Caldas Sport Clube 1954/55

Caldas Sport Clube 1954/55

segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

1.ª Divisão - Época 1958/1959 - 1.ª volta

# 1.ª Jornada: SPORTING DA COVILHÃ, 6 - CALDAS, 3 (14 de Setembro de 1958).

Na crónica do jornal "Mundo Desportivo", na edição de 15 de Setembro de 1958, da autoria do jornalista Matos Serras, titulava-se: "Os «Serranos» chegaram à meia dúzia e descansaram. Os caldenses espevitaram, então".

Estádio José dos Santos Pinto, na Covilhã,

Árbitro: António Calheiros, de Lisboa,

SPORTING CLUBE DA COVILHÃ: Rita; Hélder, Lourenço e Couceiro; Lanzinha e Fernando Cabrita, Manteigueiro, Di Lorenzi (Argentino), Suárez, Martinho e Oscar Silva (Argentino). Treinador: Janos Zorgo (Húngaro).

CALDAS SPORT CLUBE: Rita; Anacleto, Saraiva e Rogério, Tomás Dantas e Pastorinha; João Resende, António Pedro, Orlando, Mateus (Angolano e ex: Nacional da Madeira) e Lenine. Treinador: Josef Fabian (Romeno-Húngaro e ex: Sporting da Covilhã).

Ao intervalo: 3-1. Golos: MARTINHO, 2 (5 e 39 minutos), TOMÁS DANTAS na própria baliza (23 minutos), SUÁREZ, 2 (30 e 47 minutos), DI LORENZI (53 minutos) pelo Covilhã; ORLANDO, 2 (20 e 72 minutos) e ANTÓNIO PEDRO (90 minutos) pelo Caldas. 


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "Mundo Desportivo"): A primeira fase abrange os vinte minutos iniciais, em que as duas equipas actuaram, por assim dizer em constante adaptação, mútuo receio e não menor hesitação. Ao tento «serrano» de belo recorte, seguiu-se a igualdade quando esta não parecia iminente, uma vez que os danos do campo se mantinham em porfiada acção ofensiva. Um contra-ataque dos visitantes resultou e trouxe maior animação ao embate. Até então, era visível o equilíbrio de forças, porquanto não se pressentia para que lado viria a inclinar-se o triunfo. O segundo período compreende o espaço de um quarto de hora no qual foi forjado o êxito dos beirões mercê da obtenção de três golos...Era notório o agrado suscitado nos seus adeptos pela exibição dos covilhanenses e, a avaliar pelo que se passara á beira do descanso havia o convencimento de que os caldenses soçobrariam inevitavelmente na segunda parte. Esse estado de espírito mais se avolumou quando logo após o reatamento surgiu novo golo dos sportinguistas da serra...Ainda nos primeiros minutos [da segunda parte] veio o 6-1. Tudo certo, dentro da lógica e consentâneo com o desenrolar do prélio. Mas...não obstante o avolumar de tentos, os jogadores do Caldas mantinham-se animosos sem desfalecimento...Uma desatenção de Cabrita, custou um golo; dois pontapés de canto cedidos por Hélder causaram calafrios; um golo quase certo foi desperdiçado por António Pedro e nos derradeiros segundos surgiu um novo ponto (golo) caldense. Como foi diferente a disposição registado nos serranos ao intervalo e no final da contenda...e o Caldas não impressionou, ou porque os seus jogadores chegados na véspera de digressão a Espanha, acusassem o esforço dessa viagem, ou porque a adaptação esboçada por Fabian esteja ainda em curso...A sua melhor unidade continua a ser o incansável António Pedro.


# 2.ª Jornada: CALDAS, 1 - BENFICA, 1 (21 de Setembro de 1958).

Na crónica do jornalista António Dias, do Jornal "Mundo Desportivo", editada no dia 22 de Setembro de 1958, titulava-se: "Um golo caído do céu...deu o empate ao «Encarnados»...Ao ataque lisboeta faltou imaginação e poder".

Campo da Mata, em Caldas da Rainha,


Árbitro: Jovino Pinto, do Porto,


CALDAS SPORT CLUBE: Vítor; Amaro, Saraiva e Anacleto; Tomás Dantas e Orlando; João Resende, Romeu, Janita, António Pedro e Lenine. Treinador: Josef Fabian.


SPORT LISBOA E BENFICA: Costa Pereira; Fernando Ferreira, Artur Santos e Ângelo; Alfredo e Salvador; Vieira Dias, Mário Coluna, José Águas, Mendes e Domiciano Cávem. Treinador: Otto Glória.

Ao intervalo: 1-0. Golos: LENINE (7 minutos) e JOSÉ ÁGUAS (89 minutos).



INCIDÊNCIA DO JOGO: O benfiquista Ângelo foi expulso aos 62 minutos conjuntamente com o jogador Lenine do Caldas.




CRÓNICA DO JOGO (Jornal "Mundo Desportivo"): Já a descrença invadira as gentes do Benfica, já os esforços dos seus jogadores, como gigantes que se debatem no derradeiro estertor do seu alento, pareciam condenados a inglória finalidade, quando qual dádiva caída do céu, apareceu o golo que afastou a equipa encarnada da derrota [e]...num assomo de irreprimível satisfação, caíram todos num «cacho» sobre Águas, o autor da façanha, como se ele fosse - e foi - o salvador que libertasse o «team» do abismo...Desconcertante, verdadeiramente desconcertante foi a velocidade com que o grupo das Caldas começou o desafio. Os jogadores pareciam ter asas nos pés...Essa velocidade desenvolvia-se no encadeamento de um plano que tinha por principal objectivo «matar toda a organização do »team» benfiquista no meio do terreno, e, depois, na sequência desse mesmo plano, traçar a esquematização indispensável para demolir o sistema defensivo dos «encarnados»...Acabou precisamente por ser no desbobinar de uma «imagem» destas que o Caldas obteve o seu golo - e que golo!. Não tanto pela finalização o remate de Lenine que lhe deu origem não foi perfeito - pois a bola por pouco que não ia sendo «safada» de cima do risco por Artur. Mas a sua concepção foi um «tratado de futebol». António Pedro - e logo se vê que outro não podia ser! - com a bola  colada aos pés e dando a sensação de ir «desenhar» o lance pela direita, fez incidir sobre este flanco a atenção do defesa lisboeta, ao mesmo tempo que, com um «passe de bandeja», colocou o couro nos pés de Lenine, como que a dizer-lhe: - Toma e não desperdices o meu trabalho!. E assim foi...Com efeito, se em várias facetas o Caldas se evidenciou superior ao Benfica...na organização defensiva residiu a sua maior vantagem. Tanto Saraiva como Amaro, como Anacleto - quase não tiveram uma falha, tão primorosos se mostraram durante todo o desafio. Vítor foi um excelente colaborador deste trio, tendo, mesmo actuação brilhante. Só aquela saída em falso de que resultou o golo do Benfica o traiu. Dos restantes, António Pedro (bem acompanhado por Orlando), Dantas e João foram os elementos que atingiram nota mais elevada.

Na edição do Jornal "Mundo Desportivo", datada de 24 de Setembro de 1958, o jornalista Couto e Santos entrevista o treinador brasileiro do Benfica, Otto Glória, fazendo este a análise ao jogo que tinha efectuado com o Caldas Sport Clube, afirmando que: "O que se passou nas Caldas foi o resultado de uma série de circunstâncias: Campo pelado...Modo de jogar do adversário...um golo contra a corrente de jogo..."



# 3.ª Jornada: BELENENSES, 0 - CALDAS, 0 (28 de Setembro de 1958).

Na crónica do jornalista Vasco Rocha, no Jornal "Mundo Desportivo", na edição de 29 de Setembro de 1958, titulava-se: "Os visitantes souberam organizar-se tão bem à defesa que acabaram por merecer o resultado".

Estádio do Restelo, em Lisboa,

Árbitro: Isidro Fragoso, de Santarém,

CLUBE DE FUTEBOL "OS BELENENSES": José Pereira; Pires, Figueiredo e Carlos Silva; Moreira e Vicente Lucas; Abdul (Moçambicano), Mendes, Matateu, Yaúca (Angolano) e Martinho. Treinador: Fernando Vaz (Treinador do Caldas Sport Clube na Época 1956-1957).

CALDAS SPORT CLUBE: Vítor; Amaro, Saraiva e Anacleto; Tomás Dantas e Orlando, João Resende, Romeu, Mateus, António Pedro e Rogério. Treinador: Josef Fabian.


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "Mundo Desportivo"): Já na época passada viramos o Caldas S.C. alcançar sensacional vitória sobre o Belenenses no Estádio do Restelo. Nesse ambiente, como o de ontem, que terminou com o empate de zero a zero, os caldenses alicerçaram o êxito numa defesa metódica, serena e bem a propósito, que a exibição dos visitantes  no encontro de ontem foi em todos os pormenores superior à realizada na outra época...Os caldenses logo de início fizeram saber que estavam dispostos a socorrer-se de um sistema defensivo capaz de neutralizar a acção atacante dos adversários...Tudo era simplicidade nos movimentos defensivos dos caldenses. Calma, apurado domínio de bola, discernimento na execução dos passes e desmarcações. Por vezes até, preciosíssimos individuais que arrancaram exclamações de surpresa. Alguns ataques dos belenenses realmente perigosos, foram desfeitos pelos caldenses com a mais soberana das tranquilidades, a roçar pela indiferença...Na sua faina recuada, consciente e perfeita, baseada no poder de antecipação, no tempo de entrada e na concepção dos passes e das desmarcações, favorecidos por apreciável domínio de bola, os caldenses como é óbvio, procuraram ordenar contra-ataques, mas estes só no declinar do jogo lhes saíram com mais acerto e convicção...O Caldas...menos ambicioso, actuou com a ideia na obtenção de um empate...que no final da partida festejaram o «nulo» como se a vitória se tratasse...Na equipa do Caldas S.C. há, desde já, que salientar a actuação de cinco jogadores: Vítor (guarda-redes), Saraiva (defesa-central), Dantas e Orlando (médios) e António Pedro (interior-esquerdo)...A magnífica acção desses cinco jogadores transmitiu confiança e personalidade á equipa caldense.


Na sequência de um lance, no Restelo: O
guarda-redes Vítor, do Caldas S.C. defende
com o punho, antecipando-se a Yaúca e Saraiva.
Fonte: Jornal "Mundo Desportivo".


E a equipa do Caldas, que empatou, neste
dia 28-09-58, no Restelo. Em pé, da esquerda
para a direita: Vítor, Anacleto, Saraiva, Dantas,
Orlando, Amaro e Aurélio (guarda-redes suplente,
que não jogou). Agachados, pela mesma ordem:
João Resende, Romeu, Mateus, António Pedro e
Rogério.


# 4.ª Jornada: CALDAS, 4 - BARREIRENSE, 3 (05 de Outubro de 1958).

Na crónica do jornalista António Dias do Jornal "Mundo Desportivo", publicado no dia 06 de Outubro de 1958, titulava-se: "O resultado premiou com justiça a equipa que mais fez por merecê-lo".

Campo da Mata, nas Caldas da Rainha,

Árbitro: Hermínio Soares, de Lisboa,

CALDAS SPORT CLUBE: Vítor; Amaro, Saraiva e Anacleto; Tomás Dantas e Orlando, João Resende, António Pedro, Löcsey Ferenc (Húngaro), Mateus e Lenine. Treinador: Josef Fabian (tinha sido Treinador/Jogador do Barreirense nas Épocas 1955/1956 e 1956/1957).

FUTEBOL CLUBE BARREIRENSE: Braúlio; Faneca, Silvino e Abrantes; Pinto e Lança; Correia, Roleta, José Augusto, Faia e Madeira. Treinador: Oscar Tellechea (Argentino).

Ao intervalo: 2-1.

Golos: ANTÓNIO PEDRO (9 minutos de penalty), MADEIRA (13 minutos), MATEUS (41, 55 e 63 minutos) e PINTO (78 e 81 minutos).


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "Mundo Desportivo"): Se, a cinco minutos do fim, o imaginoso Faia não falha estrondosamente a oportunidade que conseguiu criar, e marca a quarta bola da sua equipa, que seria a do empate, o Barreirense teria cometido, sem dúvida, extraordinária proeza. A perder por 4-1, a menos de um quarto de hora de jogo, a recuperação dos visitantes acabaria sensacionalmente. Mas falhou...O sinal de rebate [dado pelos caldenses] foi dado pelo diabólico Mateus que...à beira do intervalo numa abertura em profundidade [o encontra] lançado a toda a brida a caminho das redes de Braúlio. Galga a defesa e, com um toque vagaroso - a baliza do Barreirense estava ás escancaras - encostou o esférico ás malhas. Não há dúvida: só com a velocidade diabólica imprimida por Mateus, o lance poderia resultar como resultou. Com o descanso chegado logo a seguir essa tendência do n.º 10 caldense poderia esfriar...Mas não. Estimulado com aquele golo-surpresa e mais confiante nas suas possibilidades Mateus voltou, no segundo tempo, com «fogo» nos pés. E como a essa melhoria correspondesse também um maior acerto tanto dos seus companheiros do ataque, onde o húngaro Ferenc desempenhava o papel de criador de lances decisivos, como da defesa, onde Saraiva algo incerto na primeira parte, mostrava agora aquela segurança nas intervenções que lhe é peculiar - o Caldas encontrou então o ritmo que o havia de conduzir inabalavelmente à vitória. Um passe «mortal» para a frente de Mateus foi concluída por este com um remate fulminante que deu o terceiro golo para logo a seguir - aos 63 minutos - o mesmo Ferenc com outro passe de igual qualidade, proporcionar ao seu interior-esquerdo [Mateus] um golo de rara beleza e espectaculosidade - o quarto. Em desequilíbrio á meia volta, e antes que Pinto pudesse intervir - a bola saiu dos pés de Mateus levando o selo de inevitável do 4-1...O triunfo caldense é o resultado justo para o grupo que mais fez por o alcançar. Mas não há dúvida de que esse triunfo este à beira do fim muito comprometido e valeu na circunstancia aquele falhanço de Faia a que aludimos no início desta crónica...No Caldas estreou-se Ferenc Loescy [ou Löcsey]. O mais velho dos dois húngaros que o clube contratou. Kovacks [ou Kovacs] ainda não tem autorização para alinhar. Ferenc apesar de actuar a avançado-centro mostrou não reunir já as condições para «goleador». Jogador inteligente viu-se mais pelos excelentes passes que executou dois dos quais proporcionaram a Mateus dois golos de bandeira. Este Mateus foi a revelação do Caldas. Ausente há tempos da equipa reapareceu num momento feliz. Três golos que esta semana vão ser glosados nas Caldas com um nunca mais acabar de elogios. Os restantes elementos acompanharam com certo equilíbrio a boa veia e Mateus. Só Amaro e Vítor tiveram lapsos muito comprometedores. Vá lá que não sucedeu o pior...


 # 5.ª Jornada: SPORTING DE BRAGA, 4 - CALDAS, 2 (12 de Outubro de 1958).

Na crónica do jornalista Rodrigues Teles do Jornal "Mundo Desportivo", publicada no dia 13 de Outubro de 1958, titulava-se: "A tarefa dos vencedores não foi isenta de preocupações".

Estádio 28 de Maio, em Braga,

Árbitro: Abel da Costa, do Porto,

SPORTING CLUBE DE BRAGA: Cesário (Nogueira); Armando, Calheiros e José Maria II, Passos e Osvaldo Trenque, Rafael, Ferreirinha, Teixeira, Fernando Mendonça e José Maria. Treinador: José Valle (Argentino).

CALDAS SPORT CLUBE: Vítor; Amaro, Saraiva e Anacleto; Tomás Dantas e Orlando; João Resende, Löcsey Ferenc, António Pedro, Mateus e Lenine. Treinador: Josef Fabian.

CURIOSIDADE: Houve troca de guarda-redes no Sporting de Braga - Cesário por Nogueira. A regra permitia a substituição entre guardiões, em qualquer situação de jogo (ex: opção do treinador ou lesão), ao contrário dos outros jogadores de campo, que continuavam a não poder ser substituídos, mesmo que se lesionassem, tinham de se manter em campo.

Golos: Aos 4 minutos, TEIXEIRA, 1-0; aos 10 minutos, MATEUS, 1-1; aos 11 minutos, FERNANDO MENDONÇA, 2-1; aos 74 minutos, LENINE, 2-2; aos 78 minutos, TEIXEIRA, 3-2; e aos 86 minutos, FERNANDO MENDONÇA, 4-2.


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "Mundo Desportivo"): O Sporting de Braga experimentou algumas dificuldades perante um adversário combativo e tão difícil que chegou, por duas vezes, ao empate, dentro dele se mantendo em condições de provar que o merecia...Teve alguma sorte o clube minhoto, devido ao facto dos caldenses consentirem dois golos precisamente sobre os empates. Não conseguiram, assim, os visitantes saborear por muito tempo a possibilidade de arrancarem pelo menos um ponto ao adversário...Os bracarenses procuraram resolver a situação o mais cedo possível e alguma sorte tiveram quando, aos 4 minutos, obtiveram o seu primeiro tento. Então pareceu que o Caldas não acusava o toque, visto que criou por vezes situações difíceis no sector ofensivo dos donos da casa. O seu empate não teve, porém, a duração que se pensava e os bracarenses, quatro minutos em vencedores, conseguiram chegar ao intervalo com a vantagem de um golo: 2-1. No princípio da segunda parte procurou o Caldas o empate a todo o transe. Obtido este ainda os minhotos tiveram uma aragem de sorte para voltarem a colocar-se em vencedores pela diferença mínima (3-2)...A solidez da defesa visitante, porém, especialmente de Saraiva, pôde opor-se ainda durante muito tempo aos avançados do grupo local e se as coisas não correram a este tão bem como pareciam a verdade é que o quarto golo «matou» por completo as aspirações do Caldas.


# 6.ª Jornada: CALDAS, 2 - F.C.PORTO, 2 (19 de Outubro de 1958).

Na crónica do jornalista António Dias do Jornal "Mundo Desportivo", publicada na edição de 20 de Outubro de 1958, titulava-se: "A «razão» do mais forte nem sempre vinga".

Campo da Mata, em Caldas da Rainha,

Árbitro: Raúl Martins, de Lisboa,

CALDAS SPORT CLUBE: Vítor; Amaro, Saraiva e Anacleto; António Pedro e Orlando, João Resende, Löcsey Ferenc, Sándor Kovács, Mateus e Lenine. Treinador: Josef Fabian.

FUTEBOL CLUBE DO PORTO: Pinho; Virgílio, Miguel Arcanjo e Barbosa; Luis Roberto (Brasileiro) e Monteiro da Costa; Carlos Duarte, Gastão, Osvaldo Silva, Teixeira e Hernâni. Treinador: Otto Bumbel.

Ao intervalo: 1-2 a favor do Porto.

Golos: LÖCSEY FERENC (24 minutos); OSVALDO SILVA (35 minutos); GASTÃO (37 minutos) e ANTÓNIO PEDRO (aos 81 minutos).

INCIDÊNCIA DO JOGO: Virgílio ao disputar uma bola [lesionou-se no início da segunda parte]...a pontos de ficar incapacitado para o resto da partida, pois quando regressou ao terreno, passado um quarto de hora, foi mais para fazer numero.


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "Mundo Desportivo"): Que um golo não é avanço que possa tranquilizar qualquer equipa, por mais poderosa que seja e por mais que a sua superioridade se avolume no decorrer do jogo - foi imagem que ontem ficou bem vinculado no Campo da Mata. De facto, depois de ter obtido dois golos de rajada na última dezena de minutos do primeiro tempo...a equipa portuense parecia encaminhada no sentido de contradizer desta vez as dificuldades que é hábito encontrar nas Caldas da Rainha...O Caldas dava realmente a impressão de equipa conformada, já sem forças nem raciocínio para lutar com o maior poder dos portuenses. Não que baixasse os braços e se entregasse «ao destino» que o adversário lhe apontasse. Não. Enquanto houvesse um sopro de alento o embate continuaria até ao fim. Mas o F.C. Porto estava na «mó de cima» e desaloja-lo quase parecia impossível. Perto do fim (faltavam apenas nove minutos ara o encontro terminar), um lance imprevisto acabou não só por conduzir a turma de Fabian ao empate, como ainda, num alarde de extraordinária vontade, coloca-la ante a possibilidade de vitória...Mas acto contínuo também esta acabou por se afastar do seu caminho, quando Lenine falhou um remate com Pinho fora da baliza do F.C. Porto. Mas não há dúvida de que se o empate já é lisonjeiro para o «team» das Caldas, esse terceiro golo, que seria a do triunfo, traria com ele um caudal de injustiça. O destino às vezes também se compraz em não se tornar demasiado impiedoso...A equipa do Caldas...faltou clareza ao seu jogo de ataque e faltou também quem pudesse «intimidar» a defesa portista com infiltrações pelo seu terreno. Kovacs, que finalmente se estreou no meio da maior expectativa, se não desiludiu de todo, deixou no entanto muita gente na dúvida. «Travou» muito o jogo e evidenciou pouca velocidade o que diminuiu sensivelmente as possibilidades de um avançado-centro. Contudo - é de considerar que o jogador húngaro não está ainda afeito ao nosso ambiente, o que deve ter diminuído as suas faculdades. Os jogos futuros poderão dizer se assim é ou não... [o melhor elemento do Caldas foi] Mateus...um trabalhador incansável aparecendo em toda a parte...Orlando e António Pedro esforçavam-se por coordenar o jogo da equipa, mas não foram muito felizes. No entanto, foram eles os dois que «construíram» o golo do empate.


# 7.ª Jornada: V. SETÚBAL, 4 - CALDAS, 2 (26 de Outubro de 1958).

Na crónica do jornalista David Sequerra (mais tarde vai exercer funções de Seleccionador Nacional de Juniores, conjuntamente com José Maria Pedroto, que viriam a ganhar o Campeonato Europeu da categoria em 1961, tendo exercido, mais tarde, entre 1968 e 1970, o mesmo cargo) do Jornal "Mundo Desportivo", editada em 27 de Outubro de 1958, titulava-se: "A inspiração de Fernandes deu forma e valor á vitória dos sadinos".

Campo dos Arcos, em Setúbal,

Árbitro: António Calheiros, de Lisboa,

VITÓRIA FUTEBOL CLUBE (DE SETÚBAL): Justino; Soares, Orlando e Manuel Joaquim; Polido (ex: Lusitano de Évora) e Casaca; Inácio, Miguel, João Mendonça, Fernandes (capitão) e Virgílio (ex: Palmelense). Treinador: Humberto Buchelli.

CALDAS SPORT CLUBE: Vítor (por ter-se lesionado num pé foi substituído por Aurélio, aos 14 minutos); Rogério, Saraiva e Anacleto; António Pedro (capitão) e Orlando; João Resende, Löcsey Ferenc, Sándor Kovács, Mateus e Lenine. Treinador: Josef Fabian.

INCIDÊNCIAS DO JOGO: Além da lesão de Vítor, o húngaro do Caldas, Löcsey Ferenc também se lesionou, aos 55 minutos, o que implicou uma alteração do ataque (do Caldas) pelo deslocamento do húngaro lesionado para o extremo (dado que não podia ser substituído).

1.ª parte: 2-1.

Golos: FERNANDES (aos 13, 68 e 70 minutos); INÁCIO (17 minutos); ANTÓNIO PEDRO (31 minutos); e ORLANDO (76 minutos).


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "Mundo Desportivo"): Num pormenor esteve sempre o Vitória uns furos bem acima dos caldenses: referimo-nos à congregação de esforço, á noção de equipa, transmitida desde o início do jogo, e atingido, por alguns minutos, nível que merece realce...O ataque do Caldas vivia de assomos esporádicos e era penoso ver-se tanto jogo excelentemente criado pelo «binário» de médios, António Pedro e Orlando, desperdiçado em catadupas pelos avançados. A robustez e pujança de Kovacs, criou alguns momentos de perigo para Justino, permitindo-nos uma ideia geral sobre o húngaro que dizem ser sósia do categorizado [László, Ladislao ou Ladislau] Kubala [jogador húngaro do Futebol Clube de Barcelona]: é elemento de boa categoria, mas muito pouco rodado, de mobilidade por demais condicionada ao excesso de peso que aparenta ter. Mesmo assim, pertenceram-lhe as tentativas mais importantes da redução do «score» num tipo de futebol intencional, que ninguém mais cumpria entre os «alvi-negros»... No Caldas, Orlando chegou a ombrear com Fernandes quanto à honraria de ser tido como o melhor em campo. Jogou e fez jogar, sem quebra de velocidade, com apego notável e surpreendente bitola técnica...Acompanharam-no bem o «habitual» António Pedro, João Resende, Lenine e Mateus. Este último teve uma 2.ª. parte admirável, revelando-se um «dribleur» famoso, na linha dos melhores, que vemos normalmente por cá, com o acréscimo de mérito em procurar sempre progredir no terreno, «driblando» no caminho da baliza, sem feligranados inúteis.


# 8.ª Jornada: CALDAS, 1 - LUSITANO DE ÉVORA, 2  (02 de Novembro de 1958).

Na crónica do jornalista José Valente, publicada no dia 03 de Novembro de 1958, no Jornal "Mundo Desportivo", titulava-se: "Os Eborenses «ganharam» na defesa".

Campo da Mata, nas Caldas da Rainha,

Árbitro: Viriato Maximiano, de Lisboa,

CALDAS SPORT CLUBE: Aurélio; Amaro, Saraiva, Anacleto, Tomás Dantas e Orlando; João Resende, António Pedro, Sándor Kóvacs, Mateus e Lenine. Treinador: Josef Fabian.

LUSITANO GINÁSIO CLUBE DE ÉVORA: Dinis Vital; Teotónio, Falé, Paixão, Olmedo (Paraguaio) e Garcia; Fialho, Quinito, Caraça, Batalha e José Pedro. Treinador: Lorenzo Ausina.

Primeiro tempo: 0-1.

Golos de QUINITO (1 minuto), OLMEDO (75 minutos) e SARAIVA (83 minutos).


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "Mundo Desportivo"): Um atraso do médio Orlando, no passe, e a falha que se lhe seguiu do defensor Saraiva, que inutilmente tentou cortar o lance entre Batalha, José Pedro e Quinito, ficaram a assinalar o erro maior, não o único, cometido pela cortina defensiva dos caldenses. Esse erro, logo no minuto inicial, foi oportunamente aproveitado pelo endiabrado e hábil Quinito, que sem hesitações no remate, atirou na passada, o primeiro golo da partida...Já no segundo golo dos eborenses, a quinze minutos do final do encontro, o jovem e prometedor Aurélio não ficou totalmente isento de culpas...O remate do paraguaio Olmedo, embora muito forte e bem dirigido, passou por cima dos braços. Mas a longa distancia percorrida pela trajectória da bola deu toda a impressão de tornar viável a intercepção mal esboçada...A equipa caldense pecou primeiro por impor uma toada de jogo alto e invariavelmente afunilado e, depois por não tentar corrigir esse defeito quando reconheceu que ele era a pior arma a usar contra um adversário que lhe era superior em poder de choque...Em boa verdade o ataque caldense não criou uma situação clara de golo. O tento foi obtido de um livre, e ainda por cima o remate pertenceu a [um defesa central] Saraiva...O médio Dantas foi o melhor elemento caldense. Bom sentido de jogo ofensivo, em que procurou quase sempre baixar a bola.


# 9.ª Jornada: SPORTING, 3 - CALDAS, 0 (09 de Novembro de 1958).

Na crónica do jornalista Manuel Mota do Jornal "Mundo Desportivo", publicada no dia 10 de Novembro de 1958, titulava-se: "Os dois extremos na base e um resultado que não encobre a fraca exibição...saíram de cantos os primeiros golos dos leões".

Estádio José Alvalade, em Lisboa,

Árbitro: Fernando Valério, de Setúbal,

SPORTING CLUBE DE PORTUGAL: Octávio Sá, Caldeira, Galaz e Pacheco; Mendes e França; Hugo, Julius, Martins, Diego (Argentino) e Morais. Treinador: Enrique Fernandez.

CALDAS SPORT CLUBE: Rita; Rogério, Saraiva, Anacleto, Tomás Dantas e Orlando; Romeu, António Pedro, Sándor Kóvacs, Mateus e Lenine. Treinador: Josef Fabian.

Ao intervalo: 0-0.

Golos: HUGO (57 e 73 minutos) e JULIUS (79 minutos).


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "Mundo Desportivo"): Os «leões» ganharam o jogo no segundo tempo. Com toda a justiça, sem dúvida alguma, mas através de uma exibição descolorida, que o próprio resultado, embora expressivo, não encobre totalmente...Sucedeu até, que os caldenses não haviam sido inferiores em organização de jogo, construindo os seus lances com maior clareza, em transposições, em regra a cargo de António Pedro, melhor definidas...O Caldas quando obrigou o guardião da casa á primeira daquelas duas defesas apertadas, já havia fornecido alguns apontamentos que reflectiam o que seria o seu labor - enquanto não sofreu o primeiro golo e as forças o não traíram. O seu futebol claro e esclarecido de bola na relva, teve normalmente continuidade e se lhe faltou mais capacidade de penetração no sistema defensivo contrário...Aos dois minutos do segundo tempo o árbitro puniu o Caldas com uma grande penalidade, num lance em que intervieram Rogério e Diego, aparecendo este estatelado. Martins teve o encargo de marcar o «penalty»...Falhou!. O «acontecimento» deu, ainda, mais animo e tranquilidade aos visitantes, unidos firmemente na «barreira» em frente das balizas, e não perdendo o mínimo ensejo para gizar um contra-ataque. Contudo percebia-se mais intensidade de esforço no sector sportinguista, agora a jogar visivelmente em força, em vagas sucessivas de ataque...[chegou pouco depois ao primeiro golo, através de um canto] com oportuno e aparatoso golpe de cabeça [de Hugo]...[Contudo] a sua defesa [do Caldas] permanecia sólida a beneficiar do «afunilamento» atacante dos sportinguistas, e é de reparar neste pormenor elucidativo: tal como o golo n.º 1 dos «verdes», também o n.º 2 sairia de um «canto»...O Caldas caiu, então, quase verticalmente. O moral foi, naturalmente afectado pelo golo e isso acentou a sua queda física mais que notória. O último quarto de hora pertenceu persistentemente aos sportinguistas e as ocasiões de tento sucederam-se num curto espaço...[o que acabou por acontecer aos 79 minutos].


# 10.ª Jornada: CALDAS, 0 - CUF, 3 (30 de Novembro de 1958).

Na crónica do jornalista António Dias, do Jornal "Mundo Desportivo", publicada no dia 01 de Dezembro de 1958, titulava-se: "A defesa visitante inspirou a equipa [da CUF] para a vitória".

Campo da Mata, em Caldas da Rainha,

Árbitro: Décio de Freitas, de Lisboa,

CALDAS SPORT CLUBE: Rita; Amaro, Saraiva e Anacleto; António Pedro e Orlando; Pastorinha, Mateus, Janita, Sarrazola e Lenine. Treinador: Josef Fabian.

GRUPO DESPORTIVO DA CUF: José Maria; Durand, Palma e Abalroado; Oliveira e Orlando; Rodrigues, Moreira, Arsénio, Gastão e Uria. Reinador: Cândido Tavares.

Golos: MOREIRA (11 minutos) e ARSÉNIO (22 e 33 minutos).


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "Mundo Desportivo"): O triunfo arrancado, ontem, pela CUF no Campo da Mata, sobre um terreno difícil, por via das últimas chuvadas, fundamenta-se em três razões de vulto: na estuante juventude da equipa, conduzida com sabedoria; na sua magnífica pujança atlética e no seu espírito de luta deveras notável...Aos caldenses também não faltou força de vontade, energia a rodos, energia que às vezes não os deixará ter visto com o raciocínio requerido o melhor caminho para se oporem ao futebol e intenções do adversário. Diremos, mesmo, que foi talvez a ansia da equipa do Caldas, na segunda parte, ao entregar-se demasiadamente para a frente numa luta com a defesa visitante, em que esta quase sempre levava vantagem, que apressou a sua derrota. E a demonstrá-lo está o facto de a CUF não conseguir desenhar a vitória enquanto isso não sucedeu...A equipa do Caldas caiu de pé! O resultado é mesmo um pouco duro para quem lutou com tanta vontade, tanta energia, vendo o seu esforço dizimado inutilmente. Afinal é a lei do jogo. De citar a acção desenvolvida por Saraiva, a querer «empurrar», a querer fazer aquilo que todos os seus companheiros não conseguiram. Como é de citar o esforço de Anacleto, de António Pedro e de Mateus, aquele que na frente mais trabalho deu à defesa da CUF. Mas ao Caldas faltou, não há duvida, uma força atacante organizada que contrariasse o acerto e empenho dos defesas contrários.


# 11.ª Jornada: V. GUIMARÃES, 3 - CALDAS, 0 (07 de Dezembro de 1958).

Na crónica do jornalista Carlos Barquinha, do Jornal "Mundo Desportivo", publicada no dia 08 de Dezembro de 1958, titulava-se: "Intenções opostas a cargo de bons executantes".

Campo da Amorosa, em Guimarães,

Árbitro: Costa Martins, do Porto,

VITÓRIA SPORT CLUBE (DE GUIMARÃES): Sebastião; Virgílio, Silveira e Daniel; Barros e João Costa; Bártolo, Edmur (Brasileiro), Romeu, Carlos Alberto (Brasileiro) e Rola. Treinador: Mariano Amaro (o treinador que subiu o Caldas Sport Clube à I Divisão, na época 1954/1955).

CALDAS SPORT CLUBE: Rita; Amaro, Saraiva e Rogério; Anacleto e Pastorinha; Mateus, Romeu, Sarrazola, António Pedro e Orlando. Treinador: Josef Fabian.

Golos: EDMUR (6 minutos) e BÁRTOLO (20 e 88 minutos).


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "Mundo Desportivo"): Houve...nos 90 minutos, uma equipa a pensar no ataque e outra só na defesa...De resto o resultado está perfeitamente certo e ao Caldas devem tributar-se os elogios a que tem direito qualquer equipa capaz de executar um plano de jogo preconcebido. O Caldas conseguiu. Depois do segundo golo o visitante tentou ainda alguns ataques e quando o resultado estava em 1-0 executou dois assaltos à baliza de Sebastião nos quais o êxito não esteve muito longe. Como labor ofensivo, isto é pouco, muito pouco mesmo. E defender o 0-0 ou atacar a espaços depois do 1-0 nem sempre dá resultado...No Caldas, Rita distinguiu-se muito e se não fora o primeiro golo a sua exibição teria ficado mesmo, como exemplo. Saraiva subiu com o andar do jogo e tanto Pastorinha como Orlando foram dois verdadeiros sacrificados. Há que elogiar também António Pedro.


# 12.ª Jornada: TORRIENSE, 1 - CALDAS, 0 (14 de Dezembro de 1958).

Na crónica do jornalista Guilhermino Rodrigues, do Jornal "Mundo Desportivo", publicada no dia 15 de Dezembro de 1958, titulava-se: "A força de vontade venceu a água, a lama e o adversário".

Campo das Covas, em Torres Vedras,

Árbitro: Manuel Lousada, de Santarém,

SPORT CLUBE UNIÃO TORRIENSE: Pinheiro; António Costa, António Manuel e Bernardes, Hélder e José da Costa; Saldanha, Carlos António, Vítor, Azevedo e Bezerra (Angolano, ex: Belenenses). Treinador: Evaristo Silva (que entretanto tinha substituído o demissionário Treinador Húngaro Josef Tarkanyi).

CALDAS SPORT CLUBE: Rita; Amaro, Saraiva e Rogério; Anacleto e Pastorinha; Mateus, Romeu, António Pedro, Sarrazola e Orlando. Treinador: Josef Fabian.

Golo: AZEVEDO aos 16 minutos (61 minutos) da segunda parte.


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "Mundo Desportivo"): Quando as equipas entraram em campo [para disputar o «clássico» Torriense - Caldas] a chuva batia há algumas horas o terreno tornando-o, mesmo antes de revolto pelos jogadores, num confrangedor lamaçal...Como se depreende o Caldas foi um vencido que soube lutar. Podia-se a sorte lhe tivesse sido francamente favorável - ter alcançado o triunfo naquelas flagrantes oportunidades que se lhe deparavam. Mas como ao seu adversário também escaparam idênticos momentos, resta-nos analisar o mérito da vitória pela actuação global e aí a vantagem foi dos torrienses. Na turma do Caldas distinguiram-se Saraiva (o falhanço que deu origem ao golo aceita-se pelo estado do terreno), Anacleto, Rita e Sarrazola. Romeu começou muitíssimo bem, mas o desgaste físico provocado por um piso ingrato para a sua compleição física acabou por vencê-lo.



# 13.ª JORNADA: CALDAS, 2 - ACADÉMICA, 1 (21 de Dezembro de 1958).

Na crónica do jornalista Manuel Mota, do Jornal "Mundo Desportivo", publicada no dia 22 de Dezembro de 1958, titulava-se: "Três «pedras» mudadas mudaram o jogo dos vencedores".

Árbitro: Eduardo Gouveia, de Lisboa,

CALDAS SPORT CLUBE: Rita; Amaro, Pastorinha e Rogério; Anacleto e Orlando; João Resende, Sarrazola, Saraiva, António Pedro e Lenine. Treinador: Josef Fabian.

ASSOCIAÇÃO ACADÉMICA DE COIMBRA: Teixeira; Marta, Mário Wilson e Bento; Malícia e Mário Torres; Samuel, Jorge Humberto, Rocha, André e Bentes. Treinador: Otto Bumbel (que tinha substituído o Húngaro János Biri, que tinha iniciado a época).

Golos: JORGE HUMBERTO (3 minutos); LENINE (40 minutos e 53 minutos).


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "Mundo Desportivo"): [Em jogo de «aflitos»] Efectivamente advinhava-se que o desafio seria de constantes assaltos às balizas...Mas não foi sempre assim. E só foi assim, em boa verdade, quando os caldenses, ao mesmo tempo que rectificavam uma «fantasia» (a de Saraiva a avançado-centro), se entregavam ao jogo com mais aplicação, com evidente e esperada vibração...A mudança de três pedras contribuiu de maneira clara para a reviravolta. Regressado Saraiva à defesa para lhe dar consistência que até aí não tivera, esse pormenor arrastou Orlando para o eixo do ataque e este ganhou uma clareza e quase ligação de que até aí não dispusera...Tudo isto se observou depois do intervalo, de certo modo favorecido pelo 1-1 que então havia, mas foi o bastante para dar novos rumos ao encontro [dando o Caldas a volta ao marcador, fazendo uso da sua velocidade. 


   Uma Equipa do Caldas da Época 1958/1959
representada na Colecção de Caramelos -
"Azes Futebolistas". Editora: Altesa.



FIM DA PRIMEIRA VOLTA.

Para a nova Época 1958/1959, o Caldas também preparou-se em...Espanha.

O Jornal "Record", na sua edição de 09 de Setembro de 1958, titulava que "Por terras espanholas. O Caldas venceu em Salamanca em jogo de estreia" e continuava: O Caldas abriu a sua digressão a Espanha com chave de ouro. No mesmo dia em que Belenenses, Barreirense, Lusitano [de Évora], Porto e Vitória de Setúbal perdiam em terras hispanas, os caldenses salvaram a honra do convento com o seu êxito contra o Salamanca, a quem venceram por 2-1. As equipas alinharam:

SALAMANCA: Henrique; Coyo e Recalde; Elias, Resino e Toni; Maxi, Eloy, Urrebarréu, Panyágua e Abilio.

CALDAS SPORT CLUBE: Rita; Anacleto, Saraiva e Rogério; Tomás Dantas e Orlando; Romeu, António Pedro, Sándor Kováchs (Húngaro), Sarrazola e Lenine. Treinador: Josef Fabian (ex: Sporting da Covilhã).

Neste encontro alinhou um jogador húngaro Kovachs, que estava em Espanha e a quem o Caldas parece haver contratado (posteriormente na edição de 19 de Setembro de 1958 do Jornal "Mundo Desportivo", referia-se que os colegas do Caldas "o consideram como o melhor avançado-centro que jogará em Portugal este ano [de 1958/1959]".

Quanto ao jogo, LENINE fez o primeiro golo no primeiro minuto do encontro e empatou aos 19 minutos o Salamanca. KOVÁCHS (ou KOVÁCS) aos 57 minutos obteve o 2.º golo e a vitória para a equipa portuguesa no seu primeiro encontro em Espanha.

A equipa caldense efectuará em Oviedo o seu segundo encontro no país vizinho (encontro este que o Caldas acabaria por perder por 4-1).

Para esta quarta época na 1.ª Divisão, o Caldas acabaria por contratar os seguintes elementos: LÖCSEY FERENC (Húngaro); SÁNDOR KOVÁCHS (ou KOVÁCS, também Húngaro); o Angolano MATEUS (ex: Nacional da Madeira) e AURÉLIO (Guarda-redes), e contrataram um novo Treinador, JOSEF FABIAN (Romeno-Húngaro), vindo do Sporting Clube da Covilhã.

Tendo saído do Clube: Os Treinadores TAVARES DA SILVA (por doença, acabando por falecer no dia 19 de Outubro de 1958) e JÁNOS HROTKÓ (voltou a treinar o Leixões Futebol Clube, na II Divisão - Norte), e, os jogadores: FRAGATEIRO (acabou a carreira de futebolista); CALICCHIO (ingressou, como Treinador/Jogador, no União de Coimbra) e [Eduardo] VITAL (transferiu-se para o Grupo Desportivo de Peniche, na II Divisão - Norte).

Taça de Portugal 1958

1.ª ELIMINATÓRIA

1.ª MÃO: CALDAS, 1 - SALGUEIROS, 2 (30 de Março de 1958).
O Jornal "Record", na sua edição de 01 de Abril de 1958, titulava: "A sorte e o azar andaram de mãos dadas".

Campo da Mata, nas Caldas da Rainha,

Árbitro: Joaquim Campos, de Lisboa,

CALDAS SPORT CLUBE: Vítor; Amaro, Fragateiro, Tomás Dantas, Saraiva, António Pedro, João Resende, Romeu, Sarrazola, Calicchio e Lenine. Orientador-Técnico: Tavares da Silva e Treinador/Jogador: János Hrotkó.

SPORT COMÉRCIO E SALGUEIROS: Barrigana; Figueiredo, Carvalho, Gualdino, Longo, Lenine, Sampaio, Porcel, Teixeira, Eleutério e Benje. Treinador: Juan Arétio.

1-0 aos 32 minutos. Lenine desferiu forte remate que esbarrou no poste, mas na recarga JOÃO RESENDE atirou o esférico para o fundo das redes.

1-1 aos 39 minutos. Porcel captou o esférico e avançou até à entrada da grande área, onde serviu BENJE que em excelente posição disparou um remate fulminante que bateu Vítor sem apelo.

1-2 aos 47 minutos. Decorridos apenas 2 minutos (da segunda parte) os visitantes alcançaram o golo da vitória por intermédio de SAMPAIO a dar conclusão a um bom passe de Teixeira.


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "Record"): Depois de uma primeira parte de sensível equilíbrio, perfeitamente traduzido no resultado de 1-1 com que se atingiu o intervalo, o Salgueiros logrou confirmar a vitória pelo jogo que produziu no segundo tempo. A lesão de Amaro que no segundo tempo não foi mais que uma figura decorativa afectou bastante o rendimento da equipa caldense mas os nortenhos tiveram o mérito de saber explorar a inferioridade do adversário.



2.ª MÃO: SALGUEIROS, 2 - CALDAS, 1 (06 de Abril de 1958).

O Jornal "Record", no dia 08 de Abril de 1958, titulava que: "As melhores jogadas pertenceram aos caldenses", e o Jornal "A Bola", numa crónica de Justino Lopes, no dia 07 de Abril de 1958, titulava: "O Caldas despediu-se [da Taça] de cabeça erguida".

Campo Engenheiro Vidal Pinheiro, no Porto,

Árbitro: Álvaro Rodrigues, de Coimbra,

SPORT COMÉRCIO E SALGUEIROS: Barrigana; Figueiredo e Carvalho; Gualdino, Longo e Lenine; Sampaio, Porcel, Teixeira, Eleutério e Benje. Treinador: Juan Arétio.

CALDAS SPORT CLUBE: Vítor; Anacleto e Fragateiro, Tomás Dantas, Saraiva e Orlando; João Resende, Romeu, Calicchio, António Pedro e Lenine. Orientador-Técnico: Tavares da Silva e János Hrotkó.

1-0, por TEIXEIRA, aos 6 minutos. Pontapé longo de Figueiredo, que levou a bola da sua grande área à zona frontal da baliza do Caldas. Saraiva falhou espectaculosamente a sua intervenção em «volley», e TEIXEIRA, atento, apoderou-se do esférico e correu na direcção de Vítor, aplicando excelente remate quando este esboçava a saída ara lhe encurtar o ângulo de «tiro».

1-1, por CALICCHIO, aos 25 minutos. Centro de João Resende, perto da bandeirola de «canto», e emenda, de cabeça, de CALICCHIO, em posição quase horizontal, sem que Gualdino ou Barrigana tivessem impedido que a bola chegasse ao argentino, situado perto do poste mais distante.

2-1, por ELEUTÉRIO, aos 27 minutos (72 minutos). Benje, internou-se e, da entrada da grande área, solicitou a intervenção de ELEUTÉRIO, que se havia desmarcado a primor para o lado de onde surgiu o extremo-esquerdo. O passe foi muito bem executado e ELEUTÉRIO apareceu sozinho diante de Vítor dando ao fiscal de linha respectivo a sensação de «fora de jogo». O árbitro e os caldenses porém não atentaram no seu sinal. Em boa verdade o lance pareceu-nos absolutamente regular, dele saindo um grande golo, na acepção de decisivo e espectacular.

Com o resultado das duas mãos em 4-2, favorável ao Salgueiros, o Caldas seria eliminado nesta edição da Taça de Portugal.