O Jornal local, A Gazeta das Caldas, na sua edição de 15 de Fevereiro de 1931, titulava que: "Uma Associação desportiva, o "CALDAS" tem uma nova séde e vai entrar numa fase de ordem e progresso". Desenvolvendo a notícia deste modo:
"(...) Vem isto a proposito da inauguração da nova séde do Caldas Sport Club, associação que já conta com 16 anos de existência e fundada por dois grandes entusiastas, um, o JOSÉ CASIMIRO, que a morte já levou, o outro, o ROUBAUD, que deixou as Caldas há uns poucos de anos.
O Caldas Sport Club, nesta época de crise é uma associação que está em constante progresso. Contando mais de 500 socios, entre os quais pessoas de todas as classes sociais; sendo imensamente popular; tendo no seu efectivo inumeras victorias a que servem de padrões outras tantas taças que dão á sala da sua direcção o ar duma ourivesaria; o Caldas, com o abreviadamente ele é conhecido é um club desportivo que incontestavelmente honra as Caldas. Mas (...) o Caldas tem tido um ponto negro que tem afastado do seu seio alguns socios, evitado que muitas pessoas se tenham inscrito, afugentando alguns teams de fóra da terra, limitando a consideração de associações congéneres (...) Esse ponto negro era a fama de zaragateiro que o club tinha; era a fama de maltratar os contendores, de descômpor o publico, em resumo e para falar português claro a fama de malcriado que infelizmente já tinha passado as fronteiras das Caldas.
Fama justa, fama injusta? (...) O caso é que a tinha. Como remedios muitos apareceram, todos improficuos e que só serviram para diminuir o prestigio da associação e dos desportistas em geral. Houve scisões (=cisões), fundaram-se novos clubs, o que só servia para aumentar os conflitos e despretigiar os cultivadores sinceros e sem culpas do velho Caldas.
E afinal o remedio era simples e assim o entenderam os corpos dirigentes do club. Estes corpos gerentes que, na gerencia passada, com uma administração modelar, conseguiram efectivar uma antiga aspiração dos associados, construindo um campo proprio, esses corpos gerentes enveredaram inteligentemente pelo caminho unico que havia a seguir se não queriam vêr o Caldas ser dissolvido pela policia ou cair no mais vergonhoso descredito. Resolveram pura e simplesmente irradiar do seu seio os socios que cometessem incorrecções contra as regras do jôgo e a bôa correcção quer para com o publico. Para exemplo foram irradiados dois socios [os jogadores do clube eram considerados, também, de sócios] que ultimamente se tinham portado menos correctamente, embora fossem bons jogadores [como vamos ver no artigo em que titulei de: "A indisciplina grassa na equipa de futebol do Caldas"]. Na sua séde inauguraram um chuveiro para tomarem banho os socios [neste caso, os sócios eram os jogadores]. Andam a estudar as probabilidades de abrir uma escola nocturna na sua séde para lutarem contra o analfabetismo de muitos dos seus socios, que ficaram entusiasmados com a ideia.
A direcção, compreendendo devidamente o seu papel e as suas responsabilidades, procura mostrar a toda a gente o seu intuito a um tempo de educação física, civica e higienica - papel moderno, respeitavel e sob todos os pontos de vista digno".
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