Caldas Sport Clube 1954/55

Caldas Sport Clube 1954/55

segunda-feira, 28 de março de 2016

Entrevista com JÓZSEF SZABÓ, treinador do Caldas (Época 1955/56)

Na edição do Jornal "A BOLA", do dia 08 de Março de 1956, foi publicada uma pequena entrevista com ZSEF SZABÓ - ou JOSEPH SZABO, ou ainda JOSÉ SEZABO, ou simplesmente JOSÉ SZABO, conhecido, igualmente por estes dois últimos nomes, ao ter, entretanto, adquirido a nacionalidade portuguesa -, treinador do Caldas SC - que segundo a edição do Jornal "A BOLA", de 30 de Julho de 1955, tinha celebrado um contrato válido por dois anos, que acabou por não cumprir, saindo no fim da época de 1955/56 (voltaria a treinar o Caldas, na época 1959-1960, já na II Divisão), recebendo «luvas» (valor adicional que costumava ser pago no início do contrato) no valor de 30 contos (30 mil escudos) e auferia mensalmente 5 contos (5 mil escudos) - , e antigo treinador do Sporting Clube de Portugal (entre as épocas 1936-1945; 1953-1954 - colaborando com Tavares da Silva; e 1964-1965 - também em colaboração com Anselmo Fernandez e Armando Ferreira, onde nestes anos todos viria a ganhar 6 Campeonatos de Lisboa, 2 Campeonatos Nacionais, 1 Campeonato de Portugal, 1 Taça de Portugal e 1 Taça Império), depois do jogo que o Caldas realizou com o "seu" Sporting, referente à 21.ª Jornada (vide ficha e crónica deste jogo, referente à época 1955/56: 2.ª volta), tendo por título: "Uma opinião...A Equipa do Sporting é a noite comparada com o dia".

Afirmando na altura de uma forma directa e sem nenhuns rodeios, o seguinte: ...O pior resultado (no Caldas vs Sporting) que poderia esperar seria um empate! os rapazes (do Caldas) jogaram com alma e fizeram tudo para não perder - foram as suas primeiras espontâneas declarações.

Como aprecia o rendimento da equipa (do Caldas)?
- A equipa do Caldas S.C. tem um conjunto bom e que cumpre na medida do possível. Muito fazem eles, pois não é em cerca de seis meses que se consegue dar verdadeira classe a uma equipa que iniciou o campeonato com alguns jogadores habilidosos, sim, mas inexperientes! E o treinador dos caldenses recordou fases do jogo em que essa inexperiência foi bem flagrante, fazendo perder golos. Numa delas Carlos Gomes deitou as mãos à cabeça, julgando a bola dentro da rede!...
Como aguarda a equipa os futuros jogos?

- Os rapazes sabem dominar a bola, sabem fintar, sabem passar, e, não os considero inferiores aos outros! Estão conscientes do seu valor e, por isso, o seu moral não está enfraquecido. Mas –continua – temos de ser francos: São «azelhas» diante das balizas! Falta na frente um orientador, um criador de jogo (e nesta altura foram recordados Calicchio e [Pedro] La Vega), alguém que se sacrifique durante hora e meia para ser o servidor dos seus companheiros, que tenha o espírito de sacrifício suficiente para não se querer salientar e pensar antes em servir!. - (E continua) O jogador português tem a tendência para driblar! Ora isto é um recurso e, só como tal, deve ser utilizado! O que é preciso é permuta de bola, pois o drible atrasa o jogo! E a rematar esta série de considerações: - Os dribles são o cancro do futebol português.
Perguntámos a seguir: O Caldas mantém-se em posição considerada delicada. Diga-nos: Espera alcançar alguns pontos fora de casa?

- Dentro ou fora, hão-de fazer-se ainda 3 pontos, pelo menos.
Acha que o Caldas cairá no 13.º lugar?

- A infelicidade não há-de estar sempre atrás da porta, e ela já nos acompanha há muito tempo…Os rapazes jogam tanto como os outros; apenas repetiu-lhes falta coragem, e decisão frente às balizas!
E se tiverem de efectuar o jogo de passagem? (refere-se ao jogo de competência que terá de efetuar com o 2.º classificado da II Divisão)
 
- Não penso nisso! Não encaro esse perigo. Os rapazes, mesmo, devem pensar, que não podem ver-se nessa situação. Por isso, daqui os exorto a que joguem sempre como jogaram no domingo passado (refere-se ao tal jogo do Sporting, no Campo da Mata). Os pontos forçosamente hão-de aparecer, dentro ou fora de «casa». E em ar de confidência: Todas as noites rogo para que a rapaziada se salve da crise por que está passando! Formou-se uma atmosfera pesada em cima deles, em consequência dos últimos resultados, o que considero injusto. E concluiu, afirmando: - Espero justiça para estes rapazes disciplinados, bons e modestos, que mais não fazem porque não podem e aproveito a oportunidade para daqui lhes render o meu sincero pleito de homenagem.


József Szabó


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