Caldas Sport Clube 1954/55

Caldas Sport Clube 1954/55

segunda-feira, 26 de março de 2018

"Ascender à I Divisão e rejuvenescer a equipa - o programa de Mariano Amaro", para a Época de 1960/1961

Na edição, de 17 de Novembro de 1960, do Jornal "A Bola", Mariano Amaro é entrevistado, por este jornal, revelando as suas ideias para o Caldas, nesta Época de 1960/1961. Assim, revelam-se alguns excertos dessa mesma entrevista:
 
O nome de Mariano Amaro desperta gratas recordações no espírito dos caldenses, pois foi sob a direcção do conhecido técnico português que o Caldas Sport Clube subiu da III para a II Divisão, e, daí, deu o pulo apoteótico para a Divisão de honra, em tempos ainda não muito recuados [Época 1954-1955] e que ficaram exarados a ouro no historial do clube...Por isto o regresso de Mariano Amaro à condução dos homens [das Caldas] foi saudado com júbilo a traduzir as esperanças firmes em dias melhores. E foi esse justamente o primeiro ponto que abordámos na entrevista que nos propusemos fazer com o reputado treinador do Caldas.
 
- No seu regresso que ambiente viera encontrar?
 
- Amaro medindo bem as palavras, declarou-nos: - Muito diferente do ambiente de anos atrás. E é fácil de compreender. Quando da minha primeira estada nas Caldas da Rainha, nada se esperava ou exigia de muito especial, a não ser uma presença honrosa e condigna. Havia ambições, sim, mas nenhum frenesim especial...
 
- Mas agora...
 
- Agora, é diferente...é absolutamente natural que anseie por voltar à Divisão de Honra, donde, aliás, se considera excluído por simples acidente desportivo, pois a considera como lugar que lhe compete...
 
- Quais os problemas da equipa?
 
- A minha equipa...e eu estou a trabalhar para isso - precisa de ser rejuvenescida. Não quer isto dizer que não confie e conte com os homens que tenho, agora, às minhas ordens. Nada disso. Mas um treinador tem de ver à distância, tem de acautelar o futuro, e é olhando a isso que o meu actual trabalho no Caldas tem duas directrizes distintas: - um fim imediato, elevar o clube à primeira posição da sua Zona; um fim menos urgente, mas inadiável, proceder ao rejuvenescimento da turma cuja média de idades anda à volta dos 27-28 anos...
 
- Acredita então que o Caldas possa ganhar a Zona Norte?
 
- E porque não? Andamos lá para isso e temos tantas possibilidades como os outros...
 
 
MARIANO AMARO
 


terça-feira, 13 de março de 2018

2.ª Divisão (Zona Norte) - Época 1960/1961 - 1.ª volta

Para a Época de 1960/1961 já não faziam parte do Plantel do Caldas Sport Clube: o anterior Treinador, JÓZSEF SZABÓ que tinha sido contratado para orientar o, primodivisionário, SPORTING CLUBE DE BRAGA; o jogador argentino GONZÁLEZ contratado pelo, também primodivisionário, ATLÉTICO CLUBE DE PORTUGAL, com o intuito de substituir o defesa central, que entretanto tinha-se transferido para o SPORT LISBOA E BENFICA, o futuro Bicampeão Europeu e "Magriço", GERMANO; e igualmente os jogadores, VÍTOR, DJALMA, Carlos BAMBO e Júlio PITTOLO.

Foram, para esta Época, contratados os jogadores: TOMÉ (Médio e ex: SPORT CLUBE VILA REAL); Elísio BISPO (Avançado e ex: ATLÉTICO CLUBE DE PORTUGAL); CARLOS ALBERTO; CARLOS FERREIRA; o defesa SATURNINO (oriundo do Sport Clube Palmense). MIRO, RAMOS E HERNÂNI (estes três últimos jogadores só começaram a jogar a partir da 2.ª volta).

Quanto ao novo Treinador, foi inicialmente contratado, o Romeno-Húngaro, JOSEF FABIAN (que já tinha treinado o Caldas, na Época de 1958/1959 - última época na 1.ª Divisão Nacional), mas uma nova Direcção do Caldas decidiu prescindir dos seus serviços, contactando o treinador MARIANO AMARO (ex: TORRIENSE), que voltou a treinar o Caldas, ele que foi o responsável pela subida à 1.ª Divisão Nacional, na Época 1954/1955.



# 1.ª Jornada: SANJOANENSE, 4 - CALDAS, 1 (18 de Setembro de 1960).

Na crónica do Jornal "Mundo Desportivo", publicada no edição de 19 de Setembro de 1960, titulava-se: "Auspícios modestos para ambas as equipas".

Campo Conde Dias Garcia, em São João da Madeira,

Árbitro: António Magalhães, do Porto,

ASSOCIAÇÃO DESPORTIVA SANJOANENSE: Ramiro (Espanhol); Carlos, Alvarez (Argentino) e Almeida; Dino e Nélson; Antonete, Flávio, Coutinho (ex: Farense); Macedo e Grilo. Treinador: Óscar Tellechea (Argentino).

CALDAS SPORT CLUBE: Rita; Anacleto, João Resende e Rogério; Vasco Oliveira e Orlando; Garnacho, Romeu, Janita, António Pedro e Lenine. Treinador: Mariano Amaro.

Ao intervalo: 1-0, golo de COUTINHO, aos 16 minutos. No segundo tempo, novamente COUTINHO elevou o marcador aos 9 minutos (54 minutos). Aos 30 minutos (75 minutos), JANITA diminuiu a vantagem da Sanjoanense; GRILO repõe-a aos 36 minutos (81 minutos) e ALVAREZ aos 40 minutos (85 minutos) fixou o resultado. 


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "Mundo Desportivo"): Indiscutível a vitória da Sanjoanense a qual poderia ter-se verificado por números mais expressivos...Para início de época, os visitantes deixaram antever razoáveis possibilidades, dado o poder técnico evidenciado...


# 2.ª Jornada: CALDAS, 2 - MARINHENSE, 1 (25 de Setembro de 1960).

Na crónica do jornalista (e correspondente do Jornal nas Caldas da Rainha) Pedro Mesquita, do Jornal "Mundo Desportivo", publicada na edição de 26 de Setembro de 1960, titulava-se: "Os visitantes não mereciam a derrota".

Campo da Mata, em Caldas da Rainha,

Árbitro: Arnaldo Conde, de Lisboa,

CALDAS SPORT CLUBE: Rita; Anacleto, João Resende e Rogério; Vasco Oliveira e Orlando; Garnacho, Romeu, Janita, António Pedro e Lenine. Treinador: Mariano Amaro.

ATLÉTICO CLUBE MARINHENSE: Serrano; Remígio, Zeca e Pinto, Cardoso e Reis, Inácio (ex: Vitória de Setúbal), Flora (Guineense e ex: Lusitano de Évora), Fernandes (ex: Vitória de Setúbal), Carapinha e Armando. Treinador: Julinho.


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "Mundo Desportivo"): A primeira parte foi jogada em toada de equilíbrio, com maior apuro técnico por parte dos caldenses, mas com mais energia e vontade do lado dos visitantes. As jogadas repartiram-se pelos dois meios campos mas, no entanto, o jogo não atingiu bitola capaz de entusiasmar a assistência...Á meia-hora de jogo João Resende lesionou-se e passou para extremo-direito, sendo substituído por Orlando, e, dois minutos depois o Caldas marcou o primeiro golo por intermédio de JANITA, que, embora de posição difícil, aproveitou muito bem um passe em profundidade de Garnacho...Na segunda parte...o comando do jogo pertenceu aos visitantes, salvo em pequenos intervalos...Os forasteiros conseguiram finalmente, o seu objectivo aos 30 minutos (75 minutos) com um golo de FERNANDES que desviou muito bem um «livre» marcado por Pinto. Quando se esperaria que o Caldas reagisse, nada disso aconteceu, pois os jogadores da Marinha Grande continuaram a mandar no terreno e Fernandes conseguiu, mesmo, aos 37 minutos, introduzir novamente a bola na baliza de Rita, mas o árbitro tinha apitado antes para marcar, contra os visitantes, uma falta que não descortinámos qual fosse. Quanto a nós, foi um golo limpo...Os últimos três minutos foram dramáticos com o Marinhense tentando segurar o resultado e o Caldas, embora descontroladamente, à procura com afinco, o golo da vitória. Estava escrito que este golo havia de surgir. Havia exactamente 90 minutos de jogo quando LENINE se redimiu de todos os seus erros anteriores marcando um golo que valeu oiro.


# 3.ª Jornada: VIANENSE, 1 - CALDAS, 2 (02 de Outubro de 1960).

Na edição de 03 de Outubro de 1960 do Jornal "Mundo Desportivo", titulava-se: "Triunfou a equipa que exibiu melhor futebol".

Campo Dr. José de Matos, em Viana do Castelo,

Árbitro: João Gomes, do Porto,

SPORT CLUBE VIANENSE: Desidério; Jo, Melo e Gerardo; Carmelo e Artur; Lutero, Gelucho, Serapio, Passos e Guilherme. Treinador: ?

CALDAS SPORT CLUBE: Rita; Anacleto; João Resende e Rogério; Vasco Oliveira e Orlando; Garnacho, Romeu, Janita, Antonio Pedro e Lenine. Treinador: Mariano Amaro.

Aos 22 minutos, JANITA, após um centro magnífico de Rogério fez o primeiro golo dos caldenses. Três minutos depois (25 minutos), GARNACHO, ante a indecisão da defesa vianense obteve o segundo golo do Caldas. A cinco minutos do fim, CARMELO na transformação de uma grande penalidade conseguiu o ponto de honra do Vianense.


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "A Bola"): ...Os visitantes ganharam bem...Disso não restam dúvidas a todos aqueles que assistiram ao desafio...A equipa de Mariano Amaro veio com a lição estudada - e de que maneira!...Os visitantes com uma linha avançada cheia de movimentação e alguns jogadores de valia, caso de Garnacho, e com o avançado-centro Janita, sempre na brecha, causaram calafrios á defesa local, que em muitos momentos se desorientou. Há a acrescentar ainda a acção preponderante de António Pedro, o «cérebro» da equipa...Gostámos sinceramente do grupo do Caldas. Bastante homogéneo, com alguns valores de bom recorte técnico e com uma defesa que, nas alturas difíceis, esteve sempre no caminho da bola.


# 4.ª Jornada: CALDAS, 1 - PENICHE, 1 (16 de Outubro de 1960).

Na crónica do Jornal "A Bola", publicada na edição de 17 de Outubro de 1960, titulava-se: "A figura do encontro foi o guarda-redes visitante".

Campo da Mata, em Caldas da Rainha,

Árbitro: Francisco Nogueira, de Lisboa,

CALDAS SPORT CLUBE: Rita; Anacleto e Rogério; Vasco Oliveira, João Resende e Orlando; Garnacho, Romeu, Janita, António Pedro e Lenine. Treinador: Mariano Amaro.

GRUPO DESPORTIVO DE PENICHE: Oliveira Martins; António Maria e Tito; Tino, Franco (ex: Vitória de Cernache) e Lídio; Correia Dias, Carapinha, Pinto da Rocha, Duarte e Rogério. Treinador: Juan Cédres Cabrera (Espanhol).

Ao intervalo: 0-0


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "A Bola"): O grupo «da casa» mostrou de início querer resolver a contenda a seu favor, postando-se nitidamente ao ataque, mas, aos 5 minutos, António Pedro, a um centro de Lenine, teve uma perdida flagrante, pois Oliveira Martins defendeu, instintivamente com a perna. Umas vezes, por manifesta falta de sorte, outras, por menos calma dos jogadores caldenses, estes não conseguiram, porém, os seus intentos...[e assim] chegou-se ao intervalo com o resultado em branco - o que não traduzia o domínio do Caldas nesta primeira parte, talvez porque tal domínio não era feito com cabeça e coesão geral. Na segunda parte tudo se modificou. O Peniche...tentou mais o ataque, com mais confiança nas suas possibilidades, fazendo perigar por diversas vezes a baliza à guarda de Rita, que se viu batido aos 15 minutos (60 minutos), mas o golo acabou por ser evitado milagrosamente. Com o Caldas a decair e o Peniche a crescer, os visitantes conseguiram marcar, aos 21 minutos (66 minutos), por intermédio de ROGÉRIO, então na extrema-direita, por troca com Correia Dias. Com este golo o Caldas acertou e, com ataques mais em força do que em jeito, conseguiu de novo dominar a situação. Não tendo ainda a sorte pelo seu lado, o Caldas, por intermédio de Orlando, enviou uma bola à trave, perto do fim da partida. Quando já não se esperava, António Pedro lançou a bola em profundidade e JANITA deu-lhe o caminho das redes do Peniche, precisamente ao nonagésimo minutos (90 minutos)...No Caldas, apenas é de salientar a actuação de João Resende, um pilar da defesa, o único talvez que jogou dentro das suas possibilidades.


# 5.ª Jornada: CHAVES, 3 - CALDAS, 1 (23 de Outubro de 1960).

Na crónica do Jornal "A Bola", publicada na edição de 24 de Outubro de 1960, titulava-se: "Os mais práticos ganharam por escassa margem".

Campo Municipal de Chaves, terreno de jogo enlameado e escorregadio,

GRUPO DESPORTIVO DE CHAVES: Martin; Adão e Amorim; Toni, «Quim» e Ângelo; Isidro, Mirita, Rosário, Luís e Fernando. Treinador: Domingo Garófalo (ex: Sport Clube Vila Real).

CALDAS SPORT CLUBE: Rita; Anacleto e Rogério; Vasco Oliveira, Miro e Orlando; Garnacho, Romeu, Janita, António Pedro e Lenine. Treinador: Mariano Amaro.

Primeiro tempo: 2-1.

Marcadores: ROSÁRIO (2) e MIRITA pelo Chaves; ROMEU pelo Caldas.


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "A Bola"): ...Os flavienses na verdade, tiveram inúmeras oportunidades de baliza aberta, razão porque dizemos que o marcador não expressa, com fidelidade, o sentimento de ataque dos locais. No desenvolvimento do jogo com o esférico a passar de uns para os outros, os visitantes foram superiores, mesmo quando a derrota se tornou inevitável, lutando sempre com entusiasmo. Todavia os seus esforços foram gorados...Assim, embora o Caldas tivesse deixado boa impressão, quanto ao conjunto de sua equipa, os locais, com menos preciosismo, adaptando-se melhor ao mau estado do terreno...fez jús ao triunfo com toda a justiça, e nada admirar-se-ia o «score» tivesse sido mais elevado...No primeiro tempo...os flavienses quando se atingiu a meia hora já tinham a vantagem de dois golos, ambos obtidos por ROSÁRIO e em lances semelhantes, a concluírem, da melhor maneira, centros do seu companheiro Isidro, o primeiro aos 20 minutos e o segundo, nove minutos depois. Os visitantes, sem deixarem de replicar, mas denotando maior esforço, conseguiram reduzir a diferença, a dois minutos do descanso [aos 43 minutos, por ROMEU]. No segundo tempo...só aos 20 minutos (65 minutos) o Chaves pôde elevar a marca para 3-1, sendo o golo de MIRITA obtido com um pontapé violento. Rita, ainda chegou a tocar no esférico , mas não o pôde deter.


# 6.ª Jornada: CALDAS, 3 - FEIRENSE, 2 (30 de Outubro de 1960).

Na crónica do Jornal "A Bola", publicada na edição de 31 de Outubro de 1960, titulava-se: "Certo mas difícil triunfo caldense".

Árbitro: Maximiano Afonso, de Lisboa,

CALDAS SPORT CLUBE: Rita; Anacleto e Rogério; Vasco Oliveira, João Resende e Orlando; Romeu, Tomé (ex: Sport Clube Vila Real), Janita, António Pedro e Cardoso. Treinador: Mariano Amaro.

CLUBE DESPORTIVO FEIRENSE: Zeferino; Dinis e Aurélio, Campanhã, Licínio e Lopes, Leite, Brandão, Rui Maia (ex: Associação Académica de Coimbra), José Martínez Dieste (Espanhol) e Ramalho. Orientador-Técnico: Alfredo Valadas e Treinador/Jogador: José Martínez Dieste.

Ao intervalo: 1-1.

Marcadores: JANITA, CARDOSO e ANTÓNIO PEDRO pelos locais; RUI MAIA e LEITE, pelos visitantes.


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "A Bola"): Partida ardorosamente disputada, da qual o elenco caldense só conseguira sair airosamente a quatro minutos do seu tempo, e mesmo assim, com alguma felicidade...No primeiro período o confronto decorreu de certo modo nivelado, com alternativas de supremacia, embora os caldenses se mostrassem, quase sempre, mais ameaçadores, especialmente ao acertado labor do seu defensivo. Por isso, a igualdade não traduz com justeza a superior capacidade construtiva demonstrada pela formação local. E, após o reatamento, a feição da contenda não se modificou, embora os feirenses tivessem oferecido mais oposição, dando tudo por tudo para lograr, pelo menos, um ponto...Foi portanto, a golpes de energia que a contagem foi favorável aos caldenses, onde Rita...Tomé, que teve estreia muito auspiciosa e António Pedro foram as figuras salientes, bem coadjuvados por João Resende e Rogério.


# 7.ª Jornada: OLIVEIRENSE, 2 - CALDAS, 1 (06 de Novembro de 1960).

Na crónica do Jornal "A Bola", publicada na edição de 07 de Novembro de 1960, titulava-se: "Vitória justa mas difícil de arrancar".

Campo Carlos Osório, em Oliveira de Azeméis,

Árbitro: José Pereira, de Viseu,

UNIÃO DESPORTIVA OLIVEIRENSE: Ferdinando; Pinho I e Correia; Júlio Pinto, Pinho II e André; Martins, Branca, Valente, Lucídio e Santos I. Treinador: Sándor Peics (Húngaro, também conhecido pelos nomes de Aleksandar Peic ou Alexandre Peics).

CALDAS SPORT CLUBE: Rita; Orlando e Rogério; António Pedro, João Resende, Vasco Oliveira, Garnacho, Elísio Bispo (ex: Atlético Clube de Portugal), Tomé, Janita e Cardoso. Treinador: Mariano Amaro.

Primeira parte: 0-0.

Marcadores: BISPO, aos 46 minutos, pelo Caldas; VALENTE, aos 65 minutos e JÚLIO PINTO, aos 73 minutos, pela Oliveirense.

CRÓNICA DO JOGO (Jornal "A Bola"): A partida era aguardada com certo interesse, pois tratava-se de dois grupos com destacadas pretensões na prova em curso...Notava-se no Caldas a preocupação de suster o ímpeto dos locais, mercê de uma defesa bem organizada, não descurando o ataque, feito quase sempre em contra-ataques rápidos, procurando aproveitar qualquer deslize da defesa local...A primeira parte terminou sem que o aspecto do jogo se modificasse. O empate sem golos, verificado nesta altura, pode considerar-se lisonjeiro para os caldenses e só se devendo à boa actuação de Rita. A segunda parte principiou com o golo do Caldas. Um desentendimento entre Pinho II e Ferdinando acabou a colocar a bola nos pés de BISPO, que mais trabalho não teve que o de empurrar para dentro da baliza deserta. Com o resultado favorável, o Caldas reforçou ainda mais o seu reduto defensivo, procurando, deste modo, tornar inúteis todos os esforços dos locais. Estes, porém, num esforço desesperado, lutavam valentemente, procurando encontrar na forte e por vezes dura defesa visitante uma aberta que lhes permitisse desfeitear Rita, que continuava a defender tudo. Até que...aos 21 minutos (65 minutos), viram os seus esforços coroados de êxito, merce de um golo marcado por VALENTE. Conseguido o empate, havia de procurar a vitória [o que conseguiram 12 minutos mais tarde, através de JÚLIO PINTO]. O último quarto-de-hora foi jogado com ambos os grupos procurando modificar o resultado, sem, que contudo, o tivessem conseguido.


# 8.ª Jornada: CALDAS, 2 - BOAVISTA, 0 (13 de Novembro de 1960).

Na crónica do Jornal "A Bola", publicada na edição de 14 de Novembro de 1960, titulava-se: "Vitória normal do futebol ofensivo".

Campo da Mata, nas Caldas da Rainha,

Árbitro: Henrique Silva, de Lisboa,

CALDAS SPORT CLUBE: Rita; Anacleto e Orlando; António Pedro, João Resende e Vasco Oliveira, Garnacho, Tomé, Janita, Elísio Bispo e Cardoso. Treinador: Mariano Amaro.

BOAVISTA FUTEBOL CLUBE: Zeca; Ribeiro e Artur, Sá Pereira, Franco e Eugénio; Cabral, Cipriano, Adriano, Guilherme e Adérito (ex: F.C. Porto). Treinador: János Hrotkó (ex: Sport Clube Vianense).

1.ª parte: 1-0. Aos 38 minutos, na sequência dum cruzamento de Orlando, por TOMÉ de cabeça.

2.ª parte: 1-0. Aos 20 minutos (65 minutos), na marcação de um «canto» Cardoso tocou curto para Bispo, que lhe devolveu o passe. O centro saiu na conta, e TOMÉ, novamente de cabeça, estabeleceu o resultado final.


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "A Bola"): Pelo Campo da Mata ecoaram ontem, lembranças do antigo fausto de divisão cimeira...Foi realmente muitíssimo bem jogado este desafio...entre os caldenses e os homens do Bessa...Os primeiros momentos do desafio mostraram ambos os sectores de retaguarda a impor-se às tentativas dos ataque adversários. A bola rondava ambas as balizas (mais a de Zeca) mas nunca o perigo parecia eminente. Até que aos 34 minutos...[a turma caldense atira com a bola à barra]...A jogada galvanizou a turma da «casa» que, num crescendo de entusiasmo, obteve 4 minutos depois o seu primeiro tento e até ao final da 1.ª parte não mais sairia do meio-campo adversário...A 2.ª parte iniciou-se com iguais perspectivas [chegando o Caldas com naturalidade ao segundo golo]...No Caldas, onde todos cumpriram, um triunvirato a destacar. Cardoso, um novo que se começa a impor como ídolo local, com excelente arranque, perfeito domínio de bola, «drible» fácil, discernimento do lance e pontapé forte. António Pedro, ainda uma utilidade e valor insubstituível nas fileiras do Caldas, foi uma grande figura do jogo, sempre em toda a parte do campo. João Resende é um jogador de excelente categoria, amo e senhor da zona à sua guarda, e fez uma exibição a merecer nota elevada.


# 9.ª Jornada: BENFICA E CASTELO BRANCO, 4 - CALDAS, 1 (20 de Novembro de 1960).

Na crónica do jornalista Bernardo Ceia, do Jornal "A Bola", publicada na edição de 21 de Novembro de 1960, titulava-se: "«Faltou» o Caldas para um despique melhor".

Campo Municipal de Castelo Branco,

Árbitro: António Marques Inês, de Santarém,

SPORT BENFICA E CASTELO BRANCO: Henrique; Juca e Sebastião; Wilson, Henrique Silva e David; Mateus (ex: Lusitano de Évora), Ramos, Graça, José da Costa e Rodrigo Cunha Velho (ex: Belenenses-Reservas). Treinador: António Feliciano (ex: Desportivo de Chaves).

CALDAS SPORT CLUBE: Rita; Anacleto e Orlando; Vasco Oliveira, João Resende e António Pedro; Garnacho, Tomé, Janita, Elísio Bispo e Cardoso. Treinador: Mariano Amaro.

Marcadores: MATEUS (2), GRAÇA E CUNHA VELHO, pelos locais; JANITA, pelos visitantes.


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "A Bola"): No primeiro período, o jogo decorreu em toada de equilíbrio, com leve ascendência dos locais, que foram mais esclarecidos no jogo que desenvolveram, enquanto os caldenses, manobrando com desenvoltura, foram quase sempre inofensivos, por excessos de passes. Após o reatamento, o quarto tento dos locais, logo no primeiro minuto desmoronou completamente todas as possibilidades de reviravolta, porquanto o vencedor estava encontrado. Entretanto, nem por isso os caldenses, dando sempre boa réplica lograram reduzir a desvantagem. Foi então que se jogou melhor. A um minuto do termo, os visitantes desaproveitaram uma grande penalidade...[No Caldas] Janita, António Pedro e Tomé, os de labor mais acertado.


# 10.ª Jornada: CALDAS, 1 - GIL VICENTE, 0 (27 de Novembro de 1960).

Na crónica do jornalista Sousa Varela, do Jornal "A Bola", publicada na edição de 28 de Novembro de 1960, titulava-se: "Prémio de domínio que não de bom jogo".

Campo da Mata, em Caldas da Rainha,

Árbitro: Isidro Fragoso, de Santarém,

CALDAS SPORT CLUBE: Rita; Anacleto e Rogério; António Pedro, João Resende e Orlando; Romeu, Tomé, Janita, Garnacho e Elísio Bispo. Treinador: Mariano Amaro.

GIL VICENTE FUTEBOL CLUBE: Armando (ex: F.C. Porto); Antunes e Faneca; Vieira, Pedro e Ferreira, Manuelzinho, Pepe, Canário, João Mendonça (ex: Vitória de Setúbal) e Sílvio. Treinador: ?

O único golo da partida foi marcado por TOMÉ, aos 21 minutos (66 minutos) da segunda parte, mercê de um bom esforço individual deste jogador.


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "A Bola"): Antes de começar o encontro, havia um ambiente de pouca confiança em volta da equipa caldense, dado que esta se via privada, por motivos de doença, de alguns elementos básicos na organização do jogo da equipa, especialmente no ataque. A maneira como o jogo decorreu veio dar razão àqueles que se mostravam apreensivos. Logo que principiou o encontro, e embora a turma local se tenha instalado imediatamente no meio-campo contrário notou-se logo que o sector atacante do Caldas, com exclusão de Tomé, só muito dificilmente penetraria, com algumas possibilidades de fazer golo, na bem organizada defensiva adversária. Mesmo assim, aos 13 minutos, Janita, de cabeça, falhou espectacularmente uma ocasião de fazer funcionar o marcador, Até à meia-hora, a partida continuou a ter o mesmo aspecto: domínio constante mas improfícuo dos caldenses...Na segunda parte, a equipa caldense apareceu profundamente alterada e começou logo a mostrar-se mais perigosa...[que] viu os seus esforços recompensados...com a obtenção de um golo, que viria a ser o da vitória. Depois do golo e porque o Gil Vicente abrandou a sua toada defensiva, buscando o empate, os atacantes caldenses, deixando de ter pela frente a cerrada defesa dos forasteiros, tiveram então, o seu melhor período...No Caldas, que não fez ainda a exibição que os adeptos há tanto esperam, notou-se excesso de veterania...


# 11.ª Jornada: CALDAS, 8 - U. COIMBRA, 0 (04 de Dezembro de 1960).

Na crónica do jornalista Sousa Varela, do Jornal "A Bola", publicada na edição de 05 de Dezembro de 1960, titulava-se: "Uma boa partida com resultado quase certo".

Campo da Mata, nas Caldas da Rainha,

Árbitro: Manuel Neto, de Lisboa,

CALDAS SPORT CLUBE: Rita; Anacleto e Orlando; Vasco OLiveira, João Resende e Carlos Alberto; Carlos Ferreira, Tomé, Janita, António Pedro e Cardoso. Treinador: Mariano Amaro.

CLUBE DE FUTEBOL UNIÃO DE COIMBRA: Negalho; Brito e Lua; Matiota, Severino e Zeca; Locas, Aprígio, Orlando Vieira, Bétinho e Olivar. Treinador: Juan Callichio.

Primeira parte: 4-0, com golos de JANITA, aos 7, 17 e 29 minutos, e TOMÉ, aos 45 minutos.

Na segunda parte, 4-0, com golos de JANITA, aos 18 (63 minutos) e 25 minutos (70 minutos); ANTÓNIO PEDRO, aos 9 minutos (54 minutos), na transformação de uma grande penalidade, e TOMÉ, aos 39 minutos (84 minutos).


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "A Bola"): A partida constituiu um esplêndido espectáculo de futebol, já porque o Caldas realizou, de facto, uma boa exibição, já porque o União de Coimbra, fazendo sempre um jogo aberto, foi um bom colaborador. Parece-nos, no entanto, que merecia o ponto de honra...A equipa caldense fez, neste jogo, a melhor exibição da época, jogando já muito perto daquilo que o valor dos elementos que a compõem pode permitir...


# 12.ª Jornada: BEIRA-MAR, 3 - CALDAS, 1 (11 de Dezembro de 1960).

Na crónica do jornalista João Sarabando, do Jornal "A Bola", publicada na edição de 12 de Dezembro de 1960, titulava-se: "Sem discussão a vitória aveirense".

Campo Mário Duarte, em Aveiro,

Árbitro: Marques da Silva, do Porto,

SPORT CLUBE BEIRA-MAR: Violas; Louceiro (ex: Académico do Porto) e Jurado (ex: Sport Lisboa e Benfica-reservas); Amândio (ex: Desportivo de Chaves), Liberal e Marçal; Miguel (ex: Clube de Futebol "Os Belenenses"), Laranjeira, Calisto, Ruben Garcia (Argentino e ex: Farense) e Paulino. Treinador: Anselmo Pisa (Argentino).

CALDAS SPORT CLUBE: Rita; Anacleto e Rogério; Carlos Alberto, João Resende e Vasco Oliveira; Carlos Ferreira, Tomé, Janita, António Pedro e Cardoso. Treinador: Mariano Amaro.

INCIDÊNCIA DO JOGO: Vasco Oliveira aos 14 minutos, lesionou-se, saindo do rectângulo do jogo para não mais regressar.

Primeiro tempo: 0-0.

Marcadores: GARCIA (2) aos 46 e 49 minutos e CALISTO, aos 60 minutos, pelo Beira-Mar, JANITA, aos 70 minutos, pelo Caldas.


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "A Bola): ...Os caldenses acusando a certa altura a forçada ausência de Vasco [Oliveira] e, sem dúvida, as dificuldades criadas a todo o momento pelo adversário, estiveram apenas discretos...Volvendo ao início do jogo, é mister dizer-se que o primeiro quarto de hora foi disputado de igual para igual. A incursão respondia-se com incursão, a remate com remate. Com o lesionamento casual de Vasco [Oliveira], António Pedro, que vinha reforçando a defesa, sem descurar de todo o ataque recuou mais, e o outro interior, Tomé, tratou de vir ajudar também os sectores atrasados. Como se compreende, o Beira-Mar cresceu, exercendo certa pressão e visando com mais frequência a baliza...Este surto dos beira-marenses não deu fruto em golos, mas o Caldas perturbou-se, algumas vezes, ante a agressividade dos contrários...Depois com o triunfo...cimentado, o Beira-Mar amoleceu relativamente, pelo que o Caldas voltou a restabelecer o equilíbrio territorial e a fazer mais surtidas até às suas imediações. Mas tudo seria baldado...não há que discutir a vitória do Beira-Mar. Este rematou mais e melhor, foi sempre mais perturbante, disfrutou de mais largos períodos de domínio territorial...O Caldas por seu turno, ficando cedo inferiorizado numericamente, tornou-se não raro vacilante, dando todavia indícios claros do seu real valor como equipa em numerosas circunstancias...Entre os visitantes, três nomes fulgiram: António Pedro, que trabalhou muito e talentosamente; João Resende sempre a multiplicar-se na defesa da zona de verdade, e Rita com defesas repetidas e muitas delas brilhantíssimas.


# 13.ª Jornada: CALDAS, 3 - TORREENSE, 1 (18 de Dezembro de 1960).

Na crónica do jornalista do Jornal "A Bola", Sousa Varela, publicada na edição de 19 de Dezembro de 1960, titulava-se: "Jogo pobre e vitória certa".

Campo da Mata, em Caldas da Rainha,

Árbitro: Renato Santos, de Coimbra,

CALDAS SPORT CLUBE: Rita; Anacleto e Rogério, Orlando, João Resende e Carlos Alberto; Carlos Ferreira, Tomé, Janita, António Pedro e Cardoso. Treinador: Mariano Amaro.

SPORT CLUBE UNIÃO TORREENSE: Varatojo; Hermínio e Humberto; José da Costa, Abílio e Luís; Mateus; Saldanha, Ricardo Perez (Argentino), Mendes e Madaleno. Treinador/Jogador: Ricardo Perez (ex: Grupo Desportivo de Peniche).

Primeira parte: 1-0.

Marcadores: JANITA, HUMBERTO (na própria baliza) e TOMÉ, pelo Caldas; MATEUS, pelo Torriense.


CRÓNICA DE JOGO (Jornal "A Bola"): ...O Caldas começou bem enleando com certa facilidade o sector defensivo adversário. Os seus avançados procuraram fazer o seu jogo com passes longos e para a frente que punham em sobressalto a defesa adversária. Assim, aos 7 minutos, António Pedro lançou muito bem JANITA, deixando-o isolado em frente da baliza torriense. Este que, de Domingo para Domingo, vem mostrando cada vez maior confiança nas suas possibilidades, desviou , com um ligeiro toque, o esférico do guarda-redes e introduzi-o na baliza. Parecia que a equipa caldense, já lançada ao ataque e tão cedo na posição de vencedora, não mais perderia o comando do jogo. Puro engano...começou a verificar-se um facto curioso: o Torriense praticava o melhor futebol, dominava, mas as oportunidades mais flagrantes de perigo surgiam exactamente em frente da sua baliza. A equipa local, contra atacando sempre que podia criava oportunidades de golo que o domínio dos forasteiros não fazia surgir...A começar a segunda parte, o aspecto da partida manteve-se...E foi quando se esperava o golo do empate do Torriense que um sopro de desventura atingiu a equipa. O seu defesa-esquerdo, Humberto, iam decorridos 10 minutos (55 minutos), cortou uma avançada caldense e ficou de posse do esférico; Janita, sempre lutador, aproximou-se; perante a chegada do perigoso avançado caldense, HUMBERTO, que nos pareceu ficar perturbado, pretendeu passar a bola ao seu guarda-redes, e com tanta infelicidade o fez que introduziu o esférico na sua baliza. O Torriense acusou o golpe...E o Caldas passou a aparecer com certa insistência ao ataque. Aos 19 minutos (64 minutos), Janita rematou forte. O guarda-redes forasteiro mais não conseguiu do que defender com uma palmada para a frente e TOMÉ, aparecendo oportuno à recarga, não perdoou. Foi o golpe final nas aspirações do Torriense...[que ainda assim] já só conseguia alguns contra ataques e foi num deles, aos 32 minutos (77 minutos) que MATEUS (que tinha sido jogador do Caldas, na Época de 1958/1959) se conseguiu isolar e fazer o ponto de honra de sua equipa...A partida foi quase sempre interessante de seguir dado que deu aos espectadores a possibilidade duma comparação entre o futebol rendilhado e bonito praticado pelo Torriense e o futebol prático de bola a correr sempre para a frente do Caldas. No fim da partida tinha vencido o mais «feio» talvez mas sem dúvida, o mais próprio para ganhar jogos.

FIM DA PRIMEIRA VOLTA.