Caldas Sport Clube 1954/55

Caldas Sport Clube 1954/55

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

1.ª Divisão - Época 1955/56: 1.ª Volta


# 1.ª Jornada: V. SETÚBAL, 3 – CALDAS, 0 (18 de Setembro de 1955).

Na crónica do jornalista Moreira da Cruz do Jornal “A Bola”, publicado no dia 19 de Setembro de 1955, titulava-se: “Na última meia hora os Caldenses «Não estiveram lá»”.

Campo dos Arcos, em Setúbal,

Árbitro: Joaquim Campos (Lisboa) [Árbitro internacional, que tinha estado no último Campeonato do Mundo de Futebol de 1954, realizado na Suiça],

VITÓRIA FUTEBOL CLUBE (VITÓRIA DE SETÚBAL): Baptista, Jacinto e Orlando; Fernando Casaca, Emídio Graça e Pinto de Almeida (capitão); Soares, Fernandes, Diogo, Miguel e Rosa. Treinador: Rino Martini (Italiano).

CALDAS SPORT CLUBE: Rita (ex: Atlético Clube de Portugal); Amaro e Fragateiro; António Pedro (capitão), Leandro e Romero (Argentino), Anacleto, Romeu (ex: Sport Lisboa e Benfica), Fernando Bispo, Martí e Lenine (ex: Casa Pia). Treinador: József Szabó (Húngaro).

Antes de ser dado início ao encontro, Pinto de Almeida ofertou ao capitão do grupo visitante um galhardete comemorativo da primeira visita do Caldas S.C. ao Campo dos Arcos.

1.ª parte: 1-0.

O único golo do 1.º tempo foi marcado pelo Vitória aos 32 minutos de jogo: numa jogada muito confusa dentro da área dos caldenses, um jogador setubalense caiu, cremos que em luta com Leandro. O árbitro assinalou grande penalidade, quanto a nós muito forçado. FERNANDES encarregou-se da transformação do castigo e fê-lo muito bem, rematando com força e enganando Rita.

2.ª parte: 2-0.

Aos 24 minutos, 2-0: FERNANDES já dentro da grande área, mudou rapidamente a bola para o outro pé e, inesperadamente, «arrancou» um magnífico pontapé que surpreendeu toda a gente...inclusive o guardião visitante.

Aos 34 minutos, 3-0: Miguel, descaído sobre a direita, efectou um bem medido centro, a que, DIOGO acorreu com oportunidade, para bater Rita á «queima-roupa».


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "A BOLA"): Havia um certo interesse na partida de ontem no Campo dos Arcos, pois o Caldas ia efectuar o seu primeiro jogo a sério na I Divisão. Já se sabia antecipadamente que o «exame» não ia ser fácil, pois os setubalenses em sua «casa» não constituem presa fácil para ninguém. Mas uma derrota por três a zero, parece levar a supor que os caldenses ficaram chumbados na prova. Não é bem assim. Durante os primeiros 60 minutos a equipa visitante soube «estar» no terreno, discutiu o resultado e até beneficiou de alguns trechos de domínio. Basta dizer que, ao atingir-se o intervalo, o resultado estava apenas em 1-0, golo aliás que resultou de uma grande penalidade aplicada pelo árbitro, com excessivo rigor, e que, até então, o Caldas tinha usufruído de maior número de ocasiões de golo (o que não quer dizer que tenha jogado melhor)...Entre os caldenses, deve salientar-se o trabalho de Rita (sempre seguro e com uma extraordinária defesa na primeira parte), António Pedro, Romero (até à passagem de Fernando para o centro) e Bispo...a equipa não desiludiu mas precisa de cuidar mais da forma física...



# 2.ª Jornada: CALDAS, 1 – ATLÉTICO, 0 (25 de Setembro de 1955).

Na crónica do jornalista Silva Resende (mais tarde, nos anos 80, exerceu a função de Presidente da Federação Portuguesa de Futebol) do Jornal “A Bola”, publicado no dia 26 de Setembro de 1955, titulava-se: “Futebol de começo entre uma «equipa» e onze jogadores”.

Campo da Mata, em Caldas da Rainha,


Árbitro: Libertino Domingues, de Setúbal,


CALDAS SPORT CLUBE: Rita; Amaro e Fragateiro; Amorim (ex: Belenenses), Leandro e Romero; Anacleto, António Pedro, Bispo, Martí e Lenine. Treinador: József Szabó.

ATLÉTICO CLUBE DE PORTUGAL: Ernesto; Valente Marques e Barreiro; Germano, Vítor Lopes e Ferrão; Mesiano (Argentino), Orlando, Legas, Silva Pereira, Castiglia (Argentino). Treinador: François Szego (Húngaro).


1.ª parte: 0-0.

O primeiro tempo terminou com o marcador em branco. As duas equipas tiveram uma oportunidade de abrir o activo, mas o empate em branco reflecte com mais justeza a modéstia dos seus ataques.

2.ª parte: 1-0.


Na segunda metade, a turma local que até aí se avantajara na organização de jogo, fez o tento da vitória – único da partida – logo aos 2 minutos. O lance teve início numa insistência da asa esquerda a bater a defesa alcanterense desse lado; António Pedro ocorreu oportuno, a um ressalto da bola aplicando um «bico» para o lado oposto ao de Ernesto parecia ter feito o golo quando o poste devolveu o esférico. Mais feliz e desembaraçando de adversários, MARTÍ na recarga, só teve de empurrar a bola para as balizas desertas.


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "A BOLA"): O primeiro desafio do campeonato no campo da casa suscitou nas Caldas certo alvoroço...Numa tarde de sol...acorreram grupos de entusiastas da cidade e de algumas localidades dos arredores...num jogo em que o Caldas foi autor de pequena história de partida, jogando e vencendo. Se não o fez com brilho...apresentou uma equipa contra onze jogadores...


# 3.ª Jornada: SP. BRAGA, 4 – CALDAS, 1 (02 de Outubro de 1955).

Na crónica do jornalista Justino Lopes do Jornal “A Bola”, publicado no dia 03 de Outubro de 1955, titulava-se: Gabriel reapareceu e fez três golos”

Estádio 28 de Maio, em Braga,

Árbitro: Paulo Oliveira, José Alexandre e Silva Rosa, de Santarém,

SPORTING CLUBE DE BRAGA: Cesário; Antunes e Abel; Pinto Vieira, Vítor Gaspar e Armando; Baptista, Vélez (Espanhol), Domingo Garófalo (Argentino), Gabriel e Mário Imbelloni (Argentino). Treinador-Jogador: Mário Imbelloni.

CALDAS SPORT CLUBE: Rita; Amaro e Fragateiro, Amorim, Leandro e Romero; Piteira, Romeu, Bispo, António Pedro e Lenine. Treinador: József Szabó.

O Sporting de Braga ofereceu um galhardete aos visitantes.


Na 1.ª parte: 1-0.


1-0 – BAPTISTA aos 33 minutos. Cruzamento de Pinto Vieira para Garófalo e remate deste. Gabriel acorreu a emendá-lo, Rita deixou passar a bola e o extremo-direito quase sobre a linha de baliza empurrou-as para as redes.

2-0, por GABRIEL, aos 44 minutos. Imbelloni, a meio do campo defendido pelo Caldas, fintou quantos adversários lhe apareceram, mas quase sem se adiantar no terreno. O público assobiou o argentino, mas este efectou um magnifico passe que levou Gabriel a fazer o mais fácil: o golo. E o jogador-treinador bracarense «zangou-se» com o público.

No segundo tempo: 2-1.


Aos 5 minutos (50 minutos), Vélez chutou uma grande penalidade á figura de Rita, que pôde ainda defender uma recarga de Baptista.

3-0, por GABRIEL, aos 8 minutos (53 minutos). Excelente lançamento de Garófalo por entre a defesa contrária que possibilitou ao n.º 10 um golo muito semelhante ao anterior.

3-1, por ANTÓNIO PEDRO, aos 21 minutos (66 minutos). Passe de Piteira ao n.º 10, então a jogar do lado direito e bom «tiro» deste, a tornar improfícuo o lançamento de Cesário.

4-1, por GABRIEL, aos 29 minutos (74 minutos). O remate de Garófalo bateu Rita. Gabriel e Romero ocorreram á bola com intenções diferentes já se vê, mas foi o bracarense quem lhe tocou primeiro, obrigando-o a transpor por completo da linha de golo.


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "A BOLA"): Apesar do resultado o Caldas deixou um resto de bom futebol na depauperada relva do estádio minhoto. Teve, mesmo, uma meia hora (enquanto o marcador não funcionou) de muito agrado mais parecendo ser um concorrente já com larga carreira na primeira divisão que um principiante...Bispo (primeira parte) e Rita (que magníficos voos para deter dois «tiros» de Vélez e Garófalo), foram os elementos que melhor impressionaram na equipa do Caldas, mas esta teve ainda outros que actuaram em plano de muito agrado. Por exemplo: Amaro (o defesa que mais se preocupou em entregar o esférico em condições jogáveis), Leandro (com boa presença atlética na frente da baliza), Romero (activissimo no desdobramento da tarefa defesa-ataque), António Pedro (o «moiro» do vaivém) e Piteira (que não acusou a estreia, a despeito de ter sido sempre defesa).


# 4.ª Jornada: CALDAS, 0 – BENFICA, 1 (09 de Outubro de 1955).

Na crónica do célebre jornalista Vitor Santos, do Jornal "A Bola", publicado no dia 10 de Outubro de 1955, titulava-se: “A Bola saltou muito mais do que rolou e quem pagou foi...o Jogo!”. “As duas «grandes áreas» foram «zonas proibidas»”.

Campo da Mata, em Caldas da Rainha,


Árbitro: Amadeu Martins, de Braga,


CALDAS SPORT CLUB: Rita; Amaro e Fragateiro; António Pedro, Leandro (capitão) e Romero; Martí, Romeu, Bispo, Martinho (ex: Torriense) e Lenine. Treinador: József Szabó.

SPORT LISBOA E BENFICA: Costa Pereira; Jacinto e Angelo; Fernando Caiado (capitão), Artur Santos e Monteiro, Zézinho, Garrido (Moçambicano), José Águas, Mário Coluna e Francisco Palmeiro. Treinador: Otto Glória (Brasileiro).


Antes do início do encontro guardou-se um minuto de silêncio em homeagem à memória de [Rodolphe] Seeldrayers [Belga], presidente da FIFA, recentemente falecido.

Resultado da 1.ª parte: 0-1.


Aos 15 minutos: 0-1. Falta contra o Caldas no flano direito do ataque benfiquista. A bola vai a Zézinho que, do lugar de ponta remata à baliza caldense. O esférico ressalta e entra na posse de FERNANDO CAIADO, a apoiar o seu ataque sobre a extrema-direita. O capitão do Benfica remata sêcamente, a meia altura. Rita «dá» o braço esquerdo à bola e esta ressalta para dentro da baliza, entre o corpo do guardião caldense e o poste esquerdo.

Resultado da 2.ª parte: 0-0.


Aos 25 minutos (70 minutos): Leandro sofre uma distensão muscular [por esta altura não se podiam fazer substituições] e, depois de ter estado algum tempo a receber tratamento, voltou ao terreno para fazer «oficio de corpo presente», a extremo-direito. Martí recuou para defesa.

CRÓNICA DO JOGO (Jornal "A BOLA"): - Afinal, os campeões não nos mostraram nada de especial. Jogámos, de igual para igual com eles!. Estas expressões ouvidas ontem, quando a multidão que encheu a deitar por fora o Campo da Mata, nas Caldas da Rainha, abandonava o aprazível recinto depois de ter assistido ao jogo com o Benfica... No «meio campo» o Benfica, teve hegemonia, num escasso tempo útil de jogo, na qual revelou um Caldas como um conjunto animoso cujo maior mal terá sido o de ter jogado em meio carregados de alguma «electricidade» contra...o campeão nacional. Entrando na apreciação individual diremos que Rita, com mil culpas no golo sofrido, teve, no resto, boa actuação, embora algumas defesas que efectou tivessem tido, a 50% tanto de dificuldade como de espectáculo. Os dois defesas laterais – valentes e, ás vezes, mais do que isso – são muito «de despacho»... Leandro, com inegável experiência de jogo, é um tanto lento, menos maleável do que deve ser um defesa-central que não é de antecipação mas...de colocação. Os dois médios foram de «trabalho» - António Pedro mais empreendedor mas às vezes levando longe de mais, o seu esforço (a bola não é para ir levar mas para...enviar). Romero mais sóbrio mas muito certo e muito igual na sua actuação. O ataque esteve desligado e pensou muito pouco. Falta ali um estratega, um orientador da formação. Martinho, em forma, contra uma equipa em que não haja a preocupação de, além do mais, pensar num Caiado... pode ser a solução. Romeu e Lenine foram lentos, pouco decididos... timidos ou...cerimoniosos. Martin é enérgico (ou mais...) mas pouco assente e imaginativo. Bispo, de inegável habilidade e com um bom trabalho de pés, peca por querer fazer sozinho o que todos não conseguem...



# 5.ª Jornada – BARREIRENSE, 1 – CALDAS, 1 (16 de Outubro de 1955).

Na crónica do jornalista Moreira da Cruz, do Jornal "A Bola", publicado no dia 17 de Outubro de 1955, titulava-se: “Ambas as Equipas podem (e devem) jogar muito mais...”.

Campo D. Manuel de Melo, no Barreiro,


Árbitro: Raul Martins, de Lisboa,


FUTEBOL CLUBE BARREIRENSE: Francisco Silva; Faneca e Silvino; Afonso; Pinto e Ricardo Vale; Amandio, Correia, Grilo, Diamantino e José Augusto. Treinador-Jogador: Josef Fabian (Romeno-Húngaro).

CALDAS SPORT CLUBE: Rita; Amaro e Fragateiro; Romero, Piteira e Amorim; Anacleto, António Pedro, Bispo, Martinho e Lenine. Treinador: József Szabó.

O Resultado foi feito no primeiro tempo e no curto espaço de um minuto.

Aos 21 minutos: 0-1. Centro comprido da direita do extremo Anacleto e remate de cabeça de LENINE a antecipar-se à saída de Francisco Silva.

O Barreirense empatou a partida logo na jogada seguinte: Rita que se encontrava fora da baliza, lançou-se desastradamente sobre Grilo, para impedir o remate do avançado barreirense. O árbitro assinalou «grande penalidade» que CORREIA transformou muito bem, marcando o golo por alto com um remate que enganou o guarda-redes Rita.


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "A BOLA"): Há jogos de que melhor seria não dizer coisa nenhuma. Busca-se neles um motivo de agrado, para se não ter só que dizer mal, e não se encontra. Ora, infelizmente, a partida de ontem exibido no Campo «D. Manuel de Melo» é absolutamente impróprio para uma I Divisão...o Caldas ainda conseguiu ser o menos mau...O grupo de Caldas da Rainha também pode e deve jogar mais. Tem, no entanto, a seu favor duas «atenuantes». O facto de ter jogado «fora de casa» e, além disso, o ter-se exibido razoávelmente durante os primeiros vinte e cinco minutos do segundo tempo. Este foi sem dúvida o melhor período do encontro...pois entre várias perdidas, destacou-se um remate de Martinho à barra transversal quando Francisco Silva já se encontrava irremediávelmente batido...Os seus melhores elementos foram Rita, Piteira, Romero...


# 6.ª Jornada: CALDAS, 2 – SP. COVILHÃ, 0 (23 de Outubro de 1955).

Na crónica do jornalista Fernando Monteiro, do Jornal "A Bola", publicado no dia 24 de Outubro de 1955, titulava-se: “A vitória foi mais fácil do que se poderia esperar”.

Campo da Mata, em Caldas da Rainha,


Árbitro: Mateus Pinto Soares, do Porto,


CALDAS SPORT CLUBE: Rita; Amaro e Fragateiro; Amorim, Leandro e Romero; Anacleto, António Pedro, Bispo, Martinho e Lenine. Treinador: József Szabó.

SPORTING CLUBE DA COVILHÃ: Rita; Hélder e Couceiro; Pedro Martin (Espanhol), Amilcar Cavem (curiosamente, pai do meu saudoso amigo e colega de Faculdade, Paulo Cavem) e Fernando Cabrita; Carlos Ferreira; János Hrotkó (Húngaro), Suárez (Espanhol), Pires e Justino. Treinador: Janos Szabo (Húngaro).


Ao intervalo: 1-0.

Marcadores: aos 26 minutos, Lenine depois de receber um despacho de sua defesa teve tempo de dominar a bola e enviá-la, rapidamente, para o centro-avançado BISPO que evitou, primorosamente Cávem e, quando se esperava um passe, lançou de alguns metros fora da grande área potentíssimo remate, entrando o esférico como um bólide pelo canto superior direito da  baliza de  [do outro]  Rita  que,  surpreendido  pela rapidez de execução e remate, nem sequer tentou a defesa.

Na segunda parte: 1-0.


O Caldas fixou o resultado aos 23 do segundo tempo (68 minutos), após magnífica jogada de Bispo. O avançado-centro caldense desmarcado sobre o lado esquerdo depois de receber uma abertura de Lenine, bateu em corrida o defesa central Cávem, não perdeu o «controlo» da bola e chegado à linha de cabeceira, verificada a impossibilidade de êxito, passou muito bem para o centro do terreno, onde surgiu ANTÓNIO PEDRO que, sem adversário a estorvá-lo não teve dificuldade em marcar.


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "A BOLA"):…Na realidade, apreciando o labor das turmas intervenientes, não ficaram duvidas a ninguém quanto á justiça do êxito caldense e se alguma existe, essa reside na fraca expressão que o marcador no final assinalava. Mais um golo e tudo estaria certo…A equipa do Caldas, passados que foram os primeiros momentos de naturais reservas passou a desenvolver boas avançadas mercê da colaboração dos médios, em especial Amorim… Com uma elasticidade apreciável, os visitados defendendo-se bem, apareciam rapidamente na ofensiva e confundindo com certa facilidade a defesa forasteira. Principalmente no segundo tempo, os novos primodivisionários, com a bola rente ao solo, puderam esquematizar lances de boa valia técnica com a linha dianteira toda em movimento em desmarcações oportunas que ficaram como as melhores fases deste encontro…o que impressionou, sobretudo foi a simplicidade de processos utilizados originando um futebol rápido e positivo. Pelo que vimos fazer e pela consciência demonstrada na esquematização do jogo, estamos convictos que o Caldas virá a desempenhar papel de realce. Assim, se não inferiorize nos jogos extra-muros…No Caldas, como jogador que se distinguiu muito acima de todos – o seu avançado Bispo. Muito bem. Batalhador e desmarcando-se com oportunidade, com boa visão de jogo e com um poder de fintas desconcertantes, o jovem avançado-centro cotou-se como o melhor jogador em campo.


# 7.ª Jornada – CALDAS, 3 – LUSITANO DE ÉVORA, 1 (30 de Outubro de 1955).

Na crónica de Acácio Correia, publicada no Jornal “A Bola”, no dia 31 de Outubro de 1955, titulava-se: “Processos simples á base da velocidade – Razão da vitória”.

Campo da Mata, em Caldas da Rainha,


Árbitro: Mário Garcia, de Aveiro,


CALDAS SPORT CLUBE: Rita; Oliveira e Fragateiro; Amorim, Piteira e Romero; Romeu, António Pedro, Bispo, Martinho e Lenine. Treinador: József Szabó.

LUSITANO GINÁSIO CLUBE DE ÉVORA: Dinis Vital; Polido e Paixão; José da Costa, Falé e Vicente; Flora (Guineense), Vieira, Patalino, Bastos (ex: Olivais) e José Pedro. Treinador: Severiano Correia.

Incidências da partida: O defesa Oliveira ao arrancar para cortar um passe sofreu uma distensão muscular, indo ocupar até final, o posto de extremo direito, recuando Romeu para a defesa.

Resultado da 1.ª parte: 2-0.


Aos 19 minutos, o Caldas colocou-se em vencedor, depois de uma bonita jogada de Martinho, que culminou num passe a BISPO. Este depois de simular um remate forte, esperou a saída de Vital para diminuir o ângulo, fazendo-lhe passar a bola por cima, num toque sereno.

2-0, aos 43 minutos: António Pedro, depois de uma insistência pela direita, centrou comprido. Lenine, perseguiu a bola que se escapara a defesas e atacantes, alcançou-a entregando-a a Martinho que fez novo passe bem medido a BISPO, que rematou pela certa, com a «parte de dentro» do pé direito.


Resultado do segundo tempo: 1-1.

Aos 82 minutos, o Caldas aumentou a sua vantagem para 3-0: António Pedro, adiantou a bola para Bispo, que se esgueirou lesto, descaindo para a direita, de onde centrou para a frente da baliza a solicitar a entrada de MARTINHO, que não falhou apesar de acossado por um defesa do Lusitano.

Aos 88 minutos, os visitantes lograram o seu golo graças a um «anafado frango» de Rita: numa jogada quase inofensiva, a bola foi a JOSÉ PEDRO que rematou fraco e sem convicção. Rita, deu dois passos ao lado, estendeu os braços, tocou no esférico, parecendo tê-lo agarrado e… deixou fugir para lá do risco, ante o pasmo geral, incluindo o do próprio marcador.


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "A BOLA"): Individualmente, temos no lado dos vencedores de destacar imediatamente três nomes: Martinho, bom executante, bom organizador e que «esteve» nos três golos; Bispo, um perigo constante, uma seta permanentemente apontada á baliza adversária e António Pedro, operário da equipa, que está em toda a parte mesmo quando tem, como ontem a missão de marcar estreitamente um adversário, passe embora o aparente contra-senso. Piteira, Fragateiro e Romero, cumpriram muito bem.


# 8.ª Jornada – SPORTING, 2 - CALDAS, 0 (06 de Novembro de 1955).

Na crónica do jornalista Carlos Pinhão, publicada no Jornal “A Bola”, no dia 07 de Novembro de 1955, titulava-se: “Foi mais «experiente» a equipa vinda da II Divisão”.

Estádio da Tapadinha (Alcântara), Lisboa (Campo do Atlético Clube de Portugal, em virtude do novo Estádio do Sporting Clube de Portugal estar em construção, no qual se iria chamar Estádio José de Alvalade).

Árbitro: Libertino Domingues, de Setúbal,


SPORTING CLUBE DE PORTUGAL: Carlos Gomes; Galaz e Joaquim Pacheco, Ulisses, Passos e Juca [Júlio Cernadas Pereira]; Travassos, Vasques, Walter Brandão, «Quim» e Martins. Treinador: Alejandro Scopelli (Argentino).

CALDAS SPORT CLUBE: Rita; Amaro e Fragateiro; Amorim, Piteira e António Pedro; Orlando "Bárek", Villaverde (Espanhol, ex: Juvenil da Corunha, Espanha), Bispo, Martinho e Lenine. Treinador: József Szabó.


Nenhum golo na 1.ª parte – 0-0.

2-0, na 2.ª parte.


1-0, aos 66 minutos, foi, então, que se marcou a primeira bola, por MARTINS, de cabeça, após um «canto» marcado, do lado esquerdo, por «Quim». Martins elevou-se bem, cabeceou de baixo para cima e a bola, depois de passar entre as pernas de um defesa, foi chutada por outro, para cima, mas já dentro das redes.

2-0, aos 81 minutos (36 minutos da 2.ª parte), Muito parecido com o primeiro golo, mas mais límpido. Não houve «canto» mas um centro de «Quim», quase junto à bandeirola, agora do lado direito. WALTER também saltou bem, meteu a cabeça à bola no mesmo jeito de Martins, mas o esférico entrou logo, sem mais tabelas.


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "A BOLA"): Ou o Caldas foi uma equipa «mais I Divisão» ou o futebol assim num campo alagado tem de ser jogado mais á II Divisão. Haverá ainda duas outras maneiras possíveis de ver a questão: - ou o Caldas se adaptou melhor às circunstancias ou as circunstancias fizeram muito menos transtorno ao grupo caldense do que à turma «leonina». Seja, qual for a explicação, uma coisa é certa: O Caldas foi a equipa que revelou melhor discernimento…foi «o caleiro» que patenteou mais experiência e melhor adaptação – e disso certamente não restaram duvidas a quantos espectadores estiveram ontem na Tapadinha. E foram muitos espectadores e «valentes» pois a chuva forte não conseguiu ser tão forte como o interesse do desafio, mantido principalmente pela indecisão do resultado, poisos golos só apareceram na segunda parte…pode-se supor, pela marcha do resultado – uma hora e picos sem golos e, depois, dois tentos com pouco intervalo – que foi esse o caso de ontem, mas já vimos que o Caldas foi uma equipa com personalidade e nunca teve de mostrar demasiadas preocupações defensivas. Fica-se mesmo sem se saber ao certo qual dos dois guarda-redes, terá tido mais que fazer sem duvida, a defesa mais difícil coube a Carlos Gomes, ao quarto de hora da primeira parte [15 minutos], quando Martinho apareceu só á sua frente, depois de ter interceptado um passe que Galaz intentou fazer ao seu guarda-redes ficando a bola presa a meio caminho. Saindo muito bem, o guardião «leonino» pôde desviar, com os punhos, para «canto» o perigoso remate…De facto, por parte do Caldas nunca foi o caso de uma «resistência heroica» frente ao Sporting, mas sim de uma explanação de jogo por jogo cabendo aos caldenses a primazia na organização de lances a meio campo, por nítida supremacia do seu par de médios (Amorim muito certo e Antonio Pedro sempre em jogo) sobre igual sector «leonino» (Ulisses e Juca). Piteira foi talvez mais brilhante que Passos…Amaro esteve melhor do que Galaz, mas Pacheco foi superior a Fragateiro. Martinho foi outra figura grande da equipa caldense e se esperávamos da sua experiencia tanta demonstração de «savoir faire» não era de esperar da sua veterania que se mantivesse tanto tempo a jogar tão bem. Foi o mais esclarecido dos dez avançados na maneira de «tratar a bola»…O espanhol Villaverde, que esteve quase no Sporting, mostrou «boa pinta» e é de crer que todo o quinteto [Orlando, Villaverde, Bispo, Martinho e Lenine], pelo que deixou adivinhar, seja capaz de «fazer bonito» em campo seco.



 Um momento do jogo, na Tapadinha, 
Piteira do Caldas persegue um dos
«violinos» Vasques, o «Malhoa» do Sporting.


# 9.ª Jornada – CALDAS, 2 – ACADÉMICA, 1 (13 de Novembro de 1955).

Na crónica do jornalista Carlos Pinhão, publicada no Jornal “A Bola”, no dia 14 de Novembro de 1955, titulava-se: “Vitória de «penálti» mas vitória certa”.

Campo da Mata, em Caldas da Rainha,


Árbitro: Joaquim Campos, de Lisboa,


CALDAS SPORT CLUBE: Rita; Amaro e Fragateiro; Amorim, Piteira e Romero; Villaverde, António Pedro, Bispo, Martinho e Anacleto. Treinador: József Szabó.

ASSOCIAÇÃO ACADÉMICA DE COIMBRA: Ramin; Mário Torres (Angolano) e Nuno Abreu, Mário Wilson (Moçambicano) e Malícia; Pérides (Moçambicano), Wilson Vaccari (Brasileiro), Faia, Ramalho e Bentes. Treinadores: Cândido de Oliveira e Fernando Leite (Nana) - (tinham substituído Alberto Gomes, a partir da 8.ª Jornada).

Por causa dos equipamentos negros da Académica, o «onze» caldense apresentou-se de branco e o trio de arbitragem de verde.

Não houve golos na primeira parte.


1-2, na 2.ª parte.


Aos 63 minutos (18 minutos da segunda parte) registou-se uma bela jogada, Malícia-Bentes-Vaccari-Faia-Pérides, que este ingloriamente desperdiçou, falhando o remate. Porém, ao ser reposta a bola em jogo, o mesmo Pérides apossou-sedela, serviu logo FAIA e este, depois de dobrar Piteira, fez o golo. Foi melhor a emenda que o soneto…

O tento escolar foi benéfico para os caldenses, que conseguiram então tirar partido do seu maior domínio. Assim aos 69 minutos (24 minutos da 2.ª parte), estava restabelecido a igualdade, com um golo de ANTÓNIO PEDRO, a concluir uma jogada de insistência de Romero pelo flanco esquerdo.

O golo da vitória surgiu à meia hora (75 minutos) e novamente se escreveu direito por linhas tortas, porque o tento veio dar, realmente a vitória a quem merecia, mas o «processo» é que deixou bastas dúvidas. O árbitro entendeu punir com grande penalidade uma carga de Mário Wilson que não derrubou Villaverde nem impediu de continuar de posse da bola. Pela falta de consequências e pelo próprio aspecto de carga pareceu-nos rigoroso o castigo máximo e, repetimos, foi por este processo (duvidoso) que o Caldas, veio a alcançar a vitória (merecidíssima), pois ANTONIO PEDRO marcou muito bem o pontapé de castigo.


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "A BOLA"): Disputadíssimo este jogo de ontem nas Caldas da Rainha, com o resultado sempre indeciso e com as falanges de apoio tão entusiasmadas que raramente teremos assistido a desafios em que os incitamentos durassem tanto tempo…O calor da luta chegou a ser demasiado no segundo tempo, em que se marcarão as três bolas, e não apenas pelas peripécias do jogo, que as houve dos mais emocionantes, mas também por certas decisões do árbitro, algumas realmente infelizes, e que provocaram efervescência dentro e fora do campo…Gostámos mais do Caldas contra o Sporting, na relva encharcada, do que contra a Académica num pelado seco. Individualmente, tornaram a distinguir-se Piteira, a bater muito bem a bola; Amorim certo a entregar, e Martinho com a sua maneira inteligente.


# 10.ª Jornada – F.C. PORTO, 5 – CALDAS, 0 (27 de Novembro de 1955).

Na crónica do jornalista Ribeiro dos Reis (Director do Jornal), publicada no Jornal “A Bola”, no dia 28 de Novembro de 1955, titulava-se: “A vitória dos portuenses podia ter sido mais expressiva”…”«Jaburu» autor de dois golos”.

Estádio das Antas, no Porto,


Árbitro: Eduardo Neves, de Viseu,


FUTEBOL CLUBE DO PORTO: Pinho; Vírgilio e Osvaldo Cambalacho; José Maria Pedroto; Miguel Arcanjo (Angolano) e Monteiro da Costa; José Maria, Gastão (Brasileiro), Jorge de Sousa Matos «Jaburu» (Brasileiro), Antonio Teixeira e Perdigão (Moçambicano). Treinador: Dorival Knipel "Yustrich" (Brasileiro).

CALDAS SPORT CLUBE: Rita; Amaro e Fragateiro; Amorim, Piteira e Romero; Anacleto, António Pedro, Bispo, Martinho e Lenine. Treinador: József Szabó.

Ao intervalo: 2-0.


O primeiro golo foi marcado aos 22 minutos, por PERDIGÃO, na transformação de uma grande penalidade por «mão» do defesa esquerdo [Fragateiro] do Caldas. O castigo foi apontado com serenidade, com mais colocação que força.

Aos 24 minutos, «JABURU» passou o resultado para o 2-0, depois de um contra ataque que colheu de surpresa os defensores do Caldas, muito adiantados no terreno.

Na 2.ª parte: 3-0.

No segundo tempo, GASTÃO fez 3-0 aos 55 minutos (10 minutos da 2.ª parte), depois de um lançamento de linha lateral, perto da bandeirola de canto, muito bem executado por Perdigão. Teixeira soube desmarcar-se a tempo e serviu Gastão à boca das redes.

Aos 87 minutos, «JABURU», com adversário à ilharga, fez um remate fortíssimo à entrada da grande área e passou o resultado para 4-0.

Aos 90 minutos, 5-0, JOSÉ MARIA PEDROTO desceu pela direita driblando diversos adversários e apontou com o pé esquerdo fazendo um golo maravilhoso, que levou a bola a entrar por alto quase a um canto. Rita nem sequer esboçou a defesa…

CRÓNICA DO JOGO (Jornal "A BOLA"): A vitória dos donos da «casa»…foi fácil e folgada…o grupo visitante equilibrou a partida na fase inicial antes de ter sofrido o primeiro golo. Defendeu-se com calma, sem precipitações, embora tivesse reconhecido desde logo a manifesta superioridade do grupo portuense. Os sectores defensivos exageravam por vezes nalgumas entradas cometendo faltas desnecessárias…Na fase final do encontro, não obstante a categoria da defesa portuense, os avançados do Caldas tiveram alguns lances de bom recorte. O guarda-redes Rita, embora batido por 5 golos, teve tarde muito boa. Decidido e seguro…Os defesas laterais Amaro e Fragateiro foram a seguir os melhores elementos do sector defensivo…Na linha da frente, as melhores referências devem ir para Martinho…que não obstante ter ultrapassado a idade dos grandes cometimentos, continua a valer-se dos seus recursos de bom executante e conhecedor do jogo, para ordenar a movimentação da linha da frente.

# 11.ª Jornada – CALDAS, 0 – BELENENSES, 2 (04 de Dezembro de 1955).

Na crónica do jornalista Carlos Pinhão, publicada no Jornal “A Bola”, no dia 05 de Dezembro de 1955, titulava-se: “Vicente mereceu bem (e o Belenenses também) aquele golo…E a vitória”.

Campo da Mata, em Caldas da Rainha,

Árbitro: Fernando Valério, de Setúbal,

CALDAS SPORT CLUBE: Rita; Amaro e Fragateiro; Amorim, Romero e António Pedro; Anacleto, Villaverde, Bispo, Martinho e Lenine. Treinador: József Szabó.

CLUBE DE FUTEBOL “OS BELENENSES”: José Pereira; Pires e Moreira; Carlos Silva; Figueiredo e Vicente Lucas (Moçambicano); Miguel Di Pace (Argentino), Dimas, Ricardo Perez (Argentino), Matateu (Moçambicano) e Tito. Treinador: Fernando Riera (Chileno).

1-0 no final da 1.ª parte.

O Belenenses fez dois golos: - um feliz e outro tardio.

O «feliz» aconteceu aos 20 minutos da primeira parte. Tito marca um canto, sem perigo aparente, mas António Pedro metendo mal o pé á bola fê-la subir e bater na trave, Rita ficou logo batido e PEREZ não teve dificuldade nenhuma em fazer a recarga de cabeça, à boca das redes.

Na 2.ª parte: 1-0.

O golo tardio só apareceu a dois minutos do fim (88 minutos) e marcou-o o jogador que mais o merecia. Nasceu de uma jogada de Dimas que centrou bem para Matateu, que Romero desarmou. A bola, porém saltou para a esquerda e VICENTE, bem lançado, assentou-lhe o pé em cheio. Rita lançou-se mal e a bola passou-lhe por baixo da barriga, mas, de qualquer forma, teria poucas possibilidades de êxito, pois o remate foi muito forte…

CRÓNICA DO JOGO (Jornal "A BOLA"): O Caldas fez a exibição mais discreta que lhe vimos! A defesa caldense fez bom jogo, mas o ataque ressentiu-se da falta de inspiração de Martinho e de António Pedro, que costumam ser os seus abastecedores.

# 12.ª Jornada – CUF, 1 – CALDAS, 1 (11 de Dezembro de 1955).

Na crónica do jornalista Moreira da Cruz, publicada no Jornal “A Bola”, no dia 12 de Dezembro de 1955, titulava-se: “Esperava-se mais os 2-0 quando o Caldas empatou”.

Campo de Santa Bárbara, no Barreiro,

Árbitro: Hermínio Soares (Lisboa),

GRUPO DESPORTIVO DA CUF: Libanio; Pedro Gomes (Angolano)  e Celestino; Orlando, Palma e Carlos Alberto; Pedro Duarte, Arsénio, Sérgio, Luis e André. Treinador: Humberto Buchelli (Uruguaio).

CALDAS SPORT CLUBE: Rita; Amaro e Fragateiro; Amorim, Romero e António Pedro, Villaverde, Orlando, Bispo, Martinho e Anacleto. Treinador: József Szabó.

Não se marcaram tentos na primeira parte (0-0), apesar de se registarem muitas oportunidades numa e noutra baliza.

Na 2.ª parte: 1-1.

1-0, ARSÉNIO (ex: jogador do Sport Lisboa e Benfica) fez o golo da CUF aos 51 minutos (6 minutos da 2.ª parte), concluindo um bom centro de André.

O mesmo Arsénio, porém aos 55 minutos (10 minutos da segunda etapa) desperdiçou excelente oportunidade de consolidar a vantagem, quando, por duas vezes, não transformou o «penalty» assinalado por mão de Romero, atirando a bola à trave, e, na repetição, ordenada por má colocação dos jogadores permitiu a defesa de Rita.

Até que, a seis minutos do fim (84 minutos), 1-1, o Caldas aproveitou muito bem uma oportunidade que se lhe deparou e que ORLANDO converteu, com um remate em corrida.

CRÓNICA DO JOGO (Jornal "A BOLA"): O resultado acabou por ficar certo, ainda que a turma local tivesse desfrutado de grande porção de domínio, mas o Caldas defendendo-se o melhor que pôde, não fez mais do que o seu papel…Tal preocupação revelou-se, de resto, logo de início, com o recuo de António Pedro, jogador de comprovado recursos para os serviços de «polícia-carraça» e que, como tal se incumbiu de vigilância de Arsénio (o ex grande jogador do Benfica) tido como o mais perigoso dos dianteiros cufistas…o seu duelo com o esforçado Antonio Pedro constituiu uma das notas mais importantes da partida.

# 13.ª Jornada – CALDAS, 2 – TORREENSE, 2 (08 de Janeiro de 1956).

Na crónica do jornalista Acácio Correia, publicada no Jornal “A Bola”, no dia 09 Janeiro de 1956, titulava-se: “Mais jogo…mais azar por banda dos caldenses que iam perdendo sem merecer”.

Campo da Mata, em Caldas da Rainha,

Árbitro: Jaime Peres (Lisboa),

CALDAS SPORT CLUBE: Rita; Piteira e Fragateiro; Amorim, Leandro e Romero; Romeu, Orlando, Bispo, António Pedro e Lenine. Treinador: József Szabó.

SPORT CLUBE UNIÃO TORREENSE: Gama; Inácio (Angolano) e Fernandes; Belén (Argentino); Forneri (Argentino) e Gonçalves; Carlos Alberto, José da Costa, João Mendonça (Angolano), Fernando Mendonça (Angolano) e Pina. Treinador: Oscar Tellechea (Argentino).

Resultado do primeiro tempo: 0-1.

Golo obtido, aos 22 minutos, por FERNANDO MENDONÇA: num contra-ataque do Torriense, João Mendonça passou a seu irmão, desmarcando no centro do terreno. Piteira ocorreu ao lance, mas foi burlado, o mesmo acontecendo a Leandro, que veio em socorro do seu companheiro. Finalmente livre de adversários, o n.º 10 dos visitantes rematou rasteiro e cruzado.

Resultado da segunda parte: 2-1.

2-0, Aos 53 minutos, depois de uma confusão em frente da baliza de Gama este defendeu um remate, em posição algo duvidosa. Enquanto os jogadores reclamavam golo, o árbitro deu ordem para o jogo prosseguir, o que o guarda-redes visitante fez com presteza. A bola, caindo sobre o meio-campo contrário, foi recolhida por José da Costa, que cedeu a JOÃO MENDONÇA. O remate partiu pronto, mas defensável, e Rita meteu a mão à bola, com pouca convicção deixando-a seguir para as malhas.

Aos 55 minutos, Leandro recebeu ordem de expulsão e, 3 minutos depois (58 minutos), o mesmo acontecia a Fernando Mendonça. O Caldas louvavelmente inconformado com o rumo dos acontecimentos levava a prosseguir na sua toada ofensiva e, aos 75 minutos, logrou diminuir a diferença graças a um tremendo remate de FRAGATEIRO, dado a mais de 30 metros do alvo. O esférico como um bólide, ainda embateu na parte superior do poste esquerdo da baliza de Gama mas, apesar de boa estirada deste, acaba por entrar e fazer o 2-1.

2-2, Três minutos depois (78 minutos), os donos da «casa» conseguiram a igualdade: Lenine em luta com Inácio, levou-o a conceder «canto»…Ante a impossibilidade de toda a defesa Torriense, ORLANDO meteu a cabeça à bola, levando-a a passar pelo meio de toda a gente.

CRÓNICA DO JOGO (Jornal "A BOLA"): Houve de tudo nesta primeira «edição de luxo», continuação da rivalidade começada na II Divisão…Emoção, infelicidade (do Caldas), felicidade (do Torriense), um principio de jogo feio…e uma reacção interessantíssima (novamente do Caldas) que se não deu ao marcador a expressão justa que a superioridade dos caldenses merecia, contribuiu, pelo menos, para que o resultado não se revestisse de aspecto escandaloso.

FIM DA PRIMEIRA VOLTA...


Equipa do Caldas, antes do início do jogo, no Campo da Mata, com o Sport Lisboa e Benfica, em 9 de Outubro de 1955. Em pé, da esquerda para a direita: Rita, Amaro, António Pedro, Romero, Leandro, Fragateiro e Vitor. Agachados, da esquerda para a direita: Martí, Romeu, Bispo, Martinho e Lenine.

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