupo das Caldas, bastante equilibrado e com uma defesa da melhor pujança atlética, foi em parte bafejado pela sorte, pois por três vezes esteve em risco iminente de sofrer golo, contudo pela aglomeração de jogadores na sua grande área, os quais taparam todos os ângulos favoráveis ao remate".


# 5ª. JORNADA: PENICHE, 4 - CALDAS, 1 (03 de Outubro de 1954).

Campo do Baluarte, em Peniche,

Árbitro: Hermínio Soares, de Lisboa,

GRUPO DESPORTIVO DE PENICHE: Alexandre; Aníbal e Barata; Coelho, Henrique e Jofre; Joaquim Mota (ex-Desportivo das Aves), Bruno, Lamúrias, Omar José Auleta (Argentina, ex-Oriental de Lisboa) e Duarte. Treinador: Armindo Pereira da Costa.

CALDAS SPORT CLUBE: Ramón Pavón Gago (Espanha, ex- Beira Mar, foi depois substituído por Vítor); Amaro e Fragateiro; Guilherme Wilson, Leandro e António Pedro; Anacleto, Martí, Bispo, Pedro De La Vega e César Nascimento. Treinador: Mariano Amaro.

Marcadores: AULETA (6 m); ANACLETO (10 m); BRUNO (20 e 34 m) e DUARTE (23 m).

CRÓNICA DO JORNAL "DIÁRIO DE LISBOA" (04 de Outubro de 1954): "O desafio Peniche-Caldas servido por uma boa rivalidade, também aguçou apetites. Os Penichenses, contudo alcançaram um resultado que pode tornar descabida a expectativa. A verdade é que a turma caldense começou melhor a prova e está a oscilar. Sem dúvida, o futebol de Leiria, há anos, em posição tão discreta está, presentemente, num bom plano".


# 6ª. JORNADA: CALDAS, 3 - LEIXÕES, 0 (10 de Outubro de 1954).

Campo da Mata, em Caldas da Rainha,

Árbitro: Luís Vilaça, de Lisboa,

CALDAS SPORT CLUBE: Vítor; Amaro e Fragateiro; Guilherme Wilson, Leandro e António Pedro; Anacleto, Martí e Bispo, Pedro De La Vega e César. Treinador: Mariano Amaro.

LEIXÕES SPORT CLUB: Hipólito (Mesquita); Delfim e Dara; Oliveira I, Pacheco e Faneco; Artur, Oliveira II, Zeca, Barbosa e Joaquim Nunes. Treinador: Armando Martins.

Marcadores: ANACLETO, aos 5 m, a emendar uma recarga de Wilson, no seguimento de um canto; CÉSAR, aos 44 m, a aproveitar uma hesitação de Mesquita, que não segurou um centro de Amaro e, novamente, ANACLETO, aos 87 m, de cabeça a centro de Bispo. 

CRÓNICA DO JORNAL "A BOLA" (11 de Outubro de 1954): "Na primeira parte, o Caldas dominou amplamente de forma a justificar resultado mais expressivo. A baliza dos visitantes correu constante perigo neste meio tempo valendo-lhes nos momentos mais cruciantes a excelente disposição do seu guardião Hipólito, que se salientou, sobremaneira, em três ou quatro ocasiões em que o golo parecia certa (…) [Mas] Aos 37 minutos, um estúpido acidente privou o Leixões da sua «pedra» de maior valor até ao momento, Hipólito [teve de ser substituído por Mesquita]. No segundo tempo, o Caldas alterando o seu dispositivo táctico, com o recuo de ANTÓNIO PEDRO para a linha defensiva, permitiu que os visitantes desfrutassem de domínio territorial até aos 25 m [70 minutos], altura em que a expulsão do n.º 7 [Artur] forasteiro lhes tirou possibilidades. Devemos dizer, que esse domínio e por vezes certo perigo, foi bem conjurado pelos defensores locais, havendo apenas a apontar uma ocasião em que para salvar um possível golo, ANTÓNIO PEDRO incorreu em grande penalidade que o árbitro deixou passar. Nos últimos vinte minutos, com o Leixões reduzido, portanto, a dez unidades, os caldenses voltaram à mó de cima". 


# 7ª. JORNADA: VIANENSE, 1 - CALDAS, 2 (17 de Outubro de 1954).

Campo do Varzim Sport Clube, na Póvoa do Varzim,

Árbitro: Francisco Guerra, do Porto,

SPORT CLUBE VIANENSE: Magalhães; Adriano e Chaves I, José Luís (ex-Sintrense), Melo e Maiato, Manferim (ou Manjarim), Mencia, Carneiro, Chaves II e Ramos. Treinador: Armando Santos.

CALDAS SPORT CLUBE: Vítor; Amaro e Fragateiro, Guilherme Wilson, Leandro e António Pedro; Anacleto, Martí, Bispo, Pedro De La Vega e César. Treinador: Mariano Amaro.

Marcadores: MANFERIM (ou MANJARIM, aos 33 m de grande penalidade); MARTÍ, aos 58 m. Pedro De La Vega correu pela esquerda  junto à linha e arrancou magnífico centro que Martí aproveitou para rematar de cabeça para o golo e CÉSAR, aos 62 m. Bispo teve uma jogada magistral que César converteu de forma imparável.

CRÓNICA DO JORNAL "A BOLA": "(…) Os louvores vão inteiros para o Caldas, equipa que nos surpreendeu, se levarmos em linha de conta a má primeira parte que realizou. Com começo bastante frouxo, onde nenhum dos sectores se evidenciou a equipa viu-se e desejou-se para conter o ímpeto dos «azuis», na verdade, de melhor presença física e a jogar com vontade desmedida (…) Essa pressão a que foi submetida, raramente foi sacudida e apenas aos 14 minutos, um bom remate de LA VEGA, proporcionou a Magalhães uma defesa de valor. Em contrapartida os Vianenses tiveram o golo à vista aos 22 e 27 minutos, chegando mesmo a marcar um, que o árbitro invalidou com justiça (…) A segunda parte foi bem diferente (…) os esquemas de jogo do Caldas surgiram como por encanto (…) É bem certo que o êxito se deve em grande parte a dois jogadores: BISPO e PEDRO DE LA VEGA. Eles foram a base de um triunfo merecido e de uma exibição que convenceu (…)".


# 8ª. JORNADA: CALDAS, 4 - TORREENSE, 2 (24 de Outubro de 1954).

Campo da Mata, em Caldas da Rainha

Árbitro: Eduardo Gouveia, de Lisboa,

CALDAS SPORT CLUBE: Vítor; Amaro e Fragateiro; Guilherme Wilson, Leandro e António Pedro, Martí, Juan Calicchio (Argentina, ex-Red Star Olympique Audonien-França), Bispo, Anacleto e Pedro De La Vega. Treinador: Mariano Amaro.

SPORT CLUBE UNIÃO TORREENSE: António Gama; João Mergulho, António Augusto, Américo César Belen (Argentina), António Manuel (ex-Sport Lisboa e Benfica), Gonçalves; Carlos Alberto, José Maria Pellejero (Argentina, ex-Racing de Avellaneda), João Mendonça (Angola, ex-Vitória de Setúbal), Juan Carlos Forneri (Argentina, ex-Juventude de Évora) e Martinho. Treinador: Óscar Tellechea (Argentina, ex-Académica de Coimbra).

Marcadores: BISPO; ANACLETO; MARTÍ e PEDRO DE LA VEGA; BELEN e PELLEJERO (?).

CRÓNICA DO JORNAL "DIÁRIO DE LISBOA" (25 de Outubro de 1954): "Mais uma vez o Torriense não foi feliz nas Caldas da Rainha. No desafio de ontem, os guias da Zona Norte perderam por 4-2, sem apelo nem agravo. Ao passo que os Torrienses não jogaram à altura das suas reais possibilidades, o Caldas realizou excelente exibição. Portanto venceu e convenceu. Pela equipa caldense alinhou pela primeira vez, o argentino CALICCHIO, que actuou ultimamente em clubes franceses e italianos. Não feriu muito as atenções, mas em domínio de bola manifestou mestria, o que já a ninguém deverá surpreender, tantas vezes o caso se tem observado com outros elementos estrangeiros. Apesar do ardor com que o jogo foi disputado e da bronca que originou a validação do 2º. golo torriense, a partida decorreu com correcção. Puseram-se os olhos na bola e não nos adversários. Se fossem sempre assim…".


# 9ª. JORNADA: GIL VICENTE, 1 - CALDAS, 3 (31 de Outubro de 1954).

Campo Adelino Ribeiro Novo, em Barcelos,

Árbitro: Vieira da Costa, do Porto,

GIL VICENTE FUTEBOL CLUBE: Augusto; Serôdio e Barrega; Valdemar (ex-F.C. Porto), Eduardo (Espanha) e Boavista; Arménio, Nolito (Espanha), Arantes, Gelucho (Espanha) e Serra (ex-Ferroviário de Lourenço Marques, Moçambique). Treinador: Desidério Hertzka (Áustria).

CALDAS SPORT CLUBE: Vítor; Amaro e Fragateiro; Guilherme Wilson, Leandro e António Pedro; Anacleto, Calicchio, Bispo, Romero e Pedro De La Vega. Treinador: Mariano Amaro.

Marcadores: ROMERO (25 m); BISPO (55 m e 77 m) e ARANTES (75 m).

CRÓNICA DO JORNAL "A BOLA" (01 de Novembro de 1954): "A primeira derrota do Gil Vicente no seu campo é filha de dois factores decisivos: a má sorte que durante a partida lhe travou o passado e o incontestável valor da turma visitante. Em relação ao segundo, deve dizer-se que os caldenses tiveram talento bastante para explorar a situação de desfavor do adversário [o espanhol Eduardo lesionou-se aos 25 minutos] (…) e para realizar as ocasiões de golo de que dispunham (…) os visitantes souberam ainda e em todo o tempo acautelar a vantagem que alcançaram  muito cedo e na eficiência do seu «ferrolho» residiu em parte a inoperância do ataque local. Logo de início, a defesa caldense se mostrou expedita a cortar as tentativas dos dianteiros gilistas (…) Assim, os dois sectores - ataque e defesa cumpriram a contento a missão que, nestas circunstâncias lhes cabia, e o seu acerto rendeu-lhes a vitória".


# 10ª. JORNADA: CALDAS, 5 - SANJOANENSE, 2 (07 de Novembro de 1954).

Campo da Mata, nas Caldas da Rainha,

Árbitro: Manuel Nunes, de Lisboa,

CALDAS SPORT CLUBE: Vítor; Amaro, Fragateiro; Guilherme Wilson, Leandro e Romero, Anacleto, Calicchio, Bispo, António Pedro e Pedro De La Vega. Treinador: Mariano Amaro.

ASSOCIAÇÃO DESPORTIVA SANJOANENSE: Szabo (Húngaro); Bandeira e José Athos; Silva, Rodrigues e Machado; Serafim, Gomes, Augusto, Vitor Baptista e Lourenço. Treinador: ?

Marcadores: BISPO (2 golos); PEDRO DE LA VEGA; ANTÓNIO PEDRO (marcou de grande penalidade) e GUILHERME WILSON; SERAFIM e VÍTOR.

CRÓNICA DO JORNAL "A BOLA" (08 de Novembro de 1954): "A diferença de três tentos não reflecte com exatidão a forma como se desenrolou o desafio, pois a sorte foi madrasta para os sanjoanenses, que replicaram sempre bem. Sem dúvida que a turma local se revelou superior no aspecto técnico, demonstrando os seus elementos, quer individualmente quer em conjunto melhores recursos e, em consequência, mais perfeita execução. Todavia o Caldas não soube adaptar-se ás especiais condições do terreno e adoptou um padrão de jogo que estava contra indicado (…) Muitas vezes o reduto defensivo caldense esteve em sérios apuros, principalmente quando o esférico andava nos pés de Lourenço. Quando o resultado estava em 3-2, os visitantes tiveram até ensejo de igualar e se conseguissem poderiam ter criado grandes percalços aos caldenses. A partir dessa altura os acontecimentos levaram curso favorável aos vencedores.


# 11ª. JORNADA: ACADÉMICO DE VISEU, 0 - CALDAS, 4 (14 de Novembro de 1954).

Campo do Fontelo, em Viseu,

Árbitro: Mateus Pinto Soares, do Porto,

CLUBE ACADÉMICO DE FUTEBOL (DE VISEU): Norte (ex-Lusitano de Vildemoinhos); Simões, Fragata, Mário, Costa Fernandes e Romero, Pipa, Prado, Ângelo, Delfim e Póvoas. Treinador: Alberto Augusto.

CALDAS SPORT CLUBE: Vítor; Amaro e Fragateiro; Guilherme Wilson, Leandro e António Pedro, Calicchio, Martí, Bispo, Pedro De La Veja e Anacleto. Treinador: Mariano Amaro.

Marcadores: PEDRO DE LA VEGA (42 m); CALICCHIO (61 m); MARTÍ (65 m) e ANTÓNIO PEDRO (75 m).

CRÓNICA DO JORNAL "A BOLA" (15 de Novembro de 1954): "(…) Os visitantes que, tomando logo de início o comando da partida, «embrulharam» a defesa academista e mostraram melhor técnica, e poder ofensivo com ataques práticos e incisivos. O grupo das Caldas ganhou sem contestação, muito embora a marca tivesse sido demasiado expressivo para o desenrolar do encontro".


# 12ª. JORNADA: CALDAS, 5 - SALGUEIROS, 1 (21 de Novembro de 1954).

Campo da Mata, em Caldas da Rainha,

Árbitro: António Calheiros, de Lisboa,

CALDAS SPORT CLUBE: Vítor; Amaro e Fragateiro, Guilherme Wilson, Leandro e António Pedro, Martí, Calicchio, Bispo, Pedro De La Vega e Anacleto. Treinador: Mariano Amaro.

SPORT COMÉRCIO E SALGUEIROS: Adelino; Mário e Oliveira (ex-Sporting da Covilhã); Correia (ex-Peniche), Figueiredo e Gualdino; Tito, Roberto López (ex-Vianense), Germano; José Maria e Lalo. Treinador: Júlio Pereyra (Argentina).

Marcadores: BISPO (20, 43 e 61 m); PEDRO DE LA VEGA (74 m); MARTÍ (89 m) e GUALDINO (53 m).

CRÓNICA DO JORNAL "DIÁRIO DE LISBOA" (22 de Novembro de 1954): "Os salgueiristas, em elevado número, foram cordialmente recebidos nas Caldas e o jogo decorreu com extraordinária vivacidade - andamento das equipas da 1ª. Divisão! - e inexcedível correcção. O Caldas S.C., a grande revelação do torneio, realizou excelente exibição, demonstrando equilíbrio e homogeneidade apreciáveis e muito em especial notável sentido do jogo de ataque. A despeito do ardor com que agiram os salgueiristas dispostos a chegar longe esta época no futebol português, os caldenses produziram jogo suficiente para lhes garantir a substancial vitória de 5-1. O resultado surpreenderá apenas os que não assistiram ao movimentado prélio, pois os locais, que souberam erguer-se em pedestal de evidência - até aonde chegarão eles? - dominaram em todos os pormenores, tendo os seus dianteiros, bem coadjuvados pelos médios de ataque, actuando com desnorteante rapidez. Desmarcaram-se com tino, tiveram audácia, remataram sempre com perigo. O Salgueiros limitou-se a oferecer réplica entusiástica, mas não passou disso. Foi superior a exibição dos adversários! Os desportistas das Caldas não cabem em si de contentes, tudo lhes corre ás mil maravilhas. Possuem, na realidade, um «team» de respeito. Um «team» que conseguiram arranjar á custa de muitos esforços, canseiras e amor clubista. Para se equilibrar do magnífico comportamento dos vencedores, bastará dizer que no desafio de ontem a defesa do Salgueiros consentiu 5 golos, quando nos onze jogos anteriores apenas havia permitido que as suas redes fossem violadas seis vezes, duas dos quais mercê da transformação de grandes penalidades! Não há dúvida de que o Caldas S.C. venceu e convenceu, estando-lhe decerto reservado óptimo futuro no campeonato em curso".


# 13ª. JORNADA: U.COIMBRA, 0 - CALDAS, 2 (28 de Novembro de 1954).

Campo da Arregaça, em Coimbra,

Árbitro: Domingos Miranda, do Porto,

CLUBE DE FUTEBOL UNIÃO DE COIMBRA: Celso; Velha, Felisberto (ex-Beira-Mar), Gomes, Carvalho, Chiarroni II (Espanha, ex-Arosa de Vigo); Gouveia (ex-Académica de Coimbra), Chiarroni I (Espanha), Matos Dias, Paretti (ex-Torriense) e Noronha. Treinadores: Adriano Peixoto e Juan Villamar (Espanha).

CALDAS SPORT CLUBE: Vítor; Amaro e Fragateiro, Guilherme Wilson, Leandro e António Pedro, Martí, Calicchio, Bispo, Pedro De La Vega e Anacleto. 

Marcadores: BISPO (36 m) e ANACLETO (58 m).

CRÓNICA DO JORNAL "DIÁRIO DE LISBOA" (29 de Novembro de 1954): "Os caldenses, treinados pelo antigo «internacional» do Belenenses, Mariano Amaro, marcham de vento em popa. Conseguiram oito vitórias consecutivas! Ainda ontem, numa partida oficial, disputada em Coimbra, contra o União, alcançaram magnifico triunfo, que se cifrou em 2-0 (…). Em Coimbra, o Caldas S.C. pôde beneficiar de um jogo largo, prático, incisivo, tornando-se perigoso, mesmo quando á defesa, mercê da ordenação de contra ataques, dois dos quais foram coroados de absoluto êxito (…). Em globo, porém, os visitantes manifestaram supremacia, defendendo-se com severidade e energia e atacando sem preciosíssimos, da maneira mais eficiente. Acabaram por conquistar merecido triunfo".

FIM DA PRIMEIRA VOLTA.


# 14ª. JORNADA: SPORTING DE ESPINHO, 1 - CALDAS, 1 (05 de Dezembro de 1954).

Campo da Avenida, em Espinho,

Árbitro: Paulo de Oliveira, de Santarém,

SPORTING CLUBE DE ESPINHO: Varela; Mateiro e Lopo, Paulo, Castro e Cadete, Loureiro, Walter de Castro, Artur, Guilherme e Machado. Treinador: Alexandre de Sousa Reis.

CALDAS SPORT CLUBE: Vítor; Amaro e Fragateiro, Guilherme Wilson, Leandro e António Pedro, Anacleto, Calicchio, Bispo, Martí e Pedro De La Vega. Treinador: Mariano Amaro.

Marcadores: LOUREIRO de grande penalidade; ANTÓNIO PEDRO, também, de grande penalidade.

CRÓNICA DO JORNAL "DIÁRIO DE LISBOA" (06 de Dezembro de 1954): "O Caldas deu boa réplica ao Espinho, mas este só não venceu, porque a defesa adversária, com o guarda-redes Vítor em plano saliente, trabalhou bem e esforçadamente (…) Os caldenses equilibraram a partida em largos períodos. Os dois tentos do desafio resultaram de um «penalty», o do Caldas, e de uma intervenção infeliz do defesa Amaro, o do Espinho. Até observado esse pormenor, não escandaliza o empate verificado no Campo da Avenida. Mas a sorte favoreceu os Caldenses, em determinados trechos do encontro. Só por um estranho capricho de fortuna não foram vencidos os visitantes nos últimos instantes do prélio".


# 15ª. JORNADA: CALDAS, 3 - "LEÕES" DE SANTARÉM, 2 (12 de Dezembro de 1954).

Campo da Mata, em Caldas da Rainha,

Árbitro: Eduardo Peixinho, de Aveiro,

CALDAS SPORT CLUBE: Vítor (Pavón); Amaro, Fragateiro, Wilson, Leandro e António Pedro; Orlando, Martins, Bispo e Pedro De La Vega e Anacleto. Treinador: Mariano Amaro.

SPORT GRUPO SCALABITANO "OS LEÕES" (DE SANTARÉM): Cristóbal (Espanha, cedido pelo F.C. Porto, foi depois substituído por Mário); Henrique Silva e Rodrigues, conhecido por "Bicho" (ex-Sport Lisboa e Benfica); Pitanga, Ferreira e Leça; Fernando Pires (ex-Sport Lisboa e Benfica), Garnacho, Bello, Sarrazola (ex-Caldas Sport Clube) e Castanheira. Treinador: Óscar Garro (Argentina).

MARCADORES: PEDRO DE LA VEGA (5 m); GARNACHO (13 m); BELLO (20 m); ANACLETO (38 m) e LEANDRO (78 m).

CRÓNICA DO JORNAL "DIÁRIO DE LISBOA" (13 de Dezembro de 1954), em que titulava: "Um grande jogo nas Caldas da Rainha" e continuava: "Nas Caldas da Rainha, outra equipa da região de Leiria, a do Caldas S.C. (…) defrontou o valoroso conjunto de «Os Leões» de Santarém. Resultado: vitória dos caldenses por 3-2, ao cabo de uma partida emocionante, bem disputada. Os escalabitanos deram a melhor réplica ao «team» adversário, que atravessa um período extraordinária evidência, e observadores mentais e conhecedores do futebol praticado na segunda divisão não, hesitaram em proclamar que na Zona Norte pelo menos três clubes - Torriense, Caldas e «Os Leões» - se encontram suficientemente apetrechados para ofuscar as principais equipas da Zona Sul [o que veio realmente a acontecer nos casos do Caldas e Torreense, como iremos ver] e até para deixar rastro de realce nos torneios máximos do País (…) Os Caldenses, no desafio de ontem, mereceram o triunfo pela diferença de uma bola, porque se superiorizaram um pouco aos contendores em vários capítulos, o principal dos quais residiu em firme homogeneidade animado pela rapidez e energia. Reina no agrupamento caldense cega confiança nos seus recursos, que existem e são palpáveis. A linha de ataque dos vencedores creditou-se de uma exibição em cheio. BISPO, o centro dianteiro, continua a dar que falar (…). Foi - repita-se, - uma bela partida a todos os títulos, que entusiasmou a numerosa assistência (…)".


# 16ª. JORNADA: TIRSENSE, 1 - CALDAS, 1 (19 de Dezembro de 1954).

Campo Abel Alves de Figueiredo, em Santo Tirso,

Árbitro: Paulo de Oliveira, de Santarém,

FUTEBOL CLUBE TIRSENSE: Daniel; Carriço e Joaquim; Passos (ex-Sporting de Braga), Virgílio e Valdemar, Avelino, Joaquim, Eduardo Vital, Ferreirinha (ex-júnior do F.C. Porto) e Mota. Treinador: Daniel Duarte Silva.

CALDAS SPORT CLUBE: Pavón; Amaro e Fragateiro, Guilherme Wilson, Leandro e Romero; Orlando, António Pedro, Bispo, Pedro De La Vega e Anacleto. Treinador: Mariano Amaro.

Marcadores: LEANDRO, aos 7 m, que num «tiro», seu, com pouca força e que Daniel, mergulhando, tarde e mal, deixou passar; FERREIRINHA, aos 13 m. Vital deu o esférico a Ferreirinha, este atirou por alto e Pavón deixou passar a bola.

CRÓNICA DO JORNAL "DIÁRIO DE LISBOA" (20 de Dezembro de 1954), que titulava: "A homogénea defesa do Caldas S.C.", continuando que (…) o Caldas S.C. demonstrou maior poder (…) sucedeu até que foram os Caldenses os primeiros a marcar, aproveitando um deslize da defesa adversária, registou-se depois uma extraordinária reacção dos tirsenses, apenas coroada com a obtenção de um golo - o do empate. Mas (…) ficaram a pairar no ambiente o animo e a vontade que mais uma vez os Caldenses puseram na luta. Vão bem lançados! Já não lhes deverá fugir a qualificação para a fase [final do Torneio da II Divisão] imediata da prova".


# 17ª. JORNADA: CALDAS, 10 - OLIVEIRENSE, 0 (02 de Janeiro de 1955).

Campo da Mata, nas Caldas da Rainha,

Árbitro: Mário Ribeiro, de Lisboa,

CALDAS SPORT CLUBE: Pavón; Amaro e Fragateiro, Guilherme Wilson, Leandro e Romero; Orlando, Calicchio, Bispo, António Pedro e Anacleto. Treinador: Mariano Amaro.

UNIÃO DESPORTIVA OLIVEIRENSE: Teixeira (Carolino); Silva e Armindo, Sá Pereira (ex-F.C. Porto), Pinho e Rebelo; Martins, João Tavares, Virgolino, Aníbal e Soeiro. Treinador: Rui Araújo.

Marcadores: BISPO (8, 35 e 45 m); ANTÓNIO PEDRO (22 m); ROMERO (28 m); ORLANDO (38, 86 e 88); CALICCHIO (44 m) e ANACLETO (78 m).

CRÓNICA DO JORNAL "DIÁRIO DE LISBOA" (03 de Janeiro de 1955), em que titulava: "A robusta vitória do Caldas S.C.", e, continuando: "O Caldas S.C. recebeu a Oliveirense, com o qual perdera, por 2-1, o jogo da primeira volta disputado, claro, em Oliveira de Azeméis. Os Caldenses desforraram-se de maneira impressionante, infligindo á Oliveirense 10-0, o resultado mais robusto que até agora se registou no Torneio da Zona Norte. E que poderia ter ido mais além, se aos locais, com a vantagem de 7-0 na primeira parte, não tivessem sucedido várias contrariedades, no que se relaciona com a lesão de dois elementos. Mesmo desfalcados [pelas lesões de CALICCHIO e AMARO] os Caldenses, no segundo período do desafio, conseguiram ainda mais três golos que fixaram a marca em 10-0 (…) Continua a dispor de equipa sólida e homogénea, que sabe defender-se e atacar como bloco unido".


# 18ª. JORNADA: CALDAS, 2 - PENICHE, 1 (09 de Janeiro de 1955).

Campo da Mata, em Caldas da Rainha,

Árbitro: Luís Magalhães, de Lisboa,

CALDAS SPORT CLUBE: Pavón; Amaro e Fragateiro; Guilherme Wilson, Leandro e António Pedro; Orlando, Taborda, Bispo, Pedro De La Vega e Anacleto. Treinador: Mariano Amaro.

GRUPO DESPORTIVO DE PENICHE: Alexandre; Henrique e Barata; Coelho (expulso aos 65 m), Soeiro e Jofre, Mota, Bruno, Roberto, Auleta e Duarte. Treinador: Armindo Pereira da Costa.

MARCADORES: PEDRO DE LA VEGA (6 m) e TABORDA (85 m); HENRIQUE (88 m).

CRÓNICA DO JORNAL "A BOLA" (10 de Janeiro de 1955): "A primeira parte caracterizou-se por relativo equilíbrio territorial, embora o Caldas desfrutasse de melhores oportunidades de marcar (…) o Caldas tentou jogar mais por lançamentos compridos, táctica aconselhável uma vez que o campo em algumas áreas estava bastante enlameado (…) No segundo período, o Caldas dominou intensamente em alguns momentos de maneira avassaladora (…) Apesar de tudo, o Caldas não fez uma partida ao nível das suas possibilidades, sobretudo no que se refere ao sector atacante, onde alguns elementos demonstraram egoísmo, tentando o remate de qualquer distância ou ângulo quando tinham companheiro em melhor posição para finalizar (…) A trave e os postes substituíram algumas vezes [o guarda-redes] Alexandre".


# 19ª. JORNADA: LEIXÕES, 1 - CALDAS, 0 (16 de Janeiro de 1955).

Campo de Santa Ana, em Matosinhos,

Árbitro: Álvaro Rodrigues, de Coimbra,

LEIXÕES SPORT CLUB: Hipólito; Delfim e Poças; Adão, Pacheco e Faneco, Correia (Espanha), Artur, Zeca, Oliveira e Joaquim Nunes. Treinador: Armando Martins.

CALDAS SPORT CLUBE: Pavón; Amaro e Fragateiro; Guilherme Wilson, Leandro e Romero; Orlando, Taborda, Bispo, António Pedro e Pedro De La Vega. Treinador: Mariano Amaro.

Marcador: FRAGATEIRO marcou na própria baliza, o resultado foi feito aos 13 minutos, quando num momento de apuro, Fragateiro, fez um passe ao seu guarda-redes. PAVÓN, mal colocado, não chegou a esboçar a defesa pelo que o passe do defesa esquerdo caldense colocou o Leixões em vencedor por 1-0.

CRÓNICA DO JORNAL "A BOLA" (17 de Janeiro de 1955): "O Caldas empenhou-se quanto pôde para modificar o resultado, sem nada conseguir, porém, pois os seus dianteiros não se mostraram inspirados a rematar á baliza. É certo que o domínio suportado pela equipa os impediu disso durante a maior parte do tempo de jogo; mas é também certo que, sempre que o puderam fazer, ou rematavam torto ou rematavam sem grande convicção. Assim Hipólito limitou-se a duas ou três defesas de categoria, pois o resto tornou-se lhe naturalmente fácil".


# 20ª. JORNADA: CALDAS, 2 - VIANENSE, 2 (23 de Janeiro de 1955).

Campo da Mata, em Caldas da Rainha,

Árbitro: Santos Marques, de Lisboa,

CALDAS SPORT CLUBE: Pavón; Amaro e Fragateiro; Guilherme Wilson, Leandro e António Pedro; Taborda, Calicchio, Bispo, Pedro De La Vega (saiu gravemente lesionado, logo aos 8 minutos. Mais tarde soube-se que tinha de ser operado ao menisco, o que provocou o término da temporada para este excelente avançado espanhol, de estatura pequena, com pernas arqueadas e um bigode à "Clark Gable", um dos astros do cinema de Hollywood, da época) e Orlando. Treinador: Mariano Amaro.

SPORT CLUBE VIANENSE: Magalhães; Adriano e Melo; Chaves II, Pedro e Chaves I; Mando, Manferim (ou Manjarim), Puertas, Mencia e Carneiro. Treinador: Armando Santos.

Marcadores: ORLANDO (2 e 26 m); CARNEIRO (24 e 27 m).

CRÓNICA DO JORNAL "DIÁRIO DE LISBOA" (24 de Janeiro de 1955): "O certo é que no seu campo o Caldas S.C. não foi além de um empate de 2-2 contra o Vianense, último classificado (…) Os Caldenses tinham por triunfos, até agora, os jogos disputados em casa (…) Que amolecimento será este no grupo das Caldas da Rainha, que tão boa conta de si tinha dado, através de muitas jornadas, o que oito dias antes havia visto interrompida em Leixões uma impressionante série de êxitos? Dois consecutivos resultados modestos não deixam de causar apreensões aos inúmeros entusiastas das Caldas da Rainha".


21ª. JORNADA: TORREENSE, 5 - CALDAS, 0 (30 de Janeiro de 1955).

Campo das Covas, em Torres Vedras,

Árbitro: Hermínio Soares, de Lisboa,

SPORT CLUBE UNIÃO TORREENSE: Gama; Amílcar (capitão), Mergulho, Belen, Félix (antigo jogador do Sport Lisboa e Benfica e, também, antigo jogador da Selecção Nacional)e Forneri; Carlos Alberto, Pellejero, Mendonça, Martinho e José Manuel Pina (ex-Oriental de Lisboa). Treinador: Óscar Tellechea (Argentina).

CALDAS SPORT CLUBE: Vítor; Amaro e Fragateiro; Guilherme Wilson (capitão), Leandro e Romero, Martí (expulso, aos 82 m), Calicchio, Bispo, António Pedro e Anacleto. Treinador: Mariano Amaro.

Marcadores: MENDONÇA (26, 28, 44 e 65 m); LEANDRO (na própria baliza, aos 74 m).

CURIOSIDADE: O célebre jornalista, do Jornal "A BOLA", Vítor Santos, assistiu à partida e titulou na sua Crónica, que este foi "Um jogo Grande que foi um Grande jogo em vibração e entusiasmo".

CRÓNICA DO JORNAL "DIÁRIO DE LISBOA" (31 de Janeiro de 1955): "No primeiro quarto de hora, esse despique chegou a exagero - e foi esse pior período do encontro. Nos 30 minutos seguintes, assistiu-se ao grande desafio! Durante ele, antes e depois, por parte do Torriense, valores mais altos se ergueram e o Caldas foi irremediavelmente vencido (…) Para além do desapontamento dos caldenses, pela copiosa derrota, ninguém terá dado por mal empregado o tempo gasto na deslocação (…) Por parte do Caldas, as mais detidas atenções concentraram-se em ANTÓNIO PEDRO, um «operário do futebol» - e um cérebro, também apegado à bola. O n.º 10, sem desfalecimentos, esteve em toda a parte do terreno e sempre em primeiro plano. Depois dele, são de referir a regularidade de WILSON (mais certo a defender que a atacar), de LEANDRO, CALICCHIO e de BISPO, este em três ou quatro jogadas de mestria". 


# 22ª. JORNADA: CALDAS, 4 - GIL VICENTE, 0 (06 de Fevereiro de 1955).

Campo da Mata, nas Caldas da Rainha,

Árbitro: Anacleto Gomes, de Lisboa,

CALDAS SPORT CLUBE: Vítor; Amaro e Fragateiro; Guilherme Wilson, Leandro e Romero; Orlando, Calicchio, Bispo, António Pedro e Anacleto. Treinador: Mariano Amaro.

GIL VICENTE FUTEBOL CLUBE: Augusto; Serôdio e Barrega, Vieira, Eduardo e Valdemar, Gelucho, Arantes, Serra e Boavista. Treinador: Desidério Hertzka (Áustria).

MARCADORES: VALDEMAR, na própria baliza; ANTÓNIO PEDRO (2 golos) e ANACLETO.

CRÓNICA DO JORNAL "A BOLA" (07 de Fevereiro de 1955): "O resultado ajusta-se ao desenrolar do encontro, se bem que os Caldenses podiam ter ido mais além, caso os seus avançados fossem tão decididos e oportunos no remate como foram diligentes nas desmarcações e na luta pela posse da bola. Na segunda parte, sobretudo, tiveram magníficas oportunidades para aumentarem o activo, mas houve sempre uma hesitação ou um toque a mais, que deu tempo á defesa adversária para intervir ou anular o perigo (...) [O Caldas] tinha a necessidade de pôr todos os seus trunfos em campo, a fim de rectificar juízos menos optimistas e ao mesmo tempo ganhar alento para a rude tarefa que ainda tem de cumprir até final da primeira fase".


# 23ª. JORNADA: SANJOANENSE, 1 - CALDAS, 3 (13 de Fevereiro de 1955).

Campo Marques da Silva, em Ovar, numa tarde muito ventosa,

Árbitro: Mateus Pinto Soares, do Porto,

SANJOANENSE: Szabo; Zuca e Silva, J. Alves, A. Alves e Malhado; Serafim, Gomes, Augusto, Vítor Baptista e Lourenço. Treinador: ?.

CALDAS SPORT CLUBE: Vítor; Amaro e Fragateiro, Guilherme Wilson, Leandro e António Pedro; Orlando, Calicchio, Bispo, Martí e Anacleto. Treinador: Mariano Amaro.

Marcadores: BISPO, aos 2 m. Leandro ao desfazer um ataque local, aliviou a bola para longe e a defesa da Sanjoanense vendo-se apertada tentou passar o esférico ao seu guardião, mas fê-lo de tal forma, que BISPO, apercebendo-se do lance acorreu com oportunidade e não teve dificuldade em marcar perante a hesitação de Szabo; MARTÍ, aos 66 m, marcou de cabeça após centro de Bispo, que se havia desmarcado para o lado direito; ORLANDO, após troca de passes com Bispo; VÍTOR BAPTISTA (33 m).

CRÓNICA DO JORNAL "A BOLA" (14 de Fevereiro de 1955): "No Caldas, todos merecem um aceno de simpatia, pois se empregaram com vontade pela conquista do triunfo".


# 24ª. JORNADA: CALDAS, 7 - ACADÉMICO DE VISEU, 2 (20 de Fevereiro de 1955).

Campo da Mata, em Caldas da Rainha,

Árbitro: Alfredo Louro, de Lisboa,

CALDAS SPORT CLUBE: Vítor; Amaro e Fragateiro; Guilherme Wilson, Leandro e António Pedro; Orlando, Martí, Bispo, Romero e Anacleto. Treinador: Mariano Amaro.

CLUBE ACADÉMICO DE FUTEBOL (DE VISEU): Darcy (Fernandes); Mota e Simões, Prado, Costa Fernandes e Rodrigues; Sebastião, Pipa, Ângelo, Julinho e Deco. Treinador: Alberto Augusto.

Marcadores: BISPO (4 golos); ROMERO; ANACLETO e MARTÍ; DECO e ÂNGELO.

CRÓNICA DO JORNAL "DIÁRIO DE LISBOA" (21 de Fevereiro de 1955): "(...) O Caldas S.C. continua no segundo posto e com as maiores probabilidades de se qualificar (...) para a última fase da competição".


# 25ª. JORNADA: SALGUEIROS, 0 - CALDAS, 1 (27 de Fevereiro de 1955).

Campo Soares dos Reis, em Vila Nova de Gaia,

Árbitro: Mário Garcia de Aveiro,

SPORT COMÉRCIO E SALGUEIROS: Adelino; Mário e Oliveira; Gualdino, Figueiredo e Correia; Anselmo, Roberto López, Antonette, Fariña (Espanha) e Lalo. Treinador: Julio Pereyra (Argentina).

CALDAS SPORT CLUBE: Vítor; Amaro e Fragateiro; Guilherme Wilson, Lerandro e António Pedro; Orlando, Romero, Bispo, Martí e Anacleto. Treinador: Mariano Amaro.

Marcador: BISPO, aos 38 m. Passe largo para o avançado-centro que fintou Figueiredo e rematou sem apelo.

CRÓNICA DO JORNAL "DIÁRIO DE LISBOA" (28 de Fevereiro de 1955), que titulava: "Triunfo merecido do Caldas que afastou decisivamente o Salgueiros" [quanto à qualificação dos seis finalistas do campeonato], e, continuando afirmava-se que: "Actuando em terreno acanhado, era de admitir o choque, que, na realidade, não existia. Jogou-se, todavia, muito à sorte, com pontapés á toa e sem estrutura definida no jogo. Nesse aspecto, a equipa caldense foi, ainda, menos má, pois defendeu um sistema, que sendo muito de aconselhar, garantiu, no entanto, o triunfo. Desde o princípio, preferiu defender em cortina, desenvolvendo-se os ataques em surtidas rapidissimas, utilizando o centro-dianteiro BISPO como ponta de lança. Este jogador fez um golo - o único da partida. A sua actuação, contudo, pode classificar-se de muito boa, dada a forma como procurou ludibriar e ludibriou a defesa contrária (...) a vitória do Caldas não pode ser contestada".


26ª. JORNADA: CALDAS, 6 - U.COIMBRA, 1 (06 de Março de 1955).

Campo da Mata, nas Caldas da Rainha,

Árbitro: Mário Ribeiro Sanches, de Lisboa,

CALDAS SPORT CLUBE: Louro; Amaro e Fragateiro; Romero (o argentino já não voltou depois do intervalo, por ter-se lesionado), Leandro e António Pedro; Orlando, Calicchio, Bispo, Martí e Anacleto. Treinador: Mariano Amaro.

CLUBE DE FUTEBOL UNIÃO DE COIMBRA: Medina (ex-Académico de Viseu); Velha e Luís Lopes; Almeida, Severino e Gomes; Matos Dias, Valdemar, Artista, Narciso e Gouveia. Treinador: Adriano Peixoto e Juan Villamar (Espanha).

Marcadores: CALICCHIO (2 golos); BISPO (2 golos); MARTÍ; AMARO; NARCISO.

CRÓNICA DO JORNAL "A BOLA" (07 de Março de 1955): "A equipa caldense fez uma primeira parte em velocidade, com todas as «pedras» muito bem distribuídas no terreno e com um sentido de entreajuda digno dos melhores elogios (...) O ataque caldense, superiormente, orientado pelo interior CALICCHIO, desenhou esquemas de alto mérito. Na segunda parte, com o Caldas reduzido a dez elementos, por lesionamento de ROMERO, o jogo perdeu beleza e interesse. Embora se tenham marcado mais quatro tentos, três para o Caldas e um para o União".

FIM DA SEGUNDA VOLTA E DO CAMPEONATO.

O CALDAS, por ter terminado a Época de 1954/1955 em 2º LUGAR, com 39 PONTOS, somente atrás do TORREENSE, num total de 26 jogos, com 18 vitórias, 3 empates e 5 derrotas, com um "goal-average" de 78 golos marcados e 35 sofridos, conseguiu classificar-se para a chamada FASE FINAL DO TORNEIO DA 2ª DIVISÃO NACIONAL, PARA APURAMENTO DE UMA OU DUAS EQUIPAS PARA A 1ª. DIVISÃO, fazendo, assim, parte das SEIS melhores equipas apuradas, respectivamente da ZONA NORTE, TORREENSE; CALDAS e "OS LEÕES" DE SANTARÉM (3º. lugar), e da ZONA SUL, ORIENTAL (1º. lugar); ESTORIL PRAIA (2º. lugar) e MONTIJO (3º. lugar).

CURIOSIDADE: Antes de iniciar-se esta Fase Final, o Jornal "A BOLA", na sua edição de 10 de Março de 1955, realizou uma pequena entrevista com MARIANO AMARO, com o título: "O Surpreendente «caso» do Caldas", em que, ele, afirmava: "Conto sair da prova muito airosamente". Assim:


FASE FINAL DO TORNEIO DA 2ª. DIVISÃO NACIONAL:


# 1ª. JORNADA: ORIENTAL, 2 - CALDAS, 0 (13 de Março de 1955).

Campo Engenheiro Carlos Salema, em Marvila, Lisboa,

Árbitro: Álvaro Rodrigues, de Coimbra,

Antes do encontro se iniciar, LEITÃO «capitão» do grupo da «casa» ofereceu a LEANDRO «capitão» dos caldenses, uma placa comemorativa da partida - a primeira entre os dois clubes.

CLUBE ORIENTAL DE LISBOA: Edmundo; Morais e Capelo; Cordeiro, Luz e Mendes; Mário Rui (ex-Sport Lisboa e Benfica); Leitão (capitão), Albuquerque, Neves Pires e Graça. Treinador: Alexandre Peics (Hungria).

CALDAS SPORT CLUBE: Vítor; Amaro e Fragateiro; Romero, Leandro (capitão) e António Pedro; Orlando, Calicchio, Bispo, Martí e Anacleto. Treinador: Mariano Amaro.

Marcadores: ALBUQUERQUE (21 m) e MÁRIO RUI (74 m).

CRÓNICA DO JORNAL "DIÁRIO DE LISBOA" (14 de Março de 1955), que titulava: "O Caldas em Marvila. O Oriental mostrou-se conjunto mais prático e eficiente". E continuando a análise ao jogo o mesmo Jornal desfiava: "O desafio entre o vencedor da Zona Sul (ORIENTAL) e o 2º. classificado da Zona Norte (CALDAS) esteve na linha do que é admissível nesta fase da competição. Foi um encontro disputado palmo a palmo (…) O Caldas desenhava melhor o seu jogo… [mas] venceu a equipa mais prática (o Oriental). O Caldas possante sob o ponto de vista atlético, delineando agradavelmente o seu jogo a meio campo, perdeu-se sistematicamente na zona de remate. Foi inofensivo (…). O Caldas, o melhor valor, foi ANTÓNIO PEDRO".


# 2ª. JORNADA: CALDAS, 2 - "OS LEÕES", 1 (20 de Março de 1955).

Campo da Mata, em Caldas da Rainha,

Árbitro: Vieira da Costa, do Porto,

CALDAS SPORT CLUBE: Vítor; Amaro e Fragateiro, Guilherme Wilson, Leandro e Romero; Orlando, Calicchio, Bispo, António Pedro e Anacleto. Treinador: Mariano Amaro.

SPORT GRUPO SCALABITANO "OS LEÕES" (DE SANTARÉM): Cristóbal; Henrique Silva e Baptista, Pitanga, Ferreira e Cassiels; Garnacho, Fernando Pires, João, Castanheira e Sarrazola. Treinador: Óscar Garro (Argentina).

Marcadores: BISPO abriu o activo, aos 12 minutos, na recarga  a um primeiro remate, devolvido pelo poste. Na sequência do pontapé vitorioso, antes de entrar na baliza, a bola ainda embateu na face inferior da barra; Aos 15 minutos, BISPO, novamente, aproveitou um centro de Orlando para desviar a bola, com a cabeça para o canto esquerdo de Cristóbal. Este ficou «preso» ao solo e limitou-se a acompanhar a trajectória do esférico com a vista. Também neste tento, a bola fez tabela na «madeira»; PIRES, aos 30 m, reduziu para os escalabitanos.

CRÓNICA DO JORNAL "DIÁRIO DE LISBOA", que titulava, na sua edição de 21 de Março de 1955: "Nas Caldas da Rainha. A equipa local justificou o triunfo". Afirmando, mais, que: "O encontro disputado ontem nas Caldas da Rainha, para onde se deslocou a aguerrida equipa do «Leões» de Santarém, rodeou-se de justificada expectativa, em consequência do comportamento das duas equipas na jornada anterior (…) [Durante a primeira parte] os visitantes, manobrando em movimentos rápidos e incisivos, revelaram uma contextura de jogo muito razoável, que aliada, á magnifica condição física das suas unidades, chegou a causar fortes apreensões no grupo visitado. Isto, porém, não invalida a ideia de equilíbrio que se extraiu do comportamento das equipas até ao intervalo, e que o próprio «nulo» do marcador confirmava (…) Após o descanso, todavia, as características da partida passaram a ser favoráveis aos locais, graças ao trabalho acertado do seu médio ROMERO, que se desdobrou melhor entre a defesa e o ataque, e á acção inteligente e hábil do interior CALICCHIO na difícil tarefa de ordenação do jogo (…) No entanto o resultado de 2-1 é, indiscutivelmente, o que mais se ajusta ao perfil da segunda parte, premiando, sem dúvida, o trabalho da melhor equipa no terreno e também com um pouco de calma nesse trecho final, O Caldas ainda poderia ter feito mais um golo".


# 3ª. JORNADA: TORREENSE, 1 - CALDAS, 1 (03 de Abril de 1955).

Campo das Covas, em Torres Vedras,

Árbitro: Curinha de Sousa, de Portalegre,

SPORT CLUBE UNIÃO TORREENSE: Gama; Amílcar e Mergulho, Belen, Félix e Forneri; Carlos Alberto, Pellejero, João Mendonça, Martinho e Pina. Treinador: Óscar Tellechea (Argentina).

CALDAS SPORT CLUBE: Vítor; Amaro e Fragateiro, Guilherme Wilson, Leandro e Romero, Orlando, Calicchio, Martí, António Pedro e Anacleto. Treinador: Mariano Amaro.

Marcadores: ANACLETO, aos 28 minutos. Calicchio conduziu uma bola pelo centro do terreno e, no momento oportuno, entregou-a ao seu extremo-esquerdo, Anacleto, desmarcado na meia direita. Este sem mais delongas e à entrada da grande área despediu um potente remate que levou a bola à face interna da trave. Depois de descrever uma curva, já dentro da baliza o esférico ainda bateu nas costas de Gama, a confirmar o golo; JOÃO MENDONÇA (78 m).

INCIDÊNCIA DO JOGO: Aos 56 minutos, Guilherme Wilson e Forneri, têm um choque de cabeças, pelo que o jogador torriense teve de sair do terreno, sangrando, abundantemente, enquanto Wilson, embora tonto continuou em campo. O argentino da equipa de Torres Vedras só voltou ao jogo aos 80 minutos, de cabeça atada.

CRÓNICA DO JORNAL "DIÁRIO DE LISBOA" (04 de Abril de 1955), que titulava: "Com astúcia e audácia o Caldas conquistou um precioso ponto", e continuando a análise ao jogo verificaram que (…) o precioso empate que os caldenses foram arrebatar ontem no campo do Torriense (…) podia ter sido uma vitória, foi em certo aspecto o corolário de uma manobra perspicaz de figuração defensiva, que colheu de surpresa o reduto dos donos do campo, num golpe lançado no momento ideal (…) Foi essa disposição que a turma das Caldas da Rainha levou para o «duelo» com o Torriense. Mas atrás de toda esta «máscara» (o seu ataque quase desinteressado e para mais sem a sua figura central, BISPO) havia um jogo escondido, uma manobra que os rapazes de MARIANO AMARO, souberam traçar ardilosamente, na sombra sem aparato. Foi neste ar ingénuo que o Caldas espreitou a ocasião para desferir o golpe certeiro fazendo estremecer o antagonista. Com os dois interiores recuados (CALICCHIO e ANTÓNIO PEDRO) os visitantes deixaram que o adversário se fosse convencendo que não iria ser difícil ganhar a partida, mostrando-lhe um ataque débil e pouco vivo. E, cerca da meia hora, quando o Torriense parecia ter-se assenhorado do comando do jogo - até aí sensivelmente equilibrado - surgiu o contra ataque veloz e o passe de «morte» de CALICCHIO, que ANACLETO, com um «tiro» fulgurante sobre os limites da grande área, aproveitou da melhor maneira. Dai em diante, começou o «sofrimento» das hostes torrienses (…) Até que numa jogada de grande barafunda junto às redes de Vítor, o Torriense obteve igualdade. Estávamos a pouco mais de dez minutos do final e desde então ao último apito do juiz da partida a turma ribatejana entregou-se a uma luta heróica, a que os Caldenses souberam resistir (…) Distinguiram-se, no Caldas, LEANDRO, CALICCHIO e ANTÓNIO PEDRO".


# 4ª. JORNADA: CALDAS, 3 - MONTIJO, 0 (17 de Abril de 1955).

Campo da Mata, em Caldas da Rainha,

Árbitro: Hermínio de Sousa, de Lisboa,

CALDAS SPORT CLUBE: Vítor; Amaro e Fragateiro, Guilherme Wilson, Leandro e Romero, Martí, Calicchio, Bispo (que jogou lesionado), António Pedro e Anacleto. Treinador: Mariano Amaro.

CLUBE DESPORTIVO DO MONTIJO: Albertino (ex-Cova da Piedade); José Luís e Caxeirinha, Neto, Fabregas I e Henrique Giménez (Espanha), Raúl, Benje (Moçambique, ex-União Montemor), Fabregas II, Joaquim José e José Paulo Silva Futre (pai do antigo, e famoso, internacional português Paulo Futre). Treinador-Jogador: Henrique Giménez (Espanha).

Marcadores: CALICCHIO, aos 3 minutos de jogo. Bispo que se encontrava a actuar a extremo-direito por se ressentir duma distensão, arrancou um centro que levou a bola a cruzar diante das balizas de Albertino e CALICCHIO com um golpe de cabeça, marcou o primeiro golo do encontro; ANTÓNIO PEDRO, aos 59 minutos de grande penalidade. Romero apossou-se da bola a meio campo internou-se e, já dentro da grande área adversária, foi derrubado por José Luís, com uma entrada violenta. O árbitro ordenou a marcação do respectivo «penalty» e MARTÍ, aos 86 minutos, em flagrante posição de fora de jogo, apossou-se da bola, chamou a si Albertino e, com um pequeno «balão», anichou-a nas redes.

CRÓNICA DO JORNAL "DIÁRIO DE LISBOA" (18 de Abril de 1955), que em título afirmava: "Nas Caldas da Rainha. Jogo modesto e vitória aceitável", e, continuando analisava, mais à frente que: "A elevada temperatura que se fez sentir, ontem, nas Caldas da Rainha. Esse foi, certamente, o factor que mais pesou na actuação dos contendores (…) O Caldas - o menos mau do pleito - ficou bem cedo privado do seu magnífico avançado-centro BISPO (aos 22 minutos lesionou-se e passou para a extrema-esquerda) e não teve dos seus médios WILSON E ROMERO a habitual colaboração na manobra ofensiva. Mas o que, fundamentalmente, mais prejudicou a «máquina» caldense foi o facto do interior esquerdo ANTÓNIO PEDRO, a quem cabe a tarefa muito especial, não ter cumprido como de costume. Se o esforçado dianteiro tem desenvolvido a infatigável actividade que lhe compete, repartindo o seu esforço entre a defesa e o ataque, estamos certos de que o grupo iria mais além (…) a vitória do Caldas (3-0) aceita-se perfeitamente, como reflexo da melhor contextura de seu «grupo». 


# 5ª. JORNADA: ESTORIL, 1 - CALDAS, 2 (24 de Abril de 1955).

Campo da Amoreira, no Estoril,

Árbitro: Inocêncio Calabote, de Évora,

GRUPO DESPORTIVO ESTORIL PRAIA: Jorge Polleri; Athos e Horácio, Daniel Malícia (ex-Académica de Coimbra), Eloi e Alvarez; Lourenço, Andrade, Piñero (Espanha), Rodriguez (Argentina, ex-Lanus) e Morais. Treinador: Anselmo Pisa (Argentina, ex-Torreense).

CALDAS SPORT CLUBE: Vítor; Amaro e Fragateiro; Guilherme Wilson, Leandro e Romero; Orlando, António Pedro, Martí, César e Anacleto. Treinador: Mariano Amaro.

Marcadores: MARTÍ, aos 30 m. No seguimento de um «canto», provocado pelo guarda-redes estorilista em lance de recurso, a bola desviada por António Pedro, de cabeça, para uma zona menos guarnecida de jogadores. César, também de cabeça, atirou-a na direcção do outro canto da baliza. Martí, de costas para as redes, interpôs-se e, com o calcanhar, colocou o esférico fora do alcance de Polleri. Os locais protestaram, alegando que o avançado-centro estava deslocado, mas o árbitro, bem colocado para ajuizar o caso, não os atendeu; MARTÍ, novamente, aos 39 m, escapou-se, pela direita «driblando» vários adversários, internou-se e centrou rateiro, com boa conta. Eloi ocorreu à jogada e desviou a trajectória da bola, por certo na intenção de conceder «canto», mas fê-lo com tanta infelicidade que deu novo golo aos adversários; ANDRADE. Num dos muitos ataques do Estoril, que tentava a todo o custo anular a vantagem do Caldas, o esférico foi repelido por Wilson, mas bateu na cara de Andrade e foi entrar rente ao canto, sem possibilidades de defesa.

CRÓNICA DO JORNAL "DIÁRIO DE LISBOA" (25 de Abril de  1955), que titulava: "Onde Malícia lutou sozinho", e continuando a análise ao jogo: "O Caldas nem por sombras, queria deixar de fazer um jogo igual, encarando, logo de entrada, a hipótese de vitória. Para isso, a equipa usou, a todo o momento, o seu jogo rasteiro, ligado e definido, tanto atacando antes, como após os golos. Um dos factores do resultado foi, sem dúvida, este, o outro, foi aquele apontado: o de Malícia ter lutado sozinho…"

"ANTÓNIO PEDRO viu morrer nas mãos de
Polleri, um toque de MARTí que passou a
defesa estorilista. Alvarez e Horácio observam
o lance com certa apreensão, na altura já o
resultado estava feito, mas ainda havia a 
esperança de um empate…", in "Diário de
Lisboa", nº. 11634, Ano 35, Segunda, 25 de
Abril de 1955.


# 6ª. JORNADA: CALDAS, 0 - ORIENTAL, 0 (01 de Maio de 1955).

Campo da Mata, em Caldas da Rainha,

Árbitro: Mário Garcia, de Aveiro,

CALDAS SPORT CLUBE: Vítor; Amaro e Fragateiro; Guilherme Wilson, Leandro e António Pedro, Orlando, Calicchio, Martí, César e Anacleto. Treinador: Mariano Amaro.

CLUBE ORIENTAL DE LISBOA: Edmundo; Morais e Capelo; Cordeiro, Luz e Mendes; Graça, Leitão, França, Rogério "Pipi" (ex-Sport Lisboa e Benfica) e Albuquerque. Treinador: Alexandre Peics (Hungria).

Para comemorar a visita do Oriental às Caldas da Rainha, o «capitão» do «onze» local, LEANDRO, ofereceu a LEITÃO uma linda placa.

CRÓNICA DO JORNAL "DIÁRIO DE LISBOA" (02 de Maio de 1955), que titulava: "Um golo invalidado teria dado a vitória aos lisboetas". E continuando: "Extraordinário foi o movimento de adeptos dos clubes em luta, ontem no aprazível Campo da Mata, de tal maneira que o emoldurou completamente. Um comboio especial e considerável número de autocarros, automóveis, etc., idos de Lisboa e outros pontos contribuíram muitíssimo para se registar uma grande enchente (…) Depois de guardado um minuto de silêncio pelo falecimento do pai de CALICCHIO a partida principiou com muita vivacidade, mostrando-se os Caldenses mais ligados e expeditos a rematar. A consciência imperou no curso das suas jogadas. Assim se creditaram os locais, sobretudo nos primeiros dez minutos, de exibição meritória. A equipa suplantou a do adversário, mesmo ao longo de toda a primeira parte, mas aquela primeira dezena de minutos foi de história...Os Caldenses em dois lances magníficos criados por CÉSAR, infatigável batalhador, tiveram o golo à vista. Da primeira vez MARTÍ atirou por alto e da segunda o próprio CÉSAR chutou fortemente, obrigando Edmundo a desviar para «canto». A seguir apareceu o estranho caso de invalidação de um tento aos lisboetas. Tento que não descortinámos porque razão foi considerado irregular (…) Á entrada do último quarto de hora, duas mãos se levantaram, de AMARO, salvo erro, na área de rigor, para deter um remate orientalista, e a penalidade máxima, passou sem julgamento. Sem deixar de ter em linha de conta o merecimento do Caldas, jogo por jogo, não há dúvida, de que estes dois erros influenciaram positivamente o zero a zero".


7ª. JORNADA: "OS LEÕES", 1 - CALDAS, 2 (08 de Maio de 1955).

Campo Alfredo Aguiar, em Santarém, numa tarde de muito calor,

Árbitro: Correia da Costa, do Porto,

SPORT GRUPO SCALABITANO "OS LEÕES" (DE SANTARÉM): Mário (Cristóbal, aos 30 m); Henrique Silva e Baptista; Pitanga, Cassiels e Sarrazola; Garnacho, Fernando Pires, Jacinto, Castanheira e Julinho. Treinador: Óscar Garro (Argentina).

CALDAS SPORT CLUBE: Vítor; Piteira e Fragateiro; Guilherme Wilson, Leandro e Romero, Orlando, Calicchio, Martí, António Pedro e Anacleto.

Marcadores: MARTÍ, aos 40 e 42 m, dois remates prontos, sem preparação, e que proporcionaram dois belos golos; SARRAZOLA reduziu aos 74 m.

CRÓNICA DO JORNAL "DIÁRIO DE LISBOA" (09 de Maio de 1955), que titulava: "Ganhou a equipa mais consciente mas o «Leões» opôs bem ao Caldas" e continuava: "O duelo (…) decidiu-se a favor dos visitantes e - pode dizer-se com um pouco de sorte pelo seu lado (…) Foram os dois golos de rajada quando faltavam uns escassos cinco minutos para o intervalo, que abriram as portas do triunfo aos Caldenses, numa luta que estava a tornar-se difícil e bastante comprometedora para as suas legitimas aspirações (…) O grupo das Caldas da Rainha que já nessa altura, vinha mostrando maior á vontade, talvez porque se apercebesse do desanimo dos antagonistas, passou a assediar com mais frequência as redes de Cristóbal, que entrara a substituir Mário, devido a acidente deste último num choque que nos pareceu casual (o jogo esteve interrompido alguns minutos para prestar socorro ao guardião dos "Leões" que sangrava abundantemente ferido na cabeça num choque com o avançado-centro MARTÍ, ao arrojar-se-lhe aos pés). E, repentinamente, os visitantes tomaram o comando da partida. Foi então que MARTÍ no curto espaço de dois minutos colocou o marcador em 2-0 (…) O Caldas ganhou com mérito. Isso é inegável. De resto foi a equipa mais consciente e com melhor estrutura de jogo. Viu-se claramente, quer no labor perspicaz do seu ataque, quer pela maneira como cerraram fileiras na sua grande área, com médios e interiores bem integrados na defesa (…) Da equipa vencedora distinguimos: VÍTOR, WILSON, CALICCHIO e MARTÍ".

aspirações, in "Diário de Lisboa", Nº. 11647, Ano 35,
Segunda Feira, 09 de Maio de 1955.



# 8ª. JORNADA: CALDAS, 1 - TORREENSE, 0 (15 de Maio de 1955).

Campo da Mata, nas Caldas da Rainha, em tarde de Feriado Municipal,

Árbitro: Vieira da Costa, do Porto,

CALDAS SPORT CLUBE: Vítor; Amaro e Fragateiro; Guilherme Wilson, Leandro e Romero; Orlando, Calicchio, Martí, António Pedro e Anacleto. Treinador: Mariano Amaro.

SPORT CLUBE UNIÃO TORREENSE: Gama; Amílcar e Gonçalves; Belen, Forneri e José da Costa; Carlos Alberto, Pellejero, João Mendonça, Martinho e Pina. Treinador: Óscar Tellechea (Argentina).

O único golo da partida foi marcado aos 5 minutos [50 m] do segundo tempo por MARTÍ. Saiu de um «livre» apontado de longe por António Pedro. O passe comprido, em profundidade, foi cair dentro da grande área a poucos metros da baliza. Houve uma ligeira hesitação da defesa de Torres depois da bola ter tocado num dos seus elementos e o avançado-centro do Caldas, decidido, como sempre, não deixou fugir a oportunidade «fuzilando» de perto e fazendo o golo que havia de ser o da vitória.

CRÓNICA DO JORNAL "DIÁRIO DE LISBOA" (16 de Maio de 1955), que titulava: "O mérito da vitória do Caldas não deve sofrer discussão" e continuando a análise ao jogo jogado afirmava-se que: "Não se jogou bom futebol, ontem, nas Caldas da Rainha. Mas nem por isso o povo de Caldas deixará de estar satisfeito. O seu clube, ganhou, e ganhou bem, diga-se já, dando, assim um valiosíssimo passo para o almejado título [de Campeão Nacional da 2ª. Divisão] (…) Não admirou, pois, que o Campo da Mata tenha registado a sua maior assistência de todos os tempos, talvez até engrossada com algumas centenas de forasteiros (…) Começou, realmente, numa toada pouco aconselhável de bola despachada de qualquer forma, quase sempre pelo ar e em que os inevitáveis choques dos jogadores obrigaram à contínua interferência do juiz da partida num compreensível e louvável intuito de salvar o desafio. Com o decorrer do tempo a qualidade do jogo foi melhorando, por influência do acertado labor dos interiores locais CALICCHIO e ANTÓNIO PEDRO que conseguiam imprimir uma toada de bola rasa, que antes se não verificara (…) A segunda parte pertenceu quase inteiramente aos locais que animados com um tento obtido poucos minutos após o recomeço forçaram o adversário a empregar maiores cautelas na guarda da sua baliza, quase não lhe dando tempo para pensar nos contra ataques (…) e o tento de confirmação esteve várias vezes iminente não aparecendo porque ORLANDO não teve sorte num remate que fez embater o esférico num poste (…) a equipa caldense contou com um trio central de ataque de jogo mais variado onde a subtileza dos interiores se aliava magnificamente á força do centro-avançado e assim os seus golpes produziram quase sempre maiores estragos abrindo frequentes brechas na zona defensiva torriense. A vitória da equipa caldense, que a elevou ao primeiro lugar da classificação foi como pode concluir-se, inteiramente justa, pecando é, por ser, talvez um pouco inexpressiva. Realmente uma diferença de dois golos traduziria melhor o desenrolar das operações. No Caldas gostámos do trabalho de VÍTOR, e demonstrou e insuflou confiança nos companheiros. LEANDRO também se destacou, mandando no seu terreno com autoridade absoluta. WILSON, enérgico como sempre. CALICCHIO, mais uma vez foi o interior «cerebral» que serviu a equipa da melhor maneira. ANTÓNIO PEDRO, no seu jeito habitual, foi infatigável e MARTÍ, além de fazer o tento, tem acção degastadora na defesa visitante". 


9ª. JORNADA: MONTIJO, 3 - CALDAS, 1 (22 de Maio de 1955).

Campo do Montijo,

Árbitro: Inocêncio Calabote, de Évora,

CLUBE DESPORTIVO DO MONTIJO: Albertino; José Luís, Arnica; José Neto (viria, mas tarde, a ser Bicampeão Europeu pelo Sport Lisboa e Benfica, em 1960/61 e 1961/1962), Fabregas I e Henrique Giménez, Ernesto, Fernando, Raúl, Joaquim José e Benje. Treinador-Jogador: Henrique Giménez.

CALDAS SPORT CLUBE: Vítor; Amaro e Fragateiro; Guilherme Wilson, Piteira e Romero, Orlando, Calicchio, Martí, António Pedro e Anacleto. Treinador: Mariano Amaro.

Marcadores: FERNANDO (16 m); MARTÍ (22 m). Piteira marcou um «livre» dentro da sua grande área, atirando a bola para as proximidades das balizas do Montijo. Martí seguiu o lance e, quando Albertino veio ao seu encontro atirou para a baliza deserta, estabelecendo o empate; ERNESTO (37 m) e JOSÉ LUÍS, aos 50 m de «penalty», a punir uma mão casual de AMARO que o árbitro «resolveu» apitar para grande penalidade.

CRÓNICA DO JORNAL "DIÁRIO DE LISBOA" (23 de Maio de 1955), que titulava: "A derrota do «Leader» no Montijo. Prevaleceu a maior firmeza dos locais", e continuando: "A equipa visitante desiludiu-nos. Diremos até que, se não soubéssemos tratar-se duma turma realmente categorizada ficaríamos com uma impressão  decepcionante quanto ao seu valor. Falha de iniciativa no ataque, revelando fraco poder de penetração, ainda que aqui e ali alguns elementos mostrassem possuir real capacidade, a equipa das Caldas da Rainha actuou sempre dividida em três blocos distintos. Na defesa houve demasiada lentidão de movimentos e acentuada falta de sentido de entreajuda; os médios, o sector mais certo da equipa, desempenharam função mais defensiva que atacante, talvez pela predisposição pouco ofensiva, ou melhor, mais repousadamente defensiva adoptada. De qualquer forma, uma exibição inferior como equipa, decepcionando até em vista das aspirações que pareciam animar o clube das Caldas".


# 10ª JORNADA: CALDAS, 7 - ESTORIL, 2 (29 de Maio de 1955).

Campo da Mata, nas Caldas da Rainha,

Árbitro: Fernando Valério, de Setúbal,

CALDAS SPORT CLUBE: Vítor; Amaro e Fragateiro; Guilherme Wilson, Leandro e Romero; César, Calicchio, Martí, António Pedro e Anacleto. Treinador: Mariano Amaro.

GRUPO DESPORTIVO ESTORIL PRAIA: José Maria (Polleri, aos 55 m); Mota II e Horácio; Pagola, Athos e Malícia; Lourenço, Nunes, Melão (ex-Vitória de Setúbal), Paulino e Morais. Treinador: Anselmo Pisa (Argentina).

Marcadores: CALICCHIO (12 m). Numa jogada aparentemente inofensiva, Lourenço que ocorrera à defesa, tentou passar a bola ao seu guarda-redes, mas Calicchio, interpondo-se, enviou-a para as malhas; MORAIS (18 m); MARTÍ (32 m). Anacleto lançou Martí, este progrediu alguns metros, fez o remate e a bola, tocando em Athos, tomou uma trajectória enganadora que bateu José Maria; ANACLETO (48 m). No seguimento de bom trabalho de Calicchio e António Pedro; CÉSAR (54 m). Calicchio entreteve-se a driblar Melão e Malícia, no meio do terreno. Quando se viu livre dos dois lançou Martí. Passe deste a António Pedro que, perto da linha de cabeceira central rasteiro e atrasado a tornar possível o remate vitorioso de César; ANTÓNIO PEDRO (68 m). Passe de «morte» de Calicchio a António Pedro que, isoladíssimo, atirou como quis; MORAIS (78 m), reduziu para 5-2; WILSON (85 m). Depois de um centro de Martí, César e Anacleto falharam o remate, mas Wilson, à boca da baliza, foi mais feliz; ANTÓNIO PEDRO (89 m), coloca o Caldas na marca de 7-2. Calicchio e António Pedro foram trocando passes entre si até que o último a ficar com a bola foi o interior-esquerdo, que fez o que lhe competia.

CRÓNICA DO JORNAL "DIÁRIO DE LISBOA" (30 de Maio de 1955), que titulava: "Os locais não sentiram dificuldades", afirmando, mesmo, que: "Houve pouca animação ontem no Campo da Mata, em Caldas da Rainha. O desaire sofrido pela equipa local há oito dias no Montijo deixando fugir o primeiro lugar parece ter arrefecido os adeptos pela reduzida assistência ao jogo de ontem, se a compararmos com todas as outras ali registadas nesta fase final do Campeonato. E a exibição da equipa foi de molde a provocar o entusiasmo dos seus adeptos, mas estes pouco esperançados num insucesso dos seus rivais de Torres Vedras, na partida de Santarém [com os "Leões"] não se mostraram contagiados com o bom jogo da equipa, decerto penalizados, ainda, com a simples consolação do segundo lugar, quando na realidade melhores perspectivas haviam tido duas semanas atrás. Entretanto, propriamente, no capítulo do jogo diremos que se tratou de uma partida algo desnivelada em que a superioridade dos donos do campo nunca deixou de ser bem patente e em que, principalmente no segundo tempo, o acerto e o bom ritmo dos momentos ofensivos forneceram uma nota bastante agradável (…) A equipa manteve-se quase ininterruptamente ao ataque e o bom jogo de WILSON, CALICCHIO e ANTÓNIO PEDRO foi dando os seus frutos contribuindo para o avolumar da marca que atingiu a conta de 7".

Esta foi a equipa que goleou o Estoril. Em pé,
da esquerda para  a direita: VÍTOR, ROMERO,
LEANDRO, WILSON, FRAGATEIRO, LOURO 
(guarda-redes suplente deste jogo) e AMARO.
Em baixo, pela mesma ordem: CÉSAR, CALICCHIO,
MARTÍ, ANTÓNIO PEDRO e ANACLETO.


UMA CURIOSIDADE NESTE JOGO, descrito no JORNAL "A BOLA", na sua edição de 30 de Maio de 1955, foi: "UMA HISTÓRIA DE BANDEIRAS NAS CALDAS DA RAINHA". Assim, foi descrita esta história curiosa: "Natural seria que o Caldas (…) tivesse os olhos postos no encontro que o seu «rivalíssimo» Torriense disputava em Santarém [contra os Leões e que viria a ganhar por 2-0 e levando-o, directamente, à I Divisão Nacional]. É que assim como «eles» oito dias antes tinham deixado fugir o pássaro da mão, no Montijo, também poderia acontecer que o grupo de Torres Vedras se deixasse surpreender frente a «Leões». É que às vezes, podia acontecer...Quem sabe?!...Ora como no formoso Campo da Mata, a «cabina» dos jornalistas fica em lugar fronteiro à bancada propriamente dita, onde se concentravam os apaniguados do Caldas, logo se estabeleceu, com antecedência indispensável, um código especial, para manter a «bancada» e «o campo» em geral informados dos sucessos de Santarém (…) Dessa forma, havia um senhor encarregado de indicar, por meio de BANDEIRAS a marcha do resultado do encontro «Os Leões» - Torriense. A BANDEIRA PRETA E ENCARNADA: A certa altura, ouvimos o locutor anunciar o primeiro golo dos torrienses [marcado aos 31 minutos, por Carlos Alberto]. Logo o tal senhor, com o ar de quem tapa um cadáver, estendeu, de maneira visível, uma bandeira encarnada e preta, que ficou durante algum tempo pendente do parapeito de cabina. Até que, do outro lado, percebessem o significado «funesto» de tal «estendal». A BANDEIRA VERDE E BRANCA QUE NUNCA CHEGOU A APARECER (…) Para anunciar os golos de «Os Leões» (…) A certa altura não se sabe como, e já o grupo da «casa» ganhava por 5-2, ergueu-se um clamor na bancada (…) Que seria? Golo do grupo de Santarém? Com certeza...Era o título, o tal sonho lindo que o Caldas deixara fugir no Montijo (…) Afinal, fora o segundo golo do Torriense [marcado a quatro minutos do fim pelo angolano João Mendonça, que colocava definitivamente o Torreense na 1ª. Divisão] que arrumara definitivamente a questão (…) Por isso, a BANDEIRA VERDE E BRANCA ficou toda a tarde imóvel, amarfanhada, como as esperanças de todos aqueles que esperavam vê-la baloiçar-se ao vento, significando o renascer dum sonho lindo, perdido, não se sabe como".


A CLASSIFICAÇÃO FINAL DESTA FASE FINAL, ficou assim definida:

1º. - Torreense (6 V; 3 E; 1 D; 22-7 = 15 Pontos - Subiu à 1ª. Divisão.
2º. - CALDAS (6 V; 2 E; 2 D; 19-11 = 14 Pontos - Vai disputar um possível acesso à 1ª. Divisão com o penúltimo classificado da 1ª. Divisão.
3º. - Oriental (4 V; 4 E; 2 D; 21-8 = 12 Pontos.
4º. - Estoril (2 V; 3 E; 5 D; 16-28 = 7 Pontos.
5º. - "Os Leões" (3 V; 0 E; 7 D; 18-23 = 6 Pontos.
6º. - Montijo (2 V; 2 E; 6 D; 17-36 = 6 Pontos.





Mas a História do CALDAS SPORT CLUBE, nesta época, já longa, não acaba aqui… Como iremos ver, já a seguir, terá, ainda um FINAL FELIZ. Assim:


PRIMEIRO JOGO DE COMPETÊNCIA DE ACESSO À 1ª. DIVISÃO:

# BOAVISTA (13º. e penúltimo classificado no Campeonato Nacional da 1ª. Divisão), 2 – CALDAS, 2 (12 de Junho de 1955).

Na crónica do jornalista Justino Lopes, no Jornal “A Bola”, no dia 13 de Junho de 1955, titulava-se: O Caldas teria ganho se «começasse» mais cedo”.

Campo Dr. António Mascarenhas Júnior, no Porto,

Árbitro – Hermínio Soares, de Lisboa,

BOAVISTA FUTEBOL CLUBE (todo de branco e camisolas sem número): Granja; Videira e Barbosa; Alcino, António Caiado e Guizanda; Lourenço, Medina, Fernando Soares, Manero e Barros (capitão). Treinador: Lino Taioli (Argentino).

CALDAS SPORT CLUBE: Vítor; Amaro e Fragateiro; Guilherme Wilson, Leandro e Romero; Bispo, Calicchio, Martí, António Pedro e Anacleto. Treinador: Mariano Amaro.

Na primeira parte: 1-1.

17.º minuto : 0-1, por VIDEIRA na sua própria baliza. Ataque pelo flanco direito do Caldas, com precioso toque de Bispo para Calicchio e centro deste para trás, quando se encontrava quase sobre a linha de cabeceira. Granja e o seu defesa direito ocorreram ao lance e foi o último que, na passada, tocou a bola para o seu guardião, mas com tanta rapidez que este não pôde evitar o golo.

24.º minuto: 1-1, por LOURENÇO. Barros, à esquina da grande área executou um magnífico remate a que Vitor respondeu com uma não menos magnífica defesa para «canto». O próprio Barros encarregou-se da sua marcação, enviando a bola para Medina que, por sua vez, executou um cruzamento largo. Vitor abandonou a baliza para repelir o esférico a soco, colocando-o ao alcance de Lourenço na frente da baliza. A recarga deste foi vitoriosa.

No segundo tempo: 1-1.

10.º minuto (55 minutos): 1-2, por MARTÍ. Avançada de Anacleto, centro deste que levou a bola até junto do avançado-centro. Barbosa moroso, não foi capaz de impedir os movimentos a Martin e o remate deste foi fatal.

11.º minuto (56 minutos): 2-2, por FERNANDO SOARES. Num lance de bola pelo ar, Lourenço e Vitor saltaram. Talvez traído pelo Sol, o guardião falhou, espectacularmente, a sua intervenção do que o avançado-centro portuense se aproveitou para estabelecer o empate final.

15.º minuto (60 minutos): "Alcino foi expulso depois de ter cometido falta sobre António Pedro - O «Caso» do Jogo. A Expulsão de Alcino vista dos «dois lados». Iam decorridos dezasseis minutos sobre o início da segunda parte, quando se deu um dos «casos» do jogo: lance entre Alcino, médio dos locais, e António Pedro, interior-esquerdo da equipa caldense, falta de aquele sobre este – e ordem de expulsão dada...pelo «terceiro homem». Para muita gente pareceu um tanto imcompreensível a decisão do árbitro, em especial pelos outros casos já então registados e posteriormente repetidos. Tentando fazer luz sobre o incidente, estivemos nas cabinas, após o encontro. O que então ouvimos parece iludir um pouco a expectativa, mas aí fica, no estilo de julgamento público. O Primeiro visado. Alcino, já se encontrava vestido e, visivelmente, contristado, eis o que nos disse: - Ainda não compreendi a decisão. Mas eu lhe conto: há uma jogada entre mim e o n.º 10 do Caldas – António Pedro, ele baixa a cabeça e o árbitro apita. Oiço dizer, «saia do campo» e apenas pude perguntar: «mas isso é comigo?» - Mas você protestou... - arriscámos nós. - Nem isso! Fiquei absolutamente surpreendido. A versão de Alcino criou novo interesse pelo «depoimento» de António Pedro. Mas este pouco adiantou: - Se quer que lhe diga, não vi bem. Estava de costas e muito mais preocupado com a bola do que com o resto. Que ele entrou em falta é verdade, mas... - Acha então – tentámos nós resumir – que a decisão do juiz foi rigorosa?... - Bom, também é verdade que o meu adversário já tinha sido repreendido várias vezes. Estavam concluídas as averiguações. Além do mais, «a sentença» já as havia precedido...

CRÓNICA DO JOGO (Jornal "A BOLA"): "O Caldas regressou do Porto com um empate que mereceu incontestávelmente, e que lhe permite encarar, com alento, o próximo encontro, sem que deva confiar exageradamente nas suas possibilidades, entretanto. O 2-2 de agora obrigará os contendores a jogarem para a vitória, sem a qual não ficará esclarecida esta dúvida que ontem começou a discutir-se. A verdade é que o empate do primeiro desafio cria à volta do jogo das Caldas da Rainha ambiente de grande expectativa, de autêntica final, pois a circunstancia dos caldenses actuarem na qualidade de visitados não é suficiente para os considerarmos desde já, com o pé na I Divisão...

SEGUNDO JOGO DE COMPETÊNCIA:

# CALDAS, 1 – BOAVISTA, 1 (19 de Junho de 1955).

Na crónica do célebre Cândido de Oliveira (Director-Adjunto) no Jornal “A Bola”, em 20 de Junho de 1955, titulava-se: “Futebol de Suor e Lágrimas” - “A segunda «batalha» entre o Caldas e o Boavista. Foi tudo igual à primeira...o terceiro encontro ditará o Vencedor?”.

Campo da Mata, nas Caldas da Rainha,

Árbitro: António Calheiros, de Lisboa,

CALDAS SPORT CLUBE: Vítor; Amaro e Fragateiro; Guilherme Wilson, Leandro e Romero; Bispo, Calicchio, Martí, António Pedro e Anacleto. Treinador: Mariano Amaro.

BOAVISTA FUTEBOL CLUBE: Granja; Soares e Barbosa; Videira, António Caiado e Guizanda, Lourenço, Medina, Amadeu (ex-Leça), Manero e Barros. Treinador: Lino Taioli.

1.ª parte: 1-0

Aos 17 minutos, após a marcação dum «livre», Calicchio obriga Granja a uma boa defesa, a bola fica perto e Lourenço tenta passá-la de cabeça para BARBOSA. O esférico fez tabela numa perna do defesa-esquerdo portuense e toma o caminho das balizas. O árbitro que se encontra bem colocado não hesita em apontar o centro do terreno.

2.ª parte: 0-1.

Aos 7 minutos (52 minutos), AMADEU insiste no despique com Leandro e consegue levar a melhor, e com um ligeiro toque, por entre as pernas do defesa central, lançou a bola por cima da cabeça do guarda-redes (Vitor).

CRÓNICA DO JOGO (Jornal "A BOLA"): "Não há duvida. O jogo da segunda mão foi o retrato fiel do primeiro jogo. Houve um empate. E houve acima de tudo um futebol feio, primitivo, desconexo, de pontapé para o ar e, pior do que isso a uns, nervosismo invulgar, quanto a outros, rudeza excessiva e reprovável...Outro aspecto em que este encontro foi nitidamente semelhante ao anterior: o Boavista revelar de entrada muito maior serenidade, e o Caldas mostrar-se enervado, intranquilo, quase apavorado. Passada, porém, essa fase inicial de enervamento que não deixava atinar com o melhor rumo a dar à partida, o Caldas em ambos os encontros teve nítida possibilidade de construir um resultado que, porventura, lhe asseguraria o triunfo. Das duas vezes marcou em primeiro e, depois teve antes de chegar o descanso oportunidades de reforçar a vantagem obtida...As duas equipas têm de decidir a questão num terceiro jogo...que porventura decidirá a contenda, se não nos noventa, pelo menos no prolongamento de 30 minutos, que terá lugar se o empate subsistir. A não ser que a «maratona» do jogo de passagem se prolongue mais, havendo um quarto jogo, quarenta e oito horas depois, no mesmo campo, e com o mesmo prolongamento. E assim, até que a certa altura um de ambos levante os braços dizendo que não pode mais".

DEPOIS DO JOGO (Jornal "A BOLA"): "Chorou-se...na cabina do Boavista. E talvez, num pequeno sector do «peão», onde havia gente estranha á terra – os adeptos dos clubes nortenhos que empunhando pequenas bandeiras do Boavista, do F.C. do Porto e do Salgueiros, se uniram num interessante movimento de solidariedade em volta da mesma bandeira, para apoiar o clube do Norte que no momento atravessa período mais difícil...Merecíamos ganhar – disseram os portuenses...O empate está certo – disseram os caldenses – Nem alegria, nem tristeza, na cabina do Caldas. Nem abraços, nem choros. Apenas resignação – respeito pelo comportamento do adversário e as mesmas esperanças com vista ao futuro..."

FINALÍSSIMA DO JOGO DE COMPETÊNCIA:

ANTES DO JOGO ESCREVEU-SE NO JORNAL “A BOLA”: "Manhã cedo, Coimbra começou a ser invadida pelas falanges dos grupos que iam disputar o que iria ser conhecido pelo «desafio do almoço»: Caldas-Boavista. O outro, o da tarde, entre a Académica e o Vasco (da Gama, do Brasil), seria o «desafio do jantar» (os brasileiros acabariam por ganhar à Briosa, por 6-0). Os primeiros a chegar foram os portuenses, em comboio especial, com bandeiras garridas, não obstante as cores do Boavista serem, apenas a preto e branco. E que, a apoiar o «representante do Norte», nesse encontro crucial, ás pretas e brancas do Boavista, juntavam-se as azuis brancas do Porto; as encarnadas do Salgueiros e até do Sporting de Braga, numa manifestação de solidariedade pelo representante nortenho, cuja situação se advinhava difícil...Depois começava a surgir os automóveis embandeirados de acordo com as cor clubista do seu proprietário, mas todos com o fito no mesmo ideal. E o rumo era só um: O Estádio Municipal. Mais tarde, e dos lados da Ponte de Santa Clara, começou a surgir a «claque» do Caldas, em camionetas eriçadas de bandeiras, mas estas só pretas e brancas. Já no Estádio Municipal as duas falanges separam-se por acordo tácito, indo a do Caldas ocupar a parte norte do peão, enquanto a nortista se instalava a sul. As duas falanges começaram o encontro mesmo antes dos dois grupos, rivalizando os brados de CAL-DAS!!! CAL-DAS!!! BOA-VIS-TA!!! BOA-VIS-TA!!!". Assim:

# CALDAS, 4 – BOAVISTA, 1 (26 de Junho de 1955).

Na crónica do jornalista Acácio Correia do Jornal “A Bola”, publicado no dia 27 de Junho de 1955, titulava-se: “Os dois golos de Calicchio abriram o caminho da vitória”.

Estádio Municipal de Coimbra,

Árbitro: Paulo Oliveira, de Santarém,

CALDAS SPORT CLUBE: Vítor; Piteira e Fragateiro; António Pedro, Leandro e Romero; Orlando, Calicchio, Bispo, Martí e Anacleto. Treinador: Mariano Amaro.

BOAVISTA FUTEBOL CLUBE: Granja; Soares e Barbosa; Videira, Caiado e Guizanda; Medina, Lourenço, Amadeu, Manero e Barros. Treinador: Lino Taioli.

O Caldas, por ser a colectividade mais nova, mudou de equipamento, apresentando-se de camisola toda branca.

Resultado do 1.º tempo: 3-1.

Aos 12 minutos: 1-0 para o Caldas por CALICCHIO;

Aos 21 minutos: 2-0 para o Caldas por CALICCHIO;

Aos 30 minutos: 3-0 para o Caldas por ANACLETO;

Aos 44 minutos: 3-1 por AMADEU;

Resultado do 2.º tempo: 1-0.

Aos 73 minutos: 4-1 por ORLANDO.

Titulava assim o Jornal “A BOLA” na sua primeira página, do dia 27 de Junho de 1955, no canto inferior esquerdo: “O CALDAS ingressou na I Divisão!”.

CRÓNICA DO JOGO (Jornal "A BOLA"): "O Caldas chamando a si desde cedo o comando das operações e evidenciando-se, talvez em função do seu rápido avanço no marcador, equipa de mais fundo futebolístico e de mais agressividade, acabou por ganhar por margem folgada que só poderá surpreender quem não assistiu a esta partida...Foi na segurança da sua defesa, assim como foi na movimentação do seu ataque que «os brancos» assentaram a sua maior capacidade para ganhar...dispensado por esse «infernal» António Pedro e pela intuição futebolística de Romero, que nasceu a ideia de maior valia...da turma vencedora...sem primores de técnica, mas revelando-se terrivelmente prática, a equipa do Caldas guindou-se com todo o mérito á Divisão principal, proeza, tanto mais de realçar quanto é certo que o grupo ainda na época passada pertencia á III Divisão...Certo na defesa, com relevo para Vitor, seguro e calmo, e Fragateiro, utilíssimo de principio a fim servido de bons médios, com a tarefa decisiva no balanço geral do conjunto e contando com avançados realmente perigosos, com destaque para Orlando, a equipa sem ter jogado muitissimo bem, jogou bem o suficiente para merecer o triunfo, sem qualquer discussão".

DEPOIS DO JOGO (Jornal "A BOLA"): "Alegria «Louca» entre os Caldenses” - Reinava a confusão dos grandes momentos na cabina do Caldas. Os abraços sucediam-se, esmagadores, asfixiantes, numa exteriorização duma alegria desbordante, grande demais para se conter no peito!...Ouvimos CALICCHIO (autor de dois golos), mais habituado aos grandes ambientes, mais experiente disse-nos: - A vitória foi justa, porque jogámos mais. Dedico-a á massa associativa do Caldas, ao treinador e, aos dirigentes...ORLANDO (autor do último golo) – Refrescando-se, satisfeitissimo, falava a uns e a outros. A nós disse: Foi uma autêntica final. Estou contente por ter metido um golo e contribuído para outro. O treinador MARIANO AMARO, que pela segunda vez levava uma equipa à Primeira Divisão, era o mais calmo de quantos ali se encontravam. Interrogado teve estas palavras: - A nossa vitória não teve discussão nenhuma. A equipa subiu á Primeira Divisão sem qualquer ajuda e apenas pelos seus próprios méritos. Por isso mais satisfeito estou... ANTÓNIO PEDRO, a um canto, tinha bem agarrada a bola com que se jogara o encontro. Mais uma vez demonstrava o seu pendor para a perseguir mas, desta vez, longe de a passar, guardava-a só para si. - Que nos diz do jogo? - “Foi muito bem disputado. O campo relvado é vantajoso para quem joga futebol” e disse ainda «Gostava que se alargasse a Divisão para o Boavista lá ficar, porque compreendo bem o seu desgosto». Á margem do jogo e “aproveitando a presença no jogo de locutores e jornalistas brasileiros e de outros membros da caravana do Vasco da Gama...o Presidente deste clube, Artur Pires disse: “Gostei muito da defesa do Caldas, firme, segura, aguentando bem os esforços do Boavista”...e Orlando Baptista da cadeia luso-brasileira de esportes e da Rádio Tupi e Globo que nos disse: “O Caldas ganhou lutando, com alma e coração, que foram os factos principais da vitória...os dois médios volantes caldenses foram os obreiros do triunfo”.

Um plantel que ficou (e fica) para a história
pousa para a fotografia, no Municipal de Coimbra,
depois de carimbar a subida inédita à I Divisão.
Em pé, da esquerda para a direita: MASSAGISTA;
LOURO (guarda-redes suplente); FRAGATEIRO; 
ROMERO; LEANDRO; ANTÓNIO PEDRO; PITEIRA; VÍTOR 
(guarda-redes titular); SOUSA MARQUES (dirigente);
MARIANO AMARO (Treinador); AMARO e WILSON.
Em baixo, pela mesma ordem: ORLANDO; CALICCHIO;
BISPO; MARTÍ; ANACLETO; PEDRO DE LA VEGA e 
PAVÓN (guarda-redes suplente).


Caricatura retirada do Jornal: (1955), 
"Diário de Lisboa", n.º 11695, Ano 35,
Segunda, 27 de Junho de 1955, Fundação
Mário Soares / DRR - Documentos Ruella Ramos,
Disponível HTTP: http://handle.net/11002/fms_dc_
19355 (2020-5-16).