Caldas Sport Clube 1954/55

Caldas Sport Clube 1954/55

quinta-feira, 23 de novembro de 2017

1.ª Divisão - Época 1957/1958 - 2.ª volta

# 14.ª Jornada: CALDAS, 2 - CUF, 2 (08 de Dezembro de 1957).

O Jornal "Record", na sua edição de 10 de Dezembro de 1957, titulava: "Três golos nasceram da sequência de «cantos»".

Campo da Mata, nas Caldas da Rainha,

Árbitro: Raúl Martins, de Lisboa,

CALDAS SPORT CLUBE: Rita; Amaro, Fragateiro, Saraiva, António Pedro, Orlando, Rogério, Sarrazola, Garnacho, Romeu e Vital. Orientador-Técnico: Tavares da Silva e Treinador/Jogador: János Hrotkó.

CLUBE DESPORTIVO DA CUF: Gama; José Luís, Durand, Palma, Carlos Alberto e Vale, Rodrigues, Gastão, Oliveira, Orlando e Arsénio. Treinador: Cândido Tavares.

0-1 - Aos 31 minutos, o Caldas cedeu «canto». Marcado por Gastão deu azo a gerar-se confusão frente à baliza caldense e in-extremis Amaro, cedeu novo «canto». Novamente marcado da esquerda por alto foi a bola captada por ORLANDO que por entre uma «floresta de pernas» obteve o golo.

0-2 - Aos 43 minutos, o Caldas cedeu «canto». Apontado da esquerda sobre a baliza, ARSÉNIO com um pontapé seco acabou por colar a bola ás malhas e fazer 2-0 para o seu clube.

1-2 - Aos 45 minutos precisos, o Caldas reduziu a diferença pois Rogério, captando um passe de Romeu, rematou da direita, enviasado e JOSÉ LUÍS acorrendo ao lance precipitadamente tocou a bola para a sua baliza.

2-2 - O Caldas recomeçou a partida com intenção de modificar o marcador e Durand aos 4 minutos salvou cedendo «canto». Marcado este por Garnacho a bola caíu frente ás redes da CUF e «nova confusão» com alívio da defesa mas Fragateiro captou a bola e centrou sobre a baliza e VITAL, com um toque hábil, faz o golo do empate aos 5 minutos.


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "Record"): A partida entre Caldas e CUF previa-se disputado dada a subida de «forma» de ambas as equipas e a necessidade de pontos. Assim decorreu ainda que não tenha dado recortes de técnica e sim nervos e sofreguidão. A CUF obteve um resultado bom no campo adversário mas se um vencedor houvesse o merecimento era para a sua equipa que melhor jogou, impondo superioridade.



# 15 ª. Jornada: TORREENSE, 1 - CALDAS, 0 (15 de Dezembro de 1957).

O Jornal "Record", na edição de 17 de Dezembro de 1957, titulava: "Um golo solitário não traduz o domínio Torriense".

Campo das Covas, em Torres Vedras,

Árbitro: Inocêncio Calabote, de Évora,

SPORT CLUBE UNIÃO TORREENSE: Montero; Mergulho, Amílcar, José da Costa, Forneri, Hilário, Mário, Matos, Galileu, Saldanha e Morais. Treinador: Marcial Camiruaga.

CALDAS SPORT CLUBE: Vítor; Amaro, Fragateiro, António Pedro, Saraiva, Orlando, Anacleto, Vital, Callichio, Romeu e Sarrazola. Orientador-Técnico: Tavares da Silva e Treinador/Jogador: János Hrotkó.

1-0 - Aos seis minutos (51 minutos) da segunda parte, da marcação de um «canto» apontado do lado direito, por Matos, GALILEU não se fez rogado e, com pontapé raso, bateu da melhor maneira o guarda-redes Vítor.


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "Record"): No Campo das Covas, numa tarde bastante fria, os donos do campo defrontaram o rival de sempre - o Caldas. Ganhou bem a equipa de Torres Vedras e, se afirmamos que venceu bem foi porque o adversário remetido sempre numa toada defensiva - ressalvam-se os primeiros cinco minutos - deu largas ao contendor, a ponto dos torrienses dominarem como quiseram e entenderam. Quando se entrou a jogar os últimos quarenta e cinco minutos julgava-se que a táctica do Caldas seria modificada, tanto mais que os jogadores caldenses no princípio do encontro tinham dado boa conta de si. Nada disso aconteceu, porém...No Caldas...só Saraiva o melhor jogador no terreno. Está tudo dito.


# 16.ª Jornada: CALDAS, 1 - SALGUEIROS, 1 (29 de Dezembro de 1957).

O Jornal "Record", na sua edição de 31 de Dezembro de 1957, titulava: "O Salgueiros beneficiou dos erros do Caldas".

Campo da Mata, em Caldas da Rainha,

Árbitro: Eduardo Gouveia, de Lisboa,

CALDAS SPORT CLUBE: Vítor; Amaro, Saraiva, Fragateiro, António Pedro, Pastorinha, Orlando, Janos Hrotkó, Vital, Romeu e Rogério. Orientador-Técnico: Tavares da Silva e Treinador/Jogador: János Hrotkó.

SPORT COMÉRCIO E SALGUEIROS: Barrigana; Longo, Mário, Chau, Gualdino, Lenine, Sampaio, Tito Blanco, Benje, Teixeira e Lalo. Treinador: Juan Arétio.

1-0 - Aos 6 minutos ORLANDO, recebendo um toque a meia altura de Vital, domina o esférico, com Chau á ilharga, e apesar da saída de Barrigana desfere o remate fazendo o golo.

1-1 - Aos 36 minutos um contra-ataque do Salgueiros por BENJE. Correndo até à grande área, aguenta cargas de Pastorinha e Saraiva e ante a saída de Vítor centra para Teixeira que obtêm sem dificuldade o golo do empate. 


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "Record"): Durante o primeiro quarto de hora os caldenses exibiram um excelente futebol ofensivo, envolvente e incisivo, que lhes deu um golo e lhes proporcionou mais duas situações (aos 25 minutos, Mário salva sobre o risco) em que a concretização era o mais lógico e o mais justo. Mas, passado que foi aquele período e com a vantagem no marcador, o Caldas passou decididamente a uma toada defensiva. Os médios recuaram mais, assim como Orlando, que estava a ser o melhor atacante e criou-se, a meio do terreno uma clareira que os portuenses aproveitavam para manobrar e organizar os seus avanços, que a reforçada defesa desfazia no choque. O Salgueiros com o andar do tempo, subiu de valor, veio a conseguir o empate e adivinhou-se mais a sua vitória que a do adversário. A cinco minutos do fim o Caldas quis procurar emendar o erro anterior mas ao tentá-lo cometeu outro. Vital, que aos 55 minutos até tinha atirado à trave do Salgueiros num violento pontapé, era então o atacante mais incisivo no contra-ataque, pois nesse período mal trocou o seu lugar com Saraiva sem quaisquer vantagens na ofensiva, nem beneficiou para a defesa. Concluindo o Salgueiros ganhou bem um ponto precioso o que o Caldas talvez pudesse ter evitado.


# 17.ª Jornada: V. SETÚBAL, 5 - CALDAS, 2 (05 de Janeiro de 1958).

O Jornal "Record" na sua edição de 07 de Janeiro de 1956, titulava: "A turma setubalense desembaraçou-se facilmente dos caldenses".

Campo dos Arcos, em Setúbal,

Árbitro: Jaime Pires, de Lisboa,

VITÓRIA FUTEBOL CLUBE (VITÓRIA DE SETÚBAL): Libânio; Soares, Emídio Graça, Manuel Joaquim, Artur Vaz, Casaca, Inácio, Fernandes, Amaral, Miguel e Bastos. treinador: Humberto Buchelli.

CALDAS SPORT CLUBE: Vítor; Amaro, Saraiva, Fragateiro, António Pedro, Orlando, João Resende, Sarrazola, Janita, Romeu e Rogério. Orientador-Técnico: Tavares da Silva e Treinador/Jogador: János Hrotkó.

1-0. Aos 23 minutos, Fernandes é carregado próximo à grande área. Assinalado o castigo foi encarregado da sua marcação, MIGUEL, que, com um magnífico remate, obteve o primeiro golo da sua equipa.

2-0. Aos 26 minutos, Miguel, apossando-se do esférico levou de vencida todos os adversários que lhe surgiram e descaído sobre a extrema-direita, centrou com conta para FERNANDES, que, de cabeça, obteve o segundo golo.

3-0. Quase a terminar a primeira parte, AMARAL, de cabeça, aproveitou um bom centro de Inácio, fazendo funcionar o marcador pela terceira vez.

3-1. O recomeço da partida oi assinalado pelo primeiro golo do Caldas. SARRAZOLA, na marcação de um livre da linha mediados setubalenses, atirou forte e Libânio não conseguiu segurar o esférico, consentindo o primeiro golo dos adversários.

4-1. Iam decorridos 24 minutos (69 minutos) quando os setubalenses voltaram a funcionar o marcador. Foi seu autor AMARAL, que, com a calma necessária, soube iludir Vítor que saíra ao seu encontro, atirando para a baliza deserta.

5-1. Na jogada seguinte AMARAL, aproveitando bem um centro de Bastos, obteve com relativa facilidade o quinto golo da sua equipa (e o terceiro da sua conta pessoal).

5-2. A oito minutos do final (82 minutos), os caldenses, numa excelente combinação das suas linhas média e dianteira, conseguiram reduzir a vantagem por intermédio de JANITA, perante a passividade de Libânio, que nem sequer se fez ao lance.


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "Record"): Afinal a turma vitoriana fez alarde do seu jogo característico, desenvencilhando-se com relativa facilidade dos caldenses. Mas mesmo assim, a infelicidade rondou ainda os setubalenses, porquanto, se tal não acontecesse por certo que o marcador teria funcionado mais vezes. Saraiva foi o melhor elemento da equipa caldense.



# 18.ª Jornada: CALDAS, 3 - BENFICA, 2 (12 de Janeiro de 1958).

O Jornal "Record", na sua edição de 14 de Janeiro de 1958, titulava: "Os «Encarnados» não souberam contrariar o dispositivo táctico dos caldenses".

Campo da Mata, nas Caldas da Rainha,

Árbitro: Álvaro Rodrigues, de Coimbra,

CALDAS SPORT CLUBE: Vítor; Amaro, Saraiva, Fragateiro, António Pedro, Orlando, João Resende, Sarrazola, Janita, Romeu e Rogério. Orientador-Técnico: Tavares da Silva e Treinador/Jogador: János Hrotkó.

SPORT LISBOA E BENFICA: Bastos; Fernando Ferreira; Artur Santos, Ângelo, Fernando Caiado, Alfredo, Francisco Palmeiro, Mário Coluna, José Águas, Salvador e Domiciano Cavém. Treinador: Otto Glória.

1-0. O guarda redes Bastos na própria baliza.

2-0. Sarrazola conseguiu fugir a Alfredo e centrou. Janita falhou, mas JOÃO RESENDE não perdoou, atirando com boa conta e obtendo o 2.º golo.

2-1. JOSÉ ÁGUAS de penalty por falta de mão na bola de Orlando.

3-1. Num ressalto de bola depois de um mau despacho o médio-centro Artur Santos, JANITA aproveitou para marcar o 3.º tento.

3-2, marcou SALVADOR, atenuando o resultado desfavorável aos benfiquistas.


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "Record"): O Benfica foi deixar ao Campo da Mata as poucas esperanças que ainda existiam para manter o título de campeão. E o certo é que os «encarnados» foram batidos sem apelo nem agravo por uma equipa que no decorrer dos 90 minutos lhe foi superior e que demonstrou muito mais disciplina de jogo e maior velocidade de execução. Os benfiquistas não se podem, portanto, queixar do resultado. Ele traduz de forma perfeita a melhor exibição da equipa do Caldas, que desenvolveu sempre um futebol mais claro e sabendo construir as melhores ocasiões de golo, algumas das quais não concretizadas por manifesta infelicidade. A turma da «casa» apresentou um esquema que não é muito habitual e os benfiquistas não souberam encontrar o antídoto para contrariar. O ataque caldense jogou por sistema em W e os defesas «encarnados» nem por isso avançaram um jogador (que estava a mais lá atrás), deixando no centro do terreno apenas um homem (Caiado) para três adversários (os dois interiores que formavam dois vértices do W e ainda António Pedro para as sobras). Por isso mesmo o meio campo foi dos da «casa», e quando o não era os benfiquistas ficavam sempre em desvantagem numérica, com evidente consequência na arquitectura das jogadas. Sem valores de classe a turma do Caldas formou um verdadeiro conjunto, com todas as peças bem dispostas e todas elas com missões a desempenhar que de uma maneira geral foram compreendidas e cumpridas. O melhor em campo foi considerado o jogador do Caldas, Sarrazola.

Uma fase do jogo entre caldenses e benfiquistas
no pelado do Campo da Mata. Vendo-se o jogador
do Caldas, Saraiva (5) a despachar a bola da sua
pequena área, perante a ameaça de Palmeiro. Ao
longe ficam na expectativa, António Pedro (Caldas)
e Fernando Caiado (Benfica).


# 19.ª Jornada: ORIENTAL, 0 - CALDAS, 0 (19 de Janeiro de 1958).

Na edição de 21 de Janeiro de 1958, o Jornal "Record" titulava: "Numa partida de mau futebol o nulo foi o melhor resultado".

Campo Engenheiro Carlos Salema, em Marvila, Lisboa,

Árbitro: Clemente Guerra, do Porto,

CLUBE ORIENTAL DE LISBOA: Soares; Morais, Luz, Capelo, Cordeiro, Evaristo, Postiço, Garófalo, Almeida, Mendes e Pina. Treinador: Janos Biri.

CALDAS SPORT CLUBE: Vítor; Anacleto, Saraiva, Fragateiro, António Pedro, Orlando, João Resende, Sarrazola, Janita, Romeu e Rogério. Orientador-Técnico: Tavares da Silva e Treinador/Jogador: János Hrotkó.

INCIDÊNCIA DO JOGO: Aos 10 minutos e quando punha termo a uma confusão á entrada da sua grande área, Sarrazola foi fortemente tocado num pé. Abandonou o terreno por cinco minutos e quando voltou, visivelmente inferiorizado, foi ocupar o lugar de extremo-esquerdo por troca com Rogério.


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "Record"): A actuação pouco cómoda de qualquer dos dois grupos na tabela de classificação já fazia antever que o jogo de Marvila não deveria atingir grande bitola, pois os nervos haveriam, fatalmente, de pesar no rendimento dos jogadores. No entanto, finalmente, não se esperava tão pouco. Os orientalistas, então, tiveram uma tarde verdadeiramente «negra». A sua defesa claudicou em demasia e serviu sempre os avançados da forma menos aconselhada, com pontapés por alto. Por seu lado os «caldenses», para quem o empate terá sabor duma vitória, pela aparente tranquilidade que lhes proporciona, também estiveram longe do bom labor, embora tenham, mesmo assim, sido os menos maus e possam apresentar como atenuante a lesão sofrida por Sarrazola, ainda na primeira parte...Mesmo assim, verificou-se no Oriental - Caldas a anotação de que os dois guarda-redes executaram 47 defesas - 27 de Soares e 23 de Vítor, o que não deixa de parecer paradoxal, dado o maior domínio territorial usufruído pelos orientalistas e 17-17 em livres e 3 [para o Oriental] e 7 [para o Caldas] em cantos. O melhor em campo foi considerado Saraiva, que foi um «gigante» no período final do encontro, quando o Oriental carregou em massa.

CURIOSIDADE: O massagista do Caldas, de seu nome JORGE SANTOS COSTA, numa pequena entrevista, nesta mesma edição do Jornal "Record", depois do jogo surpreendeu-nos com a seguinte confissão: - Sabe, embora esteja actualmente ao serviço do Caldas, sou cem por cento orientalista, o que não obsta que lhe dispense a minha maior dedicação [ao Caldas].

  
Numa jogada de assédio atacante do Oriental
vê-se o guarda-redes caldense, Vítor, a tentar
socar a bola, com Orlando na expectativa.
Fonte: Jornal "Record".



# 20.ª Jornada: CALDAS, 1 - BARREIRENSE, 0 (26 de Janeiro de 1958).

Na sua edição de 28 de Janeiro de 1958, o Jornal "Record" titulava: "Um tento fortuito atraiçoou a defensiva visitante".

Campo da Mata, nas Caldas da Rainha,

Árbitro: Joaquim Campos, de Lisboa,

CALDAS SPORT CLUBE: Vítor; Amaro, Fragateiro, Anacleto, Saraiva, Orlando, João Resende, António Pedro, Janita, Romeu e Rogério. Orientador-Técnico: Tavares da Silva e Treinador/Jogador: János Hrotkó.

FUTEBOL CLUBE BARREIRENSE: Braúlio; Faneca, Pinto, Abrantes, Lança Silvino, Oñoro, Corona, José Augusto, Faia e Vasques. Treinador: Lorenzo Ausina.

1-0, LANÇA na própria baliza. Romeu capta um passe de Amaro, no seu meio campo, e junto á linha lateral progride até alturas do meio campo visitante onde centra com força sobre a baliza barreirense. Bráulio faz-se à bola mas adiantado no terreno deixa-a escapar entre as mãos para a baliza. Lança vê o perigo e tenta salvar ajudando que a bola ultrapasse o risco, onde Pinto (já dentro da baliza) tenta «tirar» mas acaba por colar a ola ás malhas laterais.

CRÓNICA DO JOGO (Jornal "Record"): A frase, já muito batida, de «quebra de tradições» volta a lume no Caldas-Barreirense pois os locais conseguiram bater pela primeira vez o grupo visitante. A vitória ajusta-se em ao Caldas dada a vontade posta na luta. Assim é que se não fora a excelente atenção e exibição de Vítor (considerado o melhor em campo) cremos que o Caldas chegaria ao fim sem os ambicionados dois pontos que acabou obtendo num «frango» dado por Bráulio, ajudado a «depenar» pelos seus colegas Lança e Pinto.


# 21.ª Jornada: SPORTING DE BRAGA, 1 - CALDAS, 0 (02 de Fevereiro de 1958).

No Jornal "Record" na sua edição de 04 de Fevereiro de 1958, titulava: "A diferença mínima justifica o acerto da defensiva caldense".

Estádio 28 de Maio, em Braga,

Árbitro: Abel da Costa, do Porto,

SPORTING CLUBE DE BRAGA: Nogueira; Armando, Calheiros, José Maria II, Passos, Osvaldo Trenque, Francisco Mendonça, Ferreirinha, João Mendonça, Fernando Mendonça e Velez. Treinador: Janos Szabo.

CALDAS SPORT CLUBE: Vítor; Amaro, Saraiva, Fragateiro, Anacleto, Orlando, João Resende, António Pedro, Janita, Romeu e Rogério. Orientador-Técnico: Tavares da Silva e Treinador/Jogador: János Hrotkó.

1-0. Aos 5 minutos, Passos fez o cruzamento longo sobre lado esquerdo e JOÃO MENDONÇA elevando-se muito bem obteve um golo de bom efeito.

INCIDÊNCIA DO JOGO: Na 2.ª parte, Osvaldo Trenque, que tinha sofrido uma queda nos primeiros 45 minutos, abandonou o jogo, ficando os minhotos reduzidos a 10 unidades.


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "Record"): A equipa do Caldas começou cuidadosamente o jogo, com um dos interiores pronunciadamente atrasado, procurando, assim, dificultar, o mais possível, o jogo envolvente da dianteira minhota. Todavia, o sistema quase que deixou de ter utilidade, porquanto, logo aos 5 minutos, os bracarenses situaram-se em vencedores. Daí em diante, os visitantes «abriram» mais o jogo e pôde presenciar-se então jogadas bem delineadas do seu ataque, a que faltou, no entanto, o cunho acutilante necessário para vencer a defensiva bracarense e...[mesmo com menos um jogador] a equipa bracarense desfrutou de maiores oportunidades para aumentar a contagem, dadas as flagrantes ocasiões perdidas ingloriamente.


# 22.ª Jornada: F.C. PORTO, 3 - CALDAS, 1 (23 de Fevereiro de 1958).

O Jornal "Record" titulava, na sua edição de 25 de Fevereiro de 1958, "O excesso de confiança dos portistas ia comprometendo o triunfo".

Estádio das Antas, no Porto,

Árbitro: Raúl Martins, de Braga,

FUTEBOL CLUBE DO PORTO: Pinho; Virgílio, Miguel Arcanjo, Barbosa, Monteiro da Costa, José Maria Pedroto, Carlos Duarte, Gastão, "Jaburu", Osvaldo Silva e António Morais. Treinador: José Valle (Argentino) - (após despedimento de Dorival Knipel "Yustrich").

CALDAS SPORT CLUBE: Vítor; Amaro, Saraiva, Fragateiro, António Pedro, Orlando, João Resende, Anacleto, Janita, Romeu e Lenine. Orientador-Técnico: Tavares da Silva e Treinador/Jogador: János Hrotkó.

1-0. Aos 10 minutos, após haver Carlos Duarte, recebido um passe de Pedroto, iniciou uma das suas características fugas pelo seu corredor lateral, e centrou com boa conta. O guarda-redes visitante falhou a intercepção e OSVALDO SILVA, aproveitando a bem, atirou para a baliza deserta.

2-0. Já no segundo tempo, foi marcado um pontapé de «canto» contra o Caldas. Morais atirou a bola sobre a grande área, e CARLOS DUARTE, aproveitando a confusão que se estabeleceu, atirou a contar.

2-1. Aos catorze minutos (59 minutos) os visitantes abeiraram-se da grande área local e JANITA, aproveitando um desentendimento da defesa «azul e branca» rematou bem, batendo Pinho sem remissão.

3-1, por CARLOS DUARTE.


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "Record"): O que a principio se julgava ser bastante fácil para os azuis e brancos, pois era crença quase geral que o Caldas não ofereceria réplica suficiente, pouco a pouco tornou-se bem difícil. É certo que grande parte das dificuldades, que o F.C. Porto encontrou, se ficou devendo mais á forma débil como a sua linha dianteira actuou do que propriamente á categoria do adversário, que todavia lutou estoicamente. Assim, tendo no primeiro tempo, alcançado certo domínio territorial, não conseguiram os locais traduzir esse domínio, pois que alguns dos seus avançados teimaram em fazer o mais difícil quer era atirar a bola para fora, quando a baliza estava quantas vezes, a sua mercê. O fim da primeira parte chegou, pois, com o escasso resultado de uma bola sem resposta para o F.C. Porto. Reatado o encontro, os portuenses aumentaram a diferença, tendo, no entanto, pouco depois, consentido que os visitantes marcassem. O Caldas atirou-se denodadamente para o ataque e só não conseguiu, nesse período, o empate por manifesta falta de sorte, pois que durante algum tempo fez passar a defesa portista por transes de certo modo aflitivos. Incitados, porém, pelo seu público, os donos da «casa» voltaram a comandar a partida obtendo a contagem final. Em luta estoica os caldenses lutaram briosamente [e sem desfalecimentos]...tendo mesmo o jogador Saraiva sido considerado um dos três melhores em campo, a par de Carlos Duarte e Pedroto do Porto.



# 23.ª Jornada: CALDAS, 2 - ACADÉMICA, 1 (02 de Março de 1958).

O Jornal "Record", na sua edição de 04 de Março de 1958, titulava: "Os extremos caldenses derrotaram o «rendilhado» académico".

Campo da Mata, em Caldas da Rainha,

Árbitro: Abel da Costa, do Porto,

CALDAS SPORT CLUBE: Vítor; Amaro e Fragateiro, Anacleto, Saraiva, Orlando, João Resende, António Pedro, Janita, Calicchio e Lenine. Orientador-Técnico: Tavares da Silva e Treinador/Jogador: János Hrotkó.

ASSOCIAÇÃO ACADÉMICA DE COIMBRA: Teixeira; Marta e Manecas, Malícia, Mário Wilson, Torres, Miranda, Gil, Rocha, André e Bentes. Coordenador-Técnico: Cândido de Oliveira e Treinador-Jogador: Mário Wilson.

1-0. A insistência do Caldas no ataque origina um bom passe de Calicchio a Lenine que não hesita em medir um centro perfeito para o lado contrário da baliza. Teixeira sai ao corte mas JOÃO RESENDE entra rápido e com um toque hábil de pé rouba-lhe o esférico e atira para as redes fazendo o golo aos 23 minutos.

2-0. Calicchio, de posse do esférico, abre ao extremo-direito e este rápido faz o centro. LENINE no lado contrário entra rápido e cola a bola ás malhas aos 40 minutos.

2-1. Um passe de Rocha é interceptado por Orlando e a bola ressalta para Bentes que fez uma finta e cede ao lado a GIL que no meio de vários jogadores remata e fez o golo de honra da sua turma aos 84 minutos.


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "Record"): Se após os primeiros minutos da partida fosse vaticinado a vitória caldense ninguém acreditaria pois os estudantes impunham o seu jogo «triangular» com tal certeza e rapidez que mais parecia um «gato brincando com o rato». No entanto a organização e boa estrutura defensiva caldense queimava os lances académicos logo que á sua área chegavam e daí oi o ponto de partida para uma incisão deveras notável no qual os extremos João Rezende e Lenine foram as peças destacadas [apoiados pelos passes mortíferos do argentino Calicchio, que foi considerado o melhor em campo, que em declarações no fim do jogo afirmou: "Jamais esquecerei esta vitória"]


  JUAN CALICCHIO (ou CALLICHIO).
     Fonte: Caricatura reproduzida no
Jornal "Record".



# 24.ª Jornada: LUSITANO, 1 - CALDAS, 2 (09 de Março de 1958).

Na edição de 11 de Março de 1958, o Jornal "Record" titulava: "Esteve sempre em evidência a maior vontade dos caldenses".

Campo Estrela, em Évora,

Árbitro: Eduardo Gouveia, de Lisboa,

LUSITANO GINÁSIO CLUBE DE ÉVORA: Dinis Vital; Polido, Falé, Marciano, Vicente, Athos, Fialho, Cardona, Caraça, José Pedro e Batalha. Treinador: Otto Bumbel.

CALDAS SPORT CLUBE: Vítor; Pastorinha, Fragateiro, Tomás Dantas (moçambicano), Amaro, António Pedro, João Resende, Romeu, Janita, Calicchio e Lenine. Orientador-Técnico: Tavares da Silva e Treinador/Jogador: János Hrotkó.

0-1. Eram decorridos 9 minutos. O esférico foi ter a LENINE. O hábil extremo-esquerdo visitante chutou em arco para as balizas e obteve, um tanto surpreendentemente o 1.º golo.

0-2. Calicchio, de posse do esférico endossou-o a Lenine. Este dominou o seu directo adversário quera Polido e com boa conta centrou para a zona frontal á baliza de Vital. Aí apareceu JANITA que com um pequeno toque fez o 0-2.

1-2. Aos 29 minutos JOSÉ PEDRO depois de Cardona ter falhado o remate obteve o golo do Lusitano e assim voltaram algumas esperanças aos adeptos eborenses. Mas ao fim ao cabo o resultado não sofreu alterações.


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "Record"): Inesperadamente o Caldas impôs ao Lusitano que jogava em «casa», uma derrota que nem mesmo os mais optimistas haviam previsto. Sem dúvida que os dois pontos alcançados pelos visitantes foram merecidos. A turma evidenciou mais consciência, melhor interligação dos seus sectores, mais apego, mais voluntariedade, em suma, mais vontade para alcançar a vitória final. Quando os eborenses se aperceberam que tinham pela frente um «onze» que lutava com denodo e com o pensamento único de sair de Évora triunfante, já era tarde.

O CALDAS CONTINUA NA 1.ª DIVISÃO: Foi imenso o júbilo dos adeptos caldenses ao tomarem conhecimento da vitória do Caldas em Évora. A equipa foi festivamente aguardada dado que esta vitória colocou o clube fora da zona perigosa mantendo-se entre os maiores para a próxima época. Pela vitória obtida os jogadores receberão um prémio de 1. 200$00 escudos cada.



# 25.ª Jornada: CALDAS, 1 - BELENENSES, 0 (16 de Março de 1958).

O Jornal "Record", na sua edição de 18 de Março de 1958, titulava: "Superioridade global do Caldas compensado a um minuto do fim".

Campo da Mata, em Caldas da Rainha,

Árbitro: Clemente Henriques, do Porto

CALDAS SPORT CLUBE: Vítor; Amaro, Fragateiro, Saraiva, Tomás Dantas, António Pedro, Orlando, Lenine, Romeu, Calicchio e Janita. Orientador-Técnico: Tavares da Silva e Treinador/Jogador: János Hrotkó.

CLUBE DE FUTEBOL "OS BELENENSES": José Pereira; Pires, Rosendo, Inácio e Paz, Vicente Lucas, Tito, Bezerra (Angolano), Mendes, Vítor Silva e Matateu. Treinador: Helénio Herrera.

1-0. Parecia que o empate sem golos se manteria. Mas o Caldas não desistia dos seus intentos, atacando sempre. Precisamente a 1 minuto do final (89 minutos) todo o ataque caldense se movimenta na grande área do Belenenses. Um defesa de Lisboa corta a jogada, mas a bola fica na posse de Fragateiro a poucos metros do limite da área, que prontamente a cede a ANTÓNIO PEDRO, desmarcado na zona frontal. O remate atirado com o pé esquerdo, parte rápido e fulminante entrando a bola rente ao poste direito da baliza. José Pereira, encoberto, ainda tentou a defesa, mas a bola foi tocar as malhas.


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "Record"): Dominando toda a faixa central do terreno o Caldas desde o princípio da partida que deteve o comando das operações, imprimindo á sua manobra um sentido de objectividade que tornava cada golpe de ataque, num lance de perigo para a baliza do Belenenses. A boa organização global da equipa caldense permitiu-lhe tolher os movimentos das unidades mais destacadas dos lisboetas e, embora a partida se caracterizasse por certa dose de emoções resultante das alternativas de ataque e incerteza do resultado, foram os locais que melhor souberam ordenar os seus esquemas. António Pedro, que no Restelo, na primeira volta, também tinha apontado o único golo da partida foi considerado o melhor em campo.


# 26.ª Jornada: SPORTING, 3 - CALDAS, 0 (23 de Março de 1958).

Na sua edição de 25 de Março de 1958, o Jornal "Record" titulava: "Os «leões» jogaram para o título como autênticos campeões".

Estádio José de Alvalade, em Lisboa,

Árbitro: Mário Mendonça, de Évora,

SPORTING CLUBE DE PORTUGAL: Carlos Gomes; Valente, Galaz, Pacheco, Julius, Osvaldinho, Hugo, Vasques, Vadinho, Travassos e Martins. Treinador: Enrique Fernandez.

CALDAS SPORT CLUBE: Vítor; Amaro, Saraiva, Fragateiro, Tomás Dantas, António Pedro, João Resende, Romeu, Janita, Calicchio e Lenine. Orientador-Técnico: Tavares da Silva e Treinador/Jogador: János Hrotkó.

1-0. O primeiro golo surgiu aos 10 minutos e com ele os nervos distenderam-se um pouco. A bola foi dada a Travassos, o interior campeão atirou forte á baliza; na trajectória a bola encontrou o peito de VADINHO que lhe desviou a trajectória.

2-0. A asa esquerda do Sporting já fazia «miséria» e MARTINS bem acompanhado por Travassos levara o pânico á baliza de Vítor. A coroar a sua boa actuação o ponta esquerda dos «leões» marcou aos 30 minutos o segundo tento da sua turma com um pontapé canhoto levando a bola a entrar entre o guardião e o poste mais perto.

3-0. Aos 9 minutos (54 minutos) novamente Travassos lançou Martins que voltou a corresponder o ponta esquerda já livre de Amaro centrou, desta vez, mais para trás e VASQUES correspondeu com um lindo golpe de cabeça dado em voo. Era o terceiro título e a certeza do título.


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "Record"): Sabendo de antemão que uma partida decisiva quase nunca dá umo futebolístico, era de admitir, peso  valor dos contendores que o encontro de Alvalade não desse futebol do puro. Mas felizmente tudo se passou ao contrário e o público pôde assistir a duas magníficas exibições, uma, a do Sporting, a não só vencer mas como a justificar o título que iria ostentar  a outra, a do Caldas, a provar a sua subida de forma e a dar maior valor ao triunfo adversário.



A equipa do Caldas que esteve no Estádio de
Alvalade. Em pé, da esquerda para a direita:
Jorge Santos Costa (Massagista), Saraiva, Amaro,
Tomás Dantas, António Pedro e Vítor. Agachados,
da esquerda para a direita: João Resende, Romeu,
Janita, Calicchio, Lenine e Fragateiro.





FIM DA SEGUNDA VOLTA E DA ÉPOCA DE 1957/58.



O CALDAS SPORT CLUBE, entre 14 equipas, ficou posicionado na 10.ª posição, com 23 pontos conquistados garantindo a sua terceira permanência na Divisão principal do futebol nacional, devido a 9 vitórias; 5 empates; e 12 derrotas, tendo marcado 30 golos e sofrido 46. Tendo sido os seus melhores marcadores, os jogadores VITAL e ANTÓNIO PEDRO, ambos com 5 golos marcados. Numa Época, em que o SPORTING CLUBE DE PORTUGAL se sagrou Campeão Nacional, e o Salgueiros e o Oriental acabaram por descer à II Divisão Nacional, por terem ficado em 13.º e 14.º lugar respectivamente.

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Após a vitória sobre "Os Belenenses", no Restelo, János Hrotkó desabafou, ao Jornal "Record", que o "Dr. Tavares da Silva dá muita moral a um «team»".

Depois da vitória histórica no Restelo (ver Crónica do Jogo: Belenenses vs Caldas, referente à 12.ª Jornada da Época 1957/58), Janos Hrotkó, deu uma pequena entrevista ao Jornal "Record", na edição de 26 de Novembro de 1957, após o jogo. Assim, começava: nos Hrotkó era um homem feliz. A sua equipa acabara de cometer uma proeza: infligir ao Belenenses a sua primeira derrota no Restelo. Num português já muito razoável, atendeu explicitamente o nosso propósito de o entrevistarmos: 

- Que nos diz sobre esta vitória que quebrou a tradição do Estádio do Restelo?

- Em primeiro lugar parece-me que foi uma vitória merecida. à custa de um «penalty» sim, mas justíssimo.

- E prosseguiu:

- Os nossos jogadores cumpriram, fielmente, as ordens recebidas. E lutaram com uma «garra» formidável.

- Confesse que não esperava...

- Quem a esperava?. Contava, sim, que o Caldas fizesse boa figura e lograsse até um «pontinho». Afinal, tudo nos saiu bem e, quando assim sucede, não há que nos admirarmos perante qualquer resultado.

- Que impressão lhe deixou o Belenenses?

- Desse esperava mais, muito mais. Não é já o Belenenses que eu conheci há dois anos. Falta-lhe algo. Conjunto? Moral?. Não sei.

Abordámos, depois, um pormenor, porventura de certo melindre para as suas ceptibilidades de János Hrotkó, como treinador. A chamada de um orientador-técnico - o dr. Tavares da Silva. Todavia, não há esse problema. Janos mostrou-se muito satisfeito com esta intervenção.

- O dr. Tavares da Silva dá muito moral a um «team» - foram as suas palavras textuais. - E como técnico é muito sabedor. Trabalhei com ele no Sporting e conheço-lhe os métodos. Entendemo-nos perfeitamente.

- Acrescentou ainda:

- Os jogadores admiram-no muito, seguem fielmente a sua orientação, e jogam com vontade extraordinária. Em futebol é muito importante a...psicologia.

- E o Janos continuará a ser treinador-jogador? Não jogou hoje...

- Continuarei a jogar sempre que o dr. Tavares da Silva julgar que o meu concurso, como jogador, será útil á equipa. Não alinhei contra o Belenenses porque no Domingo passado caí mal  (o que me aconteceu pela primeira vez) e bati com a cabeça no chão. Sofrei grande abalo e toda a semana andei atontado.

Fizemos as últimas perguntas.

- Esperava-se que o Caldas viesse a ceder por fadiga para o final. Mas suportou bem o andamento do jogo...

- Bem, obrigo os rapazes a certo trabalho. De terça-feira a sexta, treinos de duas horas. Ao sábado, ainda um pouco de ginástica. Todos cumprem, que o bem é para todos...

- Acha que o fantasma da despromoção já desapareceu?

- Pelo menos estamos a bom caminho disso. Oxalá que venham mais surpresas como esta...

- O Sporting, no próximo domingo? (ver 13.ª Jornada da Época 1957/58).

- János Hrotkó sorriu apenas. Se prometesse deixaria de ser surpresa.

terça-feira, 21 de novembro de 2017

O dia em que o Vital do Caldas marcou o golo da vitória ao irmão Vital do Lusitano...

Na sua edição de 19 de Novembro de 1957, o Jornal "Record" publicou no final do jogo Caldas vs Lusitano de Évora (ver a Crónica deste jogo referente à 11.ª Jornada da Época 1957/58) a seguinte matéria, que titulava: "Posições opostas - Os irmãos Vital (do Lusitano e do Caldas) não se pouparam"...E continuando...A partida realizada entre Caldas e Lusitano de Évora acabou por verificar-se uma coincidência curiosa: O [Eduardo] VITAL do Caldas (avançado-centro) fez golo (o único da partida) ao [Dinis] VITAL, do Lusitano (guarda-redes). Assim ouvimos os dois irmãos [nascidos em Grândola] nas cabinas quanto à partida e forma como sentiram este caso.

VITAL (Lusitano) diz-nos:

- Tecnicamente a partida foi um bocado de bola pelo ar  mas o mérito da vitória ninguém pode tirar ao Caldas. O golo surgiu duma boa jogada e não tive tempo de fazer nada. Custa-me realmente ter sido batido e logo pelo meu irmão acabando por o golo ser o da nossa derrota mas, sinceramente muito gosto saber que ele continua a fazer golos mas aos outros...

Por sua vez VITAL (do Caldas) afirmou:

- Apesar de ser ao meu irmão tive muito gosto em obter o golo e mais ainda por ser o da vitória. Se tenho podido marcaria tantos quantos me fossem possíveis pois o afecto que tenho a meu irmão nada tem com o facto de sermos adversários por estarmos em clubes diferentes que defendemos com toda a nossa vontade, cumprindo a nossa obrigação profissional.




Eduardo VITAL
(Caldas) - (Numa fotografia
na altura em que era jogador
do F.C. Porto, clube em que jogou
nos anos de 1948 a 1952).


Dinis VITAL
(Lusitano de Évora)

        
Nota: Conheci muito bem o Sr. Eduardo Vital, pai dos amigos "Chico" Vital, Rosália e Lúcia e do neto Nuno, pessoas que convivi de muito perto durante a minha infância e adolescência e da sua inesquecível e saudosa mulher Luísa Vital, uma contadora de histórias por excelência dos feitos futebolísticos do filho "Chico" e do seu marido, Eduardo.

Tavares da Silva tornou-se Orientador Técnico do Caldas, a partir da 10.ª Jornada da Época 1957/58

O Jornal "Record", na sua edição de 09 de Novembro de 1957, noticiava que o Caldas tinha chegado a acordo com o Dr. Tavares da Silva, o ainda Selecionador Nacional (que acabaria por ser substituído por José Maria Antunes poucos dias depois de aceitar o cargo do Caldas) para orientar tecnicamente o clube, mantendo-se Janos Hrotkó como treinador de campo. Assim, na primeira página do jornal (continuando no interior do Jornal), o texto fluía assim: Os resultados obtidos pela equipa caldense e, mais, ainda, a forma como têm sido feitos, gerou no espirito da massa associativa do Caldas uma insatisfação e mal estar compreensíveis, atento o lugar em que, na classificação a equipa está ordenada. Tendo ainda mesmo em conta que a equipa tem estado a braços com a falta de elementos, a contas com lesões (Garnacho, Rogério, Resende, Dantas e Pastorinha) e, ainda, com a «gripe asiática» (Amaro, Rita, Orlando e Saraiva), tem sido notória e assinalada até pela crítica a falta de coesão da mesma, muito em especial no sector defensivo. Tal facto, pois, levou os dirigentes responsáveis a tomar medidas destinadas a precaver tal estado, bem como a mediar e fazer entrar no bom caminho o seu quadro representativo que, nos pequenos clubes, é, sempre, o barómetro da situação, e condições de vida do mesmo clube. Assim, antes de tomar uma decisão definitiva quanto ao problema a resolver, a direcção do Caldas S.C. convidou os seus associados para, no Casino do Parque, em uma reunião conjunta, tratar do assunto. A reunião foi realizada pelas 22 horas de quarta-feira (06 de Novembro) e dela resultou que a direcção convidasse o dr. Tavares da Silva para orientador técnico da equipa...Nestas condições, e com o acordo tácito do actual treinador Janos Hrotko, que continuará a exercer as suas funções, passará o dr. Tavares da Silva a orientar tecnicamente a equipa das Caldas para o que se deslocará a esta cidade duas vezes por semana...O que nos disse o dr. Tavares da Silva... Recebida do nosso correspondente nas Caldas da Rainha, a resenha acima, e avistando-nos com o dr. Tavares da Silva sobre o magno problema da Selecção Nacional, não quisemos deixar passar a oportunidade de falarmos sobre a sua missão junto do Caldas.
- A minha missão junto do Caldas não pode ser tão efectiva quanto era necessário. A minha vida profissional prosseguirá dentro da orientação que tracei para a presente temporada. Logo não acompanharei a equipa nos seus jogos...
- E quanto á dificuldade que reveste o encargo?
- Será muito difícil lutar contra uma série de factores que incidiram e incidem sobre a equipa. Esta duvida, porém, não encerra o conceito de impossibilidade de levar a nau a bom termo. Foi essa, de resto, a convicção que me levou também a anuir ao desejo dos caldenses, que, simpaticamente, em reunião expressamente convocada para esse fim, aceitaram o meu nome para seu colaborador técnico. Pena tenho, repito, que não possa dar assistência mais incessante...

Infelizmente o Caldas acabou por ser o último clube em que trabalhou devido ao facto de ter contraído uma grave doença acabaria por falecer, no dia 19 de Outubro de 1958. 

Tavares da Silva

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

1.ª Divisão - Época 1957/1958 - 1.ª volta

# 1.ª Jornada: CUF, 3 - CALDAS, 1 (08 de Setembro de 1957).

O Jornal "Record", na edição de 10 de Setembro de 1957, titulava: "Dos três golos que conquistou a CUF só marcou um".

Campo de Santa Bárbara, no Barreiro,

GRUPO DESPORTIVO DA CUF: José Maria; Pedro Gomes, Palma, João Vale, Luís, Orlando, Pireza, Oliveira, Bispo, Arsénio e Gastão. Treinador: Cândido Tavares (ex: Torriense).

CALDAS SPORT CLUBE: Rita; Amaro, Fragateiro, Feliciano (ex: júnior), António Pedro, Saraiva, Pastorinha (ex: Estoril-Praia), Garnacho (angolano e ex: Leões de Santarém), [Eduardo] Vital (ex: Tirsense), Romeu e Lenine. Treinador: János Hrotkó (Húngaro) - (ex: Leixões).

1-0, FELICIANO, na própria baliza;

2-0, SARAIVA, aos 37 minutos, na própria baliza;

2-1, GARNACHO;

3-1, GASTÃO, aos 85 minutos.


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "Record"): O resultado foi de 3-1 a favor dos barreirenses, mas os caldenses marcaram os quatro golos da partida! É desconcertante e irresistível tanta infelicidade. Quanto ao jogo jogado, ambas as equipas actuaram em plano modesto, produzindo futebol de fraca qualidade. Dois nomes - um de cada lado - forneceram excepção, José Maria, guarda-redes da CUF e Garnacho, interior-direito dos visitantes...O encontro do Campo de Santa Bárbara [já relvado], valeu apenas pela animação com que foi disputado, especialmente no primeiro tempo, em que os caldenses marcaram três golos (!), acabando no entanto, a perder por 1-2, porque Feliciano e Saraiva meteram a bola nas próprias redes. Foram ainda os visitantes que no início do segundo tempo, procuraram eliminar a desvantagem no marcador, mas Gastão tirou ao adversário todas as possibilidades, obtendo o terceiro golo, com a colaboração de Rita, aos 85 minutos. As fases que nos pareceram de mais interesse foram: Uma oportunidade perdida, aos 9 minutos, [na qual] os cufistas tiveram a primeira oportunidade de golo. Falhanço de Feliciano que Bispo aproveitou para entregar a bola a Arsénio. O remate do antigo jogador do Benfica fez, no entanto, passar o esférico junto ao poste...Aos 29 minutos, o Caldas mercê de táctica usada, veio...ao ataque. Lenine centrou bem e Vital desmarcado, fez passar a bola junto ao poste, perdendo assim a oportunidade...[Na segunda parte] O Caldas insiste... [e] aos 5 minutos (50 minutos)...apareceu, novamente, ao ataque. Primeiro Romeu deixou-se dominar por Palma e a oportunidade perdeu-se, depois, o mesmo jogador conseguiu rematar mas à figura de José Maria...[E] iam decorridos, 15 minutos (60 minutos), quando José Maria teve de sair da baliza para salvar a situação, antecipando-se a Vital, evitando assim o empate [que esteve à vista]. [Do lado dos caldenses] salientaram-se, primeiro, Garnacho - o melhor elemento da equipa [como já se referiu]. Com bom domínio de bola e combatividade; António Pedro - como sempre «a chave da equipa»; e Fragateiro - sempre calmo, é ainda uma utilidade.


# 2.ª Jornada: CALDAS, 1 - TORREENSE, 0 (15 de Setembro de 1957).

O Jornal "Record", na edição de 17 de Setembro de 1957, titulava: "Defesa porfiada do Torriense a dificultar a acção dos locais".

Campo da Mata, em Caldas da Rainha,

Árbitro: Abel da Costa, do Porto,

CALDAS SPORT CLUBE: Rita; Amaro, Fragateiro, Pastorinha, Saraiva, Anacleto, Lenine, António Pedro, Janita, Romeu e [João] Resende (ex: Peniche). Treinador: János Hrotkó.

SPORT CLUBE UNIÃO TORREENSE: Montero (Espanhol); Amílcar, Fernandes, Forneri, António Manuel, Monteiro, Mergulho, Matos, Morais, Rui André e Hilário. Treinador: Marcial Camiruaga (Espanhol).

O único golo da partida foi apontado aos 48 minutos, quando Lenine recolhe a bola e endossa-a a António Pedro que cruza pelo ar para Resende que de cabeça tenta o golo e a bola cruza para a frente da baliza e JANITA de cabeça anicha-a às malhas.


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "Record"): Os velhos rivais voltaram a defrontar-se dentro daquele equilíbrio que é tradicional, ainda que mais ditado pela rivalidade do que pela igualdade de forças. Diz a critica que a vitória dos locais foi merecida, apesar de ter ficado expressa num golo isolado e duvidoso...O encontro entre as duas equipas do Oeste é sempre aguardado com enorme expectativa e o público empresta-lhe um clima especial. Assim este parecia não fugir a regra pois havia o aliciante do grupo local jogar pela primeira vez entre o seu público e o Torriense poder demonstrar que se havia lançado com energia na senda da recuperação dum desânimo provocado pelos factos sobejamente conhecidos de uma crise directiva ainda bem que já debelada. Mas afinal, tudo foi gorado pois de «quente» só o dia de sol lindo ao emprestar beleza ao ambiente do Campo da Mata. Público pouco numeroso com quase ausência de falange torriense a demonstrar um desinteresse que o seu clube não merece pois nas horas amargas é que sabe bem o amparo...Com dois golos anulados na primeira parte, ambos para cada lado, aos 28 minutos para o Caldas e aos 39 minutos para o Torriense a toada na primeira parte  foi de equilíbrio. Com o golo do Caldas, logo aos 3 minutos da segunda parte, o Torriense tenta responder com alguns contra-ataques na tentativa de chegar ao empate...empate este que poderia ter chegado aos 85 minutos, com Amaro a salvar «in-extremis» na linha de golo e no último minuto, o guarda-redes Rita executa a melhor defesa do encontro ao interceptar um remate raso e quase mortífero, por parte de Morais, quando todos julgavam golo. A seguir o árbitro dá por finda a partida...Os melhores do Caldas foram: Rita, muito em especial a defesa que no 90.º minuto executou e salvou a vitória do Caldas; Fragateiro, o melhor em campo e isto diz tudo do seu trabalho!; Saraiva, não teve um deslize...primoroso nos cortes de cabeça em que a bola vai para o melhor companheiro; Anacleto, muito rápido e batalhador foi um bom auxiliar da defesa; António Pedro, o coordenador da equipa. Jogou muito e variou os lances em tentativas de abrir a defesa contrária; e Janita, ainda que infeliz no remate em que perdeu 3 golos foi contudo um quebra cabeças para a defesa do Torriense e António Manuel viu-se atrapalhado para o segurar e Resende, com muita mobilidade.


# 3.ª Jornada: SALGUEIROS, 5 - CALDAS, 2 (22 de Setembro de 1957).

O Jornal "Record", na edição de 24 de Setembro de 1957, titulava: "Dois tempos diferentes e um resultado verdadeiro".

Campo Eng.º Vidal Pinheiro, no Porto,

Árbitro: Hermínio Soares, Lisboa,

SPORT COMÉRCIO E SALGUEIROS: Barrigana; Gualdino, Longo (Argentino), Carvalho, Porcel (Argentino), Lenine, Lalo, Eleutério, Teixeira, Tai e Benje. Treinador: Juan Arétio (Espanhol).

CALDAS SPORT CLUBE: Rita; Amaro, Saraiva, Rogério, António Pedro, Pastorinha, Orlando, Garnacho, Vital, Anacleto e Lenine. Treinador: János Hrotkó.

1-0 - Aos quinze minutos, LALO, extremo-direito dos salgueiristas, aproveitou um passe de Eleutério e rematou prontamente, batendo o guardião adversário.

2-0 - Aos 23 minutos (68 minutos) do segundo tempo, TEIXEIRA aproveitou da melhor maneira uma hesitação da defesa contrária, infiltrou-se com rapidez e atirou a contar, ante a impossibilidade de Rita.

3-0 - Decorridos vinte e nove minutos (74 minutos) do segundo tempo, Tai rematou, o guardião caldense defendeu mas não conseguiu segurar o esférico. TEIXEIRA prontamente recarregou e marcou novo golo.

4-0 - Aos 75 minutos, recomeçado o encontro a bola vai a BENJE que em corrida vertiginosa se aproximou da zona final e com um pontapé forte colocou o esférico nas malhas.

4-1 - Num contra ataque VITAL, apesar de carregado, consegue desfeitear Barrigana (que tinha sido seu companheiro no F.C. Porto).

5-1 - Não havia passado um minuto e já o Salgueiros voltava a marcar, novamente por intermédio de TEIXEIRA depois de uma insistência de Benje.

5-2 - Depois da marcação dum «livre» contra o Salgueiros a bola foi aos pés de VITAL que centrou largo sobre a baliza. LONGO ao tentar defender, desviou a trajectória da bola que acaba por entrar, ante a surpresa de Barrigana.


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "Record"): O encontro entre salgueiristas e caldenses teve duas fases absolutamente diferentes. Durante o primeiro tempo as duas equipas empenharam-se numa luta áspera, com repetidos choques e em que a boa técnica futebolística andou bastante arredia. Na segunda parte, alcançados que foram o 2-0, o jogo ganhou maior clareza surgindo com frequência lances bem urdidos, com relevo para o grupo visitado. Do lado do Caldas destacaram-se: António Pedro, que foi um dos melhores elementos do Caldas e um dos melhores em campo; Garnacho, esforçadíssimo e acorrendo a todos os sítios. Nasceram dele algumas das poucas ocasiões de perigo. Pena foi que tivesse rematado pouco; e Vital, que vigiado de muito perto, não pôde fazer trabalho convincente. A seu favor a marcação dos dois tentos da sua equipa.


# 4.ª Jornada: CALDAS, 1 - V. SETÚBAL, 2 (29 de Setembro de 1957).

O Jornal "Record", na sua edição de 1 de Outubro de 1957, titulava: "Uma equipa (V. Setúbal) derrotou 11 jogadores (Caldas)".

Campo da Mata, em Caldas da Rainha,

Árbitro: Raúl Martins, de Lisboa,

CALDAS SPORT CLUBE: Vítor; Amaro, Rogério, Orlando, Fragateiro, Pastorinha, Janita, Saraiva, Vital, António Pedro e Anacleto. Treinador: János Hrotkó.

VITÓRIA FUTEBOL CLUBE (VITÓRIA DE SETÚBAL): Félix Mourinho; Soares, Manuel Joaquim, Amaral, Barragon, Emídio Graça, Miguel, Casaca, Jacinto, Fernandes e Floriano. Treinador: Humberto Buchelli.

0-1 - Miguel recebeu o esférico e correu ao longo da linha lateral e centrou sobre a baliza. JACINTO elevou-se e de cabeça diz «sim» á bola anichando-se nas redes do Caldas apesar da estirada de Vítor.

1-1 - Vital perseguiu uma bola passada pela linha média em, profundidade e captando-a correu célere para a baliza acossado por Barragon. Este, na área de rigor, rasteira-o formando «penalty». ANTÓNIO PEDRO aponta-o bem e estabelece o empate.

1-2 - Aos 47 minutos, entrega de Casaca a Miguel, corrida veloz deste até à linha de fundo, acossado pelo defesa e centro sem parar a cruzar a baliza. JACINTO eleva-se bem e de cabeça anicha a bola nas redes fazendo o desempate e afinal o golo do triunfo. Um pormenor curioso. Miguel faz o centro do primeiro golo do lado esquerdo e o do segundo do lado direito.


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "Record"): O Caldas começou o encontro a procurar-se a si mesmo pois entrou no rectângulo mal estruturado nas suas pedras bases em que assentava nas épocas atrás dando azo a que o sector principal da equipa tenha passado para segundo plano. Realmente a defesa naufraga com absoluta facilidade e apresenta-se frágil e assim difícil se torna ao ataque poder suprir a falta ainda que tenha melhorado um tanto. Desta maneira não surpreendeu o facto do Vitória setubalense ter ganho a partida pois exibiu um futebol esclarecido contra uma equipa de 11 jogadores que se procuravam uns aos outros não se encontrando. Os melhores do Caldas foram: Vítor, sempre atento, fez brilhante exibição. Realizou 3 defesas de real valor. Os golos foram indefensáveis; Amaro, exibição estupenda. Antecipação quase sempre e o »melhor médio da equipa»; Vital, partida muito boa. Tentou sempre furar a defesa e fazer golos; e António Pedro, foi incansável e se ainda existem jogadores de «boa vontade», ele é o primeiro.


# 5.ª Jornada: BENFICA, 5 - CALDAS, 1 (06 de Outubro de 1957).

O Jornal "Record", na sua edição de 08 de Outubro de 1957, titulava: "Depois do intervalo Fragateiro ensinou o caminho aos avançados benfiquistas".

Estádio da Luz, em Lisboa,

Árbitro: Joviano Pinto, do Porto,

SPORT LISBOA E BENFICA: Costa Pereira; Calado, Serra, Ângelo, Zezinho, Fernando Caiado, Azevedo, Mário Coluna, José Águas, Santana e Palmeiro Antunes. Treinador: Otto Glória.

CALDAS SPORT CLUBE: Rita; Amaro, Saraiva e Fragateiro, Rogério, Pastorinha, Orlando, Anacleto, Vital, António Pedro e Lenine. Treinador: János Hrotkó.

1-0 - ZEZINHO com um golo...de 30 metros «atirou» por entre um aglomerado de adversários e companheiros, tornando infrutífera a intervenção de Rita.

1-1 - Já o primeiro tempo ia em mais de meio. O Caldas fez uma descida, progrediu, entrou na grande área dos campeões, e quando Lenine seguia com a bola...«penalty» contra os «encarnados». Marcou-o ANTÓNIO PEDRO que estabeleceu a igualdade.

2-1, ÁGUAS. A dois minutos do intervalo, Santana passou esplendidamente a Águas que «lançado» ultrapassou a defesa caldense. Rita, abandonando os postes, seguiu na direcção do n.º 9 dos donos do campo. O avançado...no momento próprio em que o guardião visitante se lhe lançava aos pés, atirou rasteiro, fazendo passar a bola por debaixo do corpo do adversário, a caminho do golo.

3-1, FRAGATEIRO na própria baliza. Aos 15 minutos (60 minutos) do segundo tempo mais um ataque dos «encarnados» e Fragateiro apertado por Águas cabeceou o esférico de modo a que ele seguisse na direcção de Rita postado à sua rectaguarda. Não contou o n.º 3 do Caldas com o facto do seu guardião entretanto ter saído das balizas e a bola passando fora do alcance de Rita foi anichar-se nas redes.

4-1, AZEVEDO. A meio da segunda parte, Águas no centro do terreno suportou mais uma das «cargas» de que foi alvo, para a seguir, executar um «passe» para um «espaço vazio» á frente de Azevedo, já embalado. Este não teve mais que meter o pé á bola e fazer o 4.º golo.

5-1, AZEVEDO. No derradeiro minuto...o último tento. Reposição da bola em jogo por Costa Pereira a entregar o esférico a Azevedo, bem junto à lateral do lado direito. Progressão do avançado «benfiquista» por aquele lado, ultrapassagem de um adversário, internamento e remate vitorioso a dar o 5.º golo aos campeões nacionais.


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "Record"): Há equipas para as quais o intervalo é o «golpe de misericórdia». Aqueles minutos de merecido descanso partem-nas impiedosamente, queimando-lhes os restos de energia que no segundo período apareceu como cinzas lançadas ao vento...a turma caldense, cujo período inicial, apesar de utilizar uma táctica chamada de «ferrolho» ou, antes, de «muralha» teve momentos em que, embora a medo, se aventurou pelo relvado fora, em reacções que, por inseguras, levavam consigo a marca da inconsistência. Assim o «comando» do Benfica no primeiro tempo tornou-se um «domínio» no segundo. Os visitantes, após o intervalo e já na situação de vencidos, raro tentaram organizar ataques, preferindo, até de maneira ostensiva, atirar a bola para lá da linha lateral. Para a turma das Caldas da Rainha o problema resumiu-se, única e exclusivamente, em perder pelo menor número de golos possível, enquanto que para os «encarnados» a questão esteve na base da preparação e concretização de brechas na «muralha caldense», por onde pudessem seguir os «tiros» que dão golos. E como a lógica se dignou aparecer no Estádio da Luz, os campeões obtiveram cinco tentos, deixando, no entanto, um número igual ou maior, por marcar.


6.ª Jornada: CALDAS, 3 - ORIENTAL, 0 (13 de Outubro de 1957).

O Jornal "Record", na edição de 15 de Outubro de 1957, titulava: "Imperou o entusiasmo onde a técnica andou arredia".

Campo da Mata, nas Caldas da Rainha,

Árbitro: Mário Garcia, de Aveiro,

CALDAS SPORT CLUBE: Rita; Amaro, Saraiva, Rogério, Orlando, Fragateiro, Vital, Garnacho, Janita, António Pedro e Anacleto. Treinador: János Hrotkó.

CLUBE ORIENTAL DE LISBOA: Soares; Morais, Luz, Fernandes, Cordeiro, Romero (ex: Caldas), Almeida, Leitão, Garófalo (ex: Caldas), Martinho e Pina. Treinador: Janos Biri (Húngaro).

1-0, VITAL. Aos 7 minutos, um golo espectacular de Vital, que recebendo o passe de Anacleto, após simulação de Garnacho, aplicou tremendo pontapé que fez chegar a bola às malhas apesar do rápido voo de Soares.

2-0, GARNACHO, que após um passe de Anacleto, chamou a si Soares, fintando-o com o corpo e atirou a contar.

3-0, ORLANDO, que de longe rematou ao ângulo superior direito da baliza perante a tentativa desesperada de Soares.

Incidência do Jogo: Expulsão do ex-jogador do Caldas (na Época 1955/56), Martinho aos 65 minutos...mas mal expulso.


CRÓNICA DE JOGO (Jornal "Record"): Na batalha da sobrevivência, o Caldas superiorizou-se ao adversário e com uma ordem diferente do habitual no capítulo táctico pôde definir-se como equipa e acabar em justo vencedor ainda que o resultado não seja para o Oriental tão pesado como ao fim certamente acabaria se o avançado Janita não houvesse perdido, entre outras, quatro oportunidades de golo das que normalmente o mais difícil é não marcar. Dos caldenses, destacou-se Garnacho, o «homem da equipa» e, sem duvida o «maestro» que obrigou a sua equipa a jogar e a adversária a estar sempre em sobressalto.


# 7.ª Jornada: BARREIRENSE, 4 - CALDAS, 1 (20 de Outubro de 1957).

O Jornal "Record", na sua edição de 22 de Outubro de 1957, titulava: "Resultado muito exagerado mas vencedor certo. O Caldas dominou mas os barreirenses remataram".

Campo D. Manuel de Melo, no Barreiro,

Árbitro: Eduardo Gouveia, de Lisboa,

FUTEBOL CLUBE BARREIRENSE: Bráulio; Faneca, Silvino, Carlos Silva, Vasques, Abrantes, José Augusto, Faia, João Alves, Oñoro e Pimenta. Treinador: Lorenzo Ausina.

CALDAS SPORT CLUBE: Rita, Amaro, Saraiva, Rogério, Orlando e Fragateiro, Vital, Romeu, Callichio, António Pedro e Anacleto. Treinador: János Hrotkó.

1-0 - Aos 10 minutos, o caldense ROGÉRIO enfiou a bola na sua própria baliza.

2-0, decorridos 12 minutos, na sequência de um «livre» ante uma simulação de Vasques, Rita deixou passar a bola sob o corpo, permitindo a entrada vitoriosa de JOSÉ AUGUSTO.

3-0 - Saraiva falhou o lance. Faia isolou-se e acabou, devido a uma estrada de Rita, por ficar sem a bola, que, no entanto, se escapou ao guardião, dando azo a que JOSÉ AUGUSTO marcasse novo golo.

4-0 - JOSÉ AUGUSTO, decorridos 2 minutos (47 minutos) desenvencilhou-se de dois adversários e rematou raso e sesgado, com êxito.

4-1, por ANTÓNIO PEDRO que acorrera a um ressalto da defesa da casa.


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "Record"): Jogo emotivo, esmaltado de fases empolgantes, em que o vigor e a velocidade se sobrepuseram aos lances lúcidos. Venceu o Barreirense, por 4-1, quando aparentemente, O Caldas se mostrou mais empreendedor, senhor quase absoluto, do comando do jogo. Mas em análise fria, há que concordar que, embora o Caldas tivesse despendido mais energias o seu «association» acabou por não se materializar em golos, ao contrário do Barreirense, que soube concretizar com oportunidade as oportunidades criadas. As várias oportunidades perdidas do Caldas ocorreram: Aos 17 minutos, Bráulio estava fora do lance quando António Pedro «fuzilou» a sua baliza. Faneca surgiu e, com oportunidade, operou o «milagre». Logo a seguir Bráulio desfez a pontapé uma investida de Callichio, que caminhava isolado; aos 23 minutos, Vital desmarcado no centro do terreno, de onde disparou uma «brasa» com o rótulo de golo. Bráulio, num prodigioso golpe de rins, surgiu no ar e defendeu magistralmente; a 4 minutos do fim da primeira parte, o guardião barreirense teve uma boa estirada aos pés de Vital, que entretanto trocara (de lugar no terreno) com Callichio. Na segunda parte, António Pedro (falhanço espectacular), Callichio (de cabeça à figura de Bráulio) e novamente António Pedro (que desferiu um forte remate, que a trave devolveu) goraram os golos que pareciam certos. Orlando e Fragateiro foram os jogadores mais equilibrados do conjunto.


# 8.ª Jornada: CALDAS, 0 - SP. BRAGA, 0 (27 de Outubro de 1957).

O Jornal "Record", na sua edição de 29 de Outubro de 1957, titulava: "Bracarenses e caldenses tiveram o que mereciam: um nulo".

Campo da Mata, nas Caldas da Rainha,

Árbitro: Hermínio Soares, de Lisboa,

CALDAS SPORT CLUBE: Vítor; Fragateiro, Rogério, Orlando, Saraiva, António Pedro, Janita, Callichio, Vital e Romeu. Treinador: János Hrotkó.

SPORTING CLUBE DE BRAGA: Nogueira; Antunes, José Maria II, Passos, José Maria I, Osvaldo Trenque (Argentino), Velez, Ferreirinha, Hidalgo (ex-Oriental, Espanhol), João Mendonça e Arantes. Treinador: Janos Szabo.


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "Record"): Foi tudo tão pobre, tão sem interesse, com tanta falta de luta e tanta renúncia e indecisão na conquista de golos que no final não nos admirámos de encontrar o marcador em zero-zero, pois ele apregoa afinal o que a partida, como futebol valeu. Sempre se esperaria que do antagonismo de estilos (rendilhado bracarense e força caldense) resultasse um encontro movimentado e senão de futebol bom, pelo menos de voluntariedade, mas como acima dissemos, nenhuma das equipas quis ganhar a partida. Mesmo assim houve algumas incidências da partida como foram estas: Velez perde um golo, depois de várias insistências do Braga numa das quais, aos 15 minutos. Arantes isolado a passe de Ferreirinha atirou ao lado. Velez captou um centro largo e Trenque e em corrida bateu a defesa local, chamou o guarda-redes fintando-o e atirou para a baliza aos 24 minutos mas, caprichosamente a bola foi sair a rasar o poste contrário. Após Hidalgo falhar um passe por alto de Ferreirinha atirando ao lado aos 25 minutos e várias jogadas de meio-campo, Hidalgo cruzou para a direita um serviço de Ferreirinha e João Mendonça com Saraiva ao lado desferiu um violento pontapé e a bola foi embater no poste contrário sem que Vítor lhe tocasse. Na sequência Vítor salvou ao lançar-se aos pés de Arantes, que havia entretanto captado o esférico. Aos 86 minutos, o Caldas que antes se havia lançado ao ataque aproveitando um amolecimento maior do Braga, perdeu a última «chance» de modificar o resultado. Uma troca de passes na direita entre Fragateiro, António Pedro, Callichio e Janita resultou num centro alto sobre a baliza. Nogueira saiu ao lance e falhou a intercepção e a bola sai a milímetros do poste. Vítor, Fragateiro, Rogério, Orlando, António Pedro e Romeu foram os destaques do Caldas.


# 9.ª Jornada: CALDAS, 1 - F.C.PORTO, 3 (03 de Novembro de 1957).

O Jornal "Record", na sua edição de 05 de Novembro de 1957, titulava: "A Defesa caldense colaborou decisivamente para a vitória dos portuenses".

Campo da Mata, em Caldas da Rainha,

Árbitro: António Calheiros, de Lisboa,

CALDAS SPORT CLUBE: Vítor; Amaro, Saraiva, Rogério, Orlando, Fragateiro, Vital, Garnacho, Callichio, António Pedro e Anacleto. Treinador: János Hrotkó.

FUTEBOL CLUBE DO PORTO: Acúrsio; Ângelo Sarmento, Miguel Arcanjo, Barbosa, Sá Pereira, Monteiro da Costa, Hernâni, Gastão, Noé, Osvaldo Silva (Brasileiro) e António Morais. Treinador: Dorival Knipel "Yustrich".

0-1 - Aos 31 minutos, Fragateiro endossou a bola a Vítor que, inexplicavelmente, a deixou fugir, dando azo a OSVALDO, em desequilíbrio, a pontapeasse para as redes desertas. Estava feito o primeiro golo do desafio.

0-2 - Desentendimento entre Saraiva e Vítor, num lance inofensivo, desenrolado aos 17 minutos do reatamento (62 minutos). NOÉ fulgurante, apareceu a empurrar a bola para a baliza deserta.

1-2 - O Caldas lançou-se deliberadamente ao ataque. Um perigoso remate de António Pedro foi desviado por Arcanjo, para «canto». O «stopper» (defesa central) portuense ficou magoado, mas depressa se recompôs. O mesmo António Pedro marcou o «canto» e SARAIVA, que acorrera ao ataque, rematou de cabeça, fora do alcance de Acúrsio e Arcanjo, que baldadamente tentaram evitar a entrada do esférico.

1-3 - O Caldas espevitou. Acúrsio teve uma grande defesa a remate de Callichio. Na resposta, o Porto teve uma descida esporádica. Saraiva interceptou mal um lance por alto, colocando a bola ao alcance de NOÉ que, perante a possibilidade da defesa adversária, rematou a contar.


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "Record"): A aversão ao lance preconcebido, manifestada por ambos os clubes, mais pronunciadamente por banda dos caldenses, ditou um futebol incipiente, descolorido e, por vezes, violento, numa afirmação concreta de apatia global quer por parte do Porto, quer do Caldas. A juntar a tudo isto aconteceu que o triunfo dos portuenses, com o seu mérito, é certo, teve a colaboração do adversário, pois os três golos foram autênticos «frangos» da defesa da «casa» que, mais uma vez, mau grado seu, deitou por terra as aspirações do «onze». A infelicidade continua às voltas com o Caldas. O jogo que produziu foi, francamente mau. Careceu de mais incisão e remate, porque assim, com uma defesa de «capoeira» aberta, não se ganham jogos.


# 10.ª Jornada: ACADÉMICA, 1 - CALDAS, 1 (10 de Outubro de 1957).

O Jornal "Record", na edição de 12 de Outubro de 1957, titulava: "Quando nenhum merece a vitória o empate está certo".

Estádio Municipal de Coimbra,

Árbitro: Eduardo Gouveia, de Lisboa,

ASSOCIAÇÃO ACADÉMICA DE COIMBRA: Teixeira; Marta, Mário Wilson, Manecas, Abreu, Bento, Jorge Humberto, Samuel, André, Rocha e Bentes. Treinadores: Cândido de Oliveira (Coordenador-Técnico) e Mário Wilson (treinador-jogador).

CALDAS SPORT CLUBE: Vítor; Amaro, Saraiva, Feliciano, Orlando, Fragateiro, Vital, Anacleto, Janita, Romeu e Rogério. Orientador-Técnico: Tavares da Silva (tinha sido contratado a partir do dia 6 de Novembro - ver caixa) e Treinador de campo: János Hrotkó.

1-0. Havia apenas 6 minutos de jogo da segunda parte, quando o marcador funcionou pela primeira vez e para assinalar um grande golo. Saiu duma jogada de Jorge Humberto para ANDRÉ que, com um remate cruzado e fortíssimo levou a bola ao fundo das redes.

1-1. Quatro minutos apenas durou a ideia de existir um vencedor. FRAGATEIRO de muito longe, ensaiou um remate violento e Teixeira adiantado no terreno, nada pôde fazer, para evitar o tento.


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "Record"): O desafio do Estádio Municipal foi, sem dúvida, o mais fraco de quantos ali se realizaram esta temporada. E muito pouco público que guarneceu o campo teve raras razões para ansiar o apito final do árbitro e sair depois aborrecido com o espectáculo que proporcionaram. Que houve momentos de emoção houve, mas que, além de raros, acabaram em desilusão, também é verdade. Os estudantes jogaram mal, muito mal mesmo, não ligando avançadas, tornando-as, antes, atabalhoadas e confusas, a permitir ao adversário a entrada a tempo para matar a nascença aquilo em que ainda não se advinhara o rótulo de perigo.  Mas o Caldas não foi melhor. O seu futebol baseou-se na energia, no entusiasmo e na destruição. Complicou por vezes o que era simples e o que lhe sobrou em garra até ás 18 jardas (aproximadamente 17 metros) e, sobretudo na defesa, faltou-lhe em decisão dali para a baliza. Quer dizer se um foi mau e o outro não foi melhor, nenhum deles merecia ganhar e, portanto, o empate está certo. Vítor, Saraiva (o melhor da sua equipa), Fragateiro (pelo golo e pelo evitar sobre o risco da baliza o golo da vitória academista) e Anacleto foram os melhores do Caldas.


# 11.ª Jornada: CALDAS, 1 - LUSITANO, 0 (17 de Novembro de 1957).

Campo da Mata, nas Caldas da Rainha,

Árbitro: Joaquim Campos, Lisboa,

CALDAS SPORT CLUBE: Vítor; Amaro, Fragateiro, António Pedro, Saraiva, Orlando, János Hrotkó, Garnacho, Vital, Romeu e Rogério. Orientador-Técnico: Tavares da Silva e Treinador de campo/jogador (teve autorização da Federação Portuguesa de Futebol para ser, igualmente, treinador-jogador): János Hrotkó.

LUSITANO GINÁSIO CLUBE DE ÉVORA: Dinis Vital; Teotónio, Garcia, Polido, Falé, Athos, Fialho, Flora, Cardona (Hondurenho), Marciano e Batalha. Treinador: Otto Bumbel.

1-0 - Aos 19 minutos. Garnacho recolhe uma bola vinda de trás e perto da linha de fundo toca ao lado a János (Hrotkó), este dobra o passe a Garnacho batendo a defesa e pelo chão o centro segue para Romeu colocado frente à baliza. Vital (guarda-redes) tenta ir ao lance mas Romeu toca a bola para VITAL ao seu lado que não tem dificuldade em fazer o golo com pontapé forte, batendo o seu irmão Dinis Vital.


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "Record"): Ambas as equipas se deram à luta com denodo e energia e se o Lusitano de Évora pôde desenhar os seus lances pelo solo com os jogadores sempre em movimento o Caldas teve a virtude conseguir antecipar-se aos adversários batendo-os no momento preciso e contra-atacando com bom sentido em passes bem medidos e largos para os seus extremos e avançados que muito remataram. Toda a equipa do Caldas esteve bem - Sempre em movimento foi o lema do Caldas.


# 12.ª Jornada: BELENENSES, 0 - CALDAS, 1 (24 de Novembro de 1957).

O Jornal "Record", na sua edição de 26 de Novembro de 1957, titulava: "O «ferrolho» só por si não justifica o resultado".

Estádio do Restelo, em Lisboa,

Árbitro: Álvaro Rodrigues, de Coimbra,

CLUBE DE FUTEBOL "OS BELENENSES": José Pereira; Pires, Paz, Moreira, Edison, Vicente Lucas, Dimas, Miguel Di Pace, Suarez (ex: Sporting da Covilhã, Espanhol), Matateu e Tito. Treinador. Helenio Herrera (argentino - que ficou famoso, anos mais tarde, em 1964 e 1965, por ter sido Bicampeão Europeu pelo Internazionale de Milão).

CALDAS SPORT CLUBE: Vítor; Amaro, Fragateiro, António Pedro, Orlando, Saraiva, Anacleto, Garnacho, Janita, Romeu e Rogério. Orientador-Técnico: Tavares da Silva e Treinador de Campo/Jogador: János Hrotkó.

0-1 - Cerca da meia-hora um lançamento da esquerda encontrou Rogério desmarcado à entrada da grande área belenense. O extremo caldense captou o esférico progrediu no terreno e quando se preparava para atirar à baliza foi derrubado irregularmente por Pires e Moreira. O árbitro apitou para a marca de grande penalidade que ANTÓNIO PEDRO se encarregou de transformar no primeiro golo da sua equipa.


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "Record"): Uma «bomba» segundo informação autorizada, a defesa de Belém, no único momento em que esteve verdadeiramente em perigo «perdeu a cabeça» e fabricou um «penalty». Foi o golo do Caldas. O futebol tem disto...Entretanto, pergunta-se: onde está essa equipa do Belenenses, que não teve artes e forças para, sequer, igualar?...O dispositivo táctico aplicado pelo Caldas - um ferrolho m que Saraiva e Anacleto foram pedras fundamentais - e da extraordinária energia e apego á luta largamente evidenciados pelos seus jogadores não justificam, por si só o zero no marcador registado pela equipa do Restelo. Para além desses dois casos concretos deve assinalar-se a tarde apagada da maioria das pedras básicas da equipa visitada. Com efeito os lisboetas nunca mostraram disposição para contrariar a táctica adversária e daí a ideia, especialmente na segunda parte de que os caldenses, embora na sua maioria acantonados na defesa se tornaram mais perigosos para a baliza de José Pereira do que os «azuis» para a de Vítor, que a despeito de ter tido mais trabalho raramente foi chamado a defesas das chamadas capitais. Do lado do Caldas, que revelou uma "energia inesgotável" salientaram-se: Fragateiro, que foi uma autêntica sombra negra para Dimas que raro conseguiu levar vantagem; António Pedro, o verdadeiro médio-centro da equipa, «secou» completamente Suarez; Saraiva, o homem do «ferrolho» esteve certo, resolvendo os problemas que os companheiros não puderam; Anacleto, foi o homem que com a sua tenaz perseguição a Di Pace mais contribuiu para a desorganização do jogo adversário e Romeu que a doze minutos do final podia ter feito o 0-2, quando ao captar uma bola na linha de médio dos «azuis» e depois de bater o adversário que pretendeu opor-se-lhe rematou fortíssimo á baliza de José Pereira. O esférico porém passou a rasar a trave...

Miguel Di Pace e Anacleto disputam a bola,
nas alturas, numa das fases do encontro.
Enquanto, Moreira e Orlando (6) assistem ao
desenrolar do lance. Ao longe reconhece-se
Garnacho.

 

A Equipa do Caldas, que venceu no Restelo,
tendo sido a primeira equipa, na qualidade de
visitante, a ganhar no terreno de "Os Belenenses".
Em pé, da esquerda para a direita: Vítor, Fragateiro,
Amaro, António Pedro, Saraiva e Orlando.
Em baixo, ela mesma ordem, Anacleto, Garnacho,
Janita, Romeu e Rogério.


 
# 13.ª Jornada: CALDAS, 1 - SPORTING, 3 (01 de Dezembro de 1957).

O Jornal "Record", na edição de 03 de Dezembro de 1957, titulava: "Encontro de excepcional vibração e vitória justa dos «leões»".

Campo da Mata, em Caldas da Rainha,

Árbitro: Mário Garcia, de Aveiro,

CALDAS SPORT CLUBE: Rita; Amaro, Saraiva, Fragateiro, António Pedro, Orlando, Garnacho, Anacleto, Rogério, Romeu. Orientador-Técnico: Tavares da Silva e Treinador/Jogador: János Hrotkó.

SPORTING CLUBE DE PORTUGAL: Carlos Gomes, Caldeira, Galaz, Pacheco, Osvaldinho, Juca, Hugo, Ivson (Brasileiro), Vadinho (Brasileiro), Travassos e Martins. Treinador: Enrique Fernandez (Uruguaio). 

0-1, por IVSON.

0-2, novamente por IVSON.

1-2, por SARRAZOLA. Rogério desmarcado na extrema direita, driblou Galaz e centrou com muita força. [Carlos] Gomes não interceptou e Sarrazola, mesmo junto à trave mais distante, levantou a perna esquerda e fez o golo.

1-3, por TRAVASSOS. Travassos «abriu» à esquerda a Martins, que correspondeu ao seu colega, captando a bola, correu até à cabeceira e daí centrou com muita força; a bola passou diante da baliza e Hugo foi apanhá-la do lado direito, de onde centrou atrasado para Travassos que á entrada da área atirou forte, fazendo golo. No marcador 3-1 e resultado feito.

CRÓNICA DO JOGO (Jornal "Record"): E assim terminou o Sporting invicto, a primeira volta do Campeonato Nacional e de maneira verdadeiramente brilhante. Na verdade, este jogo, e mais este resultado, realizado e conseguido aqui há três ou quatro jornadas, pouco ou nada dizia ou mesmo valia, a não ser a obtenção de mais dois pontos [na altura cada vitória ainda valia dois pontos] da parte do actual «leader». Sem dúvida que a turma do Caldas tem sido a «figura» ao atingir-se o primeiro troço da prova e portanto serviria para pôr á prova a magnífica carreira ainda invencível, do Sporting, e ao invés para os «os leões» seria óptima pedra de toque para ver até que ponto ia a melhoria aliás visível, dos visitados. Podemos, desde já, dizer que a partida não iludiu a expectativa, porque, se não viu futebol do melhor, pelo menos assistiu-se a uma partida grau de campeonato em que não faltou luta (sempre leal), vibração, entusiasmo e até certo ponto incerteza. É certo que os «leões», sem atingirem o fulgor de jornadas já vencidas, levaram a melhor, aliás justamente, perante uma equipa que não lhe regateou luta e despique pela supremacia e que acabou vencida de cabeça erguida. Não houve sorte nem azar de ambas as partes, apenas se jogou aberto e limpo com o sentido na vitória, que pendeu para o melhor. Os caldenses, não há dúvida, venderam caro a derrota. Lutaram sem desfalecimentos na busca de um triunfo que seria o melhor corolário dos excelentes resultados feitos nas últimas jornadas. Saraiva foi considerado o melhor em campo, como uma grande exibição. Na primeira parte não perdeu um lance de cabeça com Vadinho.


A equipa do Caldas que recebeu o Sporting, no
Campo da Mata. Em pé, da esquerda para a
direita: Amaro, Rita, Fragateiro, António Pedro,
Orlando e Saraiva. Agachados, pela mesma ordem:
Garnacho, Anacleto, Rogério, Romeu e Sarrazola. 
                       




FIM DA PRIMEIRA VOLTA.