Caldas Sport Clube 1954/55

Caldas Sport Clube 1954/55

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

1.ª Divisão - Época 1957/1958 - 1.ª volta

# 1.ª Jornada: CUF, 3 - CALDAS, 1 (08 de Setembro de 1957).

O Jornal "Record", na edição de 10 de Setembro de 1957, titulava: "Dos três golos que conquistou a CUF só marcou um".

Campo de Santa Bárbara, no Barreiro,

GRUPO DESPORTIVO DA CUF: José Maria; Pedro Gomes, Palma, João Vale, Luís, Orlando, Pireza, Oliveira, Bispo, Arsénio e Gastão. Treinador: Cândido Tavares (ex: Torriense).

CALDAS SPORT CLUBE: Rita; Amaro, Fragateiro, Feliciano (ex: júnior), António Pedro, Saraiva, Pastorinha (ex: Estoril-Praia), Garnacho (angolano e ex: Leões de Santarém), [Eduardo] Vital (ex: Tirsense), Romeu e Lenine. Treinador: János Hrotkó (Húngaro) - (ex: Leixões).

1-0, FELICIANO, na própria baliza;

2-0, SARAIVA, aos 37 minutos, na própria baliza;

2-1, GARNACHO;

3-1, GASTÃO, aos 85 minutos.


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "Record"): O resultado foi de 3-1 a favor dos barreirenses, mas os caldenses marcaram os quatro golos da partida! É desconcertante e irresistível tanta infelicidade. Quanto ao jogo jogado, ambas as equipas actuaram em plano modesto, produzindo futebol de fraca qualidade. Dois nomes - um de cada lado - forneceram excepção, José Maria, guarda-redes da CUF e Garnacho, interior-direito dos visitantes...O encontro do Campo de Santa Bárbara [já relvado], valeu apenas pela animação com que foi disputado, especialmente no primeiro tempo, em que os caldenses marcaram três golos (!), acabando no entanto, a perder por 1-2, porque Feliciano e Saraiva meteram a bola nas próprias redes. Foram ainda os visitantes que no início do segundo tempo, procuraram eliminar a desvantagem no marcador, mas Gastão tirou ao adversário todas as possibilidades, obtendo o terceiro golo, com a colaboração de Rita, aos 85 minutos. As fases que nos pareceram de mais interesse foram: Uma oportunidade perdida, aos 9 minutos, [na qual] os cufistas tiveram a primeira oportunidade de golo. Falhanço de Feliciano que Bispo aproveitou para entregar a bola a Arsénio. O remate do antigo jogador do Benfica fez, no entanto, passar o esférico junto ao poste...Aos 29 minutos, o Caldas mercê de táctica usada, veio...ao ataque. Lenine centrou bem e Vital desmarcado, fez passar a bola junto ao poste, perdendo assim a oportunidade...[Na segunda parte] O Caldas insiste... [e] aos 5 minutos (50 minutos)...apareceu, novamente, ao ataque. Primeiro Romeu deixou-se dominar por Palma e a oportunidade perdeu-se, depois, o mesmo jogador conseguiu rematar mas à figura de José Maria...[E] iam decorridos, 15 minutos (60 minutos), quando José Maria teve de sair da baliza para salvar a situação, antecipando-se a Vital, evitando assim o empate [que esteve à vista]. [Do lado dos caldenses] salientaram-se, primeiro, Garnacho - o melhor elemento da equipa [como já se referiu]. Com bom domínio de bola e combatividade; António Pedro - como sempre «a chave da equipa»; e Fragateiro - sempre calmo, é ainda uma utilidade.


# 2.ª Jornada: CALDAS, 1 - TORREENSE, 0 (15 de Setembro de 1957).

O Jornal "Record", na edição de 17 de Setembro de 1957, titulava: "Defesa porfiada do Torriense a dificultar a acção dos locais".

Campo da Mata, em Caldas da Rainha,

Árbitro: Abel da Costa, do Porto,

CALDAS SPORT CLUBE: Rita; Amaro, Fragateiro, Pastorinha, Saraiva, Anacleto, Lenine, António Pedro, Janita, Romeu e [João] Resende (ex: Peniche). Treinador: János Hrotkó.

SPORT CLUBE UNIÃO TORREENSE: Montero (Espanhol); Amílcar, Fernandes, Forneri, António Manuel, Monteiro, Mergulho, Matos, Morais, Rui André e Hilário. Treinador: Marcial Camiruaga (Espanhol).

O único golo da partida foi apontado aos 48 minutos, quando Lenine recolhe a bola e endossa-a a António Pedro que cruza pelo ar para Resende que de cabeça tenta o golo e a bola cruza para a frente da baliza e JANITA de cabeça anicha-a às malhas.


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "Record"): Os velhos rivais voltaram a defrontar-se dentro daquele equilíbrio que é tradicional, ainda que mais ditado pela rivalidade do que pela igualdade de forças. Diz a critica que a vitória dos locais foi merecida, apesar de ter ficado expressa num golo isolado e duvidoso...O encontro entre as duas equipas do Oeste é sempre aguardado com enorme expectativa e o público empresta-lhe um clima especial. Assim este parecia não fugir a regra pois havia o aliciante do grupo local jogar pela primeira vez entre o seu público e o Torriense poder demonstrar que se havia lançado com energia na senda da recuperação dum desânimo provocado pelos factos sobejamente conhecidos de uma crise directiva ainda bem que já debelada. Mas afinal, tudo foi gorado pois de «quente» só o dia de sol lindo ao emprestar beleza ao ambiente do Campo da Mata. Público pouco numeroso com quase ausência de falange torriense a demonstrar um desinteresse que o seu clube não merece pois nas horas amargas é que sabe bem o amparo...Com dois golos anulados na primeira parte, ambos para cada lado, aos 28 minutos para o Caldas e aos 39 minutos para o Torriense a toada na primeira parte  foi de equilíbrio. Com o golo do Caldas, logo aos 3 minutos da segunda parte, o Torriense tenta responder com alguns contra-ataques na tentativa de chegar ao empate...empate este que poderia ter chegado aos 85 minutos, com Amaro a salvar «in-extremis» na linha de golo e no último minuto, o guarda-redes Rita executa a melhor defesa do encontro ao interceptar um remate raso e quase mortífero, por parte de Morais, quando todos julgavam golo. A seguir o árbitro dá por finda a partida...Os melhores do Caldas foram: Rita, muito em especial a defesa que no 90.º minuto executou e salvou a vitória do Caldas; Fragateiro, o melhor em campo e isto diz tudo do seu trabalho!; Saraiva, não teve um deslize...primoroso nos cortes de cabeça em que a bola vai para o melhor companheiro; Anacleto, muito rápido e batalhador foi um bom auxiliar da defesa; António Pedro, o coordenador da equipa. Jogou muito e variou os lances em tentativas de abrir a defesa contrária; e Janita, ainda que infeliz no remate em que perdeu 3 golos foi contudo um quebra cabeças para a defesa do Torriense e António Manuel viu-se atrapalhado para o segurar e Resende, com muita mobilidade.


# 3.ª Jornada: SALGUEIROS, 5 - CALDAS, 2 (22 de Setembro de 1957).

O Jornal "Record", na edição de 24 de Setembro de 1957, titulava: "Dois tempos diferentes e um resultado verdadeiro".

Campo Eng.º Vidal Pinheiro, no Porto,

Árbitro: Hermínio Soares, Lisboa,

SPORT COMÉRCIO E SALGUEIROS: Barrigana; Gualdino, Longo (Argentino), Carvalho, Porcel (Argentino), Lenine, Lalo, Eleutério, Teixeira, Tai e Benje. Treinador: Juan Arétio (Espanhol).

CALDAS SPORT CLUBE: Rita; Amaro, Saraiva, Rogério, António Pedro, Pastorinha, Orlando, Garnacho, Vital, Anacleto e Lenine. Treinador: János Hrotkó.

1-0 - Aos quinze minutos, LALO, extremo-direito dos salgueiristas, aproveitou um passe de Eleutério e rematou prontamente, batendo o guardião adversário.

2-0 - Aos 23 minutos (68 minutos) do segundo tempo, TEIXEIRA aproveitou da melhor maneira uma hesitação da defesa contrária, infiltrou-se com rapidez e atirou a contar, ante a impossibilidade de Rita.

3-0 - Decorridos vinte e nove minutos (74 minutos) do segundo tempo, Tai rematou, o guardião caldense defendeu mas não conseguiu segurar o esférico. TEIXEIRA prontamente recarregou e marcou novo golo.

4-0 - Aos 75 minutos, recomeçado o encontro a bola vai a BENJE que em corrida vertiginosa se aproximou da zona final e com um pontapé forte colocou o esférico nas malhas.

4-1 - Num contra ataque VITAL, apesar de carregado, consegue desfeitear Barrigana (que tinha sido seu companheiro no F.C. Porto).

5-1 - Não havia passado um minuto e já o Salgueiros voltava a marcar, novamente por intermédio de TEIXEIRA depois de uma insistência de Benje.

5-2 - Depois da marcação dum «livre» contra o Salgueiros a bola foi aos pés de VITAL que centrou largo sobre a baliza. LONGO ao tentar defender, desviou a trajectória da bola que acaba por entrar, ante a surpresa de Barrigana.


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "Record"): O encontro entre salgueiristas e caldenses teve duas fases absolutamente diferentes. Durante o primeiro tempo as duas equipas empenharam-se numa luta áspera, com repetidos choques e em que a boa técnica futebolística andou bastante arredia. Na segunda parte, alcançados que foram o 2-0, o jogo ganhou maior clareza surgindo com frequência lances bem urdidos, com relevo para o grupo visitado. Do lado do Caldas destacaram-se: António Pedro, que foi um dos melhores elementos do Caldas e um dos melhores em campo; Garnacho, esforçadíssimo e acorrendo a todos os sítios. Nasceram dele algumas das poucas ocasiões de perigo. Pena foi que tivesse rematado pouco; e Vital, que vigiado de muito perto, não pôde fazer trabalho convincente. A seu favor a marcação dos dois tentos da sua equipa.


# 4.ª Jornada: CALDAS, 1 - V. SETÚBAL, 2 (29 de Setembro de 1957).

O Jornal "Record", na sua edição de 1 de Outubro de 1957, titulava: "Uma equipa (V. Setúbal) derrotou 11 jogadores (Caldas)".

Campo da Mata, em Caldas da Rainha,

Árbitro: Raúl Martins, de Lisboa,

CALDAS SPORT CLUBE: Vítor; Amaro, Rogério, Orlando, Fragateiro, Pastorinha, Janita, Saraiva, Vital, António Pedro e Anacleto. Treinador: János Hrotkó.

VITÓRIA FUTEBOL CLUBE (VITÓRIA DE SETÚBAL): Félix Mourinho; Soares, Manuel Joaquim, Amaral, Barragon, Emídio Graça, Miguel, Casaca, Jacinto, Fernandes e Floriano. Treinador: Humberto Buchelli.

0-1 - Miguel recebeu o esférico e correu ao longo da linha lateral e centrou sobre a baliza. JACINTO elevou-se e de cabeça diz «sim» á bola anichando-se nas redes do Caldas apesar da estirada de Vítor.

1-1 - Vital perseguiu uma bola passada pela linha média em, profundidade e captando-a correu célere para a baliza acossado por Barragon. Este, na área de rigor, rasteira-o formando «penalty». ANTÓNIO PEDRO aponta-o bem e estabelece o empate.

1-2 - Aos 47 minutos, entrega de Casaca a Miguel, corrida veloz deste até à linha de fundo, acossado pelo defesa e centro sem parar a cruzar a baliza. JACINTO eleva-se bem e de cabeça anicha a bola nas redes fazendo o desempate e afinal o golo do triunfo. Um pormenor curioso. Miguel faz o centro do primeiro golo do lado esquerdo e o do segundo do lado direito.


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "Record"): O Caldas começou o encontro a procurar-se a si mesmo pois entrou no rectângulo mal estruturado nas suas pedras bases em que assentava nas épocas atrás dando azo a que o sector principal da equipa tenha passado para segundo plano. Realmente a defesa naufraga com absoluta facilidade e apresenta-se frágil e assim difícil se torna ao ataque poder suprir a falta ainda que tenha melhorado um tanto. Desta maneira não surpreendeu o facto do Vitória setubalense ter ganho a partida pois exibiu um futebol esclarecido contra uma equipa de 11 jogadores que se procuravam uns aos outros não se encontrando. Os melhores do Caldas foram: Vítor, sempre atento, fez brilhante exibição. Realizou 3 defesas de real valor. Os golos foram indefensáveis; Amaro, exibição estupenda. Antecipação quase sempre e o »melhor médio da equipa»; Vital, partida muito boa. Tentou sempre furar a defesa e fazer golos; e António Pedro, foi incansável e se ainda existem jogadores de «boa vontade», ele é o primeiro.


# 5.ª Jornada: BENFICA, 5 - CALDAS, 1 (06 de Outubro de 1957).

O Jornal "Record", na sua edição de 08 de Outubro de 1957, titulava: "Depois do intervalo Fragateiro ensinou o caminho aos avançados benfiquistas".

Estádio da Luz, em Lisboa,

Árbitro: Joviano Pinto, do Porto,

SPORT LISBOA E BENFICA: Costa Pereira; Calado, Serra, Ângelo, Zezinho, Fernando Caiado, Azevedo, Mário Coluna, José Águas, Santana e Palmeiro Antunes. Treinador: Otto Glória.

CALDAS SPORT CLUBE: Rita; Amaro, Saraiva e Fragateiro, Rogério, Pastorinha, Orlando, Anacleto, Vital, António Pedro e Lenine. Treinador: János Hrotkó.

1-0 - ZEZINHO com um golo...de 30 metros «atirou» por entre um aglomerado de adversários e companheiros, tornando infrutífera a intervenção de Rita.

1-1 - Já o primeiro tempo ia em mais de meio. O Caldas fez uma descida, progrediu, entrou na grande área dos campeões, e quando Lenine seguia com a bola...«penalty» contra os «encarnados». Marcou-o ANTÓNIO PEDRO que estabeleceu a igualdade.

2-1, ÁGUAS. A dois minutos do intervalo, Santana passou esplendidamente a Águas que «lançado» ultrapassou a defesa caldense. Rita, abandonando os postes, seguiu na direcção do n.º 9 dos donos do campo. O avançado...no momento próprio em que o guardião visitante se lhe lançava aos pés, atirou rasteiro, fazendo passar a bola por debaixo do corpo do adversário, a caminho do golo.

3-1, FRAGATEIRO na própria baliza. Aos 15 minutos (60 minutos) do segundo tempo mais um ataque dos «encarnados» e Fragateiro apertado por Águas cabeceou o esférico de modo a que ele seguisse na direcção de Rita postado à sua rectaguarda. Não contou o n.º 3 do Caldas com o facto do seu guardião entretanto ter saído das balizas e a bola passando fora do alcance de Rita foi anichar-se nas redes.

4-1, AZEVEDO. A meio da segunda parte, Águas no centro do terreno suportou mais uma das «cargas» de que foi alvo, para a seguir, executar um «passe» para um «espaço vazio» á frente de Azevedo, já embalado. Este não teve mais que meter o pé á bola e fazer o 4.º golo.

5-1, AZEVEDO. No derradeiro minuto...o último tento. Reposição da bola em jogo por Costa Pereira a entregar o esférico a Azevedo, bem junto à lateral do lado direito. Progressão do avançado «benfiquista» por aquele lado, ultrapassagem de um adversário, internamento e remate vitorioso a dar o 5.º golo aos campeões nacionais.


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "Record"): Há equipas para as quais o intervalo é o «golpe de misericórdia». Aqueles minutos de merecido descanso partem-nas impiedosamente, queimando-lhes os restos de energia que no segundo período apareceu como cinzas lançadas ao vento...a turma caldense, cujo período inicial, apesar de utilizar uma táctica chamada de «ferrolho» ou, antes, de «muralha» teve momentos em que, embora a medo, se aventurou pelo relvado fora, em reacções que, por inseguras, levavam consigo a marca da inconsistência. Assim o «comando» do Benfica no primeiro tempo tornou-se um «domínio» no segundo. Os visitantes, após o intervalo e já na situação de vencidos, raro tentaram organizar ataques, preferindo, até de maneira ostensiva, atirar a bola para lá da linha lateral. Para a turma das Caldas da Rainha o problema resumiu-se, única e exclusivamente, em perder pelo menor número de golos possível, enquanto que para os «encarnados» a questão esteve na base da preparação e concretização de brechas na «muralha caldense», por onde pudessem seguir os «tiros» que dão golos. E como a lógica se dignou aparecer no Estádio da Luz, os campeões obtiveram cinco tentos, deixando, no entanto, um número igual ou maior, por marcar.


6.ª Jornada: CALDAS, 3 - ORIENTAL, 0 (13 de Outubro de 1957).

O Jornal "Record", na edição de 15 de Outubro de 1957, titulava: "Imperou o entusiasmo onde a técnica andou arredia".

Campo da Mata, nas Caldas da Rainha,

Árbitro: Mário Garcia, de Aveiro,

CALDAS SPORT CLUBE: Rita; Amaro, Saraiva, Rogério, Orlando, Fragateiro, Vital, Garnacho, Janita, António Pedro e Anacleto. Treinador: János Hrotkó.

CLUBE ORIENTAL DE LISBOA: Soares; Morais, Luz, Fernandes, Cordeiro, Romero (ex: Caldas), Almeida, Leitão, Garófalo (ex: Caldas), Martinho e Pina. Treinador: Janos Biri (Húngaro).

1-0, VITAL. Aos 7 minutos, um golo espectacular de Vital, que recebendo o passe de Anacleto, após simulação de Garnacho, aplicou tremendo pontapé que fez chegar a bola às malhas apesar do rápido voo de Soares.

2-0, GARNACHO, que após um passe de Anacleto, chamou a si Soares, fintando-o com o corpo e atirou a contar.

3-0, ORLANDO, que de longe rematou ao ângulo superior direito da baliza perante a tentativa desesperada de Soares.

Incidência do Jogo: Expulsão do ex-jogador do Caldas (na Época 1955/56), Martinho aos 65 minutos...mas mal expulso.


CRÓNICA DE JOGO (Jornal "Record"): Na batalha da sobrevivência, o Caldas superiorizou-se ao adversário e com uma ordem diferente do habitual no capítulo táctico pôde definir-se como equipa e acabar em justo vencedor ainda que o resultado não seja para o Oriental tão pesado como ao fim certamente acabaria se o avançado Janita não houvesse perdido, entre outras, quatro oportunidades de golo das que normalmente o mais difícil é não marcar. Dos caldenses, destacou-se Garnacho, o «homem da equipa» e, sem duvida o «maestro» que obrigou a sua equipa a jogar e a adversária a estar sempre em sobressalto.


# 7.ª Jornada: BARREIRENSE, 4 - CALDAS, 1 (20 de Outubro de 1957).

O Jornal "Record", na sua edição de 22 de Outubro de 1957, titulava: "Resultado muito exagerado mas vencedor certo. O Caldas dominou mas os barreirenses remataram".

Campo D. Manuel de Melo, no Barreiro,

Árbitro: Eduardo Gouveia, de Lisboa,

FUTEBOL CLUBE BARREIRENSE: Bráulio; Faneca, Silvino, Carlos Silva, Vasques, Abrantes, José Augusto, Faia, João Alves, Oñoro e Pimenta. Treinador: Lorenzo Ausina.

CALDAS SPORT CLUBE: Rita, Amaro, Saraiva, Rogério, Orlando e Fragateiro, Vital, Romeu, Callichio, António Pedro e Anacleto. Treinador: János Hrotkó.

1-0 - Aos 10 minutos, o caldense ROGÉRIO enfiou a bola na sua própria baliza.

2-0, decorridos 12 minutos, na sequência de um «livre» ante uma simulação de Vasques, Rita deixou passar a bola sob o corpo, permitindo a entrada vitoriosa de JOSÉ AUGUSTO.

3-0 - Saraiva falhou o lance. Faia isolou-se e acabou, devido a uma estrada de Rita, por ficar sem a bola, que, no entanto, se escapou ao guardião, dando azo a que JOSÉ AUGUSTO marcasse novo golo.

4-0 - JOSÉ AUGUSTO, decorridos 2 minutos (47 minutos) desenvencilhou-se de dois adversários e rematou raso e sesgado, com êxito.

4-1, por ANTÓNIO PEDRO que acorrera a um ressalto da defesa da casa.


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "Record"): Jogo emotivo, esmaltado de fases empolgantes, em que o vigor e a velocidade se sobrepuseram aos lances lúcidos. Venceu o Barreirense, por 4-1, quando aparentemente, O Caldas se mostrou mais empreendedor, senhor quase absoluto, do comando do jogo. Mas em análise fria, há que concordar que, embora o Caldas tivesse despendido mais energias o seu «association» acabou por não se materializar em golos, ao contrário do Barreirense, que soube concretizar com oportunidade as oportunidades criadas. As várias oportunidades perdidas do Caldas ocorreram: Aos 17 minutos, Bráulio estava fora do lance quando António Pedro «fuzilou» a sua baliza. Faneca surgiu e, com oportunidade, operou o «milagre». Logo a seguir Bráulio desfez a pontapé uma investida de Callichio, que caminhava isolado; aos 23 minutos, Vital desmarcado no centro do terreno, de onde disparou uma «brasa» com o rótulo de golo. Bráulio, num prodigioso golpe de rins, surgiu no ar e defendeu magistralmente; a 4 minutos do fim da primeira parte, o guardião barreirense teve uma boa estirada aos pés de Vital, que entretanto trocara (de lugar no terreno) com Callichio. Na segunda parte, António Pedro (falhanço espectacular), Callichio (de cabeça à figura de Bráulio) e novamente António Pedro (que desferiu um forte remate, que a trave devolveu) goraram os golos que pareciam certos. Orlando e Fragateiro foram os jogadores mais equilibrados do conjunto.


# 8.ª Jornada: CALDAS, 0 - SP. BRAGA, 0 (27 de Outubro de 1957).

O Jornal "Record", na sua edição de 29 de Outubro de 1957, titulava: "Bracarenses e caldenses tiveram o que mereciam: um nulo".

Campo da Mata, nas Caldas da Rainha,

Árbitro: Hermínio Soares, de Lisboa,

CALDAS SPORT CLUBE: Vítor; Fragateiro, Rogério, Orlando, Saraiva, António Pedro, Janita, Callichio, Vital e Romeu. Treinador: János Hrotkó.

SPORTING CLUBE DE BRAGA: Nogueira; Antunes, José Maria II, Passos, José Maria I, Osvaldo Trenque (Argentino), Velez, Ferreirinha, Hidalgo (ex-Oriental, Espanhol), João Mendonça e Arantes. Treinador: Janos Szabo.


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "Record"): Foi tudo tão pobre, tão sem interesse, com tanta falta de luta e tanta renúncia e indecisão na conquista de golos que no final não nos admirámos de encontrar o marcador em zero-zero, pois ele apregoa afinal o que a partida, como futebol valeu. Sempre se esperaria que do antagonismo de estilos (rendilhado bracarense e força caldense) resultasse um encontro movimentado e senão de futebol bom, pelo menos de voluntariedade, mas como acima dissemos, nenhuma das equipas quis ganhar a partida. Mesmo assim houve algumas incidências da partida como foram estas: Velez perde um golo, depois de várias insistências do Braga numa das quais, aos 15 minutos. Arantes isolado a passe de Ferreirinha atirou ao lado. Velez captou um centro largo e Trenque e em corrida bateu a defesa local, chamou o guarda-redes fintando-o e atirou para a baliza aos 24 minutos mas, caprichosamente a bola foi sair a rasar o poste contrário. Após Hidalgo falhar um passe por alto de Ferreirinha atirando ao lado aos 25 minutos e várias jogadas de meio-campo, Hidalgo cruzou para a direita um serviço de Ferreirinha e João Mendonça com Saraiva ao lado desferiu um violento pontapé e a bola foi embater no poste contrário sem que Vítor lhe tocasse. Na sequência Vítor salvou ao lançar-se aos pés de Arantes, que havia entretanto captado o esférico. Aos 86 minutos, o Caldas que antes se havia lançado ao ataque aproveitando um amolecimento maior do Braga, perdeu a última «chance» de modificar o resultado. Uma troca de passes na direita entre Fragateiro, António Pedro, Callichio e Janita resultou num centro alto sobre a baliza. Nogueira saiu ao lance e falhou a intercepção e a bola sai a milímetros do poste. Vítor, Fragateiro, Rogério, Orlando, António Pedro e Romeu foram os destaques do Caldas.


# 9.ª Jornada: CALDAS, 1 - F.C.PORTO, 3 (03 de Novembro de 1957).

O Jornal "Record", na sua edição de 05 de Novembro de 1957, titulava: "A Defesa caldense colaborou decisivamente para a vitória dos portuenses".

Campo da Mata, em Caldas da Rainha,

Árbitro: António Calheiros, de Lisboa,

CALDAS SPORT CLUBE: Vítor; Amaro, Saraiva, Rogério, Orlando, Fragateiro, Vital, Garnacho, Callichio, António Pedro e Anacleto. Treinador: János Hrotkó.

FUTEBOL CLUBE DO PORTO: Acúrsio; Ângelo Sarmento, Miguel Arcanjo, Barbosa, Sá Pereira, Monteiro da Costa, Hernâni, Gastão, Noé, Osvaldo Silva (Brasileiro) e António Morais. Treinador: Dorival Knipel "Yustrich".

0-1 - Aos 31 minutos, Fragateiro endossou a bola a Vítor que, inexplicavelmente, a deixou fugir, dando azo a OSVALDO, em desequilíbrio, a pontapeasse para as redes desertas. Estava feito o primeiro golo do desafio.

0-2 - Desentendimento entre Saraiva e Vítor, num lance inofensivo, desenrolado aos 17 minutos do reatamento (62 minutos). NOÉ fulgurante, apareceu a empurrar a bola para a baliza deserta.

1-2 - O Caldas lançou-se deliberadamente ao ataque. Um perigoso remate de António Pedro foi desviado por Arcanjo, para «canto». O «stopper» (defesa central) portuense ficou magoado, mas depressa se recompôs. O mesmo António Pedro marcou o «canto» e SARAIVA, que acorrera ao ataque, rematou de cabeça, fora do alcance de Acúrsio e Arcanjo, que baldadamente tentaram evitar a entrada do esférico.

1-3 - O Caldas espevitou. Acúrsio teve uma grande defesa a remate de Callichio. Na resposta, o Porto teve uma descida esporádica. Saraiva interceptou mal um lance por alto, colocando a bola ao alcance de NOÉ que, perante a possibilidade da defesa adversária, rematou a contar.


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "Record"): A aversão ao lance preconcebido, manifestada por ambos os clubes, mais pronunciadamente por banda dos caldenses, ditou um futebol incipiente, descolorido e, por vezes, violento, numa afirmação concreta de apatia global quer por parte do Porto, quer do Caldas. A juntar a tudo isto aconteceu que o triunfo dos portuenses, com o seu mérito, é certo, teve a colaboração do adversário, pois os três golos foram autênticos «frangos» da defesa da «casa» que, mais uma vez, mau grado seu, deitou por terra as aspirações do «onze». A infelicidade continua às voltas com o Caldas. O jogo que produziu foi, francamente mau. Careceu de mais incisão e remate, porque assim, com uma defesa de «capoeira» aberta, não se ganham jogos.


# 10.ª Jornada: ACADÉMICA, 1 - CALDAS, 1 (10 de Outubro de 1957).

O Jornal "Record", na edição de 12 de Outubro de 1957, titulava: "Quando nenhum merece a vitória o empate está certo".

Estádio Municipal de Coimbra,

Árbitro: Eduardo Gouveia, de Lisboa,

ASSOCIAÇÃO ACADÉMICA DE COIMBRA: Teixeira; Marta, Mário Wilson, Manecas, Abreu, Bento, Jorge Humberto, Samuel, André, Rocha e Bentes. Treinadores: Cândido de Oliveira (Coordenador-Técnico) e Mário Wilson (treinador-jogador).

CALDAS SPORT CLUBE: Vítor; Amaro, Saraiva, Feliciano, Orlando, Fragateiro, Vital, Anacleto, Janita, Romeu e Rogério. Orientador-Técnico: Tavares da Silva (tinha sido contratado a partir do dia 6 de Novembro - ver caixa) e Treinador de campo: János Hrotkó.

1-0. Havia apenas 6 minutos de jogo da segunda parte, quando o marcador funcionou pela primeira vez e para assinalar um grande golo. Saiu duma jogada de Jorge Humberto para ANDRÉ que, com um remate cruzado e fortíssimo levou a bola ao fundo das redes.

1-1. Quatro minutos apenas durou a ideia de existir um vencedor. FRAGATEIRO de muito longe, ensaiou um remate violento e Teixeira adiantado no terreno, nada pôde fazer, para evitar o tento.


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "Record"): O desafio do Estádio Municipal foi, sem dúvida, o mais fraco de quantos ali se realizaram esta temporada. E muito pouco público que guarneceu o campo teve raras razões para ansiar o apito final do árbitro e sair depois aborrecido com o espectáculo que proporcionaram. Que houve momentos de emoção houve, mas que, além de raros, acabaram em desilusão, também é verdade. Os estudantes jogaram mal, muito mal mesmo, não ligando avançadas, tornando-as, antes, atabalhoadas e confusas, a permitir ao adversário a entrada a tempo para matar a nascença aquilo em que ainda não se advinhara o rótulo de perigo.  Mas o Caldas não foi melhor. O seu futebol baseou-se na energia, no entusiasmo e na destruição. Complicou por vezes o que era simples e o que lhe sobrou em garra até ás 18 jardas (aproximadamente 17 metros) e, sobretudo na defesa, faltou-lhe em decisão dali para a baliza. Quer dizer se um foi mau e o outro não foi melhor, nenhum deles merecia ganhar e, portanto, o empate está certo. Vítor, Saraiva (o melhor da sua equipa), Fragateiro (pelo golo e pelo evitar sobre o risco da baliza o golo da vitória academista) e Anacleto foram os melhores do Caldas.


# 11.ª Jornada: CALDAS, 1 - LUSITANO, 0 (17 de Novembro de 1957).

Campo da Mata, nas Caldas da Rainha,

Árbitro: Joaquim Campos, Lisboa,

CALDAS SPORT CLUBE: Vítor; Amaro, Fragateiro, António Pedro, Saraiva, Orlando, János Hrotkó, Garnacho, Vital, Romeu e Rogério. Orientador-Técnico: Tavares da Silva e Treinador de campo/jogador (teve autorização da Federação Portuguesa de Futebol para ser, igualmente, treinador-jogador): János Hrotkó.

LUSITANO GINÁSIO CLUBE DE ÉVORA: Dinis Vital; Teotónio, Garcia, Polido, Falé, Athos, Fialho, Flora, Cardona (Hondurenho), Marciano e Batalha. Treinador: Otto Bumbel.

1-0 - Aos 19 minutos. Garnacho recolhe uma bola vinda de trás e perto da linha de fundo toca ao lado a János (Hrotkó), este dobra o passe a Garnacho batendo a defesa e pelo chão o centro segue para Romeu colocado frente à baliza. Vital (guarda-redes) tenta ir ao lance mas Romeu toca a bola para VITAL ao seu lado que não tem dificuldade em fazer o golo com pontapé forte, batendo o seu irmão Dinis Vital.


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "Record"): Ambas as equipas se deram à luta com denodo e energia e se o Lusitano de Évora pôde desenhar os seus lances pelo solo com os jogadores sempre em movimento o Caldas teve a virtude conseguir antecipar-se aos adversários batendo-os no momento preciso e contra-atacando com bom sentido em passes bem medidos e largos para os seus extremos e avançados que muito remataram. Toda a equipa do Caldas esteve bem - Sempre em movimento foi o lema do Caldas.


# 12.ª Jornada: BELENENSES, 0 - CALDAS, 1 (24 de Novembro de 1957).

O Jornal "Record", na sua edição de 26 de Novembro de 1957, titulava: "O «ferrolho» só por si não justifica o resultado".

Estádio do Restelo, em Lisboa,

Árbitro: Álvaro Rodrigues, de Coimbra,

CLUBE DE FUTEBOL "OS BELENENSES": José Pereira; Pires, Paz, Moreira, Edison, Vicente Lucas, Dimas, Miguel Di Pace, Suarez (ex: Sporting da Covilhã, Espanhol), Matateu e Tito. Treinador. Helenio Herrera (argentino - que ficou famoso, anos mais tarde, em 1964 e 1965, por ter sido Bicampeão Europeu pelo Internazionale de Milão).

CALDAS SPORT CLUBE: Vítor; Amaro, Fragateiro, António Pedro, Orlando, Saraiva, Anacleto, Garnacho, Janita, Romeu e Rogério. Orientador-Técnico: Tavares da Silva e Treinador de Campo/Jogador: János Hrotkó.

0-1 - Cerca da meia-hora um lançamento da esquerda encontrou Rogério desmarcado à entrada da grande área belenense. O extremo caldense captou o esférico progrediu no terreno e quando se preparava para atirar à baliza foi derrubado irregularmente por Pires e Moreira. O árbitro apitou para a marca de grande penalidade que ANTÓNIO PEDRO se encarregou de transformar no primeiro golo da sua equipa.


CRÓNICA DO JOGO (Jornal "Record"): Uma «bomba» segundo informação autorizada, a defesa de Belém, no único momento em que esteve verdadeiramente em perigo «perdeu a cabeça» e fabricou um «penalty». Foi o golo do Caldas. O futebol tem disto...Entretanto, pergunta-se: onde está essa equipa do Belenenses, que não teve artes e forças para, sequer, igualar?...O dispositivo táctico aplicado pelo Caldas - um ferrolho m que Saraiva e Anacleto foram pedras fundamentais - e da extraordinária energia e apego á luta largamente evidenciados pelos seus jogadores não justificam, por si só o zero no marcador registado pela equipa do Restelo. Para além desses dois casos concretos deve assinalar-se a tarde apagada da maioria das pedras básicas da equipa visitada. Com efeito os lisboetas nunca mostraram disposição para contrariar a táctica adversária e daí a ideia, especialmente na segunda parte de que os caldenses, embora na sua maioria acantonados na defesa se tornaram mais perigosos para a baliza de José Pereira do que os «azuis» para a de Vítor, que a despeito de ter tido mais trabalho raramente foi chamado a defesas das chamadas capitais. Do lado do Caldas, que revelou uma "energia inesgotável" salientaram-se: Fragateiro, que foi uma autêntica sombra negra para Dimas que raro conseguiu levar vantagem; António Pedro, o verdadeiro médio-centro da equipa, «secou» completamente Suarez; Saraiva, o homem do «ferrolho» esteve certo, resolvendo os problemas que os companheiros não puderam; Anacleto, foi o homem que com a sua tenaz perseguição a Di Pace mais contribuiu para a desorganização do jogo adversário e Romeu que a doze minutos do final podia ter feito o 0-2, quando ao captar uma bola na linha de médio dos «azuis» e depois de bater o adversário que pretendeu opor-se-lhe rematou fortíssimo á baliza de José Pereira. O esférico porém passou a rasar a trave...

Miguel Di Pace e Anacleto disputam a bola,
nas alturas, numa das fases do encontro.
Enquanto, Moreira e Orlando (6) assistem ao
desenrolar do lance. Ao longe reconhece-se
Garnacho.

 

A Equipa do Caldas, que venceu no Restelo,
tendo sido a primeira equipa, na qualidade de
visitante, a ganhar no terreno de "Os Belenenses".
Em pé, da esquerda para a direita: Vítor, Fragateiro,
Amaro, António Pedro, Saraiva e Orlando.
Em baixo, ela mesma ordem, Anacleto, Garnacho,
Janita, Romeu e Rogério.


 
# 13.ª Jornada: CALDAS, 1 - SPORTING, 3 (01 de Dezembro de 1957).

O Jornal "Record", na edição de 03 de Dezembro de 1957, titulava: "Encontro de excepcional vibração e vitória justa dos «leões»".

Campo da Mata, em Caldas da Rainha,

Árbitro: Mário Garcia, de Aveiro,

CALDAS SPORT CLUBE: Rita; Amaro, Saraiva, Fragateiro, António Pedro, Orlando, Garnacho, Anacleto, Rogério, Romeu. Orientador-Técnico: Tavares da Silva e Treinador/Jogador: János Hrotkó.

SPORTING CLUBE DE PORTUGAL: Carlos Gomes, Caldeira, Galaz, Pacheco, Osvaldinho, Juca, Hugo, Ivson (Brasileiro), Vadinho (Brasileiro), Travassos e Martins. Treinador: Enrique Fernandez (Uruguaio). 

0-1, por IVSON.

0-2, novamente por IVSON.

1-2, por SARRAZOLA. Rogério desmarcado na extrema direita, driblou Galaz e centrou com muita força. [Carlos] Gomes não interceptou e Sarrazola, mesmo junto à trave mais distante, levantou a perna esquerda e fez o golo.

1-3, por TRAVASSOS. Travassos «abriu» à esquerda a Martins, que correspondeu ao seu colega, captando a bola, correu até à cabeceira e daí centrou com muita força; a bola passou diante da baliza e Hugo foi apanhá-la do lado direito, de onde centrou atrasado para Travassos que á entrada da área atirou forte, fazendo golo. No marcador 3-1 e resultado feito.

CRÓNICA DO JOGO (Jornal "Record"): E assim terminou o Sporting invicto, a primeira volta do Campeonato Nacional e de maneira verdadeiramente brilhante. Na verdade, este jogo, e mais este resultado, realizado e conseguido aqui há três ou quatro jornadas, pouco ou nada dizia ou mesmo valia, a não ser a obtenção de mais dois pontos [na altura cada vitória ainda valia dois pontos] da parte do actual «leader». Sem dúvida que a turma do Caldas tem sido a «figura» ao atingir-se o primeiro troço da prova e portanto serviria para pôr á prova a magnífica carreira ainda invencível, do Sporting, e ao invés para os «os leões» seria óptima pedra de toque para ver até que ponto ia a melhoria aliás visível, dos visitados. Podemos, desde já, dizer que a partida não iludiu a expectativa, porque, se não viu futebol do melhor, pelo menos assistiu-se a uma partida grau de campeonato em que não faltou luta (sempre leal), vibração, entusiasmo e até certo ponto incerteza. É certo que os «leões», sem atingirem o fulgor de jornadas já vencidas, levaram a melhor, aliás justamente, perante uma equipa que não lhe regateou luta e despique pela supremacia e que acabou vencida de cabeça erguida. Não houve sorte nem azar de ambas as partes, apenas se jogou aberto e limpo com o sentido na vitória, que pendeu para o melhor. Os caldenses, não há dúvida, venderam caro a derrota. Lutaram sem desfalecimentos na busca de um triunfo que seria o melhor corolário dos excelentes resultados feitos nas últimas jornadas. Saraiva foi considerado o melhor em campo, como uma grande exibição. Na primeira parte não perdeu um lance de cabeça com Vadinho.


A equipa do Caldas que recebeu o Sporting, no
Campo da Mata. Em pé, da esquerda para a
direita: Amaro, Rita, Fragateiro, António Pedro,
Orlando e Saraiva. Agachados, pela mesma ordem:
Garnacho, Anacleto, Rogério, Romeu e Sarrazola. 
                       




FIM DA PRIMEIRA VOLTA.

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